O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresenta aumento moderado, com destaque para os grupos de Transportes e Alimentação.
por
Marcello R. Toledo
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15/08/2023 - 12h

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação no Brasil, registrou uma variação de 0,12% no mês de julho. O número representa um acréscimo de 0,20 ponto porcentual em relação à taxa de junho, que havia sido de -0,08%. No acumulado do ano, o IPCA apresenta uma alta de 2,99%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 3,99%, superando os 3,16% registrados nos 12 meses anteriores. Em julho de 2022, a variação havia sido de -0,68%.

O IPCA  é uma ferramenta crucial para avaliar a evolução dos preços de produtos e serviços consumidos por famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, ele serve como um indicador da inflação enfrentada e é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abrangendo diversas regiões metropolitanas do país, além de algumas cidades específicas.

Em linhas mais claras, o IPCA desempenha o papel de espelho do custo de vida experimentado por essa parte da população. Dessa forma, ele captura as variações de preços em uma variedade de produtos e serviços, permitindo que as autoridades econômicas, consumidores e demais interessados compreendam as tendências inflacionárias em diferentes partes do Brasil.
 

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Setores em Destaque

Dos nove grupos de produtos e serviços analisados pelo IPCA, cinco apresentaram alta no mês de julho. O grupo de Transportes teve o maior impacto, com 1,50% de variação e contribuição de 0,31 ponto porcentual. Nesse grupo, os preços da gasolina tiveram um aumento notável de 4,75%, sendo o item com maior contribuição individual para o índice do mês. Itens como gás veicular (3,84%) e etanol (1,57%) também tiveram alta, enquanto o óleo diesel apresentou uma queda de 1,37%. Passagens aéreas (4,97%) e automóveis novos (1,65%) também contribuíram para o aumento no grupo.

Em contrapartida, o grupo de Alimentação e Bebidas apresentou uma queda de 0,46%, com impacto de -0,10 ponto porcentual no índice. Esse resultado foi influenciado, principalmente, pela redução nos preços da alimentação no domicílio (-0,72%), destacando-se quedas em produtos como feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%). Por outro lado, as frutas tiveram aumento de preço, com destaque para banana-prata (4,44%) e mamão (3,25%).

No grupo de Habitação, a taxa de -1,01% impactou o índice em -0,16 ponto porcentual. A maior contribuição para essa variação veio da energia elétrica residencial, que registrou queda de 3,89% devido à incorporação do Bônus de Itaipu (um desconto de até R$ 15 na conta de luz individual em residências de classes residencial e rural, que tiveram ao menos um mês, em 2022, consumo faturado inferior a 350 KWh) nas faturas emitidas em julho. A taxa de água e esgoto (0,18%) registrou alta devido a reajustes em algumas regiões.

Variações Regionais 

As variações regionais também tiveram impacto no IPCA de julho. Porto Alegre foi a região que apresentou a maior variação, com 0,53%, devido ao aumento do preço da gasolina (6,98%). Belo Horizonte teve a menor variação, registrando queda de -0,16%, influenciada pelas quedas nos preços dos ônibus urbanos (-17,50%) e na energia elétrica residencial (-4,23%).

INPC e Outros Indicadores

Além do IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também foi divulgado (o Índice também mede a variação de preço de determinados produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras, entretanto num recorte menor que o IPCA - considera rendimentos de 1 a 5 salários mínimos). O INPC registrou uma variação de -0,09% em julho, mantendo-se próxima à taxa de -0,10% observada no mês anterior. No acumulado do ano, o INPC acumula alta de 2,59%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 3,53%, acima dos 3,00% registrados nos 12 meses anteriores.

Os números do IPCA e INPC demonstram que a economia brasileira segue passando por oscilações, com impactos variados nos diferentes setores e regiões do país. A análise detalhada desses indicadores é essencial para entender as dinâmicas econômicas em curso e tomar decisões informadas sobre investimentos e consumo.

Nota: Os dados e informações presentes nesta matéria foram fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e são referentes ao mês de julho de 2023. A análise dos indicadores deve considerar a conjuntura econômica e as possíveis variações ao longo do tempo

Seleção alemã faz 6 a 0 em jogo marcado por erros individuais e aplica maior goleada da Copa do Mundo até o momento.
por
Gusthavo Sampaio
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24/07/2023 - 12h

Na madrugada desta segunda-feira (24), Alemanha e Marrocos estrearam na Copa do Mundo Feminina FIFA 2023, em confronto pelo Grupo H. O primeiro jogo entre as equipes na história ocorreu no Estádio Melbourne Rectangular, na Austrália. A Alemanha, que nunca perdeu em uma estreia de Copa, manteve a marca e atropelou as estreantes marroquinas em um jogo que terminou 6 a 0.

 

Foto do elenco pré-jogo
Foto das jogadoras titulares na estreia alemã homenageando Carolin Simon. Foto: Reprodução/Twitter/DFB_Frauen

 

A seleção alemã iniciou sua jornada na Copa do Mundo homenageando a jogadora Carolin Simon, que foi cortada da convocação final após romper os ligamentos do joelho no último amistoso pré-copa contra a Zâmbia. Na foto em grupo do pré-jogo, as jogadoras posaram segurando uma camisa com o número 2 e o nome Simon.

Após o soar do apito, não demorou para as favoritas abrirem o placar. Com uma marcação alta logo de início, as alemãs não deram fôlego para as marroquinas e, aos 11 minutos, a capitã Alexandra Popp abriu o placar cabeceando livre na entrada da pequena área. A jogada começou com um erro da saída de bola da zagueira de Marrocos, que entregou a bola para a meia Jule Brand. Brand tocou na linha de fundo para a zagueira Hendrich que levantou a bola na área para Popp, de cabeça, mandar a bola para o fundo da rede.

Após o gol, a Alemanha manteve a posse e empurrou as marroquinas para seu campo de defesa, não sofrendo perigo durante a maior parte do primeiro tempo. Aos 39 minutos, após escanteio cobrado por Klara Buhl, Popp, novamente de cabeça e na pequena área, ampliou o placar para as alemãs.

O panorama durante o primeiro tempo foi positivo para a Alemanha, que sofreu somente um chute a gol e dominou a maior parte da posse de bola. Alguns erros na saída de bola geraram contra-ataques para as marroquinas, mas nenhum se concretizou. Apesar do panorama positivo, as germânicas subiram o nível na segunda etapa.

O segundo tempo começou com um gol relâmpago: Klara Buhl roubou a bola logo após um erro de passe segundos depois do apito inicial e finalizou a jogada que ela mesma construiu. O chute acertou na trave e, na sobra Buhl, apareceu e faz o terceiro. Pouco tempo depois do gol, Buhl teve outra chance clara de finalização, mas o chute parou na trave. O começo de segundo tempo alemão foi implacável, com menos de 10 minutos depois do terceiro, saiu o quarto gol. Na sobra de um cruzamento, Svenja Huth levantou na área a bola que foi cabeceada para o gol pela zagueira marroquina Hanane Ait El Haj, marcando contra.

