Uma análise sobre a passagem do físico e teórico alemão pelo Brasil e o apagamento das mulheres na ciência
por
Natália Matvyenko Maciel Almeida
Joana Grigório
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16/11/2025 - 12h

Em 1925, Albert Einstein desembarcou na américa do sul, na cidade do Rio de Janeiro, para uma sequência de palestras e nesse vídeo exploramos uma parte dos relatos escritos em seu diário e a falta de registros de pessoas racializadas e também de mulheres nas conferências.

Referências utilizadas para esse vídeo: 

1. Tolmasquim, Alfredo Tiomno. Einstein, o Viajante da Relatividade na América do Sul (2003)
Este livro oferece um olhar detalhado sobre a visita de Albert Einstein à América do Sul, incluindo sua passagem pelo Brasil. O autor explora a recepção do cientista e seu impacto no cenário científico da época.

2. Haag, Carlos. "Tropical Relativity" (2004)
Artigo publicado na revista Pesquisa FAPESP, que aborda os diários de viagem de Einstein na América do Sul, com destaque para suas observações sobre o Brasil e suas interações com a ciência local.

3. Moreira, Ildeu de Castro. Entrevista: Visita de Einstein ao Rio de Janeiro promoveu valorização da ciência pura (2025)
Entrevista com Ildeu de Castro Moreira, que discute o impacto da visita de Einstein ao Rio de Janeiro, enfatizando a valorização da ciência fundamental e os desdobramentos para a pesquisa no Brasil.

4. Fundação Oswaldo Cruz. Museu tem atrações em homenagem aos 100 anos da visita de Einstein (2025)
A Fundação Oswaldo Cruz celebra o centenário da visita de Einstein ao Brasil com exposições e atividades que relembram a importância histórica dessa passagem do cientista.

5. Observatório Nacional. 100 Anos de Einstein no Brasil (2025)
O Observatório Nacional comemora o centenário da visita de Einstein ao Brasil com uma série de palestras e reflexões sobre o impacto de sua passagem no campo científico brasileiro.

6. Rosenkranz, Ze'ev (org.). The Travel Diaries of Albert Einstein (2018)
Esta coletânea organiza os diários de viagem de Einstein, incluindo suas observações sobre diferentes regiões do mundo, com destaque para seus comentários sobre a América do Sul, e apresenta uma análise crítica sobre seus pontos de vista racializados.

7. Artigos de divulgação histórica sobre os diários de Einstein e racismo
Diversas publicações, como matérias da History.com e do The Guardian, discutem as anotações de Einstein sobre suas viagens à Ásia e outros lugares, destacando seus comentários sobre raça e cultura.

Nota de Checagem de Fatos
As informações sobre a visita de Einstein ao Brasil e seu impacto no país, incluindo o papel de Carlos Chagas e a análise dos diários de viagem, foram baseadas em fontes como Fiocruz, Observatório Nacional, e pesquisas de Ildeu de Castro Moreira. As reflexões sobre os comentários racializados de Einstein seguem a análise crítica adotada por estudiosos como Tolmasquim, Haag e Rosenkranz.

Releitura transmídia da estadia do físico no Rio de Janeiro em 1925
por |
03/11/2025 - 12h

Em maio de 1925, Albert Einstein visitou o Rio de Janeiro por uma semana hospedando-se no Hotel Glória, quarto 400. Apesar da recepção calorosa como celebridade, sua passagem foi um desastre cômico. A comitiva que o cercava não tinha um único físico ou matemático - apenas médicos, advogados, políticos e militares da elite social brasileira. No Clube de Engenharia, falou para uma plateia lotada que não entendia alemão nem suas ideias, em uma sala barulhenta e sem acústica. Na Academia de Ciências, teve que ouvir três discursos vazios em francês mal falado, incluindo um sobre "a influência da Relatividade na Biologia". O ápice foi quando o jurista Pontes de Miranda tentou desafiá-lo em alemão com considerações sobre metafísica e direito. Einstein levou de presente um papagaio que repetia "Data venia, Herr Einstein", lembrando-o sempre, com humor, da "ciência" dos doutores brasileiros.

“Einstein: visualize o impossível” é um projeto dos estudantes do quarto semestre de jornalismo da PUC-SP, da disciplina de jornalismo transmídia. O projeto aborda, de diferentes maneiras, uma releitura da icônica visita do físico ao Brasil em 1925. Todos os relatos estão em um site especial. Além de produções visuais e sonoras, o especial propõe uma narrativa em quadrinhos que conecta ciência, história e imaginação, tendo como cenário o Observatório Nacional (espaço que recebeu Albert Einstein). 

A produção contou com a colaboração de Bruno Matos, vice-diretor da Escola Estadual Professor Walter Ribas de Andrade. Já o vídeo “Os impactos de Albert Einstein na educação brasileira explicado por doguinhos” apresenta as contribuições das teorias do cientista para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a partir da entrevista com o professor de física Dediel Oliveira.  

