O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresenta aumento moderado, com destaque para os grupos de Transportes e Alimentação.
por
Marcello R. Toledo
|
15/08/2023 - 12h

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação no Brasil, registrou uma variação de 0,12% no mês de julho. O número representa um acréscimo de 0,20 ponto porcentual em relação à taxa de junho, que havia sido de -0,08%. No acumulado do ano, o IPCA apresenta uma alta de 2,99%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 3,99%, superando os 3,16% registrados nos 12 meses anteriores. Em julho de 2022, a variação havia sido de -0,68%.

O IPCA  é uma ferramenta crucial para avaliar a evolução dos preços de produtos e serviços consumidos por famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, ele serve como um indicador da inflação enfrentada e é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abrangendo diversas regiões metropolitanas do país, além de algumas cidades específicas.

Em linhas mais claras, o IPCA desempenha o papel de espelho do custo de vida experimentado por essa parte da população. Dessa forma, ele captura as variações de preços em uma variedade de produtos e serviços, permitindo que as autoridades econômicas, consumidores e demais interessados compreendam as tendências inflacionárias em diferentes partes do Brasil.
 

InfoMoney
InfoMoney

Setores em Destaque

Dos nove grupos de produtos e serviços analisados pelo IPCA, cinco apresentaram alta no mês de julho. O grupo de Transportes teve o maior impacto, com 1,50% de variação e contribuição de 0,31 ponto porcentual. Nesse grupo, os preços da gasolina tiveram um aumento notável de 4,75%, sendo o item com maior contribuição individual para o índice do mês. Itens como gás veicular (3,84%) e etanol (1,57%) também tiveram alta, enquanto o óleo diesel apresentou uma queda de 1,37%. Passagens aéreas (4,97%) e automóveis novos (1,65%) também contribuíram para o aumento no grupo.

Em contrapartida, o grupo de Alimentação e Bebidas apresentou uma queda de 0,46%, com impacto de -0,10 ponto porcentual no índice. Esse resultado foi influenciado, principalmente, pela redução nos preços da alimentação no domicílio (-0,72%), destacando-se quedas em produtos como feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%). Por outro lado, as frutas tiveram aumento de preço, com destaque para banana-prata (4,44%) e mamão (3,25%).

No grupo de Habitação, a taxa de -1,01% impactou o índice em -0,16 ponto porcentual. A maior contribuição para essa variação veio da energia elétrica residencial, que registrou queda de 3,89% devido à incorporação do Bônus de Itaipu (um desconto de até R$ 15 na conta de luz individual em residências de classes residencial e rural, que tiveram ao menos um mês, em 2022, consumo faturado inferior a 350 KWh) nas faturas emitidas em julho. A taxa de água e esgoto (0,18%) registrou alta devido a reajustes em algumas regiões.

Variações Regionais 

As variações regionais também tiveram impacto no IPCA de julho. Porto Alegre foi a região que apresentou a maior variação, com 0,53%, devido ao aumento do preço da gasolina (6,98%). Belo Horizonte teve a menor variação, registrando queda de -0,16%, influenciada pelas quedas nos preços dos ônibus urbanos (-17,50%) e na energia elétrica residencial (-4,23%).

INPC e Outros Indicadores

Além do IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também foi divulgado (o Índice também mede a variação de preço de determinados produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras, entretanto num recorte menor que o IPCA - considera rendimentos de 1 a 5 salários mínimos). O INPC registrou uma variação de -0,09% em julho, mantendo-se próxima à taxa de -0,10% observada no mês anterior. No acumulado do ano, o INPC acumula alta de 2,59%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 3,53%, acima dos 3,00% registrados nos 12 meses anteriores.

Os números do IPCA e INPC demonstram que a economia brasileira segue passando por oscilações, com impactos variados nos diferentes setores e regiões do país. A análise detalhada desses indicadores é essencial para entender as dinâmicas econômicas em curso e tomar decisões informadas sobre investimentos e consumo.

Nota: Os dados e informações presentes nesta matéria foram fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e são referentes ao mês de julho de 2023. A análise dos indicadores deve considerar a conjuntura econômica e as possíveis variações ao longo do tempo

Seleção alemã faz 6 a 0 em jogo marcado por erros individuais e aplica maior goleada da Copa do Mundo até o momento.
por
Gusthavo Sampaio
|
24/07/2023 - 12h

Na madrugada desta segunda-feira (24), Alemanha e Marrocos estrearam na Copa do Mundo Feminina FIFA 2023, em confronto pelo Grupo H. O primeiro jogo entre as equipes na história ocorreu no Estádio Melbourne Rectangular, na Austrália. A Alemanha, que nunca perdeu em uma estreia de Copa, manteve a marca e atropelou as estreantes marroquinas em um jogo que terminou 6 a 0.

 

Foto do elenco pré-jogo
Foto das jogadoras titulares na estreia alemã homenageando Carolin Simon. Foto: Reprodução/Twitter/DFB_Frauen

 

A seleção alemã iniciou sua jornada na Copa do Mundo homenageando a jogadora Carolin Simon, que foi cortada da convocação final após romper os ligamentos do joelho no último amistoso pré-copa contra a Zâmbia. Na foto em grupo do pré-jogo, as jogadoras posaram segurando uma camisa com o número 2 e o nome Simon.

Após o soar do apito, não demorou para as favoritas abrirem o placar. Com uma marcação alta logo de início, as alemãs não deram fôlego para as marroquinas e, aos 11 minutos, a capitã Alexandra Popp abriu o placar cabeceando livre na entrada da pequena área. A jogada começou com um erro da saída de bola da zagueira de Marrocos, que entregou a bola para a meia Jule Brand. Brand tocou na linha de fundo para a zagueira Hendrich que levantou a bola na área para Popp, de cabeça, mandar a bola para o fundo da rede.

Após o gol, a Alemanha manteve a posse e empurrou as marroquinas para seu campo de defesa, não sofrendo perigo durante a maior parte do primeiro tempo. Aos 39 minutos, após escanteio cobrado por Klara Buhl, Popp, novamente de cabeça e na pequena área, ampliou o placar para as alemãs.

O panorama durante o primeiro tempo foi positivo para a Alemanha, que sofreu somente um chute a gol e dominou a maior parte da posse de bola. Alguns erros na saída de bola geraram contra-ataques para as marroquinas, mas nenhum se concretizou. Apesar do panorama positivo, as germânicas subiram o nível na segunda etapa.

O segundo tempo começou com um gol relâmpago: Klara Buhl roubou a bola logo após um erro de passe segundos depois do apito inicial e finalizou a jogada que ela mesma construiu. O chute acertou na trave e, na sobra Buhl, apareceu e faz o terceiro. Pouco tempo depois do gol, Buhl teve outra chance clara de finalização, mas o chute parou na trave. O começo de segundo tempo alemão foi implacável, com menos de 10 minutos depois do terceiro, saiu o quarto gol. Na sobra de um cruzamento, Svenja Huth levantou na área a bola que foi cabeceada para o gol pela zagueira marroquina Hanane Ait El Haj, marcando contra.

O passeio continuou e a blitz alemã pelo quinto gol não parou até marcar. Aos 34 minutos, em mais um cruzamento alemão, a goleira Khadija Er-Rmich afastou contra a zagueira Yasmin M’Rabet, que marcou o segundo gol contra marroquino, e quinto da Alemanha. Quatro minutos após o gol, a capitã Alexandra Popp foi substituída, na caminhada até o banco de reservas foi ovacionada pelos torcedores. Mesmo com uma ampla vantagem no placar, as alemãs não colocaram o pé no freio. Aos 90 minutos, Lena Lattwein finalizou uma bola que, ao ser defendida pela goleira Er-Rmichi, sobrou nos pés da atacante Lea Schuller, que marcou o sexto e fechou a conta.