O passeio continuou e a blitz alemã pelo quinto gol não parou até marcar. Aos 34 minutos, em mais um cruzamento alemão, a goleira Khadija Er-Rmich afastou contra a zagueira Yasmin M’Rabet, que marcou o segundo gol contra marroquino, e quinto da Alemanha. Quatro minutos após o gol, a capitã Alexandra Popp foi substituída, na caminhada até o banco de reservas foi ovacionada pelos torcedores. Mesmo com uma ampla vantagem no placar, as alemãs não colocaram o pé no freio. Aos 90 minutos, Lena Lattwein finalizou uma bola que, ao ser defendida pela goleira Er-Rmichi, sobrou nos pés da atacante Lea Schuller, que marcou o sexto e fechou a conta.

Como esperado, a seleção bicampeã do mundo não teve dificuldades em seu primeiro jogo, mas surpreendeu pela elasticidade da vitória. A Alemanha dominou o jogo do início ao fim, e terminou com 74% da posse de bola e 16 chutes no total, 7 desses no gol. Todo esse domínio sem a presença de uma das maiores jogadoras do elenco, Lena Oberdorf, poupada por conta de uma lesão.

 

Disputa de bola entre duas jogadoras durante o jogo
Sara Dabritz (esquerda) e Ghizlane Chebbak (direita) disputando a bola durante o jogo. Foto: Reprodução/Twitter/EnMaroc

 

Por outro lado, as marroquinas viveram um dia para ser esquecido. Em sua estreia pela Copa do Mundo, tiveram uma péssima atuação individual e coletiva, marcada principalmente pelos erros defensivos. Ainda no primeiro tempo, a postura de contra-atacar adotada pela equipe foi completamente suprimida, chutando apenas uma vez ao gol na primeira etapa. No final, quatro gols marcados pela Alemanha tiveram início a partir de erros diretos da defesa marroquina. Com essa derrota, o Marrocos vive uma sequência de 5 jogos sem vencer.

A seleção Marroquina volta a campo no domingo (30), para enfrentar a Coreia do Sul e continuar na luta pela classificação, às 01h30 (horário de Brasília). As alemãs jogam no mesmo dia contra a Colômbia, às 06h30 (horário de Brasília), para tentar garantir a classificação para a fase eliminatória.

Se não fosse sofrido, não era Argentina. Nos pênaltis a albiceleste derrota a França e é campeã mundial pela terceira vez na história
por
Fabrizio Delle Serre
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20/12/2022 - 12h

Após 36 anos de espera, os hermanos enfim comemoraram. A Argentina é tricampeã da Copa do Mundo. No último domingo (18) às 12h, o Lusail Stadium recebeu uma das melhores finais já vistas da história do torneio mundial.

 

Lionel Messi foi decisivo, Kylian Mbappé marcou um hat-trick, porém, não foi suficiente. Nos pênaltis, a Argentina bateu a França e ficou com o troféu mais cobiçado do futebol, que tem uma nova capital pelos próximos 4 anos: Buenos Aires.

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Jogadores argentinos comemorando o tricampeonato mundial. Foto: Divulgação / FIFA

 

A decisão da Copa foi em um jogo eletrizante. Para os amantes do futebol foi mais um motivo para se apaixonar pelo esporte. A raça e a entrega dos argentinos foi recompensada. O mundo é azul e branco.

 

A Copa do Mundo de 2022 acabou. Com direito a um encerramento de gala. Diego Armando Maradona, viu e vibrou lá do céu com os “muchachos”, campeões do mundo. A comando do novo deus albiceleste: Messi.

 

Destaque também para Di Maria. O camisa 11 voltou ao time titular de Lionel Scaloni e correspondeu. Sofreu pênalti e balançou as redes.

Primeiro Tempo

A final iniciou com as equipes tensas e com entradas mais duras por ambos os lados. Os franceses até tiveram certo domínio, porém, erraram passes e estavam nervosos.

 

A Argentina percebeu o abalo emocional do adversário e tomou conta da partida. Os hermanos ditaram o ritmo da primeira etapa. Aos 20 minutos, Dembelé derrubou Di Maria dentro da área e o pênalti foi marcado.

 

Lionel Messi foi para a bola. Respirou, bateu e estufou a rede. Bola para um lado, Lloris para o outro, o placar estava aberto, 1 a 0 Argentina.

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Messi na cobrança de pênalti que abriu o placar da decisão. Foto: @EPA / Toga Bozoglu

Além do gol, Messi naquele momento se tornava o artilheiro da competição com 6 gols, deixando para trás Mbappé.

 

Mesmo com o placar aberto, a França parecia que ainda estava no vestiário. A Argentina continuou dominando a partida. O objetivo era o segundo gol.

 

Aos 35 minutos em um erro de Upamecano os hermanos partiram para o contra-ataque. Uma linda jogada. Mac Allister tocou para Messi que passou para Julián Álvarez. O atacante lançou pelas costas da linha de defesa francesa.

 

Mac Allister recebeu e ajeitou para Di Maria que bateu na saída de Llorris. 2 a 0 e a partida parecia estar definida.

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Di María aprontou das suas mágicas e só tirou de Lloris para marcar o segundo gol
@FRANCK FIFE / AFP

Ao final dos primeiros 45 minutos, o domínio era total da equipe de Scaloni. Ganhavam nas estatísticas e no placar. Os franceses ainda não haviam finalizado.

Segundo Tempo

O segundo tempo começou e o controle argentino ainda era nítido. Assim como na primeira etapa, as ações ofensivas eram sempre direcionadas ao gol de Llorris.

 

A Argentina teve a chance de ampliar: De Paul de voleio aos 3 minutos e com Julián Álvarez aos 13. Ambas as chances pararam nas mãos do goleiro francês.

 

Aos 22 minutos, a primeira finalização da França foi realizada. Kolo Muani de cabeça. A tentativa não levou perigo algum ao gol de Martinez.

 

O jogo foi avançando e a França parecia estar entregue. Era questão de tempo para o fim da fila de 36 anos dos hermanos longe do topo do mundo.

 

Faltavam 12 minutos para o fim do tempo regulamentar, até que Otamendi derrubou Kolo Muani dentro da área. Pênalti para a França. Tensão total no Lusail Stadium.

Então, a estrela de Kylian Mbappé começou a brilhar.

 

O garoto de 23 anos com muita frieza foi para a cobrança da penalidade máxima. Correu, bateu e diminuiu, 2 a 1.

 

A Argentina entrou em curto-circuito. Após 1 minuto do primeiro gol francês, Kylian Mbappé recebeu um bom passe de Thuram. O camisa 10 em um lindo chute de perna direita balançou a rede novamente. Tudo igual. 2 a 2

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Finalização de Mbappé que colocou a França de volta na final. Foto: @EPA / Toga Bozoglu

 

O juiz apitou o final dos 90 minutos.  Os argentinos estavam tentando entender o que havia acontecido, enquanto os franceses haviam feito uma revolução em menos de 5 minutos.