Em “Diário do Einstein”, o leitor encontra coletânea de depoimentos em formato de diário sobre a passagem de Albert Einstein pelo Rio de Janeiro no ano de 1925, comentando ao longo de cada dia, pontos turísticos e palestras presenciadas por ele. No podcast "A carta que revolucionou a corrida armamentista", discute carta assinada pelo físico Albert Einstein em agosto de 1939, que alertava o presidente dos EUA, Franklin D.Roosevelt, sobre o potencial da Alemanha nazista em desenvolver uma bomba atômica.

O vídeo vertical “Einstein no Brasil” narra o encontro do físico com Carlos Chagas, marcando um momento científico crucial. A produção destaca a troca intelectual entre os dois grandes nomes da época. Por fim, é possível compreender uma sutil crítica sobre a omissão de um encontro com cientistas mulheres consagradas, como Bertha Lutz. Em “Einstein: uma análise de sua trajetória política”, as cartas de Einstein e seus discursos que expressavam preocupação com a violência e os conflitos no Oriente Médio são revisitadas. Nas declarações, o físico defende uma convivência justa entre judeus e árabes, e o projeto analisa como suas palavras ecoam no contexto atual da guerra entre Israel e Palestina, mostrando que o tempo passa, mas as perguntas sobre humanidade e coexistência continuam urgentes. 

Finalmente, o livro "Os Sonhos de Einstein", de Alan Lightman, pela Cia das Letras, apresenta uma série de sonhos imaginários que o jovem Albert Einstein teria tido enquanto desenvolvia a Teoria da Relatividade, em 1905. Em cada um deles, o tempo funciona de um jeito diferente, às vezes para, volta ou corre mais rápido e essas variações servem para refletir sobre a vida, as lembranças e as escolhas humanas. "Neste mundo, a textura do tempo parece ser pegajosa. Porções de cidades aderem a algum momento na história e não se soltam. Do mesmo modo, algumas pessoas ficam presas em algum ponto de suas vidas e não se libertam".
 

O uso excessivo do celular está moldando comportamentos e lucros empresariais das Big Techs
por
Julia Cesar Rangel
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27/10/2025 - 12h

Por Julia Cesar

 

O som começa suave, quase hipnótico. A vinheta colorida anuncia: “Cocomelon!”. Em segundos, os olhos se fixam na tela, o corpo se acalma e o mundo ao redor desaparece. Por trás dessa inocente animação infantil, há uma equipe bilionária que lucra com cada clique, cada minuto de atenção e cada vídeo que não para de rodar.

Nos últimos anos, o uso excessivo do celular tem preocupado especialistas, pais e educadores. Plataformas e canais, especialmente os voltados para o público infantil, estão sendo desenhados para capturar e reter o olhar humano o máximo possível. No caso das crianças, os efeitos são ainda mais intensos, já que seus cérebros ainda não estão totalmente formados para compreender o que é viciante e prejudicial.

A mãe Bianca Rangel, por exemplo, percebeu esse impacto em casa. O pequeno Gael, de 3 anos, começou a reconhecer a música do Cocomelon apenas pelo primeiro segundo de som. Ele largava qualquer brinquedo para correr até o celular. No início, Bianca achava a cena fofa, mas com o tempo notou que o filho ficava irritado e chateado quando o aparelho era desligado.

Preocupada, ela tentou limitar o tempo de tela, mas enfrentou forte resistência. Foi então que decidiu buscar orientação profissional e entendeu que substituir o tempo de tela por atividades com “dopamina boa” não era apenas uma escolha, e sim uma necessidade.

De acordo com a psicóloga Mayara Contim, formada pela USP e atualmente atuando na escola St. Nicholas, esse tipo de comportamento é resultado de mecanismos psicológicos cuidadosamente estudados pelas plataformas. Ela explica que não se trata apenas do Cocomelon: hoje, vídeos são planejados para ativar o sistema de recompensa do cérebro. As músicas, as cores e o ritmo acelerado são pensados para liberar dopamina, o hormônio ligado ao prazer imediato. Isso cria um ciclo de dependência semelhante ao que ocorre com jogos e redes sociais entre adultos e adolescentes.

A psicóloga ressalta que o problema não está apenas nas crianças. Segundo ela, os adultos também são vítimas desse design, já que as redes sociais funcionam com a mesma lógica de manter o usuário rolando infinitamente. No entanto, o impacto é mais grave nas crianças, pois seus cérebros ainda estão em desenvolvimento.

Um estudo recente da Common Sense Media apontou que, em média, crianças de até cinco anos passam quase três horas por dia em frente a telas. O dado assusta, mas reflete uma realidade cotidiana: celulares se tornaram babás digitais, distrações práticas para pais cansados e ferramentas de lucro para empresas que vendem publicidade a cada visualização.

