O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresenta aumento moderado, com destaque para os grupos de Transportes e Alimentação.
por
Marcello R. Toledo
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15/08/2023 - 12h

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação no Brasil, registrou uma variação de 0,12% no mês de julho. O número representa um acréscimo de 0,20 ponto porcentual em relação à taxa de junho, que havia sido de -0,08%. No acumulado do ano, o IPCA apresenta uma alta de 2,99%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 3,99%, superando os 3,16% registrados nos 12 meses anteriores. Em julho de 2022, a variação havia sido de -0,68%.

O IPCA  é uma ferramenta crucial para avaliar a evolução dos preços de produtos e serviços consumidos por famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, ele serve como um indicador da inflação enfrentada e é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abrangendo diversas regiões metropolitanas do país, além de algumas cidades específicas.

Em linhas mais claras, o IPCA desempenha o papel de espelho do custo de vida experimentado por essa parte da população. Dessa forma, ele captura as variações de preços em uma variedade de produtos e serviços, permitindo que as autoridades econômicas, consumidores e demais interessados compreendam as tendências inflacionárias em diferentes partes do Brasil.
 

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Setores em Destaque

Dos nove grupos de produtos e serviços analisados pelo IPCA, cinco apresentaram alta no mês de julho. O grupo de Transportes teve o maior impacto, com 1,50% de variação e contribuição de 0,31 ponto porcentual. Nesse grupo, os preços da gasolina tiveram um aumento notável de 4,75%, sendo o item com maior contribuição individual para o índice do mês. Itens como gás veicular (3,84%) e etanol (1,57%) também tiveram alta, enquanto o óleo diesel apresentou uma queda de 1,37%. Passagens aéreas (4,97%) e automóveis novos (1,65%) também contribuíram para o aumento no grupo.

Em contrapartida, o grupo de Alimentação e Bebidas apresentou uma queda de 0,46%, com impacto de -0,10 ponto porcentual no índice. Esse resultado foi influenciado, principalmente, pela redução nos preços da alimentação no domicílio (-0,72%), destacando-se quedas em produtos como feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%). Por outro lado, as frutas tiveram aumento de preço, com destaque para banana-prata (4,44%) e mamão (3,25%).

No grupo de Habitação, a taxa de -1,01% impactou o índice em -0,16 ponto porcentual. A maior contribuição para essa variação veio da energia elétrica residencial, que registrou queda de 3,89% devido à incorporação do Bônus de Itaipu (um desconto de até R$ 15 na conta de luz individual em residências de classes residencial e rural, que tiveram ao menos um mês, em 2022, consumo faturado inferior a 350 KWh) nas faturas emitidas em julho. A taxa de água e esgoto (0,18%) registrou alta devido a reajustes em algumas regiões.

Variações Regionais 

As variações regionais também tiveram impacto no IPCA de julho. Porto Alegre foi a região que apresentou a maior variação, com 0,53%, devido ao aumento do preço da gasolina (6,98%). Belo Horizonte teve a menor variação, registrando queda de -0,16%, influenciada pelas quedas nos preços dos ônibus urbanos (-17,50%) e na energia elétrica residencial (-4,23%).

INPC e Outros Indicadores

Além do IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também foi divulgado (o Índice também mede a variação de preço de determinados produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras, entretanto num recorte menor que o IPCA - considera rendimentos de 1 a 5 salários mínimos). O INPC registrou uma variação de -0,09% em julho, mantendo-se próxima à taxa de -0,10% observada no mês anterior. No acumulado do ano, o INPC acumula alta de 2,59%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 3,53%, acima dos 3,00% registrados nos 12 meses anteriores.

Os números do IPCA e INPC demonstram que a economia brasileira segue passando por oscilações, com impactos variados nos diferentes setores e regiões do país. A análise detalhada desses indicadores é essencial para entender as dinâmicas econômicas em curso e tomar decisões informadas sobre investimentos e consumo.

Nota: Os dados e informações presentes nesta matéria foram fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e são referentes ao mês de julho de 2023. A análise dos indicadores deve considerar a conjuntura econômica e as possíveis variações ao longo do tempo

Seleção alemã faz 6 a 0 em jogo marcado por erros individuais e aplica maior goleada da Copa do Mundo até o momento.
por
Gusthavo Sampaio
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24/07/2023 - 12h

Na madrugada desta segunda-feira (24), Alemanha e Marrocos estrearam na Copa do Mundo Feminina FIFA 2023, em confronto pelo Grupo H. O primeiro jogo entre as equipes na história ocorreu no Estádio Melbourne Rectangular, na Austrália. A Alemanha, que nunca perdeu em uma estreia de Copa, manteve a marca e atropelou as estreantes marroquinas em um jogo que terminou 6 a 0.

 

Foto do elenco pré-jogo
Foto das jogadoras titulares na estreia alemã homenageando Carolin Simon. Foto: Reprodução/Twitter/DFB_Frauen

 

A seleção alemã iniciou sua jornada na Copa do Mundo homenageando a jogadora Carolin Simon, que foi cortada da convocação final após romper os ligamentos do joelho no último amistoso pré-copa contra a Zâmbia. Na foto em grupo do pré-jogo, as jogadoras posaram segurando uma camisa com o número 2 e o nome Simon.

Após o soar do apito, não demorou para as favoritas abrirem o placar. Com uma marcação alta logo de início, as alemãs não deram fôlego para as marroquinas e, aos 11 minutos, a capitã Alexandra Popp abriu o placar cabeceando livre na entrada da pequena área. A jogada começou com um erro da saída de bola da zagueira de Marrocos, que entregou a bola para a meia Jule Brand. Brand tocou na linha de fundo para a zagueira Hendrich que levantou a bola na área para Popp, de cabeça, mandar a bola para o fundo da rede.

Após o gol, a Alemanha manteve a posse e empurrou as marroquinas para seu campo de defesa, não sofrendo perigo durante a maior parte do primeiro tempo. Aos 39 minutos, após escanteio cobrado por Klara Buhl, Popp, novamente de cabeça e na pequena área, ampliou o placar para as alemãs.

O panorama durante o primeiro tempo foi positivo para a Alemanha, que sofreu somente um chute a gol e dominou a maior parte da posse de bola. Alguns erros na saída de bola geraram contra-ataques para as marroquinas, mas nenhum se concretizou. Apesar do panorama positivo, as germânicas subiram o nível na segunda etapa.

O segundo tempo começou com um gol relâmpago: Klara Buhl roubou a bola logo após um erro de passe segundos depois do apito inicial e finalizou a jogada que ela mesma construiu. O chute acertou na trave e, na sobra Buhl, apareceu e faz o terceiro. Pouco tempo depois do gol, Buhl teve outra chance clara de finalização, mas o chute parou na trave. O começo de segundo tempo alemão foi implacável, com menos de 10 minutos depois do terceiro, saiu o quarto gol. Na sobra de um cruzamento, Svenja Huth levantou na área a bola que foi cabeceada para o gol pela zagueira marroquina Hanane Ait El Haj, marcando contra.

O passeio continuou e a blitz alemã pelo quinto gol não parou até marcar. Aos 34 minutos, em mais um cruzamento alemão, a goleira Khadija Er-Rmich afastou contra a zagueira Yasmin M’Rabet, que marcou o segundo gol contra marroquino, e quinto da Alemanha. Quatro minutos após o gol, a capitã Alexandra Popp foi substituída, na caminhada até o banco de reservas foi ovacionada pelos torcedores. Mesmo com uma ampla vantagem no placar, as alemãs não colocaram o pé no freio. Aos 90 minutos, Lena Lattwein finalizou uma bola que, ao ser defendida pela goleira Er-Rmichi, sobrou nos pés da atacante Lea Schuller, que marcou o sexto e fechou a conta.

Como esperado, a seleção bicampeã do mundo não teve dificuldades em seu primeiro jogo, mas surpreendeu pela elasticidade da vitória. A Alemanha dominou o jogo do início ao fim, e terminou com 74% da posse de bola e 16 chutes no total, 7 desses no gol. Todo esse domínio sem a presença de uma das maiores jogadoras do elenco, Lena Oberdorf, poupada por conta de uma lesão.

