Do pastelzinho com caldo de cana à hora da xepa, as feiras livres fazem parte do cotidiano paulista de domingo a domingo.
por
Manuela Dias
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29/11/2025 - 12h

Por décadas, São Paulo acorda cedo ao som de barracas sendo montadas, caminhões descarregando frutas e vendedores afinando o gogó para anunciar promoções. De norte a sul, as feiras livres desenham um dos cenários mais afetivos da vida paulistana. Não é apenas o lugar onde se compra comida fresca: é onde se conversa, se briga pelo preço, se prova um pedacinho de melancia e se encontra o vizinho que você só vê ali, entre uma dúzia de banana e um pé de alface.

Juca Alves, de 40 anos, conta que vende frutas há 28 anos na zona norte de São Paulo e brinca que o relógio dele funciona diferente. “Minha rotina é a mesma todos os dias. Meu dia começa quando a cidade ainda está dormindo. Se eu bobear, o morango acorda antes de mim”.

Nas bancas de comida, o pastel é rei. “Se não tiver barulho de óleo estalando e alguém gritando não tem graça”, afirma dona Sônia, pasteleira há 19 anos junto com o marido e filhos. “Minha família cresceu ao redor de panelas de óleo e montes de pastéis. E eu fico muito realizada com isso.  

Quando o relógio se aproxima do meio dia, começa o momento mais esperado por parte do público: a famosa xepa. É quando o preço cai e a disputa aumenta. Em uma cidade acelerada como São Paulo, a feira livre funciona como uma pausa afetiva, um lembrete de que existe vida fora do concreto. E enquanto houver paulistanos dispostos a acordar cedo por um pastel quentinho e uma conversa boa, as feiras continuarão firmes, coloridas, barulhentas e deliciosamente caóticas.

Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia.
Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas.
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas. Foto: Manuela Dias/AGEMT
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo.
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores.
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores. Foto: Manuela Dias/AGEMT

 

A percepção de frequentadores, os impactos da febre amarela e as denúncias de captura clandestina em um dos parques mais antigos de São Paulo
por
Manuela Dias
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29/11/2025 - 12h

Antes conhecido pela presença constante de saguis, macacos prego, capivaras e aves diversas, o Parque Estadual Alberto Löfgren, na Zona Norte de São Paulo, vive um período de silêncio. Frequentadores afirmam que o número de animais diminuiu de forma drástica nos últimos anos, especialmente depois do surto de febre amarela que atingiu o estado entre 2016 e 2018. A mudança é perceptível para quem acompanha a rotina do parque há décadas.

A aposentada Maria Eliane, 78 anos, visita o Horto desde que chegou a São Paulo. “Eu vinha aqui com meus filhos pequenos e era cheio de vida. A gente mal conseguia contar quantos saguis apareciam. Era um atrás do outro. Hoje eu caminho por tudo isso e quase não vejo mais nenhum”, afirma.

Segundo Maria Eliane, a ausência de animais transformou a experiência de visitar o parque. “O Horto sempre foi um lugar vivo. Tinha barulho, tinha movimento dos bichos. Agora parece outro lugar. Não é que acabou, mas está tudo muito reduzido. Dá uma tristeza ver como mudou.”

Os lagartos se alimentam de insetos e pequenos invertebrados, essenciais para o equilíbrio ecológico até nos centros urbanos.
Os lagartos se alimentam de insetos e pequenos invertebrados, essenciais para o equilíbrio ecológico até nos centros urbanos. Foto: Manuela Dias/AGEMT

Capturas clandestinas e violência contra macacos

A diminuição dos animais não é percebida apenas por visitantes antigos. Moradores do entorno também afirmam ter presenciado situações que podem ter contribuído para a redução da fauna.

Um deles, que pediu para não ser identificado, disse que presenciou capturas clandestinas dentro do parque. Ele conta que pessoas entravam por áreas menos movimentadas e montavam armadilhas para capturar pequenos mamíferos. O morador afirma ainda que, durante o período mais crítico da febre amarela, presenciou cenas de violência contra macacos. “Eu vi gente matando macaco. Eles achavam que o macaco transmitia a doença. Era ignorância. Os macacos eram vítimas, como nós. Pegavam o vírus e morriam também. Mas muita gente não entendia e atacava os bichos. Eu vi isso acontecer.”

A Secretaria de Meio Ambiente e órgãos estaduais chegaram a registrar casos de agressão a primatas na época do surto. Especialistas reforçaram, repetidamente, que os macacos não transmitem a febre amarela. Eles funcionam como sentinelas, indicando a circulação do vírus e permitindo que autoridades reforcem a vacinação.

Os animais vistos pelas câmeras

Fotografias recentes mostram que, apesar da diminuição, ainda há vida silvestre no Horto. Aves, patos e tartarugas são os mais comuns de serem vistos.

