As altas temperaturas atingidas no último verão afetaram não somente o clima, como também a saúde da população. Especialmente no mês de março, os termômetros chegaram a bater 36C graus, com sensações térmicas ultrapassando os 40C. Essas condições climáticas trouxeram desgastes físicos para grande parte da sociedade. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), esse foi o sexto verão mais quente enfrentado pelo pais desde 1961.
Com isso, a reportagem a seguir buscou um olhar diferente para a temática: como ficaram as pessoas que trabalham na rua debaixo do sol? João e Mozart sentiram na pele essa onda de calor nas ruas de São Paulo. Além da participação especial do médico Lucas Verdasca, que explica as consequências fisiológicas dessas temperaturas e também as medidas preventivas para evitar o mal estar.
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No início do mês de março, o mundo do futebol sulamericano registrou mais um caso de racismo. Durante a partida entre Cerro Porteño e Palmeiras, válida pela Libertadores Sub-20, o atacante Luighi, do verdão, sofreu diversas ofensas racistas por parte da torcida adversária. Enquanto o jogador Figueiredo era substituído, torcedores paraguaios o chamaram de “macaco”, o mesmo ocorreu com Luighi, que foi substituído logo depois.
As ofensas foram ignoradas pelo árbitro Augusto Menendes. Após o apito final no estádio, Luighi, durante entrevista para TV Conmebol, mostrou sua indignação com o caso, perguntando se o repórter não ia abordar o acontecido na entrevista e chorando. Além disso, o atleta pediu que algum órgão responsável, a CBF ou a Conmebol, tomasse alguma ação contra os racistas, definidos pelo atacante como criminosos.
Após o caso, o Cerro Porteño recebeu uma punição da Conmebol. De acordo com a entidade sul-americana, o Cerro Porteño terá de pagar uma multa de 50 mil dólares (cerca de R$ 290 mil) em até 30 dias da notificação ao clube, e foi decidido que o time paraguaio terá que publicar uma campanha para conscientização contra o racismo em suas redes sociais.

Atos racistas infelizmente não são novidade no esporte, o que acaba refletindo na sociedade em geral. O número de casos e de jogadores ofendidos não parece diminuir, especialmente em relação aos brasileiros jogando em outros países da América do Sul e da Europa, como os ocorridos com Vinícius Jr, do Real Madrid, sendo um dos casos de maior repercussão até hoje.
Em entrevista à AGEMT, o psicólogo Matheus Vasconcelos, especializado em psicologia do esporte e influenciador digital afirma: "sofrer o crime de racismo dentro do ambiente de trabalho é algo que impacta muito no psicológico dos atletas. O Supporting Professional Footballers Worldwide - FIFPRO (organização que representa os jogadores profissionais no mundo todo), tem um relatório que aponta a importância das instituições implementarem iniciativas de cuidado com a saúde mental em relação a esse tipo de violência que os jogadores sofrem”, diz Vasconcelos
O preconceito com a psicologia no mundo do esporte é algo que por muitas vezes, trava o desenvolvimento pessoal e profissional de vários atletas, porém, indagado sobre, Vasconcelos disse que "existe uma melhora notável em relação a aceitação da necessidade de ajuda psicológica vindo dos jogadores e acredita que atualmente, o grande desafio para essa barreira ser ultrapassada de vez, são as próprias instituições que não se profissionalizaram e não buscam especialistas certificados para atuar dentro de suas dependências", ressalta.
Um exemplo é o do futebolista brasileiro Richarlison, do Tottenham e da seleção. O atacante de 27 anos passou por um momento conturbado pós Copa do Mundo de 2022, onde era o camisa 9 da amarelinha. Após a eliminação para a Croácia nas quartas de final, Richarlison passou a receber duras críticas de jornalistas e torcedores, e juntamente a isso, passou por problemas em sua vida particular. Segundo relatos do próprio atacante para ESPN, “a psicóloga salvou minha vida, eu só pensava em besteira, pesquisava sobre morte. Hoje eu posso falar, procure um psicólogo”.