 

Disputa de bola entre duas jogadoras durante o jogo
Sara Dabritz (esquerda) e Ghizlane Chebbak (direita) disputando a bola durante o jogo. Foto: Reprodução/Twitter/EnMaroc

 

Por outro lado, as marroquinas viveram um dia para ser esquecido. Em sua estreia pela Copa do Mundo, tiveram uma péssima atuação individual e coletiva, marcada principalmente pelos erros defensivos. Ainda no primeiro tempo, a postura de contra-atacar adotada pela equipe foi completamente suprimida, chutando apenas uma vez ao gol na primeira etapa. No final, quatro gols marcados pela Alemanha tiveram início a partir de erros diretos da defesa marroquina. Com essa derrota, o Marrocos vive uma sequência de 5 jogos sem vencer.

A seleção Marroquina volta a campo no domingo (30), para enfrentar a Coreia do Sul e continuar na luta pela classificação, às 01h30 (horário de Brasília). As alemãs jogam no mesmo dia contra a Colômbia, às 06h30 (horário de Brasília), para tentar garantir a classificação para a fase eliminatória.

Se não fosse sofrido, não era Argentina. Nos pênaltis a albiceleste derrota a França e é campeã mundial pela terceira vez na história
por
Fabrizio Delle Serre
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20/12/2022 - 12h

Após 36 anos de espera, os hermanos enfim comemoraram. A Argentina é tricampeã da Copa do Mundo. No último domingo (18) às 12h, o Lusail Stadium recebeu uma das melhores finais já vistas da história do torneio mundial.

 

Lionel Messi foi decisivo, Kylian Mbappé marcou um hat-trick, porém, não foi suficiente. Nos pênaltis, a Argentina bateu a França e ficou com o troféu mais cobiçado do futebol, que tem uma nova capital pelos próximos 4 anos: Buenos Aires.

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Jogadores argentinos comemorando o tricampeonato mundial. Foto: Divulgação / FIFA

 

A decisão da Copa foi em um jogo eletrizante. Para os amantes do futebol foi mais um motivo para se apaixonar pelo esporte. A raça e a entrega dos argentinos foi recompensada. O mundo é azul e branco.

 

A Copa do Mundo de 2022 acabou. Com direito a um encerramento de gala. Diego Armando Maradona, viu e vibrou lá do céu com os “muchachos”, campeões do mundo. A comando do novo deus albiceleste: Messi.

 

Destaque também para Di Maria. O camisa 11 voltou ao time titular de Lionel Scaloni e correspondeu. Sofreu pênalti e balançou as redes.

Primeiro Tempo

A final iniciou com as equipes tensas e com entradas mais duras por ambos os lados. Os franceses até tiveram certo domínio, porém, erraram passes e estavam nervosos.

 

A Argentina percebeu o abalo emocional do adversário e tomou conta da partida. Os hermanos ditaram o ritmo da primeira etapa. Aos 20 minutos, Dembelé derrubou Di Maria dentro da área e o pênalti foi marcado.

 

Lionel Messi foi para a bola. Respirou, bateu e estufou a rede. Bola para um lado, Lloris para o outro, o placar estava aberto, 1 a 0 Argentina.

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Messi na cobrança de pênalti que abriu o placar da decisão. Foto: @EPA / Toga Bozoglu

Além do gol, Messi naquele momento se tornava o artilheiro da competição com 6 gols, deixando para trás Mbappé.

 

Mesmo com o placar aberto, a França parecia que ainda estava no vestiário. A Argentina continuou dominando a partida. O objetivo era o segundo gol.

 

Aos 35 minutos em um erro de Upamecano os hermanos partiram para o contra-ataque. Uma linda jogada. Mac Allister tocou para Messi que passou para Julián Álvarez. O atacante lançou pelas costas da linha de defesa francesa.

 

Mac Allister recebeu e ajeitou para Di Maria que bateu na saída de Llorris. 2 a 0 e a partida parecia estar definida.

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Di María aprontou das suas mágicas e só tirou de Lloris para marcar o segundo gol
@FRANCK FIFE / AFP

Ao final dos primeiros 45 minutos, o domínio era total da equipe de Scaloni. Ganhavam nas estatísticas e no placar. Os franceses ainda não haviam finalizado.

Segundo Tempo

O segundo tempo começou e o controle argentino ainda era nítido. Assim como na primeira etapa, as ações ofensivas eram sempre direcionadas ao gol de Llorris.

 

A Argentina teve a chance de ampliar: De Paul de voleio aos 3 minutos e com Julián Álvarez aos 13. Ambas as chances pararam nas mãos do goleiro francês.

 

Aos 22 minutos, a primeira finalização da França foi realizada. Kolo Muani de cabeça. A tentativa não levou perigo algum ao gol de Martinez.

 

O jogo foi avançando e a França parecia estar entregue. Era questão de tempo para o fim da fila de 36 anos dos hermanos longe do topo do mundo.

 

Faltavam 12 minutos para o fim do tempo regulamentar, até que Otamendi derrubou Kolo Muani dentro da área. Pênalti para a França. Tensão total no Lusail Stadium.

Então, a estrela de Kylian Mbappé começou a brilhar.

 

O garoto de 23 anos com muita frieza foi para a cobrança da penalidade máxima. Correu, bateu e diminuiu, 2 a 1.

 

A Argentina entrou em curto-circuito. Após 1 minuto do primeiro gol francês, Kylian Mbappé recebeu um bom passe de Thuram. O camisa 10 em um lindo chute de perna direita balançou a rede novamente. Tudo igual. 2 a 2

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Finalização de Mbappé que colocou a França de volta na final. Foto: @EPA / Toga Bozoglu

 

O juiz apitou o final dos 90 minutos.  Os argentinos estavam tentando entender o que havia acontecido, enquanto os franceses haviam feito uma revolução em menos de 5 minutos.

Empate? Mais 30 minutos!

Haja coração, amigo! A prorrogação foi simplesmente encantadora. Os primeiros 15 minutos foram tensos. Com chances para os dois lados, mas sem efetividade tanto da Argentina quanto da França.

 

A única boa chance dos hermanos no primeiro tempo foi no chute de Lautaro, que foi travado por Upamecano. No rebote Montiel finalizou, mas Varane afastou de cabeça.

 

Lautaro teve nos acréscimos outra oportunidade de desempatar, mas bateu para fora e desperdiçou.

 

Os 15 minutos finais foram emocionantes. Com quase 3 minutos, Lautaro finalizou e Lloris deu o rebote. Lionel Messi estava no lugar certo e na hora certa.  Dessa vez, de perna direita o camisa 10 tirou o empate do placar. 3 a 2, os hermanos estavam de novo na frente.

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Segundo gol de Messi na decisão. Foto: Tarso Sarraf / O Liberal

Os minutos passavam, o fim estava se aproximando e a Argentina estava próxima da tão sonhada conquista da Copa do Mundo. Mas, Mbappé ainda estava em campo e não facilitou para a albiceleste.

 

Há pouco mais de 4 minutos do fim, o garoto bateu e a bola tocou no braço de Montiel que estava dentro da área. Mais um pênalti para a equipe de Deschamps.

 

Novamente, Mbappé na cobrança. O craque do PSG deslocou o goleiro Martínez para empatar a partida, 3 a 3. O futebol viveu naquele momento sua emoção no estado mais puro. Além do gol, o francês se tornou o artilheiro da competição com 8 gols.

 

Na última chance  dos franceses, Kolo Muani ficou cara a cara com Martínez. O goleiro Argentino defendeu com o pé. Dibu foi brilhante e salvou a seleção de mais um vice.

Pênaltis

Com o empate na prorrogação, a Copa foi decidida nas penalidades máximas pela terceira vez em sua história. Os franceses iniciaram a disputa. Mbappé converteu.

 

Na sequência, Lionel Messi abriu as penalidades para os argentinos e também balançou as redes.

 

Martinez pegou a cobrança de Coman, acertando o canto escolhido pelo francês. A taça estava saindo de Paris com rumo a Buenos Aires.