Bianca admite que o uso do celular facilitava sua rotina. Enquanto o filho assistia aos vídeos, ela conseguia trabalhar ou realizar tarefas domésticas. Com o tempo, porém, percebeu que estava trocando momentos de qualidade com o filho por alguns minutos de silêncio.

Para Mayara Contim, o primeiro passo é não culpar os pais, e sim compreender o contexto. Ela destaca que vivemos em um mundo hiperconectado e que o caminho está na consciência e nos limites. O ideal, segundo a psicóloga, é que os pais assistam junto com as crianças, conversem sobre o conteúdo e ofereçam outras formas de estímulo — como brincadeiras, leitura e contato com a natureza.

Enquanto isso, a indústria continua explorando cada segundo de atenção possível. Canais como Cocomelon acumulam bilhões de visualizações e lucros altíssimos com publicidade, licenciamento e produtos derivados. O looping digital virou negócio, e nós, espectadores, nos tornamos o produto.

Mayara resume a lógica de forma direta: a atenção é a nova moeda. E, no fim, essa frase ecoa como um alerta — quanto mais tempo passamos presos às telas, mais alguém, do outro lado, está lucrando com isso.

O Brasil é pioneiro na criação de um medicamento que regenere a medula óssea de pacientes
por
manuela schenk scussiato
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03/11/2025 - 12h

Por Manuela Schenk

 

Não fora uma sexta-feira qualquer para Júlia. A caminho do ponto de ônibus para voltar para sua casa após um dia de aula na faculdade um motorista embriagado atropelou-a e fugiu sem prestar socorro que mudou sua vida para sempre quando tinha apenas 19 anos. Júlia teve lesões nas vértebras T8, T9 e T10 que a deixaram paraplégica depois de cinco dias em coma quando recebeu a notícia de que jamais andaria novamente.

Hoje Júlia tem 22 anos e teve que reaprender a viver. Coisas que jamais imaginou ter dificuldades agora são grandes conquistas, como quando conseguiu tomar banho sozinha pela primeira vez ou quando pode se deitar na própria cama sem auxílio. Escadas se tornaram rampas, seu restaurante favorito virou delivery, já que não possui acessibilidade para que ela consiga entrar na cadeira de rodas. As festas que frequentava semanalmente agora são eventos anuais, pois a locomoção dentro de uma balada é quase impossível para alguém que não consegue usar as próprias pernas.

No início se adaptar parecia impossível, noites mal dormidas quando chorava no travesseiro até seus olhos cederem. Depois de receber alta do hospital ela foi encaminhada para terapia, consultas três vezes por semana que depois de dois anos se tornaram duas. A fisioterapia que antes era uma tortura aos poucos se tornou um momento divertido.

Nos anos que se passaram Júlia conheceu mais pessoas na mesma situação que ela e de pouco a pouco sua nova vida se tornou mais tolerável, mas mesmo depois de quase 4 anos do acidente ela ainda tem dias ruins, sua autoestima nunca mais foi a mesma já que por muito tempo não conseguia se arrumar como antes. Júlia conta que o momento mais difícil da vida dela foi descobrir que seu caso não tinha cura. Sem possibilidade de tratamento ou cirurgia, uma menina que antes era ativa, amava se exercitar, sair com suas amigas, passear com sua cachorrinha, agora se vê forçada a reaprender a viver.   

É possível perceber as dificuldades que marcam a vida das pessoas que são afetadas pela paraplegia. Infelizmente muitos casos não são reversíveis, mas graças a estudos de um grupo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o mundo pode estar mais próximo de encontrar uma cura para uma deficiência que interrompe a vida de tantas pessoas.

A pesquisa, desenvolvida no Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, representa um marco para a medicina brasileira. O medicamento experimental chamado Polilaminina foi criado a partir de uma proteína natural da placenta humana, capaz de estimular a regeneração das células nervosas. Em estudos com animais, especialmente cães que haviam perdido os movimentos, o tratamento apresentou resultados impressionantes: alguns conseguiram voltar a andar mesmo após anos de paralisia. Esse avanço chamou a atenção da comunidade científica internacional e fez com que o Ministério da Saúde e a Anvisa classificassem o estudo como de prioridade absoluta no País.

A equipe liderada por Tatiana Sampaio começou o estudo da eficiência polilaminina para promover a regeneração de fibras nervosas/axônios e reconectar áreas lesadas da medula espinhal começou em 2007, embasado em outro estudo da faculdade que iniciou em 1998. São quase três décadas de trabalho árduo que trouxeram a equipe ao sucesso que é exposto para o mundo hoje, com seis dos oito pacientes humanos recuperando, parcial ou completamente, os movimentos que lhes foram tomados. 

Além dos testes clínicos em andamento, o projeto da UFRJ tem recebido apoio de instituições públicas e privadas, como o Laboratório Cristália, que colabora na etapa de desenvolvimento farmacêutico e produção em larga escala da substância. O próximo passo dos pesquisadores é a realização de estudos em uma quantidade maior de voluntários, o que permitirá avaliar com mais precisão a segurança e a eficácia do medicamento. Caso os resultados se confirmem, o Brasil poderá ser o primeiro país a oferecer um tratamento realmente regenerativo para lesões medulares, uma conquista inédita na história da ciência.

Para Júlia e milhares de pessoas que convivem com a paraplegia, essa descoberta reacende uma esperança que parecia perdida. Mesmo que o caminho até a cura ainda seja longo, cada passo da pesquisa representa uma vitória contra a limitação imposta pela lesão medular. A história de Júlia mostra a força de quem se reinventa diante da adversidade. O que a ciência da UFRJ faz agora é provar que o impossível pode estar mais perto do que se imagina. Aquilo que antes era apenas sonho, agora começa a ganhar forma nas mãos de pesquisadores brasileiros dedicados a devolver o movimento e com ele a liberdade a tantas vidas interrompidas.

Especialista alerta para riscos do uso acrítico de plataformas de IA na educação
por
Thomas Fernandez
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04/10/2025 - 12h

A inteligência artificial (IA) ganhou rapidamente espaço em diferentes setores da sociedade, e a educação não ficou de fora dessa tendência. Plataformas capazes de corrigir redações, recomendar atividades personalizadas e até mesmo substituir parte das tarefas do professor estão em alta.

A promessa, vendida por empresas de tecnologia e gestores entusiasmados, é de que a IA pode democratizar o ensino, personalizar a aprendizagem e aliviar a carga de trabalho docente. Não por acaso, de acordo com o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC), sete em cada dez estudantes do Ensino Médio já utilizam ferramentas de IA generativa em trabalhos escolares, mas apenas 32% afirmam ter recebido orientação na escola sobre como usar esses recursos de forma pedagógica. 

Há quem veja nesse movimento um risco de precarização do trabalho dos professores, transformando a inovação em mais uma engrenagem de uma lógica de cortes de custos e desvalorização profissional. Afinal, a inteligência artificial na educação é realmente uma aliada do professor ou pode acabar sendo um instrumento de substituição e perda de direitos? 

Em entrevista à AGEMT, Pedro Maia, cientista de dados e pesquisador em ética e tecnologia, alerta para o risco de que a IA seja utilizada como justificativa para reduzir a presença e a importância dos professores. Para ele, é preciso estar atento à lógica de mercado que move grande parte das inovações tecnológicas aplicadas à educação: “O risco é que as escolas passem a enxergar a inteligência artificial não como apoio, mas como substituição. Se uma plataforma consegue corrigir automaticamente atividades e sugerir trilhas de estudo, a tentação de reduzir o quadro docente e cortar custos é enorme”, explica. 

Segundo Maia, isso poderia levar a uma precarização ainda maior do trabalho docente, em um cenário no qual professores já enfrentam baixos salários, excesso de carga horária e falta de condições adequadas de trabalho. “A promessa de eficiência pode esconder a intenção de enxugar gastos. É a lógica neoliberal aplicada à educação: menos investimento em pessoas, mais aposta em soluções padronizadas”, acrescenta.

Pedro Maia, cientista de dados.
Pedro Maia, cientista de dados. Foto: Arquivo Pessoal.

 

Maia também chama atenção para o risco de aprofundar desigualdades: “Nesse cenário, a IA não democratiza, mas acentua a exclusão. O aluno da periferia continua com menos oportunidades que o de elite, ainda que ambos usem supostamente a mesma tecnologia”. Esse alerta encontra respaldo nos números. Em 2023, 69% dos estudantes já conheciam a IA; em 2024, esse índice subiu para 80%, segundo levantamento nacional feito pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES).

No entanto, nem todos têm acesso à mesma qualidade de ferramentas ou de acompanhamento pedagógico. Enquanto escolas privadas de ponta conseguem incorporar plataformas sofisticadas, parte da rede pública depende de versões limitadas, com pouco ou nenhum suporte docente.

Mesmo assim, o cenário não é apenas de resistência. Pesquisas feitas pela SEMESP (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), mostram que 74,8% dos professores acreditam que a IA pode ser aliada no processo de ensino, e 39,2% já utilizam a tecnologia regularmente em sala de aula. Esses dados revelam uma categoria dividida, mas que enxerga potencial na tecnologia quando aplicada como ferramenta de apoio, não como substituição. 