O mergulhão observa o reflexo da luz e escolhe o ângulo certo para capturar peixes sem perder tempo.
O mergulhão observa o reflexo da luz e escolhe o ângulo certo para capturar peixes sem perder tempo. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Em várias cidades, teiús vivem próximos a parques e córregos e seguem discreta convivência com humanos.
Em várias cidades, teiús vivem próximos a parques e córregos e seguem discreta convivência com humanos. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Coloridas e serenas, as carpas não são só ornamentais. Elas ajudam a controlar algas e pequenos organismos, mantendo o equilíbrio dos lagos artificiais.
Coloridas e serenas, as carpas não são só ornamentais. Elas ajudam a controlar algas e pequenos organismos, mantendo o equilíbrio dos lagos artificiais. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Patinhos aprendem rápido. Nos primeiros dias de vida já conseguem nadar e seguir a mãe em longas caminhadas até encontrar água.
Patinhos aprendem rápido. Nos primeiros dias de vida já conseguem nadar e seguir a mãe em longas caminhadas até encontrar água. Foto: Manuela Dias/AGEMT

 

 

Com o avanço do sistema de pedágio eletrônico nas rodovias paulistas, motoristas vivem a combinação entre fluidez no trânsito e incertezas sobre tarifas, prazos e adaptação ao novo modelo.
por
Inaiá Misnerovicz
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25/11/2025 - 12h

Por Inaiá Misnerovicz

 

Dirigir pelas rodovias da Grande São Paulo já não é mais como antes. Com a chegada do sistema free-flow - o pedágio eletrônico sem cancelas -, muitos motoristas sentem que atravessam uma fronteira invisível: não há mais a cancela para frear o carro, mas também não há a certeza imediata de quanto vão pagar. Para Jerônimo, motorista de carro, morador da zona leste de São Paulo que faz quase todos os dias o trajeto até Guararema a trabalho, essa sensação de fluxo e incerteza convive em cada viagem.

Antes da implantação do free-flow, Jerônimo parava em praças de pedágio, esperava, conferia o valor, calculava se valia a pena seguir por um trecho ou desviar. Hoje, ao cruzar os pórticos da Via Dutra ou de outras rodovias, ele simplesmente segue adiante. Só depois, no no aplicativo, descobre quanto foi cobrado, isso quando ele lembra de conferir a fatura. Para quem tem TAG, o débito cai automaticamente, mas para quem não tem, o sistema registra a placa e envia a cobrança que deve ser paga em até 30 dias, sob pena de multa, como prevê a regulamentação da CCR RioSP.

Esse modelo evita paradas e acelera o tráfego, especialmente nas pistas expressas. Segundo a concessionária Motiva/RioSP, quem trafega pelas marginais da Via Dutra (sem acessar a via expressa) não é tarifado. Mas Jerônimo ressalta que essa economia de tempo nem sempre vem acompanhada de previsibilidade de custo: “só sabendo depois quanto foi cobrado, ainda dependo de consultar o site para ver se registrou todas as passagens”, ele diz. A tarifa depende do horário e do dia da semana, pode variar, e para quem usa TAG há desconto de 5%. 

Para tornar essa transição mais suave, a RioSP intensificou ações de orientação nas margens da rodovia e em pontos públicos de Guarulhos. Na capital, promotores usam realidade virtual para explicar como os pórticos funcionam, há vídeos e atendimentos nos postos de serviço. Mais de 500 pessoas já participaram de eventos para esclarecer dúvidas sobre o funcionamento, formas de pagamento e salto entre pistas expressas e marginais.

As novas tarifas também entraram em vigor recentemente: desde 1º de setembro de 2025, os valores para veículos leves nas praças da Via Dutra foram reajustados pela ANTT, e nos pórticos do free-flow os preços também foram atualizados. No caso das rodovias geridas pela Concessionária Novo Litoral - especificamente a SP-088 (Mogi-Dutra), SP-098 (Mogi-Bertioga) e SP-055 (Padre Manoel da Nóbrega) - os valores por pórtico variam de R$ 0,57 a R$ 6,95 para veículos de passeio, dependendo do trecho.

Essa lógica de cobrança por trecho, sem a presença física de praças, exige do motorista algo além de atenção na pista: exige educação para se entender onde entrou, onde passou e quanto isso custou. Para Jerônimo, isso é mais difícil do que simplesmente parar e pagar. Ele admite que, apesar da melhoria no fluxo, teme que algum pórtico não tenha sido registrado, ou que haja diferença entre o que ele acredita ter passado e o que vai aparecer na fatura.

Além disso, há risco real para quem não paga no prazo. A CCR RioSP adverte que a não quitação da tarifa em até 30 dias configura evasão de pedágio, o que pode gerar infração de trânsito, multa fixada e até pontos na carteira. Para muitos, essa penalidade ainda parece pesada diante da novidade e da complexidade do sistema.