 

Dybala fez o dele, bateu no meio com segurança. O próximo pênalti foi cobrado por Tchouaméni, o meia do Real Madrid bateu pra fora. Comemoração de Dibu com direito a dancinha.

 

Na sequência, Paredes converteu. Kolo Muani não desperdiçou e a França ainda estava viva.

 

29 de junho de 1986. Essa data ficou marcada na história dos Argentinos. Montiel tinha que fazer para acabar com a espera de 36 anos. O Tricampeonato estava próximo.

 

Montiel correu, bateu e fez. Argentina tricampeã do mundo.

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Argentina Campeã do Mundo. @EPA / Friedemann Vogel

A Terceira estrela e Messi

18 de dezembro de 2022. Um novo feriado para os argentinos. Uma data histórica para Lionel Messi que fez a ilusão virar realidade. O ET conquistou o único troféu que faltava em sua vitoriosa carreira.

 

35 anos de idade. Dores de 2014, 2015 e 2016 com 3 vices consecutivos. Acabou. Lionel Messi provou para si e para o mundo que ainda é o melhor.

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Messi levantando a principal taça do futebol. Foto: Divulgação / FIFA

Gênio, divino, predestinado. Como definir quem conseguiu superar Maradona? O mundo é da Argentina pela terceira vez, a estrela de número 3 finalmente foi costurada no escudo albiceleste.

 

Duas delas foram a comanda de D10S, que agora passa seu bastão para um imortal na Argentina e no mundo do futebol: Lionel Messi.

 

1978, 1986, 2022. Tricampeões, os muchachos conseguiram conquistar o mundo. A taça voltou para Buenos Aires. A terra de Diego y Lionel tem o mundo novamente. Os Argentinos não precisam mais “ilusionar”, o título é realidade. 

 

 

Meu pai estava errado sobre muitas coisas, esta é uma delas
por
Bianca Novais
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20/12/2022 - 12h

Na primeira vez que fui ao estádio, eu já era adulta. Para meu pai, o estádio não era lugar de menina. E para nossa situação financeira, o estádio também não era exatamente o lugar do meu pai. Parece um clichê da internet, não é? Tal lugar não é lugar de mulher. O pior é que existe na vida real e a gente acredita. Eu acreditei por muitos anos.

Mesmo vendo a Rainha Marta ser a melhor futebolista do mundo cinco vezes seguidas, a maior artilheira das seleções brasileiras, a primeira atleta a marcar gols em cinco edições de Copa do Mundo da FIFA.

Mesmo vendo Formiga ser a única pessoa a ter participado de sete Copas do Mundo e de sete Olimpíadas, a que mais vezes entrou em campo com a amarelinha.

Mesmo vendo Cristiane se tornar a maior artilheira das Olimpíadas, vencer a primeira edição feminina da Libertadores, ao lado de Marta, e ser artilheira também desta competição.

Todas mulheres pretas, como eu.

Apesar de ver, eu não enxergava. Muito por isso fiquei assustada e apreensiva com o convite do amigo Luan Leão para tocar o barquinho da cobertura da Copa do Mundo pela AGEMT, com ele e o inenarrável Bruno Scaciotti.

Se meu lugar não era nem no estádio, imagina em posição de liderança frente a 20 homens falando sobre bola?

Pouco mais de três meses de planejamento, 28 dias de Copa do Mundo, 99 textos no site, 9 episódios do podcast Expresso Catar, 4 episódios do programa Manual de Sobrevivência da Copa do Mundo, 37 edições do boletim diário em vídeo Já É Copa, fora o baile.

Não vi o Brasil ser hexa, mas pude ver Marrocos ser a primeira seleção africana a chegar nas semifinais de uma Copa. Vi Cristiano Ronaldo ser o terceiro atleta a marcar gol em cinco edições do mundial de seleções. Neymar se igualar em gols pela seleção com Pelé. Kylian Mbappé ser o segundo jogador a marcar um hat-trick em final de Copa do Mundo. Messi ser consagrado como um dos deuses do futebol ao conquistar o tricampeonato argentino. E o primeiro trio de arbitragem feminino a apitar um jogo da Copa do Mundo masculina.

Nada mal para quem não está no lugar.

Marta, Cristiane e Formiga, a Santa Trindade do futebol feminino brasileiro. Foto: NICHOLAS KAMM/GettyImages
Marta, Cristiane e Formiga, a Santa Trindade do futebol feminino brasileiro. Foto: Nicholas Kamm/GettyImages

 

Pela terceira vez em sua história, o time xadrez sobe ao pódio e consagra a geração liderada por Modric
por
Arthur Campos
João Victor Fogagnolo
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18/12/2022 - 12h

No último sábado (17), ocorreu a penúltima partida da Copa do Mundo Catar 2022. Croácia e Marrocos estiveram frente a frente no estádio Internacional Khalifa para definir o terceiro e quarto lugar do torneio. 

As seleções se reencontraram 24 dias depois do confronto na primeira rodada do grupo F na fase de grupos. Naquela ocasião o jogo terminou em um 0 a 0 nada saudoso. 

Em lados opostos do chaveamento, os Leões dos Atlas, tal qual Davi, foram desafiados por vários Golias e assim como na passagem bíblica de Samuel 17, triunfaram diante dos gigantes. Posteriormente, sucumbiram apenas perante a atual campeã, França. 

Já a seleção eslava, repetindo o feito de 2018, precisou passar por duas prorrogações para manter-se na competição. Da mesma forma que na edição passada, os embates contra Japão e Brasil chegaram até as penalidades máximas, nas quais as duas saíram derrotadas, com o goleiro Dominik Livakovic sendo o protagonista. Somente a Argentina foi capaz de impedir os croatas de irem a mais uma final. 

Croácia
Foto oficial da seleção croata. Imagem: Reprodução/Twitter/@fifaworldcup_pt

 

Dentro de campo as equipes vieram bem mexidas devido ao desgaste acumulado durante a Copa. O técnico Walid Regragui, que sofreu com desfalques nos duelos contra Portugal e França, promoveu descanso a alguns jogadores. Mais uma vez o comandante não teve a disposição o lateral esquerdo Noussair Mazraoui, que não estava no banco de reservas, cedendo espaço para Yahia Attiyat Allah. Já os atletas Roman Saiss, Nayef Aguerd, Selim Amallah e Azzedine Ounahi foram preservados, sendo substituídos por Achraf Dari, Jawad El Yamiq, Abdelhamid Sabiri e Bilal El Khannouss respectivamente. 

Por motivos semelhantes, o treinador Zlatko Dalic deu oportunidades para outros jogadores do plantel. Em comparação ao confronto anterior, houve três mudanças na linha de defesa, o recuo de Ivan Perisic para variar entre lateral e ala pela esquerda, junto com as entradas de Josip Sutalo e Josip Stanisic, nas vagas de Dejan Lovren e Josip Juranovic, nesta ordem. Na parte ofensiva, Lovro Majer, Mislav Orsic e Marko Livaja também ganharam chances nos lugares de Mario Pasalic, Borna Sosa e Marcelo Brozovic. 

Dado o apito inicial, os 44.137 expectadores viram um começo de partida movimentado. Em jogada ensaiada na cobrança de falta, Majer bateu para dentro da área, Perisic escorou de cabeça e Josko Gvardiol completou para abrir o marcador aos 7 minutos, numa bela trama croata.

Croácia
Gvardiol mergulhou e fez 1x0 para o time xadrez. Foto: Reprodução/Twitter/@FIFAWorldCup

 

No minuto seguinte, novamente em bola parada, o cruzamento de Hakim Ziyech desviou e sobrou para Dari empatar a disputa. Antes do intervalo, aos 42, numa recuperação dos eslavos na zona de ataque, Livaja passou para Orsic finalizar com chapa do pé, e resvalando levemente na trave, morreu dentro das redes do goleiro Bono. 

Na volta para o segundo tempo, o fator físico pesou e o ritmo do jogo caiu. Apesar da posse de bola marroquina, os leões não conseguiram concretizá-la em reais perigos de gol. Sem grandes emoções na etapa final, o placar terminou em 2 a 1, com a Croácia conquistando o terceiro lugar da Copa do Mundo.  

A campanha coroou um possível fim da brilhante trajetória de Luka Modric na seleção. O camisa 10 foi o destaque desse meio campo e ficará eternizado como o maestro dessa geração.

Croácia
O craque Modric em sua última Copa do Mundo. Foto: Reprodução/Twitter/@FIFAWorldCup

 

Mesmo ficando com a quarta colocação, Marrocos sai do Catar de cabeça erguida e o treinador Regragui fez questão de enaltecer.

“Lembraremos de muitos jogos, voltaremos mais fortes. Unimos o nosso país durante um mês, todos estavam felizes”, enfatizou. 

O comandante também falou sobre o legado que deixaram nessa Copa.

“Eu acho que mostramos nossa força. Mostramos que o futebol africano está preparado para enfrentar os principais times do mundo com eficiência e jogando no nível mais alto”, comentou. 

O técnico marroquino ainda deixou seu recado visando os próximos objetivos da equipe.

“Eu disse aos meus jogadores que não podemos ser reis do mundo antes de sermos reis do continente. Nós vamos trabalhar para ganhar a Copa Africana de Nações”, afirmou Regragui. 

É Hexa!!! Com expectativa lá no alto, a maior vencedora da Copa do Mundo chega ao Qatar com umas das favoritas
por
Matheus Monteiro da Luz
José Pedro dos Santos
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17/11/2022 - 12h

 

Brasil. País tropical, abençoado por Deus, bonito por natureza. País do Futebol, Carnaval, Samba, do Cristo Redentor. 214 milhões de habitantes e localizado no continente sul-americano. Tem Brasília como sua capital administrativa, mas é São Paulo a cidade mais populosa e importante economicamente.
 

Quinto maior país em tamanho territorial, dono da maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica e graças a ela a maior biodiversidade do mundo.
 

Temos 795 clubes profissionais de futebol. Esse número representa 15% do total de clubes no mundo inteiro. Os últimos 3 títulos mundiais de Sul-Americanos também são pertencentes ao Brasil. O último clube sul-americano a ganhar o Mundial que não era brasileiro, foi o Boca Juniors em 2000.

 

Cafu levantando a Taça do Penta/Edson Silva/ Arquivo/ Gazeta do Povo Leia

A pentacampeã

 

O Brasil é o maior campeão da história das Copas do Mundo com 5 Títulos em 58, 62 ,70, 94 e 2002. Participou de todas as Copas até a edição de 2022. Falar do Brasil em Copas é basicamente como falar de uma Noiva em um casamento, como a Rainha do Xadrez, somos protagonistas de grandes momentos dessa competição.
 

Bellini Levantando a Taça de 1954. Os socos no ar de Pelé na Copa de 70. A atuação de Garrincha na Copa de 62. Quando Bebeto homenageou seu filho numa comemoração em 94. São inúmeros momentos, partidas, gols (ou falta deles, né Pelé ?!), lances e personagens que fazem parte da história da nossa trajetória em Copas.

A Amarelinha é uma camisa pesada. A Copa do Mundo não é o que é hoje, se não fosse a seleção Brasileira. Não somos o país do Futebol por acaso, e Copa do Mundo tem muito o que nos agradecer.

 

Sem sufoco
 

O trabalho de Tite nas eliminatórias para a Copa do Mundo no Catar foi irretocável. Campanha invicta tendo 14 vitórias, 3 empates, 40 gols marcados e apenas 5 sofridos. A consistência brasileira nas eliminatórias fez até se iniciar um debate sobre a discrepância de desempenho sobre as demais seleções.

O antro da discussão foca na questão do Brasil não ter enfrentado adversários qualificados. A seleção foi bem superior e isso por si só é uma demonstração de força. Temos exemplos de Alemanha e França que são consideradas potências europeias mas foram eliminadas precocemente na Nations League. Ou até mesmo a Itália, Tetracampeã fora da Copa, eliminada de forma vexatória em atuação fraca contra a Macedônia do Norte.

Não enfrentar as principais seleções europeias pode cobrar um preço. Porém, o mesmo vale para as seleções europeias, que não jogaram contra nós e a Argentina, outra seleção que fez uma preparação muito forte e chega ao lado do Brasil como grandes favoritas. 

Tite, técnico da Seleção Brasileira de Futebol/Lucas Figueiredo/CBF


Solidez Defensiva


Característica fundamental da carreira de Tite é  montar bons sistemas defensivos, na seleção não é diferente. Apesar de muitos buracos no setor, principalmente nas laterais, Tite construiu um setor forte, com apenas 27 gols sofridos em 76 jogos no comando da Seleção.

Para falarmos de nomes, temos no na dupla da zaga, Marquinhos e Thiago Silva dois dos melhores zagueiros atuando no futebol europeu. Os dois representam duas gerações muito diferentes. Marquinhos está no seu auge aos 28 anos, e deve ter longevidade com a camisa da seleção. Já Thiago, com 39 anos, deve se despedir da seleção nesta Copa.

Thiago é um zagueiro mais posicional, enquanto Marquinhos tem características de mais cobertura por ser mais veloz. Visto que o Brasil deve propor um jogo mais ofensivo, principalmente na fase inicial do torneio, a habilidade com os pés de ambos deve ser requerida.

Falar dos goleiros no ciclo, foi chover no molhado. Foi uma decisão unânime, qualquer brasileiro tem motivos para confiar nos 3 convocados. Não há um grande hiato de habilidade entre Weverton, Alisson e Ederson, talvez um seja melhor que o outro em um aspecto específico, mas no geral, todos jogam em alto nível.


Tendão de Aquiles


Vamos do elefante branco na sala: as laterais. Se analisarmos o elenco do Brasil, olhar para as laterais e ver Danilo e Alex Sandro, você talvez desanime um pouco. Estamos acostumados com grandes laterais ao longo de nossa história como Cafu, Roberto Carlos, Carlos Alberto e Djalma Santos. A comparação é até desleal. Porém, o que o torcedor precisa entender é que Danilo e Alex Sandro são laterais mais defensivos, o que não é uma característica dos grandes laterais da seleção.

Entretanto, se formos analisar o esquema de Tite, eles não precisam desse perfil ofensivo. Quem terá a função de proporcionar amplitude e atacar o fundo serão os pontas, que são mais que qualificados para função.


Numa fase com a bola, ambos os laterais terão proposta de construção e controle da posse de bola e não de chegar a linha de fundo. Sem a bola, a dupla da Juventus é impecável. Juventus essa que é a melhor defesa do Campeonato Italiano.

Por mais que as laterais apresentem o ponto de maior fragilidade da seleção, vide a convocação de Daniel Alves que gerou diversas polêmicas, o esquema tático brasileiro foi montado para não exigir tanto dos setores. Na parte ofensiva não possuem grandes obrigações, e esses são jogadores de qualificação para solidez defensiva que Tite tanto prega.

Dupla de laterais, Danilo e Alex Sandro Reprodução/Juventus

Comitê de Ataque
 

Neymar, Vinicius Júnior, Richarlison, Antony, Raphinha, Rodrygo, Pedro, Gabriel Jesus e Martinelli. Esses são os nomes dos atacantes que podem marcar o gol do hexa para o Brasil. Óbvio que o nome de Neymar brilha aos olhos, mas todos os outros tiveram um ano de 2022 de grandes atuações. Pela primeira vez o Brasil levará nove atacantes para uma Copa, podendo utilizar esquemas com dois, três e até quatro deles em campo, um verdadeiro comitê ofensivo.

A dupla do Real Madrid, Vini Jr. e Rodrygo, dispensam apresentações. Campeões da Champions e com gols decisivos. Só esse fato já os credencia para essa Copa. Vinícius Júnior, em especial, fez uma temporada incrível que só não foi mais grandiosa por ter sido ofuscada devido ao fato de jogar ao lado do melhor do mundo, Karim Benzema.