Como esperado, a seleção bicampeã do mundo não teve dificuldades em seu primeiro jogo, mas surpreendeu pela elasticidade da vitória. A Alemanha dominou o jogo do início ao fim, e terminou com 74% da posse de bola e 16 chutes no total, 7 desses no gol. Todo esse domínio sem a presença de uma das maiores jogadoras do elenco, Lena Oberdorf, poupada por conta de uma lesão.

 

Disputa de bola entre duas jogadoras durante o jogo
Sara Dabritz (esquerda) e Ghizlane Chebbak (direita) disputando a bola durante o jogo. Foto: Reprodução/Twitter/EnMaroc

 

Por outro lado, as marroquinas viveram um dia para ser esquecido. Em sua estreia pela Copa do Mundo, tiveram uma péssima atuação individual e coletiva, marcada principalmente pelos erros defensivos. Ainda no primeiro tempo, a postura de contra-atacar adotada pela equipe foi completamente suprimida, chutando apenas uma vez ao gol na primeira etapa. No final, quatro gols marcados pela Alemanha tiveram início a partir de erros diretos da defesa marroquina. Com essa derrota, o Marrocos vive uma sequência de 5 jogos sem vencer.

A seleção Marroquina volta a campo no domingo (30), para enfrentar a Coreia do Sul e continuar na luta pela classificação, às 01h30 (horário de Brasília). As alemãs jogam no mesmo dia contra a Colômbia, às 06h30 (horário de Brasília), para tentar garantir a classificação para a fase eliminatória.

Se não fosse sofrido, não era Argentina. Nos pênaltis a albiceleste derrota a França e é campeã mundial pela terceira vez na história
por
Fabrizio Delle Serre
|
20/12/2022 - 12h

Após 36 anos de espera, os hermanos enfim comemoraram. A Argentina é tricampeã da Copa do Mundo. No último domingo (18) às 12h, o Lusail Stadium recebeu uma das melhores finais já vistas da história do torneio mundial.

 

Lionel Messi foi decisivo, Kylian Mbappé marcou um hat-trick, porém, não foi suficiente. Nos pênaltis, a Argentina bateu a França e ficou com o troféu mais cobiçado do futebol, que tem uma nova capital pelos próximos 4 anos: Buenos Aires.

a
Jogadores argentinos comemorando o tricampeonato mundial. Foto: Divulgação / FIFA

 

A decisão da Copa foi em um jogo eletrizante. Para os amantes do futebol foi mais um motivo para se apaixonar pelo esporte. A raça e a entrega dos argentinos foi recompensada. O mundo é azul e branco.

 

A Copa do Mundo de 2022 acabou. Com direito a um encerramento de gala. Diego Armando Maradona, viu e vibrou lá do céu com os “muchachos”, campeões do mundo. A comando do novo deus albiceleste: Messi.

 

Destaque também para Di Maria. O camisa 11 voltou ao time titular de Lionel Scaloni e correspondeu. Sofreu pênalti e balançou as redes.

Primeiro Tempo

A final iniciou com as equipes tensas e com entradas mais duras por ambos os lados. Os franceses até tiveram certo domínio, porém, erraram passes e estavam nervosos.

 

A Argentina percebeu o abalo emocional do adversário e tomou conta da partida. Os hermanos ditaram o ritmo da primeira etapa. Aos 20 minutos, Dembelé derrubou Di Maria dentro da área e o pênalti foi marcado.

 

Lionel Messi foi para a bola. Respirou, bateu e estufou a rede. Bola para um lado, Lloris para o outro, o placar estava aberto, 1 a 0 Argentina.

a
Messi na cobrança de pênalti que abriu o placar da decisão. Foto: @EPA / Toga Bozoglu

Além do gol, Messi naquele momento se tornava o artilheiro da competição com 6 gols, deixando para trás Mbappé.

 

Mesmo com o placar aberto, a França parecia que ainda estava no vestiário. A Argentina continuou dominando a partida. O objetivo era o segundo gol.

 

Aos 35 minutos em um erro de Upamecano os hermanos partiram para o contra-ataque. Uma linda jogada. Mac Allister tocou para Messi que passou para Julián Álvarez. O atacante lançou pelas costas da linha de defesa francesa.

 

Mac Allister recebeu e ajeitou para Di Maria que bateu na saída de Llorris. 2 a 0 e a partida parecia estar definida.

a
Di María aprontou das suas mágicas e só tirou de Lloris para marcar o segundo gol
@FRANCK FIFE / AFP

Ao final dos primeiros 45 minutos, o domínio era total da equipe de Scaloni. Ganhavam nas estatísticas e no placar. Os franceses ainda não haviam finalizado.

Segundo Tempo

O segundo tempo começou e o controle argentino ainda era nítido. Assim como na primeira etapa, as ações ofensivas eram sempre direcionadas ao gol de Llorris.

 

A Argentina teve a chance de ampliar: De Paul de voleio aos 3 minutos e com Julián Álvarez aos 13. Ambas as chances pararam nas mãos do goleiro francês.

 

Aos 22 minutos, a primeira finalização da França foi realizada. Kolo Muani de cabeça. A tentativa não levou perigo algum ao gol de Martinez.

 

O jogo foi avançando e a França parecia estar entregue. Era questão de tempo para o fim da fila de 36 anos dos hermanos longe do topo do mundo.

 

Faltavam 12 minutos para o fim do tempo regulamentar, até que Otamendi derrubou Kolo Muani dentro da área. Pênalti para a França. Tensão total no Lusail Stadium.

Então, a estrela de Kylian Mbappé começou a brilhar.

 

O garoto de 23 anos com muita frieza foi para a cobrança da penalidade máxima. Correu, bateu e diminuiu, 2 a 1.

 

A Argentina entrou em curto-circuito. Após 1 minuto do primeiro gol francês, Kylian Mbappé recebeu um bom passe de Thuram. O camisa 10 em um lindo chute de perna direita balançou a rede novamente. Tudo igual. 2 a 2

.

a
Finalização de Mbappé que colocou a França de volta na final. Foto: @EPA / Toga Bozoglu

 

O juiz apitou o final dos 90 minutos.  Os argentinos estavam tentando entender o que havia acontecido, enquanto os franceses haviam feito uma revolução em menos de 5 minutos.

Empate? Mais 30 minutos!

Haja coração, amigo! A prorrogação foi simplesmente encantadora. Os primeiros 15 minutos foram tensos. Com chances para os dois lados, mas sem efetividade tanto da Argentina quanto da França.

 

A única boa chance dos hermanos no primeiro tempo foi no chute de Lautaro, que foi travado por Upamecano. No rebote Montiel finalizou, mas Varane afastou de cabeça.

 

Lautaro teve nos acréscimos outra oportunidade de desempatar, mas bateu para fora e desperdiçou.

 

Os 15 minutos finais foram emocionantes. Com quase 3 minutos, Lautaro finalizou e Lloris deu o rebote. Lionel Messi estava no lugar certo e na hora certa.  Dessa vez, de perna direita o camisa 10 tirou o empate do placar. 3 a 2, os hermanos estavam de novo na frente.

a
Segundo gol de Messi na decisão. Foto: Tarso Sarraf / O Liberal

Os minutos passavam, o fim estava se aproximando e a Argentina estava próxima da tão sonhada conquista da Copa do Mundo. Mas, Mbappé ainda estava em campo e não facilitou para a albiceleste.