Empate? Mais 30 minutos!

Haja coração, amigo! A prorrogação foi simplesmente encantadora. Os primeiros 15 minutos foram tensos. Com chances para os dois lados, mas sem efetividade tanto da Argentina quanto da França.

 

A única boa chance dos hermanos no primeiro tempo foi no chute de Lautaro, que foi travado por Upamecano. No rebote Montiel finalizou, mas Varane afastou de cabeça.

 

Lautaro teve nos acréscimos outra oportunidade de desempatar, mas bateu para fora e desperdiçou.

 

Os 15 minutos finais foram emocionantes. Com quase 3 minutos, Lautaro finalizou e Lloris deu o rebote. Lionel Messi estava no lugar certo e na hora certa.  Dessa vez, de perna direita o camisa 10 tirou o empate do placar. 3 a 2, os hermanos estavam de novo na frente.

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Segundo gol de Messi na decisão. Foto: Tarso Sarraf / O Liberal

Os minutos passavam, o fim estava se aproximando e a Argentina estava próxima da tão sonhada conquista da Copa do Mundo. Mas, Mbappé ainda estava em campo e não facilitou para a albiceleste.

 

Há pouco mais de 4 minutos do fim, o garoto bateu e a bola tocou no braço de Montiel que estava dentro da área. Mais um pênalti para a equipe de Deschamps.

 

Novamente, Mbappé na cobrança. O craque do PSG deslocou o goleiro Martínez para empatar a partida, 3 a 3. O futebol viveu naquele momento sua emoção no estado mais puro. Além do gol, o francês se tornou o artilheiro da competição com 8 gols.

 

Na última chance  dos franceses, Kolo Muani ficou cara a cara com Martínez. O goleiro Argentino defendeu com o pé. Dibu foi brilhante e salvou a seleção de mais um vice.

Pênaltis

Com o empate na prorrogação, a Copa foi decidida nas penalidades máximas pela terceira vez em sua história. Os franceses iniciaram a disputa. Mbappé converteu.

 

Na sequência, Lionel Messi abriu as penalidades para os argentinos e também balançou as redes.

 

Martinez pegou a cobrança de Coman, acertando o canto escolhido pelo francês. A taça estava saindo de Paris com rumo a Buenos Aires.

 

Dybala fez o dele, bateu no meio com segurança. O próximo pênalti foi cobrado por Tchouaméni, o meia do Real Madrid bateu pra fora. Comemoração de Dibu com direito a dancinha.

 

Na sequência, Paredes converteu. Kolo Muani não desperdiçou e a França ainda estava viva.

 

29 de junho de 1986. Essa data ficou marcada na história dos Argentinos. Montiel tinha que fazer para acabar com a espera de 36 anos. O Tricampeonato estava próximo.

 

Montiel correu, bateu e fez. Argentina tricampeã do mundo.

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Argentina Campeã do Mundo. @EPA / Friedemann Vogel

A Terceira estrela e Messi

18 de dezembro de 2022. Um novo feriado para os argentinos. Uma data histórica para Lionel Messi que fez a ilusão virar realidade. O ET conquistou o único troféu que faltava em sua vitoriosa carreira.

 

35 anos de idade. Dores de 2014, 2015 e 2016 com 3 vices consecutivos. Acabou. Lionel Messi provou para si e para o mundo que ainda é o melhor.

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Messi levantando a principal taça do futebol. Foto: Divulgação / FIFA

Gênio, divino, predestinado. Como definir quem conseguiu superar Maradona? O mundo é da Argentina pela terceira vez, a estrela de número 3 finalmente foi costurada no escudo albiceleste.

 

Duas delas foram a comanda de D10S, que agora passa seu bastão para um imortal na Argentina e no mundo do futebol: Lionel Messi.

 

1978, 1986, 2022. Tricampeões, os muchachos conseguiram conquistar o mundo. A taça voltou para Buenos Aires. A terra de Diego y Lionel tem o mundo novamente. Os Argentinos não precisam mais “ilusionar”, o título é realidade. 

 

 

Meu pai estava errado sobre muitas coisas, esta é uma delas
por
Bianca Novais
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20/12/2022 - 12h

Na primeira vez que fui ao estádio, eu já era adulta. Para meu pai, o estádio não era lugar de menina. E para nossa situação financeira, o estádio também não era exatamente o lugar do meu pai. Parece um clichê da internet, não é? Tal lugar não é lugar de mulher. O pior é que existe na vida real e a gente acredita. Eu acreditei por muitos anos.

Mesmo vendo a Rainha Marta ser a melhor futebolista do mundo cinco vezes seguidas, a maior artilheira das seleções brasileiras, a primeira atleta a marcar gols em cinco edições de Copa do Mundo da FIFA.

Mesmo vendo Formiga ser a única pessoa a ter participado de sete Copas do Mundo e de sete Olimpíadas, a que mais vezes entrou em campo com a amarelinha.

Mesmo vendo Cristiane se tornar a maior artilheira das Olimpíadas, vencer a primeira edição feminina da Libertadores, ao lado de Marta, e ser artilheira também desta competição.

Todas mulheres pretas, como eu.

Apesar de ver, eu não enxergava. Muito por isso fiquei assustada e apreensiva com o convite do amigo Luan Leão para tocar o barquinho da cobertura da Copa do Mundo pela AGEMT, com ele e o inenarrável Bruno Scaciotti.

Se meu lugar não era nem no estádio, imagina em posição de liderança frente a 20 homens falando sobre bola?

Pouco mais de três meses de planejamento, 28 dias de Copa do Mundo, 99 textos no site, 9 episódios do podcast Expresso Catar, 4 episódios do programa Manual de Sobrevivência da Copa do Mundo, 37 edições do boletim diário em vídeo Já É Copa, fora o baile.

Não vi o Brasil ser hexa, mas pude ver Marrocos ser a primeira seleção africana a chegar nas semifinais de uma Copa. Vi Cristiano Ronaldo ser o terceiro atleta a marcar gol em cinco edições do mundial de seleções. Neymar se igualar em gols pela seleção com Pelé. Kylian Mbappé ser o segundo jogador a marcar um hat-trick em final de Copa do Mundo. Messi ser consagrado como um dos deuses do futebol ao conquistar o tricampeonato argentino. E o primeiro trio de arbitragem feminino a apitar um jogo da Copa do Mundo masculina.

Nada mal para quem não está no lugar.

Marta, Cristiane e Formiga, a Santa Trindade do futebol feminino brasileiro. Foto: NICHOLAS KAMM/GettyImages
Marta, Cristiane e Formiga, a Santa Trindade do futebol feminino brasileiro. Foto: Nicholas Kamm/GettyImages

 

Pela terceira vez em sua história, o time xadrez sobe ao pódio e consagra a geração liderada por Modric
por
Arthur Campos
João Victor Fogagnolo
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18/12/2022 - 12h

No último sábado (17), ocorreu a penúltima partida da Copa do Mundo Catar 2022. Croácia e Marrocos estiveram frente a frente no estádio Internacional Khalifa para definir o terceiro e quarto lugar do torneio. 