Richarlison é o mais próximo de um 9 clássico que o Brasil não teve no ciclo. Apesar de no Everton e no Tottenham ser um jogador de beirada de campo, no Brasil foi adaptado para suprir a necessidade de um centroavante de área.

Talvez, Pedro aponte uma contradição que o parágrafo anterior possui. O Brasil não  “tinha um no 9 no ciclo”. O atacante do Flamengo chegou e agora podemos falar: "Habemus 9”. A construção de um jogador que seja forte fisicamente, bom cabeceador, saiba fazer pivô e principalmente seja um goleador fatal dentro da área, era uma narrativa que assombrava a seleção desde a aposentadoria de Ronaldo e Adriano, provavelmente os últimos grandes centroavantes que tivemos.

Pedro é esse cara. Talvez não tenha sido testado o suficiente, talvez não tenha muitos minutos, talvez ele faça o gol da classificação na semifinal. É isso que Pedro traz, aquela esperança de um homem que só precisa de um toque, uma casualidade para marcar.

A dupla de Gabrieis do Arsenal, Jesus e Martinelli, são os nomes mais controversos do ataque. Mas foram jogadores que se convocaram. Primeiro temos que olhar para a tabela da Premier League. O time da capital inglesa é o líder do campeonato e esse desempenho passa pelos pés dos dois.

Jesus já é um conhecido do público brasileiro, não é um grande goleador é verdade. Porém, o trabalho tático que ele exerce, muitas vezes invisível, é extremamente eficiente. Martinelli segue na mesma toada, um jogador de amplitude, excelente passador, inteligente atacando os espaços e pode contribuir com minutos vindos do banco se necessário.

Antony, Fred e Casemiro durante treino do Manchester United Ash Donelon/Manchester United

Os Motores



Casemiro e Fred são fundamentais para essa seleção. O Brasil joga praticamente em um 4-3-3, que pode mudar para um 4-2-4, eventualmente. Quando olhamos para um setor com apenas dois jogadores se espera um setor do campo vazio e fragilizado. Não é o caso dessa seleção. A dupla de volantes do Manchester United são onipresentes dentro de campo, extremamentes letais em confrontos 1 contra 1 defensivos, são eficientes também em coberturas por zona.

Casemiro ainda apresenta uma qualidade na construção ofensiva. A qualidade de passe e lançamento do nosso camisa 5, só evidenciam por que ele é um dos grandes volantes do futebol na atualidade.

Neymar/Lance/Galerias


Neymar e o Futebol Brasileiro
 

As recentes frustrações em Copas machucaram muito o brasileiro. A farsa do quadrado mágico, a eliminação para a Holanda, o 7 a 1 e a partida contra a Bélgica foram momentos muito dolorosos para a camisa canarinho.

Foi colocado um asterisco na nossa história. O medo de enfrentar a camisa verde e amarela se foi. Tivemos que ouvir do capitão de Camarões que não nos temem mais.

Por mais que seja clichê, o futebol é o nosso DNA e mais frustração em Copas pode distanciar o torcedor desse símbolo nacional tão representativo. É na Copa do Mundo que deixamos nossas diferenças e nos unimos por uma coisa só.

Nossos jogadores não chegaram no Catar para jogar somente pelo Hexa, mas também por uma filosofia de pensar futebol. O Brasil possui um jeito de jogar futebol diferente de todos os outros países. Uma maneira de jogar alegre, inventiva, libertária. E essa maneira de jogar é visível quando olhamos para jogadores como os nossos, mas é mais latente quando falamos de Neymar.

Ney chega para Copa com diversas perguntas a responder: Será que ele consegue ser um líder vitorioso ? Será que ele vai deixar as polêmicas de lado e jogar Futebol ?

Fato é que Neymar é um dos jogadores mais habilidosos que o Futebol já teve. Só que para ele, há uma pressão maior em trazer essa conquista para casa, e Neymar sabe disso. Parece até que toda a carreira se resume a esse mês no Catar. A narrativa que foi construída em torno do seu nome chegará ao seu capítulo mais importante agora. E nunca, em toda sua carreira, a seleção esteve tão preparada quanto agora para gritar: É Hexa!



Goleiros

  • Alisson - Liverpool

  • Ederson - Manchester City

  • Weverton - Palmeiras

Laterais

  • Danilo - Juventus

  • Alex Sandro - Juventus

  • Daniel Alves - Pumas

  • Alex Telles - Sevilla

Zagueiros

  • Militão - Real Madrid

  • Marquinhos - PSG

  • Thiago Silva - Chelsea

  • Bremer - Juventus

Meio-campistas

  • Bruno Guimarães - Newcastle

  • Casemiro - Manchester United

  • Fabinho - Liverpool

  • Fred - Manchester United

  • Paquetá - West Ham

  • Everton Ribeiro - Flamengo

Atacantes

  • Neymar - PSG

  • Vinicius Júnior - Real Madrid

  • Antony - Manchester United

  • Rodrygo - Real Madrid

  • Raphinha - Barcelona

  • Richarlison - Tottenham

  • Pedro - Flamengo

  • Gabriel Jesus - Arsenal

  • Gabriel Martinelli - Arsenal

 




 

Com polêmica na convocação, seleção de Camarões chega ao Catar com possibilidade de aprontar no grupo G.
por
Matheus Monteiro da Luz
José Pedro dos Santos
|
15/11/2022 - 12h

A República dos Camarões é uma nação africana que se localiza na região central do continente fazendo fronteira com Nigéria, Chade, República Centro Africana, Guiné, Gabão e Congo, com parte do litoral banhada pelo Oceano Atlântico.

Com uma população de 27,2 milhões de habitantes, o país tem o Inglês e Francês como línguas oficiais. Apesar disso, boa parte do seu povo ainda tem contato com a cultura local, sendo preservadas mais de 250 línguas nativas e um pouco mais de 25% da população adaptada a crenças tribais.

Camarões tem Yaoundé como capital, mas Douala é a cidade mais populosa e importante economicamente. O país ainda conta com uma agricultura rica e diversificada, sendo um grande produtor de cacau, banana-da-terra e inhame. 

 

Roger Milla marcando em jogo contra a Colômbia, em 1990 Foto: Getty Images

Histórico em Copas do Mundo


Camarões está em sua oitava participação em Copas tendo alcançado sua melhor campanha na Copa de 1990 na Itália, onde chegou às quartas de final.

Em 90, Camarões surpreendeu com vitórias contra a Argentina, que defendia seu título, e sobre a Romênia, se classificando em primeiro do grupo apesar de uma derrota para a União Soviética na última rodada.

No mata-mata, superou a seleção da Colômbia na prorrogação por 2 a 1 com gols de Roger Milla, ídolo nacional do país - atuação essa que ficou eternizada na história das Copas pelas danças de Milla ao comemorar os dois gols.

O sonho camaronês acabou na partida seguinte onde fizeram um jogo duríssimo contra a seleção inglesa e só acabaram eliminados com um gol de pênalti na prorrogação, encerrando assim a excelente campanha de uma forte geração camaronesa de jogadores que encantou nos gramados italianos com um futebol ofensivo, alegre e imponente, rendendo o apelido de "leões indomáveis".

 

Eliminatórias


Camarões não teve uma classificação para a Copa das mais tranquilas. Por mais que a campanha de 5 vitórias e 1 derrota na fase de grupos transmita uma sensação de segurança. Camarões só ficou 2 pontos na frente da Costa do Marfim, responsável pela derrota camaronesa nessa fase.

Com a classificação assegurada, bastava Camarões superar a Argélia num confronto ida-e-volta. Derrotada por 1 a 0 em território camaronês, a seleção garantiu sua vaga na Argélia após vencer por 2 a 1, com gol nos acréscimos do segundo tempo da prorrogação, numa partida dramática.
 


Deixa o Ataque Brilhar


A seleção camaronesa não possui grandes nomes individuais, por isso deposita grande parte do seu futebol em organização tática e dominância física. Mas é fato que seus melhores jogadores estão no setor ofensivo.

Toko Ekambi é um ponta esquerda de 30 que joga no Lyon, jogador veloz, driblador, é o "ás" de talento da seleção. Ekambi chega com moral pelo bom ano no Lyon jogando ao lado de Lucas Paquetá - antes do brasileiro se transferir para o West Ham. É ele o cara do time ao lado de Vincent Aboubakar, tendo dividido a artilharia da seleção.