Por outro lado, o free-flow traz ganhos concretos para a mobilidade: ao eliminar paradas bruscas nas praças, reduz o risco de acidentes por frenagem repentina e melhora o desempenho das rodovias. A tecnologia permite modernizar a gestão do tráfego, e os pórticos com sensores garantem identificação precisa por TAG ou leitura de placa. Ainda assim, a transformação não se resume à pista. Ela repercute no cotidiano de quem vive dessa estrada, como Jerônimo, e também na forma como a concessionária se relaciona com os motoristas. A campanha de orientação mostra que há consciência de que nem todos se adaptarão imediatamente. As ações de atendimento por WhatsApp, aplicativo, site, totens e até no posto de serviço reforçam a aposta na transparência. 

Há também a perspectiva de que esse modelo se torne cada vez mais comum. Segundo planejamento de concessões futuras, mais pórticos free-flow poderão ser instalados nas rodovias paulistas até 2030, o que tornaria esse tipo de cobrança mais frequente para usuários regulares da malha estadual. Mas para que ele seja efetivamente equitativo, será preciso manter a educação viária, oferecer canais de pagamento amplos e garantir que os motoristas não sejam penalizados por simples falhas de entendimento.

Para Jerônimo, a estrada continua sendo um espaço de tensão e de liberdade. Ele ganha tempo, mas precisa vigiar sua fatura. Ele cruza Guararema, volta para São Paulo, e vive uma experiência nova: a de rodar e pagar depois, sem parar, mas sempre com a incerteza de que quanto passou pode não ser exatamente quanto será cobrado. A cancela desapareceu, mas o pedágio segue presente, só que disfarçado em números, e não em uma barreira física. 

Detonação em casa usada para armazenar fogos causou danos estruturais e pânico no bairro
por
Antônio Bandeira
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24/11/2025 - 12h

Uma forte explosão seguida por incêndios foi registrada em uma residência que funcionava como depósito clandestino de fogos de artifício na noite do dia 13 de novembro. O incidente provocou uma série de danos na região e resultou na morte de uma pessoa, além de deixar pelo menos outras dez feridas. O caso aconteceu na Avenida Celso Garcia com a Avenida Salim Farah Maluf, no bairro do Tatuapé, Zona Leste de São Paulo.

O morador Adir Mariano, de 46 anos, faleceu no local. A vítima era baloeira, investigada por soltar balões com fogos em 2011, e suspeita de armazenar de forma ilegal artefatos explosivos e de fabricar balões no interior do imóvel.

A explosão ocorreu devido à manipulação do material inflamável utilizado para a fabricação dos fogos. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o local foi completamente destruído pela detonação.

A intensidade do impacto também afetou imóveis vizinhos. Segundo a Defesa Civil Estadual, 23 locais foram interditados devido a danos nas suas estruturas, 12 de forma total e 11 parcial. Além disso, o impacto quebrou vidros de diversos apartamentos em prédios próximos e danificou carros estacionados nas ruas.

Imagem da explosão visto de apartamento vizinho
Momento do incêndio após a explosão do depósito Foto: Reprodução/Instagram  @viniciussantanaofc

Os impactos ultrapassam os danos materiais. O impacto psicológico na comunidade também foi significativo. Moradores das imediações relataram medo e pânico com o barulho da explosão e a nuvem de fumaça que se espalhou pela área. Pâmela Moraes, moradora do Tatuapé, relatou, em entrevista para a AGEMT, o momento em que sentiu o impacto da explosão.

"Eu estava saindo da estação do metrô Tatuapé e a gente ouviu um barulho muito forte, tanto é que a gente achou que fosse alguma coisa lá dentro do próprio metrô. Quando eu cheguei em casa, meu marido falou que estava sentado no sofá e sentiu o ar e um calor muito forte entrando pela porta, e a janela balançou. Ficamos com muito medo".

O caso foi registrado no 30º Distrito Policial, no Tatuapé, como explosão, crime ambiental e lesão corporal. A investigação está a cargo da 5ª Central Especializada de Repressão a Crimes de Ocorrências Diversas (Cerco), que trabalha para identificar todos os responsáveis, incluindo possíveis fornecedores do material apreendido. As apurações seguem em andamento para esclarecer todos os detalhes do ocorrido.

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Após sete anos, evento volta ao calendário impulsionado pelo avanço dos carros eletrificados
por
Fábio Pinheiro
Vítor Nhoatto
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22/11/2025 - 12h

O Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, um dos eventos mais tradicionais do setor automotivo brasileiro, está de volta após um hiato de sete anos. A edição de 2025 acontece entre os dias 22 e 30 de novembro, em um contexto de profundas transformações na indústria e impulsionada pela expansão de veículos eletrificados, entrada de novas marcas no país e a necessidade das montadoras de reconectar consumidores às experiências presenciais.

De acordo com a RX Eventos, organizadora da mostra bienal, a volta acontece em razão da reestruturação e aquecimento do mercado. A última edição havia sido realizada em 2018 e contou com cerca de 740 mil visitantes, mas devido a pandemia de COVID-19 o Salão de 2020 foi cancelado. Nos anos seguintes, a volta do evento ficou só na especulação. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes Automotores (Anfavea), a pausa também pode ser atribuída à crise de matéria-prima, à retração econômica deste então e ao formato caro para as montadoras que estavam distantes do público.

Embora as duas últimas edições tenham sido no São Paulo Expo, esta acontece no Complexo do Anhembi, casa oficial do evento desde 1970. A mudança foi celebrada por expositores e pelo público, já que o Anhembi permite maior fluxo de visitantes, oferece áreas amplas para test-drive e atividades externas, recuperando a identidade histórica do salão. O retorno também faz parte da estratégia de reposicionar o evento como uma grande vitrine de experiências automotivas, com pistas, ativações e zonas imersivas distribuídas pelo pavilhão.

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Renault anuncia o seu novo carro “Niagara” - Foto: Fábio Pinheiro

Entre as montadoras que vão expor, estão nomes de peso que apostam na ocasião para apresentar novidades ao consumidor brasileiro. A BYD leva ao Salão uma linha reforçada de elétricos e híbridos, aproveitando o crescimento expressivo da marca no Brasil, além de lançar no evento a marca de luxo do grupo, Denza. A rival chinesa GWM também estará presente, com o facelift do SUV H6, o jipe Tank 700 e a minivam Wey 09.

Em relação às marcas tradicionais, a Stellantis vai em peso para o Anhembi. A Fiat, apesar de não ter apresentado nenhum modelo novo, trará o Abarth 600, um SUV elétrico esportivo. A Peugeot terá os 208 e 2008 eletrificados e, principalmente, o lançamento da nova geração do 3008 para o mercado nacional, equipado com o tradicional motor THP. 

Enquanto isso, a Toyota investe na divulgação de novidades híbridas flex, com a chegada do Yaris Cross para brigar com o recém-lançado HR-V, e os líderes Hyundai Creta e Chevrolet Tracker. Juntas, as marcas representam parte do movimento de transformação do mercado brasileiro, que tem apostado cada vez mais na eletrificação e em tecnologias avançadas para rivalizar com a expansão chinesa.

O Salão 2025 também será palco de novas marcas como a Leapmotor, parte do grupo Stellantis. O SUV C10 será o primeiro modelo a chegar às ruas, ainda neste ano, e conta com a versão elétrica (R$189.990) e com extensor de autonomia (R$199.990). O segundo modelo será e o C-SUV elétrico B10, por R$172.990, 60 mil a menos que o rival BYD Yuan Plus, e mais recheado de tecnologia, como teto panorâmico, nível 2 de condução semi autônoma, câmera de monitoramento do motorista e airbag central.

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Presidente da Stellantis para a América do Sul, Herlander Zola, anunciou os planos para o grupo - Foto: Stellantis / Divulgação

Já a britânica MG Motor, propriedade da chinesa SAIC, investirá em esportividade elétrica, além de custo-benefício. O modelo de maior volume de vendas deve ser o SUV S5, rival de Yaun Plus, e igualmente equipado ao B10. Em seguida, o MG 4 chega para rivalizar com Golf GTI e Corolla GR, com mais de 400 cavalos, tração integral, pacote de ADAS completo, e pela metade do preço dos rivais. Por fim, o Roadster será o chamariz de atenção no estande, com portas de lamborghini e em homenagem à tradição da marca. 

O grupo CAOA também fará a estreia da nova marca que trará ao Brasil a Changan, com a chegada prevista para 2026 com os modelos de super-luxo elétricos Avatr 11 e 12, além do SUV UNI-T, rival do Compass e Corolla Cross. 

O pavilhão do Anhembi contará com pistas de test-drive, áreas dedicadas a modelos clássicos como o McLaren de Senna, e até mesmo uma área do CARDE Museu. No Dream Lounge estarão presentes super carros como Ferrari e Lamborghini, além da Racing Game Zone para os amantes de videogame e simuladores de corrida. 

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Área externa do Anhembi terá pista de slalom, frenagem e test-drive de dezenas de modelos - Foto: Salão do Automóvel / Divulgação

Apesar da ausência de marcas como Chevrolet, Ford, Mercedes, Volvo e Volkswagen, 2520 montadoras estarão presentes, incluindo Chery, Hyundai, Mitsubishi e Renault. O Salão espera receber cerca de 700 mil visitantes e a edição 2027 já está confirmada. Os ingressos custam a partir de R$63 (meia-entrada) nos dias de semana.