As seleções se reencontraram 24 dias depois do confronto na primeira rodada do grupo F na fase de grupos. Naquela ocasião o jogo terminou em um 0 a 0 nada saudoso. 

Em lados opostos do chaveamento, os Leões dos Atlas, tal qual Davi, foram desafiados por vários Golias e assim como na passagem bíblica de Samuel 17, triunfaram diante dos gigantes. Posteriormente, sucumbiram apenas perante a atual campeã, França. 

Já a seleção eslava, repetindo o feito de 2018, precisou passar por duas prorrogações para manter-se na competição. Da mesma forma que na edição passada, os embates contra Japão e Brasil chegaram até as penalidades máximas, nas quais as duas saíram derrotadas, com o goleiro Dominik Livakovic sendo o protagonista. Somente a Argentina foi capaz de impedir os croatas de irem a mais uma final. 

Croácia
Foto oficial da seleção croata. Imagem: Reprodução/Twitter/@fifaworldcup_pt

 

Dentro de campo as equipes vieram bem mexidas devido ao desgaste acumulado durante a Copa. O técnico Walid Regragui, que sofreu com desfalques nos duelos contra Portugal e França, promoveu descanso a alguns jogadores. Mais uma vez o comandante não teve a disposição o lateral esquerdo Noussair Mazraoui, que não estava no banco de reservas, cedendo espaço para Yahia Attiyat Allah. Já os atletas Roman Saiss, Nayef Aguerd, Selim Amallah e Azzedine Ounahi foram preservados, sendo substituídos por Achraf Dari, Jawad El Yamiq, Abdelhamid Sabiri e Bilal El Khannouss respectivamente. 

Por motivos semelhantes, o treinador Zlatko Dalic deu oportunidades para outros jogadores do plantel. Em comparação ao confronto anterior, houve três mudanças na linha de defesa, o recuo de Ivan Perisic para variar entre lateral e ala pela esquerda, junto com as entradas de Josip Sutalo e Josip Stanisic, nas vagas de Dejan Lovren e Josip Juranovic, nesta ordem. Na parte ofensiva, Lovro Majer, Mislav Orsic e Marko Livaja também ganharam chances nos lugares de Mario Pasalic, Borna Sosa e Marcelo Brozovic. 

Dado o apito inicial, os 44.137 expectadores viram um começo de partida movimentado. Em jogada ensaiada na cobrança de falta, Majer bateu para dentro da área, Perisic escorou de cabeça e Josko Gvardiol completou para abrir o marcador aos 7 minutos, numa bela trama croata.

Croácia
Gvardiol mergulhou e fez 1x0 para o time xadrez. Foto: Reprodução/Twitter/@FIFAWorldCup

 

No minuto seguinte, novamente em bola parada, o cruzamento de Hakim Ziyech desviou e sobrou para Dari empatar a disputa. Antes do intervalo, aos 42, numa recuperação dos eslavos na zona de ataque, Livaja passou para Orsic finalizar com chapa do pé, e resvalando levemente na trave, morreu dentro das redes do goleiro Bono. 

Na volta para o segundo tempo, o fator físico pesou e o ritmo do jogo caiu. Apesar da posse de bola marroquina, os leões não conseguiram concretizá-la em reais perigos de gol. Sem grandes emoções na etapa final, o placar terminou em 2 a 1, com a Croácia conquistando o terceiro lugar da Copa do Mundo.  

A campanha coroou um possível fim da brilhante trajetória de Luka Modric na seleção. O camisa 10 foi o destaque desse meio campo e ficará eternizado como o maestro dessa geração.

Croácia
O craque Modric em sua última Copa do Mundo. Foto: Reprodução/Twitter/@FIFAWorldCup

 

Mesmo ficando com a quarta colocação, Marrocos sai do Catar de cabeça erguida e o treinador Regragui fez questão de enaltecer.

“Lembraremos de muitos jogos, voltaremos mais fortes. Unimos o nosso país durante um mês, todos estavam felizes”, enfatizou. 

O comandante também falou sobre o legado que deixaram nessa Copa.

“Eu acho que mostramos nossa força. Mostramos que o futebol africano está preparado para enfrentar os principais times do mundo com eficiência e jogando no nível mais alto”, comentou. 

O técnico marroquino ainda deixou seu recado visando os próximos objetivos da equipe.

“Eu disse aos meus jogadores que não podemos ser reis do mundo antes de sermos reis do continente. Nós vamos trabalhar para ganhar a Copa Africana de Nações”, afirmou Regragui. 

Com bom desempenho nas eliminatórias dentro de campo, Equador quase viu a vaga no mundial escapar por confusão judicial extracampo.
por
João Serradas
Pedro Pina
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23/09/2022 - 12h

O Equador é um país da América do Sul  banhado pelo Oceano Pacífico e que faz fronteira com Colômbia e Peru. Sua capital é Quito, cidade famosa na América Latina pelos seus diferentes pontos turísticos, como o Centro Histórico, o Teleférico, além do país ter ainda a existência de vulcões. Hoje o Equador conta com uma população de mais de 17 milhões de habitantes, segundo dados oficiais divulgados em 2020. O Equador possui um sistema republicano presidencialista, e hoje, passa por crises políticas e de segurança pública, a alta inflação é um dos pontos que abalaram a estrutura da nação. Comandado atualmente pelo presidente Guillermo Lasso, o país que possuí a segunda maior reserva de petróleo da América do Sul, atrás apenas da Venezuela, sofre com a dolarização – ou seja, encaixar uma moeda forte em um país que não está nem perto de ser rico.

O país é famoso por hospedar uma vasta quantidade de orquídeas, tendo cerca de 4.000 espécies da flor. Algumas das variedades de flores vivem por meio ano, outras por algumas horas e outras flores podem viver até 100 anos. O Equador é um país recheado de beleza natural, possuindo uma quantidade de belas praias, como o conjunto das Ilhas Galápagos.

Seleção do Equador
Ilha Bartolomé, em Galápagos. Foto: iStockphoto

Histórico em Copas do Mundo

Esta será a quarta participação do país em uma edição da Copa do Mundo. Antes os equatorianos estiveram presentes nos mundiais de 2002, 2006 e 2014.  O melhor desempenho da seleção foi uma classificação para as oitavas de final em 2006, na Alemanha, edição na qual saiu derrotada para a Inglaterra por 1 a 0, com um gol de falta do astro David Beckham. Em 2006, na fase de grupos, a seleção enfrentou à Alemanha, Polônia e Costa Rica, terminando em segundo no grupo.

Seleção do Equador
Méndez comemora gol de Delgado contra a Polônia. Foto: AP

Sufoco até o Catar

A seleção comandada pelo técnico Gustavo Alfaro teve boa campanha nas eliminatórias, conquistando a quarta colocação e garantindo assim uma vaga direta para o Catar. O jogo da classificação foi no dia 24 de março, mesmo com a derrota por 3 a 1 para o Paraguai, os equatorianos carimbaram o passaporte, já que a seleção do Peru também perdeu para o Uruguai, impossibilitando a seleção peruana de alcançar os pontos do Equador na tabela das eliminatórias.