Além disso, iniciativas públicas começam a surgir. O governo federal, em parceria com a UNESCO e a Huawei, lançou o projeto “Open Schools” na Bahia e no Pará. Ambos locais foram escolhidos pela falta de infraestrutura educacional, conectividade e recursos tecnológicos. A iniciativa foca na formação de professores em competências digitais e uso de IA, além de investimentos em conectividade e infraestrutura. O objetivo é reduzir desigualdades e preparar a rede pública para essa transição.

A coexistência desses dois pontos de vista - o risco de precarização e a promessa de apoio pedagógico - evidencia o dilema atual: A IA pode ser tanto aliada quanto algoz, dependendo da forma como for implementada. Se o objetivo for cortar custos, há risco de enfraquecer a profissão docente. Mas se, por outro lado, houver investimento em formação, infraestrutura e regulação, ela pode abrir espaço para práticas pedagógicas mais ricas e inclusivas.

O que está em jogo, portanto, não é apenas a chegada de uma nova tecnologia, mas o modelo de educação que o país pretende construir. A questão central permanece: a inteligência artificial será um recurso a serviço de professores e alunos ou mais um instrumento de precarização do trabalho em nome da eficiência econômica?

Enquanto não há consenso, cresce a urgência em debater publicamente os rumos dessa transformação. O futuro da escola não depende apenas das máquinas, mas das escolhas políticas, sociais e econômicas que definirão como, para quem e com quais propósitos a tecnologia será utilizada.

O início da carreira de Elifas Andreato
por
Murari Vitorino
Giulia Aguillera
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29/03/2022 - 12h

Elifas Andreato, artista plástico de renome, faleceu no dia de 29 de março de 2022 aos 76 anos por causas ainda desconhecidas.

Seu legado deixado fará grande falta para a cultura nacional, sendo Elifas um dos maiores artistas a dar uma cara para o MPB desde dos anos 70. Com mais de 700 ilustrações no seu portfólio, 362 artes foram dedicadas a capas de CDs e DVDs para artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Elis Regina e entre muitos outros.

Nascido em 1946 na Rolândia, interior do Paraná, Elifas Andreato teve uma criação muito simples. Em suas próprias palavras, o artista dizia que a cidade era um refúgio de judeus alemães, mas todos eram artistas e burgueses que acabaram encontrando tamanha dificuldade em se adaptar a vida com a enxada na mão. Porém o artista tomou um caminho diferente de seus familiares. Começou a vida profissional ainda muito jovem, quando se mudou para São Paulo, em 1960, para trabalhar na indústria. Ele tinha apenas 14 anos.

O ilustrador entrou em contato com uma realidade operária e conviveu com o proletariado. Inspirado na própria vivência, começou a fazer charges com conteúdo sindicalista em 1965, sendo completamente autodidata no ramo das artes visuais.

Enciclopédia Itaú Cultural

Sua história foi marcada principalmente por sua participação no ativismo contra a ditadura militar de 1964, sendo um dos fundadores da revista Placar, que fazia uma cobertura esportiva do Brasil durante o período das Diretas Já. Em entrevista para o Jornal Vermelho, o artista ressalta que se considerava um militante do futuro e das boas causas: “Sempre fui preocupado com as liberdades básicas de cada pessoa, com os direitos humanos, independente de siglas partidárias. Minha vocação é a militância, a esperança, a brasilidade. Nunca deixei de lado as estrelas, que são o emblema da esperança, sempre trabalhei para que o futuro seja mais generoso, principalmente com as crianças”.

Além de sua carreira nas artes visuais, Elifas também teve uma carreira no teatro e como dramaturgo. Algumas de suas principais obras são adaptações de Ricardo III do Shakespeare e Morte Sem Sepultura de Sartre.

“Minha arte se liga à história de minha vida, das vidas assemelhadas à minha, e serve para contar o que eu e pessoas semelhantes a mim entendemos que seja o mundo, a justiça e a liberdade”, destacou em fala ao Memorial Da Resistência de São Paulo.

Plural, histórico, belo, as obras retrataram a vivacidade do Brasil em períodos que o dia era cinza, em que os anos eram chumbo. 
por
Luan Leão
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29/03/2022 - 12h

Um dos principais capistas da MPB, Elifas Andreato nos deixou na manhã desta terça-feira (29), aos 76 anos. Com cores fortes e de traços únicos, as capas de Elifas expressavam a alma dos inúmeros discos, LP’s, CD’s e DVD 's. Existe despedida possível para artistas da grandeza de Andreato ? 

 

Defensor da democracia e com obra marcada pela defesa dos direitos humanos, Andreato expande aquilo que entendemos como artista. Plural, histórico, belo, as obras de Elifas retrataram a vivacidade do Brasil em períodos que o dia era cinza, em que os anos eram chumbo. 