Por falar em Aboubakar, o jogador é a principal referência da seleção, um 9 clássico (apesar de usar a 10). Grande, forte, excelente pivô e goleador. O atacante de 30 anos tem 89 jogos pela seleção e 33 gols acumulando também a função de capitão.

Esse ataque ganhou um reforço no meio do ano para as partidas decisivas contra a Argélia. A adição de Eric Maxim Choupo-Moting, talvez o nome mais conhecido da seleção camaronesa, não teve um bom ciclo de Copa tendo uma queda de rendimento no futebol europeu. 

Choupo que despontou para o futebol no Hamburgo teve bons anos no futebol Alemão passando por Nuremberg, Mainz e Schalke 04 chegando a atuar na Premier League por Stoke City. Após a Copa de 2018 o atacante teve a grande oportunidade da vida ao fazer parte do projeto milionário do PSG mas teve pouco espaço e acabou se transferindo para o Bayern onde teve mais oportunidades, recuperando seu espaço de titular na seleção nacional.
 

Da terra da Bota para o Catar
 

É da liga Italiana que temos outros dois nomes para ficar de olho: o goleiro Onana, da Internazionale, e o meio campista Anguissa, da Napoli.

Onana era o goleiro daquele Ajax que chegou à semifinal da Champions de 2018/19 e após aquele ano memorável a carreira do goleiro sofreu um revés. Em outubro de 2020, Onana foi pego num exame antidoping e foi punido pela UEFA com 9 meses longe dos gramados. Quando voltou da suspensão, foi pouco aproveitado no Ajax e após fim de seu contrato foi jogar pela Inter nesta temporada.

Apesar disso, o goleiro foi muito importante com atuações seguras nas partidas decisivas das eliminatórias e é um dos principais responsáveis pela classificação da seleção para a Copa.

Frank Anguissa, por sua vez, se encontra num ótimo momento em sua carreira. O volante é um pilar no meio campo do Napoli, líder do Campeonato Italiano. O time com certeza vem surpreendendo a Europa com boas atuações não só no âmbito nacional mas também as partidas da Champions e uma parte desse sucesso passa pelo pés de Anguissa.

Na seleção ele terá um papel diferente do vivido no clube, antes atuando com um primeiro volante de contenção, na seleção camaronesa Anguissa terá um papel de maior construção das jogadas se assemelhando com um 10 clássico com a bola.

Porém Camarões deverá atuar com linhas mais compactadas onde as virtudes defensivas de Anguissa devem ser postas a prova bem como sua capacidade de organização, e coordenação do setor.

Rigobert Song em entrevista coletiva Foto: Journal du cameroun

O que pensa Rigobert Song?

 

Rigobert Song tem apenas 6 jogos no comando da seleção camaronesa, entre os amistosos e as partidas decisivas das eliminatórias. Não teve tanto tempo para preparar a seleção do jeito que gostaria, mas é possível ver a sua mão no jeito de jogar de Camarões.

Sua principal mudança foi o uso de 2 centroavantes de referências (Aboubakar e Choupo-Moting). Mudança essa que foi muito eficiente contra as seleções africanas que jogam com sistemas defensivos mais compactos e reativos, mas que pode expor Camarões contras as seleções do Grupo G.

A Seleção de Song joga num 4-4-2 sem bola com duas linhas de 4 homens bem definidas. No momento com a bola ela se transforma num 4-3-3 com Toko Ekambi se apresentando para se transformar nesse terceiro atacante.

"Não temos medo do Brasil”

Essas foram palavras ditas por Aboubakar em entrevista coletiva após o sorteio da Copa, para não tirar a frase de contexto o capitão da seleção africana ainda completou. "Porque esse time não é como os que conhecemos no passado. É claro que existem bons jogadores. Mas, para ir longe em uma competição como essa, você precisa de um grupo muito unido. Sem esse coletivo, de pouco adianta alinhar grandes nomes".

Essas declarações, obviamente, não foram bem vistas no ambiente nacional, diversas postagens foram feitas ironizando as falas do jogador, a respeito da relevância dele para o futebol.

Outra polêmica que essa delegação enfrentou foi no momento de sua convocação. O técnico Song por diversos momentos, confundiu os nomes de seus convocados, errava pronúncias, o que só evidenciou uma falta de conhecimento e intimidade do treinador com seus jogadores.

Inclusive foi especulado que a definição das lista de convocados não foi feita por ele e sim por Samuel Eto'o, maior jogador da história de Camarões, que atualmente preside a Federação de Futebol do país.

 

Lista de convocados

 

Goleiros:
André Onana (Inter de Milão),
Devis Epassy (Abha)
Simon Ngapandouetnbu (Olympique de Marselha)

Defensores:

Nicolas Nkoulou (Aris)
Enzo Ebosse (Udinese),
Nouhou Tolo (Seattle Sounders)
Olivier Mbaizo (Philadelphia Union),
Collins Fai (Al-Tai)
Jean-Charles Castelletto (Nantes)
Christopher Wooh (Rennes)
Jérôme Onguene (Eintracht Frankfurt)

Meio Campistas:

Gael Ondoa (Hannover)
Samuel Oum Gouet (Mechelen)
Pierre Kunde (Olympiacos)
Martin Hongla (Verona)
Frank Anguissa (Napoli)
Olivier Ntcham (Swansea)

Atacantes

Georges-Kevin N'koudou (Besiktas)
Vincent Aboubakar (Al-Nassr)
Bryan Mbeumo (Brentford)
Jean Pierre Nsame (Young Boys)
Karl Toko Ekambi (Lyon)
Nicolas Ngamaleu (Dynamo Moscow)
Eric Maxim Choupo-Moting (Bayern de Munique)
Cristian Bassogog (Shanghai Shenhua)
Souaibou Marou (Coton Sport)

 

Corre por Fora

Camarões vem apontada por todos com a seleção mais fraca do grupo que ainda conta com Brasil, Sérvia e Suíça. Tirando o Brasil que aponta com amplo favorito, o hiato entre as outras 3 seleções não é tão grande e Camarões pode beliscar uma segunda vaga.

A missão é difícil, seu treinador não tem tanta rodagem com a seleção, mas ele tem um plano de jogo, tem nomes que podem sustentar a seleção em momentos difíceis. Definitivamente não é uma seleção que podemos ignorar.

Super Sérvia pode dificultar a competição para outras seleções do grupo G
por
José Pedro dos Santos
Matheus Monteiro
|
15/11/2022 - 12h

País localizado na Europa Oriental, a Sérvia, antiga Iugoslávia, vem para essa Copa como terceira seleção mais forte, mas ainda pode dar problema para o grupo do Brasil.

A Sérvia se tornou independente de Montenegro em 2006, logo após a Copa do Mundo, e sua capital Belgrado tem mais de 7 mil anos de história, sendo uma das cidades mais antigas do mundo. Por fim, a bebida típica sérvia é a Rakija, que é um destilado a base de ameixa e outras frutas, feito de maneira artesanal.

 

Prédio do governo sérvio em Belgrado
Prédio do governo sérvio na capital do país, Belgrado (Foto: Flickr/ only_point_five)

Pêndulo sérvio

          Apesar de já ter participado de 13 copas, a melhor participação da Sérvia na copa foi em 1962, terminando em 4° lugar.

Eliminatórias da Copa do Mundo

          A Sérvia se classificou em primeiro lugar do Grupo A, que contava com Portugal, Irlanda, Luxemburgo e Azerbaijão, com seis vitorias e dois empates a Sérvia entrou direto na Copa do Mundo, após vitória de virada fora de casa contra Portugal (2 a 1), terminando invicta.

Composição técnica

          Liderada pelo ex-jogador Dragan Stojkovíc, a seleção dos sérvios é acostumada a jogar na formação 3-4-1-2, trazendo muita mobilidade no ataque, com jogadores como Savic, Vlahovic e Mitrovic.