Seleção do Equador
Equador se classificou mesmo com derrota para o Paraguai. Foto: José Jacome / AFP

Contudo, não foi fácil para assegurar a vaga para a Copa de 2022. Apesar do bom rendimento dentro das quatro linhas, o Equador esteve perto de perder a vaga após a seleção chilena acusar os equatorianos de escalar um jogador irregular em partidas das Eliminatórias sul-americanas. O jogador em questão é o lateral-direito Byron Castillo, e os chilenos argumentam que Castillo nasceu na Colômbia, em 1995, e não no Equador, em 1998, como os documentos que o lateral apresenta.

Em junho, a FIFA já havia decidido não considerar as alegações chilenas e entender como válidas duas decisões da justiça do Equador, em 2021, sobre a certidão do jogador. No entanto, em 12 de setembro, o jornal inglês Daily Mail divulgou um áudio atribuído a Castillo, onde o jogador assume que nasceu mesmo na Colômbia em 1995, o que reacendeu as esperanças chilenas. Mas, quatro dias depois, em 16 de setembro, o Comitê de Apelações da FIFA confirmou a presença do Equador na Copa.  

Ainda cabe recurso por parte da seleção do Chile no Tribunal Arbitral do Esporte, porém, é improvável que qualquer decisão seja tomada antes do início da competição, em 20 de novembro, onde o Catar enfrenta justamente o Equador.




Prancheta do Alfaro
 

Quando se fala em formação tática é difícil decifrar o padrão da seleção equatoriana, o time comandando por Gustavo Alfaro utilizou diferentes esquemas nas eliminatórias sul-americanas. O meio campista Enner Valencia é o grande destaque da equipe, além de vice artilheiro da seleção nas Eliminatórias, marcando 4 gols. Outro destaque é o principal garçom da seleção, o meia Moises Caicedo, que liderou o número de assistência entre os equatorianos nas Eliminatórias, com 4 passes para gol. Menos badalado mas com faro de gol, o atacante Michel Estrada foi o artilheiro do Equador nas Eliminatórias, colocando 6 bolas para dentro da rede.

Seleção do Equador
Ataque jovem é um destaque da seleção equatoriana. Foto: Seleção do Equador / Reprodução 

O futebol equatoriano se mostra bem forte e superou nas eliminatórias da Copa seleções com grandes nomes como a Colômbia e o Chile. Em Copas, as participações são tímidas, mas e você, acredita que o Equador possa brilhar na Copa?

Três vezes vice-campeã mundial, fique por dentro do histórico da laranja mecânica e saiba como ela vem para a edição do Catar.
por
João Serradas
Pedro Pina
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21/09/2022 - 12h

Os Países Baixos, conhecidos como Holanda, são uma nação constituinte do Reino dos Países Baixos, localizados na Europa ocidental. O país é uma monarquia constitucional parlamentar democrática, banhada pelo mar a norte e a oeste, fazendo fronteira com a Bélgica ao sul e com a Alemanha a leste. Conta com uma população de 17,44 milhões, sua capital é a cidade de Amsterdã, e quando se trata de Copa do Mundo, a camisa laranja costuma deixar seu legado, apesar de não ostentar o título de "campeã do mundo".

A Seleção Holandesa vai para sua 11ª participação em Copas, tendo sido vice-campeã em três edições: em 1974, quando perdeu para a Alemanha, em 1978, sendo superada pela Argentina, e em 2010, caindo para a Espanha. Além dos vice-campeonatos, a seleção holandesa foi a campeã da Eurocopa de 1988.

Nos dois primeiros vice-campeonatos a Holanda contava com o histórico time do craque Johan Cruyff, conhecido como "Carrossel Holandês”, que impressionou o mundo com seu envolvente estilo de jogo. O esquema de jogo com "futebol total", onde todos marcavam e atacavam, foi implantado em 1974 pelo técnico Rinus Michels, que treinava o Barcelona na época. O futebol arrojado fez a seleção holandesa golear adversários fortes, além de eliminar o Brasil vencendo por 2 a 0. 

Seleção Holandesa
Johan Cruyff foi o comandante do "Carrossel Holandês" dentro de campo. Foto: AFP

Uma curiosidade sobre a cor do uniforme holandês e que sempre gera dúvidas é o porquê do laranja na camisa, já que as cores da bandeira holandesa são branco, vermelho e azul. A cor oficial do país, tanto da camisa da seleção quanto a usada em comemorações nacionais, é o laranja. O motivo é a dinastia de Orange, a família real da Holanda, cujo nome significa... laranja! A seleção passou a ser conhecida por "Laranja Mecânica" em homenagem à cor da camisa e ao nome do filme de Stanley Kubrick, de 1971. 

 

Seleção Holandesa
Seleção holandesa foi vice-campeã da Liga das Nações em 2019. Foto: Kenzo Tribouillard / AFP




Caminho até o Catar
 

Depois de ficar de fora da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, a Holanda passou por momentos de instabilidade até chegar ao mundial. Na Liga das Nações de 2018/19 a Laranja Mecânica surpreendeu, alcançado o vice-campeonato, perdendo a final contra Portugal. Na edição seguinte, em 2020/21, o resultado não foi lá grande coisa e a seleção acabou sendo eliminada ainda na primeira fase. Na atual edição, a Holanda lidera o grupo 3 com 10 pontos, três a mais que a segunda colocada do grupo, a seleção da Bélgica. 

Na Eliminatórias Europeias, os holandeses foram mais convincentes, se classificaram de forma direta, como 1º do grupo, conquistando 23 pontos contra as seleções de Gibraltar, Letônia, Montenegro, Noruega e Turquia.

 

Seleção Holandesa
Seleção holandesa tem geração com nomes conhecidos. Foto:  Seleção Holandesa / Reprodução


 

Olho neles...
 

Atualmente, a laranja mecânica esparrama seus jogadores em campo na clássica formação 4-3-3, sob o comando técnico do histórico Louis van Gaal. A Holanda tem tradicionalmente muitos grandes talentos nas suas fileiras, e não será diferente na Copa do Mundo no Catar. Ryan Gravenberch, recém chegado ao Bayern München, tem apenas 20 anos de idade e certamente despertará os olhares de muitos na Copa. O jovem zagueiro do Ajax, Jurrien Timber, de 21 anos, é considerado uma joia e também deve estar entre os representantes da Holanda no Catar.

Além das jóias, nomes como de Virgil van Dijk, do Liverpool, Matthijs de Ligt, do Bayern München, Tyrell Malacia, do Manchester United, e Frenkie de Jong, do Barcelona, são presenças garantidas na lista final. Mas não se engane quanto a idade, os dois primeiros têm apenas 23 anos, e o meio-campista do time catalão, 25 anos. Estamos falando de um time jovem e habilidoso, com jogadores em grandes ligas e acostumados a grandes jogos.

Seleção Holandesa
Depay é o principal nome do ataque holandês. Foto: Piroschka van De Wouw / REUTERS

Na linha de ataque, o técnico van Gaal conta com o forte Memphis Depay, do Barcelona, que coleciona 80 jogos e 42 gols marcados com a camisa da laranja mecânica. Além de Depay, outros dois destaques ofensivos são Steven Berghuis, do Ajax, e Steven Bergwijn, do Tottenham.

A seleção holandesa já apresentou boas participações em Copas, mas em muitas delas ficou somente no "quase". Essa geração, recheada de jovens, tem bons nomes em todos os setores mas ainda sofre com a falta de regularidade. Os holandeses não chegam ao Catar entre os favoritos, mas correm por fora na disputa pela taça e devem protagonizar bons jogos. Será que que no Catar a Laranja Mecânica irá superar o fantasma da segunda colocação ?

País é o atual campeão africano, e carimbou sua vaga para a Copa do Mundo de 2022 com sua melhor geração sob o comando do astro Sadio Mané.
por
João Serradas
Pedro Pina
|
16/09/2022 - 12h

Senegal é um país localizado na Costa ocidental da África. A capital do país é Dakar, cidade que possui um dos melhores portos atlânticos da África, sendo um ponto de partida privilegiado para o comércio transatlântico. O país, possui uma população com pouco mais de 16 milhões de habitantes segundo os últimos dados apurados em 2020.

O governo senegalês tem como base uma estrutura republicana semipresidencialista. O atual presidente do é Macky Sall, que segue no poder desde 2012 e cumpre o seu segundo mandato. O país já enfrentou entraves políticos no século passado, mas atualmente é considerado um exemplo no que se refere às práticas democráticas no continente africano. As eleições locais são livres e possuem ampla participação popular. Senegal também detém boas relações com seus países vizinhos e é considerado um dos mais importantes atores da diplomacia da África Ocidental. 

A cultura de Senegal é muito diversificada, com forte tradição da oralidade, as práticas culturais são repassadas de geração a geração através de histórias contadas, músicas diversas e lendas tradicionais. A culinária do país envolve alimentos como arroz, amendoim e pescado. O país também possui grandes escritores da língua francesa, já que o idioma é um dos mais dialogados no país devido a seu passado como ex-colônia francesa. A escritora Fatou Diome, autora de romances como "O Ventre do Atlântico" (2003), é um dos rostos da literatura do país.

 

Histórico em Copas do Mundo

A seleção senegalesa, também apelidada de Leões de Teranga,  teve sua primeira participação em Copa, na Copa do Mundo de 2002, edição na qual obteve a melhor campanha, quando chegou às quartas de final. Porém, para conquistar o melhor resultado de toda sua história, a seleção teve que percorrer um caminho complicado na competição. O Senegal integrou o grupo A, junto a Dinamarca, Uruguai e a França, e se classificou como segundo colocado, tendo uma vitória e dois empates. A primeira colocada do grupo foi a seleção dinamarquesa, com duas vitórias e um empate.

Seleção de Senegal
Jogadores de Senegal comemoram vitória sobre a França em 2002. Foto: Neal Simpson / EMPICS

Na fase eliminatória, a seleção senegalesa jogou contra a Suécia e venceu por 2 a 1. Porém, nas quartas de final, caiu diante da Turquia, perdendo por 1 a 0. Na sua segunda participação, em 2018, o Senegal não passou da fase de grupos; sendo eliminada no grupo H, em disputa com Colômbia, Japão e Polônia. A equipe conquistou uma vitória, uma derrota e um empate.

Já no mundial de 2018, na Rússia, os comandados do ex-volante, e agora técnico, Aliou Cissé, mostravam que se formava uma geração diferente. Cissé também foi um destaque fora das quatro linhas, esbanjando carisma e estilo, sendo até eleito o “Galã da Copa”. O técnico senegalês rechaçou o título. “Não sei. Tem que perguntar às garotas. Não sou símbolo sexual de maneira alguma. Iguais ao Aliou Cissé tem vários em Senegal e no mundo, então acho que não. Mas de qualquer maneira é bom ser amado”, disse o técnico durante uma coletiva na véspera dos jogo contra o Japão, em 2018.

Seleção de Senegal
Técnico Aliou Cissé vai para sua segunda Copa no comando de Senegal. Foto: Emanuel Dunand / AFP

Passaporte carimbado


A seleção senegalesa conquistou a sua vaga para a Copa do Mundo 2022 em Março deste ano, na terceira fase das eliminatórias da África (CAF - Confederação Africana de Futebol). E a vaga veio em um dos jogos mais esperados das eliminatórias africanas, confronto contra o Egito, partida que marcava o encontro de Sadio Mané, camisa 10 de Senegal, e Mohamed Salah, astro da seleção egípcia. Na época, Mané e Salah eram companheiros de time no Liverpool.

O jogo de ida terminou com a vitória da seleção egípcia por 1 a 0. Na volta, em Dakar, a seleção senegalesa devolveu o placar, e levou a partida para disputa de pênaltis. Na série melhor de cinco, Senegal se classificou com um placar de 3 a 1, com destaque para a atuação do goleiro senegalês. A derrota custou a eliminação da seleção do Egito, e acabou com os sonhos de Mohamed Salah estar na Copa deste ano.
 


Copa da África 2021

Em 2021, também contra o Egito, e de novo nos pênaltis, Senegal conquistou pela primeira vez o título da Copa Africana de Nações. O jogo teve pênalti perdido por Mané no tempo normal e terminou em 0 a 0. Nos pênaltis, os Leões de Teranga venceram por 4 a 2, com direito a última cobrança sendo batida por Sadio Mané. 

Seleção de Senegal
Seleção senegalesa comemora título da Copa da África. Foto: Thaier Al-Sudani / REUTERS


Prancheta do professor Cissé

O Senegal joga tradicionalmente em um 4-3-3 ofensivo, um sistema que foi frequentemente utilizado na Copa da África de 2022. A mesma formação também foi predominante utilizada nas eliminatórias da Copa do Mundo africana.

 

Olhos neles!

Essa nova geração de Senegal promete chegar com tudo na Copa do Mundo. A atual campeã Africana conta com bons jogadores. Os destaques são Edouard Mendy (goleiro): “paredão” do Chelsea, o goleiro de 30 anos chegou a vencer a UEFA Champions League recentemente com o clube inglês, em 2021. Kalidou Koulibaly (zagueiro): o zagueiro de 31 anos impressiona pela imponência física e a fama de xerife, também atua pelo Chelsea. Abdou Diallo (lateral esquerdo): com 26 anos, Diallo joga no Paris Saint-Germain. Idrissa Gueye (meia): o camisa 5 de Senegal tem 32 anos, e é parceiro de Diallo no PSG.