A primeira edição do festival preenche o Allianz Parque e junta público diversificado com bandas de rock de diferentes gerações.
por
Luana Barros Galeno
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15/11/2022 - 12h
Banda Fresno abre GP Week
Banda Fresno abre GP Week

Neste sábado (12), ocorreu a primeira edição do festival de música GP WEEK, na cidade de São Paulo. Com shows de Fresno, The Band Camino, Hot Chip, Twenty One Pilots e The Killers.
Em referência ao ‘Grande Prêmio’ de Fórmula 1, o evento trouxe bandas que caminham entre sub estilos do rock e atraíram públicos de todas as idades. Com performance eletrizante de Twenty One Pilots e The Killers, a GP Week conquista espaço no grande calendário de festivais da cidade.

Fresno, a única banda brasileira a participar, abriu a sequências de shows às 14 horas e trouxe aos palcos o emo, juntando clássicos com novidades para conquistar a plateia que timidamente começava a preencher o Allianz Parque. Lucas Silveira, vocalista, finalizou a participação do grupo questionando o fato de ser apenas uma banda com canções em português, mas instigou os ouvintes a valorizarem o som nacional com uma versão de Eva, originalmente da Banda Eva, que foi cantada por todos ali presente. 

The Band Camino canta pela primeira vez em solo brasileiro.
The Band Camino canta pela primeira vez em solo brasileiro.

As homenagens ao Brasil não acabaram por aí, pois The Band Camino não poupou palavras para descrever a emoção de, pela primeira vez, tocarem no Brasil - e na América Latina. Pela formação recente, a presença de um público significativo em outro território pareceu surpreender os musicistas, pois não deixavam de agradecer recorrentemente a presença de todos. Aproveitando a oportunidade, convidaram ao palco Mateus Asato, guitarrista brasileiro, famoso internacionalmente por ter tocado com Bruno Mars e Jessie J. Vestidos com a camisa do Palmeiras, a banda encerrou sua participação com uma energia contagiosa. 

A banda The Hot Chip, criou um clima ainda mais animado para as bandas mais esperadas da noite, Twenty One Pilots e The Killers. O primeiro transformou o estádio às 19:00, o uníssono dos ouvintes era eletrizante e a entrega do duo incomparável. Com momentos surpreendentes, como a escalada da torre de apoio pelo Tyler Joseph e a bateria em cima da plateia por Josh Dun, a banda cria mais um show inesquecível em solo brasileiro. A interação com o público foi fundamental para que pudessem ser considerados os protagonistas da festa, sendo ovacionados ao finalizarem com “Heathens”.

O atestado da união de gerações ficou ainda mais claro com o show de The Killers, que encerraram a noite. O Allianz, que à tarde encontrava um público mais jovem, encarava durante o show espectadores maduros, mas com a vitalidade de Brandon Flowers, vocalista da banda. Com as letras na ponta da língua, os 50 mil presentes, entregaram todos os hits da banda de forma excepcional, demonstrando que a pergunta de Brandon “vocês esqueceram da gente?” era apenas ironia. Porém, um destes fãs foi convidado ao palco para tocar “For Reasons Unknown” e o fez perfeitamente em meio a aplausos e gritos. A GP Week conquista através das atrações e do público, o espaço necessário para se consagrar como mais um festival paulista no calendário nacional. 

Twenty One Pilots ganha protagonismo no festival
Twenty One Pilots ganha protagonismo no festival

 

Trilhos e melodias entrelaçados na capital da desigualdade
por
Gabriela Figueiredo Rios
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11/07/2022 - 12h

O sol da tarde entra pelos vidros do vagão moderno que corre para o centro de São Paulo, os rostos se viram, olham e voltam para as telas de brilho artificial, alguns continuam a observar. A cantoria que vem do lado tem história, tem poder, objetivo, e vem de dentro, do vagão e da alma. “a rotina do vagão é uma terapia realmente... e a música transformou a minha vida, não só por ela pagar as minhas contas hoje, mas por tudo que ela já fez, as coisas que já vivi foi através da música, através do vagão, e transformar o dia das pessoas é uma coisa que não tem preço”.

Em dupla, me contam suas histórias. Guitta tem 34 anos, carioca, vivia em Volta Redonda e veio para São Paulo em 2009. Após ter perdido a família, explica, em baixo tom e meio rouco, que morou na rua por muito tempo, “conheci muitas “coisas boas” né, as drogas, a cola o crack”. Acolhido por uma ONG, que lhe deu a oportunidade de aprender a tocar instrumentos, saiu das ruas para trabalhar com a música. É aquele que não põe valor em transformar o dia dos outros e se dispõe a ser transformado.

“São várias situações malucas que você pensa: só no vagão para acontecer isso, a pessoa se levantar e falar com você “posso te dar um abraço? Você cantou uma música que lembra do meu filho e eu não tenho mais meu filho hoje aqui” e se derramar em lágrimas, ou “perdi meu pai, precisava ouvir alguém”. São situações que a música coloca a gente, não tem preço, não tem valor, não tem moeda que pague um negócio desses”.

Do lado esquerdo, atrás do corrimão das escadas que encostei no meio da estação, ouço o Dagmar, de 26 anos, filho de pastor, aprendeu a tocar no ministério e vive no mundo da música desde os 13 anos. Enxerga o metrô como uma escola, aquela que melhora a qualidade do som e mostra a variabilidade do público, do povo. O objetivo de Dag é ser a voz da sociedade brasileira.

“A arte é uma forma de expressão, e tem muita gente que se cala diante de coisas que não são para ficar quieto, então a arte ajuda a gente a falar, a arte é a voz do povo. Botar a boca no trombone, você se expressar dentro de uma letra, de uma canção, é maravilhoso”. Quem não gosta, quem reclama e não ouve não foge ao seu foco, o músico está nesse mundo para mudar opiniões.

No vagão, a música é o instrumento. Dois homens e dois violões, carregam o sonho de gravar CDs e eternizarem suas vozes e mensagens, salvam vidas. A dupla canta MPB, samba, rap, forró e o que a Música Popular Brasileira permitir de encaixe. Ambos lembram aos que se sentam nos bancos azuis o legado de protesto, paz, amor e vida que a música brasileira carrega. Cantando todos os dias pelas estações da linha vermelha, os itinerantes já viram e viveram todo tipo de histórias e criticam fortemente a vida forçada dos seres da capital.

“Hoje os valores infelizmente estão sendo invertidos, o sistema obriga a gente a viver uma vida monótona, uma vida sem muitos prazeres ou até objetivos nossos, pessoais, só de pagar as contas e viver um dia de cada vez assim... o stress, a depressão é o que rola, é a doença do século, e a gente está para combater isso, através da arte, da música e da cultura”, explica o carioca.

Dag conta que já se deparou com várias pessoas no metrô que estavam prestes a se jogar na linha, “cê olha, canta, faz um som e tenta uma forma de comunicação, isso muda o dia das pessoas”. E esse é o cenário brasileiro e dos cantores que fazem para além de música. A pandemia rendeu 25% de aumento nos casos de depressão e ansiedade no mundo em seu primeiro ano, segundo a OMS, e atingiu o cotidiano de todos por aqui. A tensão é aliviada com a arte, tanto para o artista quanto para o público.

Vivendo no centro da desigualdade da cidade, os artistas criam uma consciência social que seria impossível sem a vivência das ruas e dos trajetos. O som é influenciado pelo cotidiano, pela vida na cidade, e cada detalhe é reparado. A mulher que anda no escuro sem segurança, os hospitais sem leitos, as mortes de frio na rua, são os sintomas reconhecidos da negligência do Estado e da crise do atual governo. O destino do balanço das cordas dos violões não é só entretenimento, como aquele que passa na TV, o agro passa longe de ser pop por aqui, a ideia é lembrar às cabeças baixas que “está tendo uma guerra, é só olhar para o lado e você vai ver”.

A desigualdade é a realidade e as palavras ritmadas são o melhor jeito de gritar. Guitta deixa claro quando me diz que esse trabalho “é relatar nossa vida, você vai no interior, vê o sertanejo contando o que ele vive ali, vai na periferia e vê o rap, é a realidade dele, a nossa realidade é um tapa na cara, a desigualdade social, essa coisa de classe, a pessoa não conseguir comer direito uma vez ao dia, e por quê? O que a gente fez para merecer todo esse destrato. A gente precisa falar disso, a fome e a miséria ainda existem no Brasil, o país que joga toneladas de comida fora”.

            Conduzido pela Rede PENSSAN e divulgado no início de junho, o Inquérito Nacional de Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil aponta que 33,1 milhões de brasileiros vivem em situação de fome no país. Eram 19,1 milhões no fim de 2020.

            São duas vidas, dois narizes que respiram Brasil, no estilo cantado e na realidade individual. Os seguranças estão ali para lembrá-los todos os dias que os seus sons estão fora da legalidade, segundo o site do metrô, tem que se inscrever para cantar por lá, e quando a empresa decidir, mas eles lembram aos passageiros que eles estão ali para “ficar bem à vontade e na verdade são assim, descobridores dos sete mares”.

            Depois de perguntar sobre como os passageiros reagem, eu, a entrevistadora , virei o foco. “como você reage quando alguém entra cantando no vagão?”. Minha própria resposta de passageira foi de que ajudo quando posso, mas sempre presto atenção. Os artistas me explicam que lidam com todo tipo de gente, os que se incomodam, os que gostam… e aproveitam para me perguntar sobre a vida de jornalista. “e no seu trabalho? Como as pessoas regem?” Os itinerantes não passeiam apenas pelos vagões, mas pela vida real daqueles que passam por eles. Expliquei os desafios de ser repórter e entrevistar pessoas em diferentes condições, nunca se sabe o que vai chegar até você.

Conversamos um pouco sobre os lugares que conhecemos pelo Brasil antes de me convidarem para ouvi-los tocar no trajeto de uma linha que vai conectando nossas vidas. Para minha surpresa, os dois já caminharam por cidades da Bahia, o Estado de onde vim.

            E ao som de “Descobridor dos Sete Mares” do Tim Maia, na voz de Guitta e Dagmar, viajo até a nossa última parada, sobre as linhas de ferro do metrô, que se encaixam nos versos Populares Brasileiros das próximas estações e nas linhas de outras vidas.

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O apagamento histórico da memória do povo preto na região
por
Bruna Parrillo
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29/06/2022 - 12h

 

Quando pensamos no bairro da Liberdade a primeira coisa que vem no nosso imaginário são os “suzuranto”, as tradicionais lanternas japonesas que decoram as ruas principais, ou a grande predominância da cor vermelha, “akai” que culturalmente está associada a proteção. Ao caminhar encontramos vários símbolos que traduzem uma cultura, apenas uma.

O que poucas pessoas sabem é que o primeiro bairro a ser habitado por pessoas negras na cidade de São Paulo foi o Bairro da Liberdade, nos séculos XVIII e XIX a região era conhecida como a periferia da capital. Parte do coletivo UNAMCA (União dos Amigos da Capela dos Aflitos), Eliz Alves faz uma reflexão sobre a localização do bairro. “A Liberdade tinha todo o processo de punição dentro dela, o Pelourinho, o Largo da Forca, e o Largo da Pólvora. Quem quer morar do lado da cadeia? Quem quer morar onde pode ir pros ares a qualquer momento? Então a Liberdade era esse lugar. Quem veio morar aqui? Os pobres, os pretos”, comenta.

A história que vem se propagando pela oralidade está ligada à capela dos aflitos ao lado da história de Chaguinhas, traduzindo o verdadeiro significado do nome atribuído para o bairro. No ano de 1821 insurgiu a Revolta Nativista. Os  soldados estavam 5 anos sem receber seu soldo, e, revoltados vão atrás de justiça. Sendo um dos cabeças da rebelião Chaguinhas é julgado e condenado à morte em praça pública.

“Chaguinhas é enforcado três vezes, na terceira tentativa a corda se rompe, ele vai ao chão e se joga a bandeira da misericórdia sobre ele” relata Eliz Alves.“As pessoas que se aglomeraram para assistir gritavam por - Liberdade! Liberdade! Liberdade! Mas o império como estava punindo ele exemplarmente, nega. E acaba sendo executado” complementa.

Hoje no local onde Francisco Chagas foi executado ergueu-se uma cruz que anos depois deu origem a Igreja da Santa Cruz dos Enforcados. A Capela dos Aflitos se transformou em um lugar de homenagem e fé a Chaguinhas. “As pessoas para escrever pedidos ou agradecimentos, colocar na porta onde supostamente foi a cela que ele ficou em pernoite, e bater na porta 3 vezes”.

Apesar desses dois lugares serem grandes símbolos da história do povo preto no bairro da liberdade, infelizmente se limitam a eles. Sendo sufocados pouco a pouco pela cultura asiática, esses símbolos tentam sobreviver para manter parte da história viva e lembrada.  “Depois que você toma conhecimento de tudo que a Liberdade viveu de 1800 até agora, você vê a importância desse pedaço de história, é um marco para a população, dos povos originários e para todos nós paulistas”.

“É uma história que precisa ser apagada? Esquecida? Não, ela tem que ser valorizada, é a história do nosso povo, da nossa gente humilde. Por isso que a gente tem um amor tão grande nesse patrimônio. Por ser uma capela de cemitério, todo mundo se torna igual, né?” aclama Elis. 

 

 

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No dia 19 de junho ocorreu a 26 edição da Parada LGBT+
por
Cecilia Mayrink, Giuliana Nardi, Juliana Mello e Diogo Moreno
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21/06/2022 - 12h

A Avenida Paulista é um dos espaços mais importantes de São Paulo por ser palco de grandes eventos e manifestações políticas e culturais. Constantemente as comunidades e coalizões políticas se reúnem no local e levantam suas vozes em busca daquilo que reivindicam. No último domingo (19/06/2022) aconteceu a Parada do Orgulho LGBT+ 2022, que estava suspensa de forma presencial desde 2020 por conta da pandemia da Covid-19. Essa foi a 26 edição do evento e bateu recorde de público, contando com 4 milhões de pessoas e tornando-se a maior Parada LGBT+ do mundo. A Avenida Paulista ficou completamente ocupada pelos participantes. 

Para conhecer mais sobre a Parada LGBT+ é sobre os espaços culturais da Avenida Paulista, clique aqui para assistir o vídeo reportagem.

 

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Acordo diplomático entre cidades traz benefícios sociais, culturais e econômicos
por
João Curi
Matheus Marcolino
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07/06/2022 - 12h

Em março de 1962, a cidade de São Paulo declarou Milão como sua cidade-gêmea (ou cidade-irmã). Foi a primeira de uma lista que, hoje, já acumula 32 cidades. Na época, o prefeito da capital lombarda, Gino Cassini, inaugurou o Largo São Paulo; e, durante visita à capital paulista em outubro do mesmo ano, presenciou a inauguração da Praça Cidade de Milão, ao lado do prefeito Francisco Prestes Maia.

 

Praça Cidade de Milão
Localizada no bairro do Ibirapuera, a Praça Cidade de Milão é quase uma "extensão" do famoso parque/Foto: Leon Rodrigues/SECOM Prefeitura de São Paulo


Este ano, São Paulo comemora 60 anos de irmanamento com Milão, que já comemorou o marco no ano passado. Apesar de serem “gêmeas”, a data de declaração de ambas não coincide, já que a cidade meneghina anunciou a geminação com a “Terra da Garoa” em 1961. Isso se explica pelos processos políticos e burocráticos que, naquele período, eram mais lentos e acabaram atrasando o anúncio da capital paulista.

Esse processo de geminação nada mais é do que um acordo de cooperação bilateral, que ocorre quando duas cidades decidem estreitar laços políticos, culturais e econômicos. Ainda que não gere obrigatoriedades, o irmanamento contribui com a construção de amizade entre as cidades, sendo fundamental nas relações diplomáticas. “Os processos de geminação podem dar a impulsão para que as cidades estabeleçam projetos e programas de cooperação mais aprofundados, em diferentes campos, o que pode contribuir para a resolução de problemas comuns entre elas”, explica Lucas Bispo dos Santos, mestre em Relações Internacionais pela Unesp e consultor político.

Para que esse acordo aconteça, é necessária a manifestação de interesse de uma das cidades que, ao entrarem em contato, estabelecem um diálogo entre as autoridades políticas, formatam o processo de geminação e o concluem com a assinatura. “É fundamental também que o acordo de irmanamento seja recíproco”, alerta o consultor. “Não basta que uma das duas cidades se declare irmã de outra, é importante que haja o entendimento entre as duas de que o acordo será frutífero para elas”.

Nesse quesito, é comum que cidades que compartilham semelhanças, principalmente no que tange aos aspectos sociais e econômicos, busquem o acordo de geminação. Até mesmo laços culturais ou históricos, tendo como exemplo os fluxos imigratórios, podem ser fatores que contribuam para esse processo. “Os interesses podem partir tanto da esfera federal, como municipal. Porém, é mais comum que parta diretamente da esfera municipal, no caso do Brasil”, aponta o especialista.

Além de sua relevância no cenário geopolítico, o princípio de irmanamento de cidades também foi importante durante o período “mais agudo” da pandemia da Covid-19. “Durante aquele momento, diversas cidades-irmãs de São Paulo, como Seul, capital da Coreia do Sul, enviaram materiais de proteção individual, como máscaras, que foram distribuídos para as equipes de saúde do município”, relata o internacionalista.

Apesar de tudo isso, o conceito de geminação entre cidades não é muito difundido, inclusive dentro das Relações Internacionais. Para Kimberly Digolin, professora de Relações Internacionais na Universidade Paulista (UNIP) e pesquisadora do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (GEDES), a abordagem pouco expressiva desse tema decorre de uma questão histórica, que vem do medo de novas guerras. “Durante muito tempo, as análises sobre relações internacionais centraram-se em torno dos comportamentos e interesses dos Estados, uma vez que eles eram entendidos como os atores de maior relevância no engajamento de novas guerras”, conta. “Foi apenas com o fim da Guerra Fria que a área de Relações Internacionais passou a oferecer maior espaço para análises que extrapolassem a temática da guerra, assim como passou a oferecer mais atenção aos demais atores para além dos Estados – como ONG’s, governos municipais e secretarias estaduais”.

Segundo dados da Prefeitura de São Paulo, a metrópole reconhece, até o momento, 36 cidades-irmãs. O acordo mais recente foi firmado com Belmonte, de Portugal, em 2020. A lista inclui seis capitais sul-americanas, sendo Montevidéu (Uruguai) e Lima (Peru) as mais recentes destas; Luanda (Angola), da África; Havana (Cuba), do Caribe; nove cidades asiáticas, dentre elas, cinco capitais; sete cidades portuguesas; entre outras.

Em razão de sua importância política e econômica no Brasil e no mundo, sendo destino comum de fluxos econômicos, culturais e populacionais, São Paulo é reconhecida como uma cidade global. Lucas dos Santos, também ex-assessor da Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, ainda reforça que a cidade deve continuar se posicionando em temas importantes, como o desenvolvimento urbano sustentável, a preservação da democracia e o incentivo às manifestações culturais. “É a partir do aprofundamento de diálogo com outras cidades globais que São Paulo pode ter conhecimento de políticas públicas que podem ser aplicadas aqui, levando em consideração a nossa realidade”, aponta. “Da mesma maneira, também possui políticas públicas que podem ser apresentadas, e é extremamente válido compartilharmos elas com o mundo”.
 

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