Mitrovic fazendo um 5
Mitrovic em partida pelo Fulham FC / Getty Images

 Ataque perigoso

          A Sérvia conta com uma linha ofensiva muito boa, com o jovem talento da Vecchia Signora Dušan Vlahović, Aleksander Mitrovic do Fulham FC e Dusan Tadic, capitão e jogador do Ajax.

          Além disso, o meio de campo conta com Sergej Milinković-Savićk, jogador da Lazio que é um mestre do meio de campo ofensivo.

Dusan Vlahovic subindo muito sua calça
Dusan Vlahovic em partida pela Juventus / Reuters

Lista de convocados

GOLEIROS: 

Marko Dmitrovic (Sevilla)

Predrag Rajkovic (Mallorca)

Vanja Milinkovic-Savic (Torino)

DEFENSORES: 

Stefan Mitrovic (Getafe)

Nikola Milenkovic (Fiorentina)

Strahinja Pavlovic (RB Salzburg)

Milos Veljkovic (Werder Bremen)

Filip Mladenovic (Legia Varsóvia)

 Strahinja Erakovic (Estrela Vermelha)

Srdan Babic (Almería)

MEIO-CAMPISTAS:

Nemanja Gudelj (Sevilla)

Segej Milinkovic-Savic (Lazio)

Sasa Lukic (Torino)

Marko Grujic (Porto)

Filip Kostic (Juventus)

Uros Racic (Braga)

Nemanja Maksimovic (Napoli)

Ivan Ilic (Hellas Verona)

Andrija Zivkovic (PAOK)

Darko Lazovic (Hellas Verona)

ATACANTES: 

Dusan Tadic (Ajax)

Aleksandar Mitrovic (Fulham)

Dusan Vlahovic (Juventus)

Filip Duricic (Sampdoria)

Luka Jovic (Fiorentina)

Nemanja Radonjic (Torino)

 

Seleção é a segunda mais forte do grupo G pelo ranking FIFA e tem muita bola para entregar nessa copa
por
José Pedro dos Santos
Matheus Monteiro
|
15/11/2022 - 12h

País europeu conhecido pelo seu chocolate, relógios e Alpes, a Suíça tem muitos pontos interessantes em sua cultura, entre eles,  quatro idiomas oficiais: alemão, francês, italiano e romanche. É o único país a ter abrigos anti-bomba para todos os seus moradores, devido a um programa do governo na década de 1960 que obrigava os cidadãos a terem abrigos em suas casas. Por fim, na Suíça é proibido ter apenas um porquinho da índia como bicho de estimação, por conta de eles serem animais extremamente sociais e terem tendência a ter problemas com a solidão. 

Sua Capital Berna é conhecida como a cidade dos ursos e possui muitos chafarizes, mais de 100 espalhados pela cidade e onze deles são patrimônio da humanidade pela UNESCO.

capital Suíça, Berna
Berna, Capital da Suíça / reprodução: Marcia Picorallo

Histórico em Copas

          A Suíça já participou de 12 copas do mundo, tendo suas melhores participações em de 1934, 1938 e 1954, caindo nas quartas de finais.

Eliminatórias

          A seleção suíça caiu no grupo C das eliminatórias europeias, junto com a Itália, seleção campeã da última Eurocopa, Irlanda do Norte, Bulgária e Lituânia.

          A Suíça conseguiu a vaga direta para a Copa com uma ótima campanha, das 8 partidas jogadas, conseguiram 5 vitórias e 3 empates, dois contra a favorita Itália, a 9° rodada do grupo terminou com a Itália na primeira colocação empatada em pontos, mas com 13 gols, enquanto a Suíça tinha 11.  Na 10° e última rodada a suíça conseguiu emplacar 4 a 0 em casa, em jogo contra a Bulgária, que a colocou em primeiro da tabela com 3 pontos e 2 gols de vantagem, pôr fim a Itália empatou com a Irlanda do Norte o que selou a vaga direta do grupo C para a Suíça.

Prancheta do Yakin

O técnico da seleção suíça Murat Yakin, ex-jogador de origem turca, tem o costume de jogar na formação de 4-2-3-1, o que permite os ótimos meias da seleção construir jogadas e avançarem dentro da área.

Craques do time  

        A Suíça tem poucos novos nomes dentro do seu time, o maior deles é o meia-atacante Noah Okafor, craque do Red Bull Salzburg. Além dele, o elenco conta com a dupla Granit Xhaka do Arsenal e Xherdan Shaqiri do Chicago Fire. Outro destaque do time é o zagueiro Gregor Akanji, do Borussia Dortmund.

Noah Okafor
Noah Okafor em jogo da seleção /  reprodução: instagram: freshfocus_swiss​​​​

Lista de convocados

Goleiros: 

Kobel (Borussia Dortmund)

Köhn (RB Salzburg)

Omlin (Montpellier)

Sommer (Borussia Mönchengladbach)

Defensores: 

Akanji (Manchester City)

Comert (Valencia)

Elvedi (Borussia Mönchengladbach)

Fernandes (Mainz)

 Ricardo Rodríguez (Torino)

Schär (Newcastle)

Widmer (Mainz)

Meio-campistas:

Michel Aebischer (Bologna)

Edimilson Fernandes (Mainz 05)

Fabian Frei (Basel)

Remo Freuler (Nottingham Forest)

Ardon Jashari (Luzern)

Noah Okafor (Red Bull Salzburg)

Fabian Rieder (Young Boys)

Xherdan Shaqiri (Chicago Fire)

Djibril Sow (Eintracht Frankfurt)

Renato Steffen (Lugano)

Granit Xhaka (Arsenal)

Denis Zakaria (Chelsea)

Atacantes:

Breel Embolo (Monaco)

Christian Fassnacht (Young Boys)

Haris Seferovic (Galatasaray)

Reuben Vargas (Augsburg)

 

 

 

 

Os Leões do Atlas voltam ao torneio da FIFA para tentar superar um feito de 36 anos
por
Arthur Campos
João Victor Fogagnolo
|
10/11/2022 - 12h

Pertencente a região do Magreb, o Marrocos está localizado no norte da África, fazendo fronteiras com a Argélia a leste, o Oceano Atlântico a oeste, o Mar Mediterrâneo a norte e o Saara Ocidental ao sul. Com uma população de 31,9 milhões de habitantes, sua maior cidade é Casablanca, mas tem Rabat como capital. Sendo árabe a língua oficial, a maioria dos marroquinos seguem a religião islâmica, ou seja, são predominantemente muçulmanos. Fora isso, possuem parte do maior e mais quente deserto do mundo, o deserto do Saara. 

O país já foi cenário de vários filmes e séries como Star Wars, Game of Trones, franquia 007, Gladiador, A Múmia, além da inesquecível novela de Glória Perez, O Clone. Outro fato interessante, é que a universidade de al-Qarawiyyin é uma das mais antigas do planeta, fundada em 859 d.C. 

 

Marrocos
Foto: iStock

 

Histórico em Copa do Mundo 

Em sua sexta participação, Marrocos almeja classificação para as oitavas de final, algo que aconteceu apenas uma vez, na inédita campanha de 1986. Nessa Copa, os Leões do Atlas estavam no grupo de Inglaterra, Portugal e Polônia. Fizeram história ao ser os primeiros africanos a terminarem na primeira colocação e a passar para as oitavas de final, sendo eliminada pela Alemanha. Aquela seleção tinha como craque o jogador Mohamed Timoumi (eleito no ano anterior o melhor atleta africano) e o treinador brasileiro José Faria no comando da equipe.

Estrearam na competição em 1970 e ficaram pelo caminho na primeira fase da competição, assim como nos anos de 1994, 1998 e 2018. 

 

Marrocos
Foto: Getty Images

 

Classificatórias 

Para chegar no Catar, a seleção marroquina encarou as eliminatórias africanas e carimbou de vez seu passaporte. Com 10 grupos de quatro times, avançaram sem sustos, conseguindo 100% de aproveitamento (6 vitórias em 6 jogos) na primeira etapa da competição. Em confrontos ida-e-volta contra a República Dominicana do Congo, o Marrocos conquistou um empate fora de casa na primeira partida, por 1 a 1, e consagrou-se no segundo jogo com uma vitória acachapante por 4 a 1, no estádio Mohammed V, garantindo de vez sua vaga para a Copa do Mundo. 