Assim como seu companheiro de seleção, Gueye briga diretamente pela titularidade no clube francês. Nampalys Mendy (volante): Mendy joga pelo Leicester, e com 30 anos, disputa a melhor liga de futebol do mundo, sendo um dos destaques do time inglês. Cheikhou Kouyaté (volante): com 32 anos, o experiente Kouyaté atua no Nottm Forest. Sadio Mané (atacante): é o grande astro do time senegalense. Mané foi destaque do Liverpool por muito tempo e nesta temporada acertou sua transferência para o  Bayern München.

Seleção de Senegal
Sadio Mané o principal jogador da seleção senegalesa. Foto: Reprodução

Com 30 anos, o ponta-esquerda já conquistou a Champions League e Premier League. Pela seleção, é o maior artilheiro da história, com 33 gols marcados, e o terceiro jogador com mais jogos (91), atrás de Idrissa Gueye, com 94, e Henri Câmara, com 99 jogos. 

Senegal chega com o estigma de melhor seleção do continente africano neste mundial. As expectativas são altas já que a seleção apresenta, talvez, a melhor geração de jogadores de toda a sua história. A atual campeã africana chega com moral para o mundial deste ano. E você, acredita no bom futebol dos Leões de Teranga ?

O "Expresso Catar" vai contar um pouco mais sobre cada uma das 32 seleções classificadas para a Copa do Mundo 2022 no Catar. Começamos com a seleção anfitriã, vamos entender um pouco mais sobre a cultura e a preparação para receber o torneio em novembro.
por
João Serradas
Pedro Pina
|
14/09/2022 - 12h

Considerado um dos países mais ricos do mundo, o Catar está localizado na Ásia Ocidental, na Península Arábica e se estende até o norte do Golfo Pérsico. Com uma população de aproximadamente 2,8 milhões de pessoas, sua capital é a cidade de Doha. A nação é um emirado, tendo seu território administrado pelo Emir Tamim bin Hamad Al-Thani, membro da dinastia Al-Thani, que rege uma Monarquia Absolutista no país desde 1825.

O Catar conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo deste ano em 2010, ao vencer uma votação dos 22 membros executivos da FIFA. Desde então o país construiu sete estádios especificamente para o torneio. Veja os estádios:

AL BAYT


O Estádio Al Bayt tem capacidade para 60 mil pessoas e fica localizado na cidade de Al Khor, famosa pelo mergulho de pesca de pérolas. Na primeira fase o estádio deve receber jogos dos grupos A, B, E e F. Já na fase final, o estádio será palco de um jogo das oitavas, um das quartas e de uma das semifinais.

Estádios da Copa
Estádio Al Bayt receberá uma das semifinais. Foto: Divulgação

AL JANOUB


Projetado como uma homenagem aos barcos de pesca de pérolas, o Estádio Al Janoub tem capacidade para 40 mil pessoas e fica localizado no sul da cidade de Al Wakrah. O estádio vai receber jogos dos grupos D, G e H, além de um jogo das oitavas de final.

Estádios da Copa
Estádio Al Janoub com capacidade para 40 mil lugares. Foto: Giuseppe Cacace / AFP

AHMAD BIN ALI



À beira do deserto de Al Rayyan está o Estádio Ahmad Bin Ali, com capacidade para 40 mil pessoas. O estádio deverá ter sua capacidade reduzida após a Copa, para adequá-lo ao uso da comunidade local. No Ahmad Bin Ali estão previstos para acontecer jogos dos grupos B, E e F. Na fase final o estádio será palco de um dos jogos das oitavas de final.

Estádios da Copa
Estádio Ahmad Bin Ali deve ter sua capacidade reduzida pós-Copa. Foto: Divulgação

AL THUMAMA


Na capital Doha fica o Estádio Al Thumama, inspirado na gahfiya, touca trançada que é peça importante no traje tradicional da região. O estádio tem capacidade para 40 mil pessoas e foi construído especificamente para a Copa do Mundo. Ao final da competição, a capacidade será reduzida para 20 mil lugares. Os assentos superiores serão substituídos por um hotel boutique, onde será adicionada uma filial da “Aspetar Sports Clinic”.

Durante a primeira fase o estádio receberá jogos dos grupos A, B, E e F. Na fase final da competição, um jogo das oitavas e outro das quartas de final terá o estádio como sede.

Estádios da Copa
Estádio Al Thumama relembra parte do traje típico da região. Foto: Divulgação


EDUCATION CITY


O Estádio Education City tem 40 mil lugares, e ao final da Copa será reduzida para 25 mil. O estádio foi construído pensando no futuro, sendo considerado um centro de inovação. A construção visa a sustentabilidade no Education City, desde o sistema de refrigeração único até os espaços verdes ao seu redor. O estádio receberá jogos dos grupos C, D e H; além de um jogo das oitavas de final e um das quartas.

Estádios da Copa
Estádio Education City é considerado o centro da inovação. Foto: Divulgação / Comitê Organizador

KHALIFA INTERNATIONAL
 

O principal estádio do país, o Khalifa International, ganhou dois novos arcos duplos, que representam a continuidade e o abraço dos torcedores. Com 40 mil lugares, o estádio faz parte de um desenvolvimento maior que inclui o centro aquático olímpico do Catar e um salão coberto. O empreendimento conta ainda com o Villaggio Mall, um parque e o hotel The Torch Doha. O estádio será sede dos jogos dos grupos A, B, E e F. Na fase final, o Khalifa International receberá um jogo das oitavas de final e a disputa do terceiro lugar.

Estádios da Copa
Estádio Khalifa International ganhou dois novos arcos que representam continuidade e o abraço de torcedores. Foto: Divulgação / Comitê Organizados

ESTÁDIO 974


O Estádio 974 é uma construção temporária ao longo das margens do Golfo. Com capacidade para 40 mil pessoas, o 974 foi construído a partir de contêiners e usa menos material de construção do que os estádios tradicionais. O estádio receberá jogos dos grupos C, D, G e H. O Brasil jogará nele contra a Suíça, no dia 28 de novembro, às 13h. Na fase final o estádio recebe um jogo das oitavas de final.

Estádios da Copa
Estádio 974 é temporário e feito por contêiners. Foto: Reprodução / Qatar 2022

ESTÁDIO LUSAIL


O maior estádio da Copa, e palco da final deste mundial, é o Estádio Lusail, com capacidade para 80 mil torcedores. O estádio fica localizado 15km ao norte do centro da cidade de Doha e foi projetado para uma rica representação do mundo árabe. Na primeira fase receberá jogos dos grupos C, G e H. O Brasil jogará no estádio contra a Sérvia, na estreia no dia 24 de novembro; e contra Camarões, no encerramento da fase de grupos, no dia 02 de novembro.

O Lusail também receberá um jogo das oitavas de final, um das quartas, uma semifinal, e a tão desejada final. 

Estádios da Copa
Estádio Lusail é o palco da grande final da Copa do Mundo 2022. Foto: Divulgação



Além dos estádios, foram feitos mais de 100 hotéis, um metrô e novas estradas, tudo isso para sediar o evento. O Comitê organizador estima que 1,5 milhão de pessoas estarão no país para a Copa. 