 

O paranaense de Rolândia levava para as suas capas alma, uma alma multicolorida e musical. E Andreato fazia com uma sensibilidade que só alguém de alma grande conseguiria fazer, alguém que acreditava em um país daquela forma, um país multicolorido. Elifas criou a identidade visual das capas de discos do final do século XX, você talvez não saiba, mas já admirou a obra dele sem o conhecer. 

 

O “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, é um dos trabalhos mais conhecidos de Andreato. Hoje o Brasil acordou cantando uma faixa desse disco, “Pedaço de Mim”. 

 

“Ó pedaço de mim

Ó metade exilada de mim

Leva os teus sinais 

Que a saudade dói como um barco” 

 

Como vamos nos despedir de Elifas e de sua obra ? Não existe despedida possível. 

 

As ilustrações de Elifas ficam como acalento para um país arrasado por perdas recentes. Um país que tem perdido a cor. Um país pintado de ódio. A cultura brasileira não perde um símbolo, ganha uma missão. 

 

A missão de fazer o Brasil vivo, belo e multicolorido, como Elifas Andreato fez em toda a sua vida. 

 

Artista gráfico consagrado por ilustrar mais de 450 capas de álbuns, morreu aos 76 anos após complicações por conta de um infarto.
por
Ana Kézia Andrade
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29/03/2022 - 12h

 

Elifas Vicente Andreato, nasceu em 22 de Janeiro de 1946 na cidade de Rolândia no Paraná. Era reconhecido pelo traço marcante e original. O artista paranaense trabalhou na capa de diversos álbuns para Martinho da Vila, Chico Buarque, Caetano Veloso e nomes importantes que compõem o cenário da Música Popular Brasileira. Além de artista gráfico, ilustrador e diretor de arte, Andreato trabalhou como escultor; cenógrafo, roteirista e diretor de shows de MPB e programas de TV; cenógrafo teatral; jornalista e editor.

 

Dono de uma linguagem visual pautada em cores vivas e formas que retratam a imagem do povo brasileiro, Elifas deixa para a cultura brasileira um legado iniciado no começo dos anos 70, acompanhou a evolução digital e tecnológica da música e da arte até o fim da vida. 

 

Em 2012, produziu a obra “A verdade ainda que tardia”, a pedido da Comissão Nacional da Verdade para retratar a realidade das torturas ocorridas na ditadura militar. Denunciou, através de sua arte, o assassinato do Jornalista Vladimir Herzog. Em 2015, a arte que estava exposta nos corredores da Câmara dos Deputados foi arquivada sob o pretexto de falta de espaço na exposição permanente do local.

 

Um de seus últimos trabalhos foi feito para a PUC-SP, Elifas foi responsável pela arte exclusiva para a celebração pela volta das atividades presenciais dos campi da faculdade, inspirada na Semana de 22. A obra intitulada Arte do reencontro é caracterizada por cores fortes, calor humano e traços de conjunção. 

 

A confirmação da morte foi divulgada pelo irmão do artista, Elias Andreato, através de perfil no Instagram. Elifas estava internado desde a semana passada, em decorrência de um infarto. O corpo será cremado às 16h desta quarta-feira (29) no Crematório Vila Alpina, na Zona Leste da capital paulista.

Alguns professores marcam a vida dos estudantes, seja como educador ou amigo. Alunos e ex-alunos relatam como Alexandre Brandão marcou suas trajetórias.
por
Vitória Nunes de Jesus
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17/11/2021 - 12h

       Alexandre Brandão é professor há 14 anos. Ele pode pensar que é apenas professor de História, porém para alguns alunos, ele também ensina como viver com sabedoria. O professor diz que não se arrepende de ter escolhido a profissão e relembra o início de sua carreira: “Com 23 anos decidi ser professor. Nessa época eu comecei a fazer um trabalho voluntário numa escola que me dava direito a concorrer a uma bolsa de estudos, o que me permitiu iniciar uma faculdade e dentre as opções a que mais se identificava comigo era História.”

      Conhecido por “Xi” pela turma de 2020 do 3° ano do Ensino Médio do Colégio Batista, Alexandre foi e ainda é para os ex-alunos, um amigo e conselheiro. Conhece-os desde 2014, quando ainda eram do 6° ano do Ensino Fundamental. Com o passar dos anos, pôde conhecer cada um, e às vezes, até mesmo as dificuldades pelas quais passavam. A ex-aluna Anna Luiza Gandini relata uma experiência com ele: “Um dia minha melhor amiga da sala faltou e eu estava sozinha no meu lugar. Na época eu estava passando por um momento difícil em minha vida, até que ele foi até minha mesa e disse que notou que eu estava abatida e perguntou o motivo de eu estar assim, então eu contei o que estava acontecendo e ele simplesmente disse que era para eu confiar em Deus, que Ele estava no controle. O professor disse também que eu poderia contar com ele. Talvez ele não se lembre disso, mas eu nunca vou esquecer”.

Professor Alexandre no Colégio Batista (2018).
Professor Alexandre no Colégio Batista (2018).

      O professor Alexandre conta que um dos benefícios em ser professor é receber o carinho e a gratidão dos alunos e diz ainda que existem situações que o marcam: “As situações impactantes geralmente são aquelas em que se percebe a gratidão do estudante. Mas em uma oportunidade, eu precisaria me ausentar para fazer uma cirurgia, e no meu último dia na unidade escolar, alunos do 6º ano fizeram uma série de homenagens em gratidão e apoio.”

Professor Alexandre e alunas do 6° ano na Escola Municipal de Ensino Fundamental Fábio Prado (2019).
Professor Alexandre e alunas do 6° ano na Escola Municipal de Ensino Fundamental Fábio Prado (2019).

      Também relata sua gratidão por tudo que já viveu em seu trabalho: “O sentimento de satisfação e de realização são inevitáveis. Alunos da Escola de Jovens e Adultos (EJA) já voltaram na Instituição de Ensino para agradecerem a formação e informarem que estavam ingressando num curso técnico ou faculdade.”

     Ser educador exige diversas competências e é uma das profissões mais nobres. Porém são várias as dificuldades encontradas, presencialmente e on-line. Nas escolas é necessário oferecer condições de manter a turma focada. Para conhecer os problemas, nada melhor que um professor contando quais ele enfrenta: “Existe a dificuldade de conseguir manter o foco e atenção dos alunos. O número alto de alunos nas salas de aula. A falta de acompanhamento dos pais. A falta de estrutura tecnológica e as vezes básica (como livros didáticos)”. Alexandre observa que os problemas estruturais são mais acentuados nas escolas públicas. Durante a pandemia, grande parte da população já ouviu dos alunos que o rendimento na escola caiu bastante e até já conhecem as dificuldades do Ensino à Distância. Mas os professores também passam por alguns desajustes: “Geralmente os professores citam a adaptação ao ambiente virtual, as novas tecnologias e ao fato de falar para um público não presente (apenas on-line). Particularmente, não senti dificuldades nesses itens. Outra complicação é a percepção da recepção do aluno, algo que só é plenamente possível no presencial”. Ele diz que existem casos em que os estudantes não têm acesso as aulas remotas e é necessário “correr atrás” de alguns: “Na escola pública, apesar de termos uma excelente plataforma digital, nem todos os alunos têm acesso a equipamentos e internet de qualidade. Muitas vezes precisamos recorrer a canais informais como WhatsApp para estabelecer o contato mais direto”.

Professor Alexandre ministrando aula on-line durante a pandemia no Colégio Batista.
Professor Alexandre ministrando aula on-line durante a pandemia no Colégio Batista.
 

      O professor de História conta as dificuldades no trajeto de casa até o trabalho e pontua aglomerações: “O transporte público ainda é lotado. Eu utilizo o metrô e ele sempre está cheio”. Ele menciona que não se sente seguro ao trabalhar presencialmente durante a pandemia de COVID-19 e diz que não considera essencial o retorno das aulas nas escolas, afirma que a vida está a cima de qualquer outra coisa: “Mesmo com as medidas sanitárias e protocolos seguidos, sair de casa e pegar transporte público ou conviver com pessoas que precisam sair de casa para o serviço, nos deixam expostos ao contágio. O essencial é a vida. Se for algo que a ponha em risco, deixa de ser essencial”.

Aparentemente, Alexandre tem um perfil competente de educador. Além da qualidade técnica, consegue acolher os alunos também em situações que, mesmo sendo originárias de suas vidas pessoais, manifestam-se na sala de aula. Com isso, marca as memórias de muitos estudantes e pode ser definido como "O melhor professor que já tive", como afirma uma ex-aluna do Colégio Batista.

Como o Presidente da República, muitas igrejas criticam a vacina, atacam a imprensa e fazem propaganda de curas milagrosas durante a pandemia
por
Esther Ursulino e Gabrielly Mendes
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09/08/2021 - 12h

 

Durante a pandemia do novo coronavírus, diversas autoridades políticas e religiosas utilizam sua influência para promover discursos que desinformam a população. O ataque à mídia e à ciência, somado a soluções simples para problemas complexos, levam os seguidores dessas lideranças a minimizarem a gravidade do vírus, e com isso, a arriscarem suas vidas. 

O bispo Edir Macedo, fundador da igreja Universal do Reino de Deus, disse que aqueles que tiverem ‘coronafé’ não serão infectados; Valdemiro Santiago, pastor da Igreja Mundial do Poder de Deus, vendeu feijões com suposto poder de cura pelo valor de 100 a mil reais; e Elenildo Pereira, padre da Canção Nova de Cachoeira Paulista, pregou contra a vacina ao descredibilizar os estudos que comprovam sua eficácia. 