 

Há pouco mais de 4 minutos do fim, o garoto bateu e a bola tocou no braço de Montiel que estava dentro da área. Mais um pênalti para a equipe de Deschamps.

 

Novamente, Mbappé na cobrança. O craque do PSG deslocou o goleiro Martínez para empatar a partida, 3 a 3. O futebol viveu naquele momento sua emoção no estado mais puro. Além do gol, o francês se tornou o artilheiro da competição com 8 gols.

 

Na última chance  dos franceses, Kolo Muani ficou cara a cara com Martínez. O goleiro Argentino defendeu com o pé. Dibu foi brilhante e salvou a seleção de mais um vice.

Pênaltis

Com o empate na prorrogação, a Copa foi decidida nas penalidades máximas pela terceira vez em sua história. Os franceses iniciaram a disputa. Mbappé converteu.

 

Na sequência, Lionel Messi abriu as penalidades para os argentinos e também balançou as redes.

 

Martinez pegou a cobrança de Coman, acertando o canto escolhido pelo francês. A taça estava saindo de Paris com rumo a Buenos Aires.

 

Dybala fez o dele, bateu no meio com segurança. O próximo pênalti foi cobrado por Tchouaméni, o meia do Real Madrid bateu pra fora. Comemoração de Dibu com direito a dancinha.

 

Na sequência, Paredes converteu. Kolo Muani não desperdiçou e a França ainda estava viva.

 

29 de junho de 1986. Essa data ficou marcada na história dos Argentinos. Montiel tinha que fazer para acabar com a espera de 36 anos. O Tricampeonato estava próximo.

 

Montiel correu, bateu e fez. Argentina tricampeã do mundo.

a
Argentina Campeã do Mundo. @EPA / Friedemann Vogel

A Terceira estrela e Messi

18 de dezembro de 2022. Um novo feriado para os argentinos. Uma data histórica para Lionel Messi que fez a ilusão virar realidade. O ET conquistou o único troféu que faltava em sua vitoriosa carreira.

 

35 anos de idade. Dores de 2014, 2015 e 2016 com 3 vices consecutivos. Acabou. Lionel Messi provou para si e para o mundo que ainda é o melhor.

a
Messi levantando a principal taça do futebol. Foto: Divulgação / FIFA

Gênio, divino, predestinado. Como definir quem conseguiu superar Maradona? O mundo é da Argentina pela terceira vez, a estrela de número 3 finalmente foi costurada no escudo albiceleste.

 

Duas delas foram a comanda de D10S, que agora passa seu bastão para um imortal na Argentina e no mundo do futebol: Lionel Messi.

 

1978, 1986, 2022. Tricampeões, os muchachos conseguiram conquistar o mundo. A taça voltou para Buenos Aires. A terra de Diego y Lionel tem o mundo novamente. Os Argentinos não precisam mais “ilusionar”, o título é realidade. 

 

 

Meu pai estava errado sobre muitas coisas, esta é uma delas
por
Bianca Novais
|
20/12/2022 - 12h

Na primeira vez que fui ao estádio, eu já era adulta. Para meu pai, o estádio não era lugar de menina. E para nossa situação financeira, o estádio também não era exatamente o lugar do meu pai. Parece um clichê da internet, não é? Tal lugar não é lugar de mulher. O pior é que existe na vida real e a gente acredita. Eu acreditei por muitos anos.

Mesmo vendo a Rainha Marta ser a melhor futebolista do mundo cinco vezes seguidas, a maior artilheira das seleções brasileiras, a primeira atleta a marcar gols em cinco edições de Copa do Mundo da FIFA.

Mesmo vendo Formiga ser a única pessoa a ter participado de sete Copas do Mundo e de sete Olimpíadas, a que mais vezes entrou em campo com a amarelinha.

Mesmo vendo Cristiane se tornar a maior artilheira das Olimpíadas, vencer a primeira edição feminina da Libertadores, ao lado de Marta, e ser artilheira também desta competição.

Todas mulheres pretas, como eu.

Apesar de ver, eu não enxergava. Muito por isso fiquei assustada e apreensiva com o convite do amigo Luan Leão para tocar o barquinho da cobertura da Copa do Mundo pela AGEMT, com ele e o inenarrável Bruno Scaciotti.

Se meu lugar não era nem no estádio, imagina em posição de liderança frente a 20 homens falando sobre bola?

Pouco mais de três meses de planejamento, 28 dias de Copa do Mundo, 99 textos no site, 9 episódios do podcast Expresso Catar, 4 episódios do programa Manual de Sobrevivência da Copa do Mundo, 37 edições do boletim diário em vídeo Já É Copa, fora o baile.

Não vi o Brasil ser hexa, mas pude ver Marrocos ser a primeira seleção africana a chegar nas semifinais de uma Copa. Vi Cristiano Ronaldo ser o terceiro atleta a marcar gol em cinco edições do mundial de seleções. Neymar se igualar em gols pela seleção com Pelé. Kylian Mbappé ser o segundo jogador a marcar um hat-trick em final de Copa do Mundo. Messi ser consagrado como um dos deuses do futebol ao conquistar o tricampeonato argentino. E o primeiro trio de arbitragem feminino a apitar um jogo da Copa do Mundo masculina.

Nada mal para quem não está no lugar.

Marta, Cristiane e Formiga, a Santa Trindade do futebol feminino brasileiro. Foto: NICHOLAS KAMM/GettyImages
Marta, Cristiane e Formiga, a Santa Trindade do futebol feminino brasileiro. Foto: Nicholas Kamm/GettyImages

 

Pela terceira vez em sua história, o time xadrez sobe ao pódio e consagra a geração liderada por Modric
por
Arthur Campos
João Victor Fogagnolo
|
18/12/2022 - 12h

No último sábado (17), ocorreu a penúltima partida da Copa do Mundo Catar 2022. Croácia e Marrocos estiveram frente a frente no estádio Internacional Khalifa para definir o terceiro e quarto lugar do torneio. 

As seleções se reencontraram 24 dias depois do confronto na primeira rodada do grupo F na fase de grupos. Naquela ocasião o jogo terminou em um 0 a 0 nada saudoso. 

Em lados opostos do chaveamento, os Leões dos Atlas, tal qual Davi, foram desafiados por vários Golias e assim como na passagem bíblica de Samuel 17, triunfaram diante dos gigantes. Posteriormente, sucumbiram apenas perante a atual campeã, França. 

Já a seleção eslava, repetindo o feito de 2018, precisou passar por duas prorrogações para manter-se na competição. Da mesma forma que na edição passada, os embates contra Japão e Brasil chegaram até as penalidades máximas, nas quais as duas saíram derrotadas, com o goleiro Dominik Livakovic sendo o protagonista. Somente a Argentina foi capaz de impedir os croatas de irem a mais uma final. 

Croácia
Foto oficial da seleção croata. Imagem: Reprodução/Twitter/@fifaworldcup_pt

 

Dentro de campo as equipes vieram bem mexidas devido ao desgaste acumulado durante a Copa. O técnico Walid Regragui, que sofreu com desfalques nos duelos contra Portugal e França, promoveu descanso a alguns jogadores. Mais uma vez o comandante não teve a disposição o lateral esquerdo Noussair Mazraoui, que não estava no banco de reservas, cedendo espaço para Yahia Attiyat Allah. Já os atletas Roman Saiss, Nayef Aguerd, Selim Amallah e Azzedine Ounahi foram preservados, sendo substituídos por Achraf Dari, Jawad El Yamiq, Abdelhamid Sabiri e Bilal El Khannouss respectivamente. 

Por motivos semelhantes, o treinador Zlatko Dalic deu oportunidades para outros jogadores do plantel. Em comparação ao confronto anterior, houve três mudanças na linha de defesa, o recuo de Ivan Perisic para variar entre lateral e ala pela esquerda, junto com as entradas de Josip Sutalo e Josip Stanisic, nas vagas de Dejan Lovren e Josip Juranovic, nesta ordem. Na parte ofensiva, Lovro Majer, Mislav Orsic e Marko Livaja também ganharam chances nos lugares de Mario Pasalic, Borna Sosa e Marcelo Brozovic. 

Dado o apito inicial, os 44.137 expectadores viram um começo de partida movimentado. Em jogada ensaiada na cobrança de falta, Majer bateu para dentro da área, Perisic escorou de cabeça e Josko Gvardiol completou para abrir o marcador aos 7 minutos, numa bela trama croata.

Croácia
Gvardiol mergulhou e fez 1x0 para o time xadrez. Foto: Reprodução/Twitter/@FIFAWorldCup

 

No minuto seguinte, novamente em bola parada, o cruzamento de Hakim Ziyech desviou e sobrou para Dari empatar a disputa. Antes do intervalo, aos 42, numa recuperação dos eslavos na zona de ataque, Livaja passou para Orsic finalizar com chapa do pé, e resvalando levemente na trave, morreu dentro das redes do goleiro Bono. 

Na volta para o segundo tempo, o fator físico pesou e o ritmo do jogo caiu. Apesar da posse de bola marroquina, os leões não conseguiram concretizá-la em reais perigos de gol. Sem grandes emoções na etapa final, o placar terminou em 2 a 1, com a Croácia conquistando o terceiro lugar da Copa do Mundo.  

A campanha coroou um possível fim da brilhante trajetória de Luka Modric na seleção. O camisa 10 foi o destaque desse meio campo e ficará eternizado como o maestro dessa geração.

Croácia
O craque Modric em sua última Copa do Mundo. Foto: Reprodução/Twitter/@FIFAWorldCup

 

Mesmo ficando com a quarta colocação, Marrocos sai do Catar de cabeça erguida e o treinador Regragui fez questão de enaltecer.

“Lembraremos de muitos jogos, voltaremos mais fortes. Unimos o nosso país durante um mês, todos estavam felizes”, enfatizou. 

O comandante também falou sobre o legado que deixaram nessa Copa.

“Eu acho que mostramos nossa força. Mostramos que o futebol africano está preparado para enfrentar os principais times do mundo com eficiência e jogando no nível mais alto”, comentou. 

O técnico marroquino ainda deixou seu recado visando os próximos objetivos da equipe.

“Eu disse aos meus jogadores que não podemos ser reis do mundo antes de sermos reis do continente. Nós vamos trabalhar para ganhar a Copa Africana de Nações”, afirmou Regragui. 

O Mundial no Catar trouxe surpresa aos amantes do futebol e gerou o debate sobre esta ser "a Copa das zebras".
por
Bianca Novais
Bruno Scaciotti
Gustavo Zarza
Luan Leão
|
19/12/2022 - 12h

As zebras são mamíferos herbívoros comuns da savana africana, costumam viver em bando e tem velocidade. A velocidade é uma forma de defesa dos ataques dos leões, um dos seus principais predadores. Além da velocidade, a força do coice também é uma ferramenta de proteção. Um coice de zebra é capaz de quebrar a mandíbula de um felino, por exemplo. 

Expressões como "deu zebra", "vai dar zebra", "que zebra!", não se referem a uma fuga de um animal do ataque de seu predador - mas, poderia. No futebol, a expressão é constantemente utilizada para descrever um resultado inesperado, pouco aguardado. Para entender a expressão "dar zebra", precisamos voltar a 1964 e conhecer o histórico técnico Gentil Cardoso. É do técnico pernambucano a autoria da frase que utilizamos até hoje para classificar resultados surpreendentes no futebol ou em outros esportes. 

Em 1964, Cardoso chegou para comandar a Portuguesa-RJ. O time carioca estava em má fase e desacreditado por grande parte dos que acompanhavam futebol. Na véspera de um confronto contra o poderoso Vasco da Gama, que também não vinha de bons resultados, Gentil Cardoso deu a letra ao ser perguntado sobre o resultado: "Pode dar zebra!". 

O técnico fazia uma referência ao jogo do bicho, criado pelo Barão de Drummond no final do século XXI, onde a zebra não existe entre os 25 animais citados. Ou seja, é inesperado que dê zebra no jogo bicho, afinal, não tem o animal entre as opções. O recifense queria dar o recado de que uma surpresa poderia acontecer. E de fato aconteceu, naquele jogo a Portuguesa venceu o Vasco por 2 a 1, com gols de Inaldo e Tião. 

Mas, afinal, essa foi a Copa das zebras ? Vamos observar os números e desempenho de algumas seleções a partir da Copa de 2002.



2002 - Copa do Mundo no Japão e Coreia do Sul

A Turquia surpreendeu e conquistou o terceiro lugar, somando 13 pontos, com 4 vitórias, 1 empate e 2 derrotas, em um total de 7 jogos, fazendo 10 gols e sofrendo 6, assim terminando com um saldo positivo de 4 gols.

 

Outro resultado inesperado foi a Coreia do Sul que terminou na quarta posição, com 11 pontos em 7 jogos, tendo 3 vitórias, 2 empates e 2 derrotas, marcando 8 gols e sofrendo 6, ficando com um saldo positivo de 2 gols. Donos da festa, os coreanos eliminaram as favoritas Itália e Espanha durante a fase final do mundial.

O Senegal foi outra surpresa em 2002. A seleção acabou sendo eliminada nas quartas de final, ficando na sétima posição, somando um total de 8 pontos em 5 jogos, com 2 vitórias, 2 empates e 1 derrota, marcando 7 gols e sofrendo 6, terminando com o saldo positivo de 1 gol. Senegal eliminou o Uruguai e a França na primeira fase do mundial, se classificando em segundo lugar em seu grupo.

2006 - Copa do Mundo na Alemanha 

O mundial com menos surpresas dessa nossa série. A zebra ameaçou dar o ar da graça com a Austrália, que foi eliminada nas oitavas pela Itália com uma ótima atuação. Os australianos ficaram na décima-sexta posição com 4 jogos, somando 4 pontos depois de 1 vitória, 1 empate e 2 derrotas, marcando 5 gols e sofrendo 6, ficando com -1 de saldo. 

2010 - Copa do Mundo na África do Sul 

A seleção de Gana superou as expectativas e foi eliminada nas quartas de final, após um jogo histórico e memorável contra o Uruguai. Gana terminou na sétima posição com 8 pontos, depois de 2 vitórias, 2 empates e 1 derrota, fazendo 5 gols e sofrendo 4, terminando com um saldo positivo de 1 gol. 

No mesmo mundial, uma das surpresas foi a Eslováquia que eliminou a Itália na fase de grupos, mas deixou o mundial nas oitavas de final, ficando na décima-sexta posição depois de 4 jogos, com 1 vitória, 1 empate e 2 derrotas, marcando 5 gols e sofrendo 7, finalizando com um saldo de -1.  

2014 - Copa do Mundo no Brasil 

No Brasil, a seleção da Costa Rica foi a sensação do mundial, ficou em primeiro lugar no chamado grupo da morte, que contava com Uruguai, Itália e Inglaterra. Conseguiu avançar das oitavas de final, mas acabou sendo eliminada nas quartas, ficando na oitava posição, depois de 5 jogos, somando 9 pontos, com 2 vitórias, 3 empates e 0 derrotas, fazendo 5 gols e sofrendo 2, terminando com um saldo positivo de 3 gols. 

Costa Rica 2014
Bryan Ruiz foi o autor do gol da vitória da Costa Rica contra a Itália por 1 a 0. Foto: Ruben Sprich / Reuters 

2018 - Copa do Mundo na Rússia 

Na Copa de 2018 a maior surpresa foi a Croácia que conquistou o vice-campeonato. Depois de 7 jogos a seleção croata fez 14 pontos, com 4 vitórias, 2 empates e 1 derrota, marcando 14 gols e sofrendo 9, ficando com um saldo positivo de 5 gols.

O resultado conquistado pela Suécia também foi uma novidade neste mundial, sendo eliminada nas quartas de final, terminando na sétima posição após 5 jogos, somando 9 pontos, com 3 vitórias, 0 empates e 2 derrotas, fazendo 6 gols e sofrendo 2, finalizando com um saldo positivo de 4 gols.

A Rússia, sendo a anfitriã, também fez bonito em 2018, deixando a Espanha no caminho e sendo eliminada nas quartas de final, ficando na oitava posição, somando 8 pontos em 5 jogos, com 2 vitórias, 2 empates e 1 derrota, marcando 11 gols e sofrendo 7, terminado com um saldo positivo de 4 gols. 

2022 - Copa do Mundo no Catar

Neste mundial do Catar a maioria das surpresas ficaram pelas oitavas de final. É o exemplo da Coreia do Sul, Austrália e Japão.

A Coreia ficou na décima-sexta posição, após eliminar o Uruguai na fase de grupos, somando 4 pontos em 4 jogos, com 1 vitória, 1 empate e 2 derrotas, fazendo 5 gols e sofrendo 8, ficando com o saldo de -3.

Os australianos terminaram na décima-primeira posição depois de deixar a Dinamarca pelo caminho, ainda na fase de grupos, somando 6 pontos em 4 jogos, com 2 vitórias, 0 empates e 2 derrotas, marcando 4 gols e sofrendo 6, finalizando com o saldo de -2.

O Japão foi uma das grandes surpresas do mundial, ganhando da Alemanha e da Espanha e eliminando os alemães ainda na fase de grupos. Os japoneses terminaram na nona posição, com 7 pontos em sete jogos, depois de 2 vitórias, 1 empate e 1 derrota, fazendo 5 gols e sofrendo 4, ficando com o saldo positivo de 1 gol.

Seleção de Marrocos
Jogadores de Marrocos comemoram e agradecem segundo gol contra a Bélgica. Foto: Manan Vatsyayana / AFP

A maior surpresa dessa Copa foi o Marrocos. A seleção marroquina conquistou o feito de ser a primeira seleção africana a chegar a uma semifinal de Copa do Mundo, eliminando potências como Bélgica, Espanha e Portugal. Marrocos jogou 7 jogos, conquistando 11 pontos, depois de 3 vitórias, 1 empate e 2 derrotas, marcando 6 gols e sofrendo 5, com um saldo de 1 gol.

Um resultado um pouco esquecido foi a vitória da Tunísia contra a França por 1 a 0, na última rodada da fase de grupos. O gol não mudou o destino dos tunisianos, que acabaram eliminados, mas o resultado foi uma zebra e histórico para eles, que venceram pela primeira vez uma seleção europeia em Copas do Mundo. 

Quem explica as zebras ?

Para entender melhor a razão dos resultados no Catar, obtidos por seleções de pouca tradição, a equipe da AGEMT conversou com Ricardo Picoli, doutor e mestre em psicobiologia pela Universidade de São Paulo (USP), psicólogo pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e coordenador do curso de especialização em psicologia do exercício e do esporte da UFSCar. 

Também conversamos com Lucas Tavares, educador físico pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mestre em ciências do exercício pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e chefe do departamento de análise de desempenho (CIAM) do Fluminense entre 2016 e 2017.

Como já mostramos, seleções como Costa Rica, Croácia e Coreia do Sul, por exemplo, superaram as expectativas quando jogaram perto da terra natal. Segundo Picoli, alguns estudos apontam a existência da "home advantage", ou seja, a vantagem de jogar em casa. Apesar disso, para o psicólogo isso não explica de que forma exatamente afeta o resultado ou desempenho do time ou seleção. "As hipóteses mais fortes são: torcida a favor, arbitragem mais favorável ao time da casa, habituação sensorial ao campo de jogo da própria equipe e clima meteorológico", afirma.

Sobre casos específicos das "zebras" durante esse mundial, o analista Lucas Tavares aponta para um aspecto mais técnico e tático, unindo planejamento e motivação. "Alguns trabalhos já indicam uma maior probabilidade de sucesso em modelos de jogo agressivos ofensivamente e de ciclos curtos. [...] Um segundo ponto muito relevante é a motivação dessas seleções com menor expressão. O fato de não ser esperado resultados relevantes, especialmente contra seleções campeãs, gera um fator motivacional fundamental para o bom desempenho de uma tática defensiva como a que foi proposta por eles", comenta. 

No aspecto motivacional, seleções menos tradicionais acabam caindo nas graças de grande parte do público que acompanha a Copa do Mundo, atraindo para si a torcida não apenas de seus compatriotas. Isso também ocorre com algumas seleções de maior tradição em Copas, como o Brasil, por exemplo. "É fonte de incentivo para os jogadores da equipe com torcida a favor. Isso pode gerar sentimentos positivos de confiança, entusiasmo e alegria que são fortemente relacionados a bom desempenho. Em segundo lugar, a arbitragem tende a favorecer (ou ser mais condescendente) ao time "da casa", o que impacta diretamente no desempenho de ambas equipes em campo. Na mesma medida que a torcida a favor ajuda o time que tem a torcida, atrapalha o time adversário, afetando principalmente a concentração", explica Ricardo Picoli. 

Seleção Marrocos
Torcida marroquina encheu os estádios durante a Copa no Catar. Foto: Dylan Martinez / Reuters

A Copa do Mundo no Catar mostrou ao mundo a força dos coletivos, diminuindo distâncias técnicas com aplicação tática. Seleção campeã, a Argentina mostrou o poder de seu grupo durante toda a competição, mesmo tendo Lionel Messi em exibições de gala. O Marrocos, grande sensação do Mundial, mostrou concentração e aplicação tática de todo o time em todos os confrontos, até na derrota para a França, quando jogou melhor. "Muito interessante. Particularmente me agrada muito que equipes taticamente melhores superem outras individualmente mais fortes. Isso evita que outras seleções se acomodem com o status que já têm por conta do histórico", analisa Tavares. 

O fato de grandes nomes técnicos do esporte como Kylian Mbappé, Harry Kane, Cristiano Ronaldo, Neymar e Messi, para citar alguns, estarem no confronto, pode estimular os adversários na avaliação de Picoli. "Boa parte das melhores seleções da Copa tem jogadores que jogam na europa, mesmo não sendo europeus. Certamente há um estímulo em jogar com equipes tradicionais ou fortes e isso independe da qualidade da sua equipe ou do seu favoritismo ou não. Os atletas geralmente relatam preferir jogar contra os melhores, então, esse tipo de estímulo deve haver", diz o mestre em psicobiologia. 

Seleção Tunísia
Khazri foi o autor do gol da vitória da Tunísia contra a poderosa França de Mbappé.
Foto: Franck Fife / AFP

Para o ex-chefe do Departamento de Análise e Desempenho do Fluminense, a evolução no conhecimento científico é um ativo para a diminuição das diferenças técnicas. O uso da ciência somada a tecnologia, para Lucas Tavares, faz com que clubes e seleções possam melhorar seus resultados. "Já existe muito conhecimento científico de qualidade que pode ajudar a qualquer pessoa entender e buscar estratégias melhores de treino e jogo. Além disso, também existe o conhecimento científico gerado por cada equipe sobre seus jogadores que possibilitam definir estratégias melhores de treino e jogo. Todo esse conhecimento gerado só é possível através de recursos tecnológicos que possibilitam monitorar quantitativamente as ações dos jogadores durante o treino, jogo e até no sono e alimentação. Esses recursos tecnológicos são de fácil acesso, o que possibilita que essas seleções façam uso e melhorem seus resultados", diz o analista de desempenho.

Assistir a um resultado inesperado é um dos fatos marcantes no futebol. Se pararmos para pensar, a Argentina perdeu apenas para a Arábia Saudita na campanha do tricampeonato. A tetracampeã Alemanha foi superada pelo Japão. Apesar de muita ciência em seus processos, o futebol continua sendo imprevisível. Ou como disse o comentarista Benjamin Wright em uma das frases mais famosas do mundo da bola: "Uma caixinha de surpresas". 

 

A maior final da história coroa o maior jogador da história
por
Gusthavo Sampaio
|
19/12/2022 - 12h

Nenhum roteiro seria melhor do que a trama que ocorreu na final da Copa do Mundo de 2022. Nem Shakespeare, ou até mesmo Nelson Rodrigues, escreveriam uma história tão completa de emoções, reviravoltas e tragicidade.

25 de novembro de 2020, foi o dia em que o maior deus argentino deixou a vida terrestre para passar ao outro plano. No jogo de domingo, milhões de argentinos, e alguns italianos, suplicaram por seu nome, por sua benção, pela sua perna esquerda. E no final, suas preces foram atendidas. Em campo, cada jogador argentino tinha um pouco de Maradona dentro de seu corpo. Cada disputa de bola era a última. Cada finalização era a final.

Diego faleceu durante um jejum de 28 anos de sua seleção. Seu sucessor, Lionel Andrés Messi, ficou 16 anos sem ganhar sequer um título pela seleção principal. Porém, em semelhança a sua imagem, assim como Maradona é idolatrado em Nápoles, Messi é em Barcelona. Ganhou tudo que disputou no clube, desde premiações coletivas, até as individuais, que inclusive tomou conta.

Mas, era desmerecido por não conquistar nada com a albiceleste. Em 2016, após a derrota com pênalti perdido na final da Copa América contra o Chile, o gênio anunciou sua precoce aposentadoria da seleção aos 29 anos. Neste ponto, já havia perdido 4 finais pela Argentina, três de Copa América e a final da Copa do Mundo de 2014.

Lionel Messi
Messi chorando após derrota para o Chile nos pênaltis, na final da Copa América de 2016. Foto: Reprodução/TheAmericanBazaar

Mas o melhor jogador de sua geração não podia parar tão cedo, e voltou. Ainda não tinha noção da reviravolta que sua história com a seleção teria. Em 2021, finalmente conseguiu a conquista de seu primeiro título: a Copa América, derrotando o Brasil em pleno Maracanã. Infelizmente, sem o fanático público argentino por conta da Pandemia da Covid-19. Apesar de perder a oportunidade de comemorar possivelmente o único título que Messi ganharia com a seleção, os argentinos também não estavam cientes do que estaria por vir.

Olhando do momento atual, parece que foi tudo premeditado. A Copa do Mundo não podia ficar de fora da estante de prêmios do maior jogador da história, e Maradona sabia disso. Ouviu as preces dos argentinos, e concedeu a força da perna esquerda em três momentos da partida: o primeiro gol de Messi, o gol de Dí Maria, e no momento mais crucial do jogo, a milagrosa defesa de Emiliano Martinez.

Irônico. Como atacante, Maradona realizou um milagre ao marcar o gol de mão, e Dibu Martinez apesar de goleiro, realizou a defesa de sua vida com a perna esquerda. Antes mesmo de jogar a partida, Messi já sabia que seria sua última de Copa do Mundo, e sua segunda final. E em sua última oportunidade, alcança a glória máxima, aos 35 anos.

Lionel Messi e Diego Maradona
Maradona carregando a taça após ser campeão em 1986, e Messi carregando a taça após ser campeão em 2022. Foto: Reprodução/FolhadeSãoPaulo

 

 

As jovens gerações dos Hermanos, não tem dúvidas. El mejor de todos los tempos, como disse Enzo Fernandez, ganhador do prêmio revelação da copa. Fez a Copa da sua vida aos 35 anos. Se tornou o jogador com mais jogos na história da Copa e o único a ganhar duas vezes o prêmio de melhor jogador. Calando todos os que diziam que não era decisivo na seleção, marcou em todas as fases do campeonato, e em todos os jogos do mata-mata.

Encerram-se todas as comparações de outros jogadores com Lionel Messi. Sua disputa fica apenas com o Maradona para os argentinos, Pelé para os brasileiros, e o resto do mundo que aceite sua realeza. 

A Avenida 9 de julho foi completamente tomada após o final do jogo. Não cabe todos os torcedores em uma imagem. O futebol para o argentino é isso. É a vida, é a paixão. Em meio à tantos problemas que enfrentam, um motivo para celebrar é um desafogo.

Lionel Andrés Messi é poesia. É o horizonte. É o inalcançável. É o futebol. E agora, também é campeão mundial, o último título que faltava para sua carreira perfeita. Seria mais histórico ainda se viesse ganhar a Libertadores com o meu Corinthians.

Brincadeiras à parte, a maior final de Copa do Mundo da história presenteia o maior jogador de futebol da história com a consagração máxima. Para o mundo, nunca existiu jogador do tamanho de Lionel Messi. Abençoados fomos nós, por acompanhar a maior carreira de um esportista na história.

Lionel Messi
Messi carregando a taça nas costas de Aguero, cercado por fãs. Foto: Reprodução/Twitter/Argentina

 

 

Em final histórica, Mbappé marca hat-trick e supera Pelé, mas perde a taça para o gênio Lionel Messi.
por
Gusthavo Sampaio
|
19/12/2022 - 12h

A França perdeu hoje a chance de ser a primeira seleção depois do Brasil a ganhar duas Copas do Mundo em sequência. A seleção foi derrotada na final da Copa do Mundo de 2022, em um jogo histórico, que ocorreu hoje (18) no Lusail Stadium. O placar final do jogo foi de 3 a 3, e os argentinos levaram a taça nos pênaltis por 4 a 2.

Seleção Francesa
Apreensão francesa durante a disputa de pênaltis. Foto: Reprodução /Twitter/@FFF

A trama como ocorreu não era prevista no começo do jogo. Durante todo o primeiro tempo, a Argentina dominou completamente o time francês, que passou toda a primeira etapa sem finalizar uma vez ao gol. A França, que entrou sem alterações entre os titulares, não conseguia neutralizar a atuação ofensiva de Lionel Messi e Di Maria.

Não demorou muito para a dupla Argentina obter resultado. Di Maria, que até então passeava pelo corredor esquerdo de ataque, não estava dando chances para o marcador Kounde, forçando a volta do atacante Dembelé para ajudar na marcação. Após belo drible na grande área, Dembelé tocou em Di Maria, que caiu e conseguiu um pênalti considerado polêmico.

Bem marcado ou não, o pênalti foi confirmado, e Messi venceu o goleiro francês Lloris na disputa, abrindo o placar para a Argentina com apenas 23 minutos.