As obras, porém, têm causado polêmica devido a denúncias por Anistia Internacional e Human Rights Watch de maus tratos a trabalhadores estrangeiros que estavam envolvidos nas construções mencionadas anteriormente. Segundo dados oficiais do país, entre 2014 e 2020 foram cerca de 37 mortes de trabalhadores.



No campo

Esta será a primeira Copa do Mundo da seleção do Catar, a seleção garantiu a vaga por ser o país sede do evento. A seleção ocupa o 49º lugar no Ranking da FIFA e é comandada pelo técnico espanhol Felix Sanchez desde 2017. O espanhol costuma escalar sua equipe nos esquemas 3-4-3 e 3-4-2-1. O maior feito da seleção catari foi conquistar o Campeonato Asiático de 2019, atropelando o Japão por 3 a 1 e terminando sua campanha com 100% de aproveitamento, sendo ainda o melhor ataque da competição (19 gols marcados) e melhor defesa (apenas um gol sofrido).

A seleção do Catar não está recheada de craques, mas tem jogadores que podem surpreender na competição. O ponta-esquerda Akram Afif, de 25 anos, jogador do Al-Sadd SC do Catar, já coleciona 83 jogos e 24 gols com a camisa da selção. Outro destaque é Almoez Ali, de 26 anos, jogador do Al-Duhail SC e a principal esperança de gols da seleção para a Copa. O centroavante atuou 82 vezes pela seleção marcando 39 gols e foi o artilheiro do título da Copa da Ásia de 2019 com 9 gols.

O Catar enfrentará muita dificuldade nos jogos devido a inferioridade técnica de seus atletas, porém, como todos os amantes do esporte sabem: o futebol é uma caixinha de surpresa. 

 

As contradições do encontro do maior evento do futebol mundial com um dos países mais tradicionalistas do mundo árabe
por
Lucas Santoro Galvani
Matheus Pogiolli de Oliveira
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09/09/2022 - 12h

https://lh4.googleusercontent.com/bV1eqXQBvM8M8NrCgwD1UBXs5CUzomc2EG8211lqoBDoz8t00_NUNBarGQ5iskHQFymw6bMz-H1-SS3dSCHuf1xX1oTAdzSMdjCOOeSekgXczIAxrEARj85wIRs2E9RLZ7NdkBL-vfYHSyi3e4uuETRcKXKOPN8oKuucA8ErF9phbxPBxE0rp3OPsQ

Legenda: Estádio de Lusail Foto/Divulgação

         A Copa do Mundo é um evento realizado de quatro em quatro anos, que passa por diversos países ao redor do mundo. A sede do ano de 2022 é o Catar, que será o segundo país asiático a receber o torneio, além de também ser o terceiro país fora do eixo América-Europa a receber o evento (juntamente com Coreia do Sul/Japão e África do Sul). Também será a primeira Copa do Mundo a ser disputada em um país do Oriente Médio e declaradamente muçulmano.

         A edição de 2022 será, de todas as Copas já disputadas na história, a com o maior investimento financeiro. O governo catariano desembolsou dos cofres públicos 30 bilhões de dólares (117 bilhões de reais). Porém, nem todo este dinheiro foi destinado diretamente à construção dos estádios. Outro dado alarmante sobre o investimento massivo no evento é o de que aproximadamente 6,5 mil trabalhadores imigrantes morreram durante a construção das arenas e de outras construções correlacionadas, dados coletados pelo jornal britânico The Guardian.

        Se tratando de um evento com enorme diversidade cultural, no qual inúmeras nações, etnias e ideologias se encontram para a realização do mesmo, a legislação vigente do país pode, de certo modo, tirar a liberdade de algumas delas, e, em alguns casos, até acarretar em prisão.

https://lh4.googleusercontent.com/Jwv_QHSelWRoNbtXIQVsqnPKbQPWfPP0BYVjyZgp3d2Z1CEkLxIVlrwtkyvwHXr0IItE25ueCL0RQ-Xz7wpts95XrNTGNSECELVo5jfQb-KAylVq0W5iv7ljHV2D3R3k_jaN8pEYVT7IlaQbz2wpxpVAe0pM9w_FIA6ckgFyG9XKV7Y8TT2FNnYj6A

Legenda: Trabalhadores imigrantes nepaleses em situação precária Foto: Benjamin Best

 

E quais são essas leis?

 

         O Catar, assim como em muitos países onde o islamismo impera, é regido pela “Xaria” ou “Sharia” (em árabe “caminho para a fonte”), que é o sistema jurídico do Islã. É um conjunto de ordens baseadas nas orientações do Alcorão e de condutas pregadas pelo profeta Maomé. A Xaria serve como diretriz para os pertencentes da religião muçulmana, e deve ser seguida rigidamente por todos cidadãos. A Sharia determina para a população que realizem orações diárias, jejuns e doações para os mais pobres.

         Curiosamente, o Catar é considerado como um dos países mais liberais do Oriente Médio, talvez até por isso tenha sido escolhido pela FIFA para figurar no sorteio das sedes no ano de 2010. Em Doha, capital do país, as mulheres têm permissão para dirigir, frequentar estádios, candidatar-se a cargos públicos e podem optar se querem ou não utilizar a “abaya” (a “capa” presente nas vestimentas tradicionais islãs, um dos componentes da burca). 

          Quanto às legislações, a sede da Copa de 2022 ainda é muitíssimo retrógrada. Primeiramente, existem uma série de punições para diversos atos que, no Ocidente, são considerados “comuns”, e que podem ser muito conflitantes durante o evento. Beijos, abraços e carícias em público não são permitidas, relações homoafetivas são passíveis de prisão e qualquer publicação ou fala que defenda a comunidade LGBTQIA+ é considerada ilegal. Fotografar prédios e construções públicas com algum teor religioso também é proibido. O não pagamento de dívidas aos estabelecimentos hoteleiros também é passível de pena.

          O Catar tem a pena de morte legalizada para alguns crimes específicos, estes são: homícidio qualificado, estupro, terrorismo e crimes contra a segurança nacional, porém, ela é pouco utilizada, sendo a última execução realizada em 2020, após um espaço de 17 anos. Também há, por conta da Sharia, uma proibição ao consumo de bebidas alcoólicas em público, mas esta lei em específico não será aplicável dentro dos estádios, provavelmente em prol da lucratividade e do turismo.

          Conversamos com Carlos Machado, amante de Copas do Mundo, tendo estado em todas desde 2006, totalizando quatro copas presentes e três continentes conhecidos. Carlos estará presente no Catar para acompanhar a sua quinta Copa do Mundo. Quando perguntado se tem algum receio em relação à viagem, o empresário afirma que será uma Copa como todas as outras que já experienciou. Carlos também acredita que a edição de 2022 não será a sua viagem de maior risco. “Não, já estive em outras Copas onde o aspecto de segurança me preocupava mais, como na África do Sul, por exemplo, algo que é um ponto forte do Catar”, comentou o brasileiro. Apesar disso, o entusiasta do futebol diz que ficará atento às regras e costumes locais, respeitando-os ao máximo.