Similarmente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimiza a gravidade do coronavírus. Em março de 2020, durante um pronunciamento feito em rede nacional, chamou a Covid-19  de "gripezinha". O chefe do executivo, tal como o pastor Valdemiro, apresenta soluções ineficazes para o combate ao vírus, como a cloroquina e outros remédios do kit-covid. Ademais, faz declarações contrárias à vacinação que induzem a população a questionar a eficiência e segurança dos imunizantes. “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina. Eu não vou tomar. Eu já tive o vírus. Já tenho anticorpos. Para que tomar vacina de novo?”, disse durante um discurso em Porto Seguro – BA, em dezembro de 2020.

Além dos púlpitos e do Planalto, o negacionismo ganha espaço nos meios de comunicação aliados ao governo — dos quais muitos evangélicos são espectadores. De acordo com Gilberto Nascimento, jornalista e autor de “O Reino: A história de Edir Macedo e uma radiografia da Igreja Universal”, a Record, emissora de Macedo, passou a “defender com mais unhas e dentes a pauta desse movimento evangélico-conservador” após o impeachment de Dilma. Segundo Nascimento, o canal foi oferecido como palanque eleitoral para o futuro presidente em 2018, o que contribuiu para que fosse utilizado em defesa de interesses políticos.  

Como resultado, a cobertura jornalística teve que se adequar à postura bolsonarista, que minimiza a gravidade da pandemia. Para se contrapor à linha editorial "alarmista", a TV Record abordou as notícias relacionadas ao coronavírus de forma branda, e assim como o SBT, deu enfoque ao número de recuperados como quis o chefe da nação. A propagação do discurso da “gripezinha” rendeu privilégios a esses veículos. Segundo o site Nexo, em 2020 ambos receberam um grande repasse de verbas federais, com valores de 13,1 e 9,3 milhões respectivamente. 

Quantos dízimos valem uma vida? 

Sob o argumento de que a igreja é o “último refúgio para os desesperados”, líderes religiosos aliados a Bolsonaro insistem em manter as portas de seus templos abertas mesmo com risco à saúde dos fiéis. Em abril deste ano, quando o Brasil registrava mais de 1000 mortes diárias, o ministro Nunes Marques atendeu a uma liminar da Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure) e proibiu que estados e municípios vetassem celebrações religiosas para conter a disseminação do vírus decisão que o STF derrubou. Segundo a associação, os decretos são inconstitucionais, pois violam o direito de liberdade religiosa. Contudo, para o jornalista Gilberto Nascimento, “a grande preocupação é ter a igreja fechada e a receita diminuir”. 

Devido ao isolamento social, os dízimos e ofertas, antes doados presencialmente, pararam de chegar aos cofres santos. Para contornar o problema, missionários sugeriram que os membros realizassem depósitos online. Entretanto, a Revista Piauí mostrou na matéria "Sem fiéis, sem dízimo, sem palanque", que a quantia recebida foi inferior ao esperado, o que causou prejuízo às instituições

O escritor de O reino, que cobre a área de religião há quarenta anos, aponta ainda que o discurso negacionista tem mais recepção em algumas denominações. Segundo ele, as que possuem a maior parte de seus fiéis provenientes da classe média e elite, como é o caso da Luterana, Metodista e Presbiteriana, são menos suscetíveis a discursos falaciosos. As pentecostais como a Batista e a Congregação atraem diferentes camadas sociais, apresentando narrativas diversificadas. Em contraposição, as neopentecostais atraem pessoas em situação de dificuldade extrema – seja na área financeira, social ou psicológica –, geralmente com pouca escolaridade e sem acesso à informação, o que as tornam dependentes das interpretações dos pastores.

“Não é uma verdade dizer que entre os evangélicos qualquer coisa que o pastor falar as pessoas vão seguir cegamente.  Vão ter pastores negacionistas e não negacionistas e aquilo que eles falarem nem todos vão cumprir. Mas em algumas igrejas neopentecostais isso acontece sim, as pessoas confiam piamente", afirma Gilberto. 

Persuadidos por discursos difundidos dentro de templos e reafirmados por autoridades como o presidente da república, muitos fiéis vêem a vacina com desconfiança e se recusam a serem imunizados. De acordo com pesquisa do Datafolha realizada em março de 2021, 14% dos 2.023 religiosos entrevistados não pretendem se vacinar contra a covid-19. O número, que representa os evangélicos, é superior ao de católicos ouvidos (6%). 

Magna Aparecida, membro da Congregação Cristã do Brasil, diz que notou discursos negacionistas entre religiosos de diferentes denominações. “Tenho colegas de caminhada que não querem tomar a vacina e justificam com aquele discurso de que ‘Deus cuida'''. Contudo, ela pondera: "temos que fazer a nossa parte, pois Deus criou a medicina, então temos que segui-la".