Após o gol, os meio-campistas Tchouaméni e Rabiot continuaram com extrema dificuldade para marcar o genial camisa 10 da Argentina, que cada vez mais criava jogadas de perigo para os Argentinos. A França passou o primeiro tempo todo sem grandes oportunidades ofensivas e sem conseguir progredir sequer uma jogada.

O segundo gol argentino partiu de uma roubada de bola em que a defesa francesa se encontrava desorganizada. Em jogada de velocidade, e mais uma vez a bola passando por Lionel Messi, os franceses levam o segundo gol aos 36 minutos, aos Di Maria bater na saída do goleiro Lloris, após passe de MacAllister.

Apesar de tudo, Deschamps tinha um plano. Para a surpresa de muitas, realizou algo inusitado no futebol. Com 2 a 0 contra, o técnico francês utilizou duas substituições ainda no primeiro tempo. Aos 41 minutos, saíram o goleador Giroud, que praticamente não tocou na bola, e o atacante Dembelé, que também estava muito mal no jogo. Entraram os substitutos Kolo Muani e Marcus Thuram. Mas nada conseguiram fazer diante da pressão alta da Argentina no primeiro tempo.

No início do segundo tempo, o jogo continuou igual – com os francesas errando passes simples e dando espaço para os argentinos. A primeira finalização da França ocorreu somente aos 25 minutos do segundo período, com um chute de Mbappé para fora. Nessa altura do jogo, os franceses já apresentavam melhora e criavam jogadas de perigo.

A saída de Griezmann e Theo Hernandez simbolizaram o que havia sido o jogo até aquele ponto, os jogadores não conseguiram render esperado, e saíram completamente apagados de campo. Entraram Camavinga, novamente improvisado na lateral esquerda e Coman, pela ponta direita.

Ninguém esperava o que estava por vir. Aos 34 minutos, Kolo Muani ganhou disputa com Otamendi e sofreu um pênalti, convertido por Mbappé, gol marcado exatamente aos 35. O horário é importante, pois logo no minuto seguinte, Mbappé recebe um passe aéreo de Marcus Thuram, e em um voleio baixo finaliza majestosamente para empatar o jogo.

Pela primeira vez na história das finais da copa, ocorreram gols em minutos consecutivos, com uma diferença de 1 minuto e 36 segundos. A Argentina estava cansada e desorganizada, e só foi preciso duas chances para a estrela Kylian Mbappé empatar o jogo. Já nos acréscimos, Messi finaliza um torpedo no gol, mas Lloris realiza grande defesa, que leva o jogo a prorrogação.

Na prorrogação, os papéis se inverteram. A Argentina teve dificuldade de escapar da acertada marcação francesa. Com uma França muito melhor fisicamente, o jogo seguiu até o final do primeiro tempo da prorrogação. No começo da segunda etapa, bastou uma chance criada por Lionel Messi para marcar o terceiro gol da Argentina e seu segundo na partida. 

Mas os franceses não desistiram. Em uma jogada perigosa, a bola sobra para Mbappé, que finalizou e viu a bola bater no braço de Montiel. Mais um pênalti, o terceiro da partida. Mbappé foi para seu segundo pênalti no jogo, e converteu com facilidade batendo na direita do goleiro Emiliano Martinez.

Com seu terceiro gol na partida, Mbappé se tornou o segundo jogador a marcar um Hat-Trick em final de Copa do Mundo, o primeiro foi o inglês Geof Hurst em 1966. Além disso, passou Pelé e se tornou o jogador com mais gols em final de copa, com 4 gols. Feitos históricos que levaram a França para os pênaltis em um jogo dado como perdido.

kylian Mbappé
Mbappé comemorando após marcar Foto: Reprodução/Talksport.com

Ainda antes do encerramento, Muani teve a chance de ouro de fazer o quarto gol e finalizar o jogo no mesmo placar do confronto de 2018 – mas o goleiro argentino faz a maior defesa dessa Copa e, com os pés, milagrosamente impediu o gol.

Nos pênaltis, ambos os craques foram os primeiros batedores e marcaram. Mbappé bateu o primeiro e Messi o seguinte. No terceiro pênalti batido, Coman parou em Emiliano Martinez. Dybala, que entrou no segundo tempo da prorrogação, converteu o quarto. No quinto, Tchoauméni bateu para fora tentando evitar a defesa do goleiro.

Paredes converteu o sexto. Kolo Muani, que perdeu a chance no final do jogo, converteu o sétimo, depositando todas as esperanças francesas no goleiro Hugo Lloris, que não conseguiu defender o último pênalti batido por Montiel.

A França perdeu nos pênaltis em um final histórica para a Argentina, e não conquistou o terceiro título de Copa do Mundo. Apesar da derrota, Mbappé recebeu ao final da partida o prêmio de artilheiro da Copa, com 8 gols marcados.

kylian Mbappé
Mbappé após receber a chuteira de ouro da copa de 2022. Foto: Carl Recine/Reuters

Assim se encerra o caminho da França na Copa do Mundo de 2022. Desacreditada por muitos, a seleção chegou à final e ficou a um passo de conquistar a glória máxima. Agora, os franceses voltam a jogar no dia 24 de março de 2023, pelas eliminatórias da UEFA Europa League.

A vitória de Messi não seria somente o tricampeonato da Argentina, mas também a história escrita pelo maior jogador que vi jogar.
por
Gusthavo Sampaio
|
17/12/2022 - 12h

Todo brasileiro que acompanha o esporte é ciente da nossa maior rivalidade: os Argentinos. Não é um consenso o início dessa rivalidade, mas muitos historiadores afirmam que começou antes mesmo dos esportes, no período colonial, herdando um sentimento de confronto da época entre Espanha e Portugal. Provavelmente tendo início em confrontos geopolíticos, a rivalidade foi transferida para os Esportes.

 

Dunga e Maradona
Carrinho de Dunga em Maradona, na Copa de 1990. Foto: Reprodução/ESPN

 

O cenário de Brasil contra Argentina em qualquer esporte é mergulhado na rivalidade, mas vamos nos manter no futebol. Não somente nos confrontos entre as seleções, mas também entre seus clubes, na Libertadores. Brasileiros não gostam de perder para Argentinos, e vice-versa. O gol de Adriano Imperador nos acréscimos da final da Copa América de 2004, que empatou, levou o jogo aos pênaltis e terminou com o triunfo da seleção brasileira é um exemplo.

O sentimento da rivalidade também toma conta dos jogadores, a comemoração do Adriano após o gol mostra isso. O gosto amargo após a derrota da Copa América de 2021 - Brasil derrotado em plena final no Maracanã, jogo em que Neymar teve o calção rasgado após entrada violenta.  

Apesar de na seleção levarmos a melhor no retrospecto, nos clubes ainda não é assim. Na história da Libertadores, 25 títulos foram pra Argentina, enquanto para o Brasil 22, graças ao recente domínio brasileiro do campeonato. Infelizmente, os confrontos são marcados pela violência extra e intra campo - que também existe no confronto entre seleções. Constantemente os clubes brasileiros são vítimas de racismo quando vão a Argentina, dentro de campo, os jogos são marcados por entradas duras e confusões.

Também temos no passado recente os erros crassos de arbitragem, principalmente a favor dos Argentinos. Como bom corinthiano, me lembro bem da atuação do arbitro Carlos Amarilla no jogo contra o Boca Juniors, pelas oitavas de Libertadores de 2013. São muitos os motivos que alimentam a rivalidade entre os brasileiros e argentinos, e o ressentimento de momentos como os citados fortalecem ainda mais esse sentimento.

No domingo (18), teremos a final da Copa do Mundo de 2022. Existiu a imensa possibilidade do maior confronto entre Brasil e Argentina da história, pelas semifinais de uma Copa do Mundo. Mas, com a eliminação precoce contra a Croácia, isso não foi possível, e veremos nossos hermanos jogarem a final contra a França.