Ainda nesta trajetória, disputaram a Copa das Nações Africanas (eliminada nas quartas de final pelo Egito), Copa das Nações Árabes (eliminada também nas quartas, dessa vez pela Argélia nos pênaltis) e o Campeonato das Nações Africanas (torneio que somente atletas que atuam no país podem jogar), sendo campeões em 2021. 

 

Marrocos
Foto: Josep LAGO / AFP

 

As estrelas vêm da direita 

Dois destaques dessa geração marroquina são defensores que atuam pelo mesmo setor do campo. 

Certamente, quando se pensa na seleção de Marrocos, o primeiro nome que vem na cabeça é o do jogador Achraf Hakimi. O atleta de 24 anos é um dos melhores laterais direitos do mundo e, apesar de prioritariamente ter a defesa como principal função, ele se sobressai de forma ofensiva. Evidencia-se notoriamente pelos fortes apoios à direita do campo, ajudando a equipe na construção de jogadas e sendo participativo no terço final do campo, chegando muito à linha de fundo. 

Com 1,81 m de altura, Hakimi brilhou com as camisas de Borussia Dortmund e da Internazionale de Milão, antes de partir para França. Pelo clube alemão, mostrou versatilidade, jogando tanto como lateral e ala/meia pela direita, quanto como lateral do lado oposto. Foram 73 partidas, 12 gols e 17 assistências. 

Na Itália, firmou-se como extremo, marcando 7 gols e dando 11 assistências em 45 jogos. Atualmente no Paris Saint Germain, pela alta concorrência no ataque, voltou as suas origens como defensor, sendo o titular absoluto da posição. Ainda assim, não perdeu suas características e continua contribuindo mais a frente pelo campo, com 6 gols e 9 assistências em 61 partidas. 

 

Marrocos
Foto: Getty Images

 

Noussair Mazraoui, diferentemente de Achraf, de princípio joga como lateral. Com os mesmos 24 anos e 1,83 m, ele surge nas categorias de base do Ajax, subindo em seguida a equipe profissional, na qual ao todo soma 137 jogos. Contratado no início da temporada 22/23 pelo Bayern de Munique, o atleta é o titular selecionado pelo alemão Julian Nagelsmann e deve se manter assim até o começo da competição mais visada do planeta. 

 

Marrocos
Foto: Getty Images

 

Com foco em aproveitar os dois jogadores, o técnico Walid Regragui utilizou na última partida pré-Copa do Mundo uma escalação com Hakimi ocupando o lado esquerdo, enquanto Mazraoui é o lateral direito de base.  

 

De Sevilla para o mundo 

É da cidade espanhola que aparecem as funções vitais para manter o sonho vivo dos Leões do Atlas: a muralha e o artilheiro. 

De área a área, começamos pelo paredão Yassine Bounou. Apelidado de Bono, o goleiro 1,92 m de altura é o responsável por fechar a baliza marroquina. Aos 31 anos, ganhou o prêmio Zamora de melhor goleiro da La Liga (campeonato espanhol) na temporada 21/22, sendo o arqueiro menos vazado da competição (média de aproximadamente 0,8 gols sofridos por jogo), passando 13 das 31 partidas sem deixar o adversário balançar as redes, com uma estatística de 2,5 defesas. No mesmo ano, ficou em nono lugar no ranking Lev Yashin dos melhores guarda-redes dá época. 

 

Marrocos
Foto: Getty Images

 

Na área mais adiante, a chamada zona de finalização, o goleador Youssef En-Nesyri terá a missão de furar a meta adversária. Em sua melhor temporada pelo clube espanhol (2020/2021) foram 52 jogos e 24 gols. Pela seleção, virou titular após o Mundial de 2018, mas no total soma 14 gols em 49 partidas. Desde a sua grande época, o centroavante de 1,92 m não vive um bom momento. De lá para cá, entrou em campo 42 vezes e foi às redes somente em sete oportunidades, frustrando a todos e colocando sua vaga nos onze iniciais em cheque. 

A dúvida em questão é se a partir do dia 23 de novembro o jogador será capaz de reverter esse quadro.

 

Marrocos
Foto: Getty Images

O retorno 

Após um hiato na seleção, devido a atritos com o ex-treinador, o atual jogador do Chelsea, Hakim Ziyech volta a ser convocado para defender as cores vermelha e verde. Afastado juntamente com o já citado Mazraoui, o qual também teve problemas com o ex-comandante, figuraram a lista de selecionados para os amistosos contra o Chile (vitória por 2 a 0) e Paraguai (empate sem gols). 

Falando de bola, o atleta de 29 anos ficou marcado pela memorável equipe do Ajax da temporada 2018/2019, que fez frente a vários gigantes do continente Europeu, eliminando Real Madrid e Juventus na Liga dos Campeões, caindo apenas para o Tottenham nas semifinais. Naquela ocasião, foram 49 partidas, 21 gols e 24 assistências. Em sua passagem pelo clube Holandês, disputou 165 jogos, com 49 gols e 81 assistências. Na equipe londrina, o meia de 1,81 m, que atua também como ponta direita, anotou 14 gols e 10 assistências em 90 partidas. Vive uma fase irregular nos Blues, cogitando-se até uma mudança de ares no futuro. Para os marroquinos, Ziyech ainda é a principal referência técnica do time, resta saber se o próprio mostrará todo o seu potencial no Catar, ou se é apenas um jogador de fase. 

 

Marrocos
Foto: Getty Images

 

Prancheta do Regragui 

Com uma mudança repentina há três meses da Copa do Mundo, o técnico Walid Regragui assume o cargo deixado pelo demitido Vahid Halihodzic. Com apenas dois jogos na beira do campo, não foi possível ver muito do seu trabalho, porém nesse breve período implementou um sistema de 4-2-3-1. Algumas peças remanescentes do elenco de 2018 continuam no time titular, casos de Hakimi, Ziyech e Saiss. Outras, também presentes naquele plantel, começaram a ganhar espaço nesse ciclo, exemplos de Sofyan Amrabat , En-Nesyri e Bono.

 

Marrocos
Foto: Getty Images

 

Convocação

 

Goleiros:

Yassine Bono (Séville), Munir (Al-Wehda) e Tagnaouti (Wydad).

Defensores:

Achraf Hakimi (Paris Saint-Germain), Noussair Mazraoui (Bayern de Munique), Romain Saiss (Besiktas), Nayef Aguerd (West Ham), Achraf Dari (Brest), Jawad El-Yamiq (Valladolid), Yamia Attiat-Allal (Wydad) e Badr Benoun (Qatar SC).

Meio-Campistas:

Sofyan Amrabat (Fiorentina), Selim Amallah (Standart de Liége), Abdelhamid Sabiri (Sampdoria), Azzedine Ounahi (Angers), Bilel El Khanouss (Genk) e Yahya Jabrane (Wydad).

Atacantes:

Hakim Ziyech (Chelsea), En-Nesyri (Séville), Sofiane Boufal (Angers), Aboukhlal (Toulouse), Ez Abdé (Osasuna), Anass Zaroury (Burnley), Ilias Chair (Quees Park Rangers), Abderazak Hamdallah (Al-Ittihad) e Walid Cheddira (SSC Bari).

 

Marrocos

 

Incógnita 

Às vésperas da Copa do Mundo, é difícil traçar um prognóstico do que pode ser a seleção do Marrocos. Para o técnico Walid Regragui, o objetivo é claro dar o melhor, visando a felicidade do torcedor. 

A equipe conta com boas qualidades individuais, mas esbarra no aspecto coletivo, que cabe ao treinador Regragui aparar essas arestas. Em tão pouco tempo, é possível o comandante equilibrar esses fatores? Essa resposta só teremos quando os Leões do Atlas estrearem nos gramados do Catar contra a vice-campeã da edição passada, a Croácia. O que o treinador garantiu, é um time que irá lutar até o final.