Trazendo um lado mais abrangente de nossa análise, Matheus define que o psicológico está em tudo que atravessa a experiência do atleta, ou seja, até aspectos que, observando de fora, não imaginamos o influenciam mentalmente, desde problemas familiares, relações fora do trabalho. Assim como as partes externas, mais relacionadas às condições de trabalho, o clima, a cultura, a educação e a língua do local onde cada um está. No Brasil, vivemos um contexto de acesso precário à educação, que é algo que segue o atleta desde o início de sua formação, esse fator educacional pode ser diferente entre cada um, devido a experiência individual que passou em sua vida. Outro fator é a função e a fase que o atleta vivência profissionalmente. Ou seja, esses fatores que podem influenciar o psicológico do esportista, podem vir tanto de fatores externos, quanto internos.
Até que ponto o psicológico pode participar da criação de um atleta de alto nível? Na verdade, ele é um dos pilares para um profissional do esporte ser bem sucedido em sua área. Vasconcelos diz que estar bem mentalmente tem participação direta com sua performance durante a partida. “A psicologia pode influenciar diretamente no desempenho auxiliando o atleta a desenvolver diferentes níveis de habilidades psicológicas, sejam elas pessoais, interpessoais, atléticos ou de performance da modalidade praticada, através das intervenções do psicólogo e do conhecimento transmitido.”, explicou sobre a maneira correta de se trabalhar com esse grupo específico. Além disso, o psicólogo ressalvou que essas “intervenções” devem ser feitas de maneira cuidadosa e gradativa, para não correr o risco de prejudicar a saúde mental do esportista.
Os riscos para a saúde física causados pelo intenso calor já são bem conhecidos, mas os impactos nas condições psicológicas ainda são um tema crescente de estudo. Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que as mudanças climáticas estão afetando diretamente a saúde mental e o bem-estar psicossocial, com consequências cada vez mais preocupantes.
Em entrevista à AGEMT, a psicóloga Fernanda Papa discute como as ondas de calor impactam os grupos mais vulneráveis, além dos efeitos das altas temperaturas sobre os estímulos hormonais no corpo humano e as emoções que surgem nesse contexto. A especialista em meteorologia, Andrea Ramos, também explica sobre as consequências climáticas e as medidas necessárias para lidar com esses impactos em um cenário de intensificação das mudanças climáticas.
Confira a reportagem completa:
As feiras livres paulistanas já ocupam seus espaços pela cidade há anos. Gerando rendimento para muitos feirantes e possuindo uma variedade de produtos para a população, elas são essenciais para a geração de empregos. Com um público diverso, elas também são tradicionais no estado de São Paulo e dão a oportunidade de conhecer diferentes culturas e pessoas. Segundo a Prefeitura de São Paulo, por meio das secretarias de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), a primeira feira livre oficial aconteceu em 1914, através de um ato do então prefeito Washington Luiz Pereira de Souza. A ação surgiu para legitimar uma prática que já acontecia na cidade, mas de forma informal. Na ocasião, cerca de 26 feirantes estiveram no Largo General Osório, na região da Santa Ifigênia. Mais tarde, em 1915, outra feira se instalou, dessa vez no Largo do Arouche, e teve a presença de 116 feirantes.
As feiras não possuem um público-alvo e esse é seu diferencial. É possível ver crianças, jovens, idosos, famílias, moradores locais e até turistas usufruindo a multiplicidade de mercadorias que existem. Em sua grande maioria, pessoas da classe média e da classe trabalhadora são as que mais frequentam as feiras. Muitos também aproveitam para comprar legumes, verduras e frutas frescas, além de conhecer a cultura local.