Dito tudo isso, torcerei pela Argentina na final da Copa do Mundo de 2022.

Acompanhei a França durante a Copa de 2018 e venho acompanhando também em 2022 pelos meus compromissos com a AGEMT, e graças a isso, percebi uma ameaça muito maior nos franceses.

Nas últimas sete edições de Copa do Mundo, os franceses chegaram à final em quatro: 1998 (primeiro título mundial), 2006, 2018 (segundo título mundial) e agora, em 2022. E fica em um dos maiores “se” da história, o que aconteceria caso Zidane não tivesse cabeceado Materazzi. A final de domingo poderia ser a disputa pelo tetra francês. E nas três finais já realizadas, não perdeu no tempo regulamentar, 2006 foi para os pênaltis.

 

Zinedine Zidane
Comemoração de Zinedine Zidane após gol na final de 1998, contra o Brasil Foto: Christian Liewig/TempSport/Corbis

Outro ponto é a troca de geração, a seleção de 2018 e de 2022 da França tem quase a mesma média de idade, ambas em 26 anos. Entre os titulares, a média é de 27. A estrela do time, Kylian Mbappé, tem apenas 23 anos e pode ser bicampeão do mundo. Jogadores essenciais como Theo Hernández, Upamecano, Tchouameni, Kounde, terão menos de 30 anos na próxima Copa.

Muito provavelmente a copa de 2022 será um encerramento de ciclo apenas para Giroud e Lloris, que tem 36 e 35 anos. Todos os jovens jogadores da seleção francesa jogam nos maiores clubes da Europa e estão entre os titulares. Sem contar os jovens entre 18 e 22 que não foram convocados.

Caso ganhe a Copa de 2022, se juntará à seleção brasileira e à italiana como as únicas seleções a ganhar dois títulos seguidos. Um dos importantes detalhes da campanha foram os problemas com lesões sofridas. Faltando apenas um mês para a competição, a lista de lesionados somava 13 jogadores. Jogadores titulares foram cortados, como Benzema, Paul Pogba e Kanté. Além de outros cortes como Nkunku e Kimpembe.

Esses cortes junto com a má atuação francesa na Liga das Nações fizeram com que muitos comentaristas duvidassem da capacidade da França de chegar nas fases mais avançadas do campeonato, alguns até cravando sua eliminação cedo.

As recentes atitudes de Mbappé, tanto no clube como seleção, fizeram com que muitos brasileiros perdessem a empatia com o craque. Sendo taxado como “dono do Paris-Saint Germain”, Kylian pode ser bicampeão do mundo aos 23, abrindo a possibilidade de ser tricampeão aos 27.  Pelé foi tricampeão aos 29.

Desde Ronaldo Fenômeno, nenhum jogador subiu a nível mundial tão rapidamente e de maneira ameaçadora ao legado do rei. O jornal L’Equipe, da França, colocou na sua capa da edição do dia 17 a chamada de sagrada chance da seleção francesa de Mbappé, de ser a primeira bicampeã desde Pelé e a comparação do craque com o rei.

Capa jornal L'Equipe

Capa L’Equipe Foto: Reprodução/Twitter/@lequipe

 

A longo prazo, a França tem muito mais capacidade para conquistar um futuro tetra do que os Argentinos. A Argentina não possui jovens talentos a nível dos franceses, e esta será a última dança do gênio Lionel Messi, melhor jogador da Copa até agora. E o até agora é mencionado pois a final entre Messi e Mbappé também envolve a disputa dos dois pelo troféu individual.

Para Messi, já com 34 anos, ganhar a Copa significaria a consolidação total como maior jogador de sua geração, e com certeza um lugar no Top 3 da história - para mim, somente atrás de Pelé. E caso ganhe o melhor jogador da Copa, seria o primeiro da história a conquistar o prêmio duas vezes, visto que ganhou em 2014.

A vitória de Messi não seria somente o tricampeonato da Argentina, mas também a história escrita pelo maior jogador que vi jogar. Os últimos confrontos corroboram cada vez mais essa visão. Antes muito criticado pela sua postura ao ser comparado com o deus argentino Diego Maradona, pode se dizer que em sua última Copa do Mundo, Messi teve uma atuação Maradoniana, dentro e fora de campo.

Croatas são dominados pela Argentina e dão adeus a disputa pelo título. Seleção quadriculada ainda disputa o terceiro lugar na Copa do Mundo 2022.
por
João Victor Martins Fogagnolo
|
17/12/2022 - 12h

A Croácia enfrentou a Argentina na última terça-feira (13), no Estádio Lusail, e perdeu por 3 a 0 sendo eliminada da competição na semifinal. O técnico croata, Zlatko Dalic,  foi com o seu meio de campo, como de costume, com três jogadores, e o técnico argentino, Lionel Scaloni, organizou o seu meio de campo com quatro jogadores para não deixar liberdade na zona neutra de jogo.

O jogo da Croácia começou, cadenciado, como em outros jogos, com passes no meio campo e na defesa. O time logo sentiu um aperto do meio de campo argentino. A Croácia começou o jogo apostando em contra-ataques e a Argentina na pressão e marcação alta. A defesa croata jogou o jogo inteiro de maneira muito desorganizada e, aos 31 minutos de jogo, o zagueiro Dejan Lovren deu brecha para uma infiltração de Julian Álvarez, que ficou sozinho com o goleiro Livakovic.

O goleiro não se posicionou bem, cometeu um pênalti no atacante, e recebeu cartão amarelo, assim como Kovacic, também amarelado por reclamações excessivas ao juiz. Messi foi para a bola e bateu alto no canto esquerdo do goleiro, uma bola indefensável, marcando o primeiro gol da Argentina.

Sem arrumar as falhas na defesa, o técnico Dalic viu mais uma vez a bola chacoalhar a rede, dessa vez aos 38 minutos em outro contra-ataque de Julian Álvarez. A defesa croata muito mal posicionada e organizada falhou outra vez, o lateral Sosa não conseguiu marcar o jogador, se desequilibrou e abriu espaço para o camisa 9 argentino marcar o seu primeiro gol na partida, segundo da seleção.

No segundo tempo, Dalic tirou Brozovic e apostou em Petkovic na intenção de pressionar mais a Argentina e subir a sua linha de marcação. A Croácia conseguiu subir para o ataque, mas sofreu com o mesmo problema que vinha sofrendo todos os jogos da Copa, a falta de Mario Mandzukic. Subiram varias vezes ao ataque e tiveram chances perigosas de gol, mas nunca tinha ninguém para colocar a bola dentro do gol.

Aos 22 minutos, Bruno Petkovic sofreu uma falta por Cristian Romero no meio de campo. A falta foi cobrada, a Croácia subiu mas o ataque foi sem perigo nenhum, a bola saiu para a lateral. Argentina cobrou essa lateral, e com uma jogada individual e espetacular de Lionel Messi, Julian Álvarez marcou o seu segundo gol na partida aos 29 minutos, carimbando a passagem argentina para a final da Copa do Mundo de 2022.

O técnico croata ainda tirou Luka Modric para a entrada de Lovro Majer, mas não mudou nada no placar. Com uma boa linha de meio campo, a Croácia tem boas ações ofensivas, mas sofre para concluir em gol. Desde a aposentadoria de Mandzukic, o técnico Dalic tenta encontrar um centroavante a altura, mas sem sucesso. Nessa Copa, os croatas chegaram a semifinal com apenas 1 vitória no tempo normal, mostrando a dificuldade de concluir em gol.