São Paulo tem registrado cerca de 968 feiras livres e com a expansão desse comércio tão tradicional, a movimentação financeira gira em torno de R$ 2 bilhões por ano, incluindo a venda de até mesmo peças artesanais. Além disso, mais de 70 mil empregos, diretos e indiretos, são gerados.
Em Guarulhos, por exemplo, Quitéria Maria Luize, de 62 anos, vende condimentos e temperos em quatro feiras de bairros diferentes (Jardim Cumbica, Jardim Maria Dirce, Parque Alvorada e Parque Jurema), sendo essa sua única fonte de renda. “Ela é toda a minha renda, de onde eu tiro o sustento. Criei toda a minha família trabalhando com esses temperos. E começando lá de baixo, não comecei lá em cima”, diz Quitéria em entrevista à AGEMT.
A feirante afirma que antes de estabelecer seu comércio nas feiras, ela iniciou vendendo temperos pelas ruas com um carrinho de pedreiro: “peguei esses temperinhos emprestados que a minha tia já vendia, saí nas portas, batendo palma e contando minha história”.

Vendedor das mais diversas frutas, Queiroz - como é conhecido e gosta de ser chamado - é feirante por tradição. Seu pai e seu avô participaram de feiras livres e passaram o negócio para ele, que vive disso até hoje, aos seus 60 anos. “O meu avô começou na feira em 1945, ele tinha uma chácara, colhia e vendia. Aqui em Guarulhos não tinha nada, mas já tinha a feira”, informa.
“A feira é patrimônio do Estado de São Paulo” afirma o vendedor, defendendo a existência dela como crucial para a vida dos paulistas e paulistanos. Queiroz diz que as feiras são tão importantes quanto os mercados, já que foi por meio desse comércio que eles passaram a existir: “Até o leite era vendido na feira. A feira era uma festa!", relembra QQueiroz.

Quem trabalha ou frequenta as feiras falam delas com muito carinho e cuidado. Além disso, os feirantes e moradores também podem ajudar na fiscalização das feiras. Caso identifiquem alguma irregularidade, eles podem acionar as subprefeituras para checarem, pois elas são responsáveis pelo monitoramento. Já a organização e a supervisão são feitas pela Prefeitura por meio da SMDHC e da Executiva de Segurança Alimentar e Nutricional e de Abastecimento (SESANA).
Marcos Antonio da Silva é vendedor de ovos na feira do Jardim Cumbica há 10 anos, mas, diferente de Quitéria, durante os dias úteis trabalha em outra profissão: motorista de caminhão. O caminhoneiro de 52 anos diz que o comércio feirante é uma ótima forma de conseguir renda extra aos finais de semana. Contudo, as mudanças econômicas do país em 2025 fizeram as vendas caírem. “A feira me distrai muito. Aqui tem muita gente boa, atendo bem os clientes, tenho muitos, eles gostam do meu trabalho, eu gosto deles, mas a venda deu uma caída, subiu o preço do ovo, subiu o café, subiu o alho, subiram muitas coisas”, finaliza.
Ir à feira é um evento. Vemos diversas cores e sentimos vários cheiros e sabores. Mas as feiras livres possuem mais do que frutas, temperos e artesanatos. Elas apresentam histórias de vida e ali, amizades e novas experiências podem ser compartilhadas.
No dia 8 de março, o Departamento Social da torcida organizada Gaviões da Fiel lançou a Secretaria da Mulher, que tem como principais iniciativas: apoio psicológico, jurídico e profissional; conscientização; arte e cultura; integração e diálogos. O objetivo desse pioneiro projeto é oferecer suporte e acolhimento às torcedoras e adeptas, promovendo ações voltadas para as mulheres dentro e fora das arquibancadas. O evento contou com homenagens, sorteios de serviços e produtos de mulheres empreendedoras, treino funcional e de defesa pessoal, exposições fotográficas de mulheres na torcida e café da manhã.
Confira no vídeo as entrevistas que fizemos com algumas fiéis torcedoras nesse dia memorável e marcado pela representatividade: