O pontapé inicial das eleições brasileiras começou oficialmente. Embora os últimos meses tenham sido de movimentações políticas intensas com os principais candidatos disputando pela melhor visibilidade junto ao eleitorado, somente a partir de hoje, segundo o TSE, estão liberadas as propagandas eleitorais e os pedidos de votos.
Para marcar o início das eleições, os líderes em intenção de votos para a presidência da República foram à lugares representativos de suas trajetórias políticas.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu uma fábrica de automóveis, em São Bernardo do Campo para iniciar seu 3° mandato como presidente. O local escolhido pelo petista é um berço do sindicalismo operário e deu visibilidade ao ex-presidente durante a ditadura militar. Lula optou por estar junto ao chão de fábrica. Resta saber se o "chão de fábrica" estará com o PT nessa eleições, o que não ocorreu em 2018.

Jair Bolsonaro (PL) também escolheu um lugar representativo para sua trajetória politica. O atual presidente foi até Juiz de Fora, em Minas Gerais, local do atentado à faca que sofreu em 2018, para lançar a sua candidatura. Bolsonaro afirmou que a cidade representa o seu renascimento e que por isso o escolheu. O atual presidente discursou para os seus apoiadores, mantendo a narrativa conservadora, cristã e da luta do "bem contra o mal"

Serão contadas novas histórias até o 1° turno das eleições de 2022. Os dois nomes da política brasileira neste momento já estavam se provocando e se atacando antes do pontapé inicial. Com o sinal verde, a tendência é o aumento da temperatura.
Digo apenas Lula e Bolsonaro, pois, com o passar do tempo, fica cada vez mais claro que a terceira via não decolou e não vai se quer fazer cócegas aos atuais candidatos.
Agora, resta saber quais serão os novos enredos para a trajetória política do candidato petista e do atual presidente. De qualquer forma, o país vai registrar a sua maior eleição desde a redemocratização. Muita coisa estará em jogo.
“Acho que agora eu vi de tudo. Sempre disse isso, mas nunca com certeza. Agora sim. Sabe o que eu vi? Vi a matéria prima de um estabelecimento sendo expulsa pela porta da frente. Achei muito, muito estranho… mas sim, eu vi. É como ver um vendedor expulsar um fone de ouvido bluetooth da banquinha, um cozinheiro expulsar o dente de alho da cozinha, um capitalista se desfazer da mais valia, um PSDBista recusar merenda, enfim… Eu vi uma churrascaria expulsar um gado. Vou sair da abstração, já deu né? Bolsonaro foi expulso de uma churrascaria e eu não sei mais de nada. Nem na churrascaria, sonorizada por sertanejos-universitários-apoiadores-do-agro-negócio e habitada por carnívoros CACs, o nosso gado mor tem espaço…” “pra onde ele foi?” “Já te disse, dessa vez eu sei de tudo, vi tudo e tenho certeza!” “Para onde ele foi?” “Ah, agora que eu tenho informação queria te fazer esperar mais um pouquinho.” “Pra onde ele foi?” “Voltou pro cercadinho.”
Sinceramente eu estou sem palavras. Queria começar essa crônica de maneira menos clichê, mas não fui capaz. Enfim, o que importa é que o Brasil poderá ter seu primeiro Presidente a Distância! Exatamente: o agora ultrapassado EAD dá lugar ao novissíssimo PAD - Presidência a Distância. Não entendeu? Pois explico agora: Roberto Jefferson acabou de lançar sua candidatura presidencial. Não achou estranho? Nada estranho? Nada mesmo? Nem o fato de o ex-deputado estar em Prisão Domiciliar?
Sim: poderemos ter um presidente que não pode sair de casa. O novo conceito PAD está a todo vapor: já penso em comícios digitais, em boca de urna via ligação de facetime e até visitas virtuais às feiras de rua de todo o Brasil.
O novo presidente da República pode não precisar - ou melhor, não poder - sair de casa e isso é espetacular: imagina quantos problemas poderiam ser evitados por uma acidental falta de luz na rua? Já me imagino telefonando à Enel e tendo o seguinte diálogo: “Alôu Enel, o presidente-caseiro está sendo corrupto novamente e, como ele já está preso, não pode ser preso de novo… já sabe, né?”, “Claro, jornalista-anônimo-e-completamente-respeitado, vamos cortar a energia do bairro, mas é a terceira vez essa semana”. Gente, quantas possibilidades! Se eleito, saberemos toda a hora aonde estará: em casa, oras. Já vejo as manchetes: “Presidente zera o netflix e pede à ANCINE que faça mais filmes”, ou até: “Presidente acorda 5 minutos antes do pronunciamento e tem remelas nos olhos em rede nacional”. Ai ai, ein?
O livre mercadinho não tem limites e continua a me impressionar a cada quatro anos… Antes eram simples bonés, camisetas, bolsinhas, copos, canecas, carteiras, óculos, shorts, cuecas, meias, lencinhos, marca páginas, capinhas de celular, carregadores, fones, cadernos, blusas de frio (embora as eleições marquem o início da primavera) e as mais impensáveis bugigangas como talheres, tocas, garrafas… já falei carteiras? Todas de todos os espectros políticos, claro - senão não seria o livre e mesclado mercado.
Mas sabe o que eu não tinha visto? Toalhas… sim, toalhas. De todos os tamanhos e de todos os candidatos e algumas com preços mais altos do que as intenções de voto até agora divulgadas - como é o caso da Simone Tebet: nunca vi toalha custar um real com margem de erro -, as toalhas políticas tomaram conta dos varais improvisados de vendinhas na grande São Paulo.
Sabe o que eu acho? Deve ser por causa da pandemia; agora nos importamos mais com a higiene, e nada mais convidativo para cuidar da higiene do que secar seu corpo com o rosto do seu presidenciável favorito.
Próximos passos? Higiene bucal, isso sim! Vão ter escovas de dentes, pastas e enxaguantes bucais - a indústria farmacêutica faz um imenso boom na política novamente! -, embora o que alguns candidatos e eleitores mais precisem seja sabão pra lavar a boca.
Liberdade Crônica
A imprensa não é livre e não fala do que quer. Ela NÃO é censurada, NEM e se auto censura. A ditadura não acabou e aqui ainda estão todas as limitações impostas aos jornais TAMBÉM. Jornalistas NÃO somem por tratarem a verdade; NÃO são mais mortos em campos de batalha por representarem o quarto poder NEM perseguidos nas ruas. Sem a imprensa livre não há democracia, e, como nenhum TODOS aqui defendem-na, NUNCA correrá risco de censura.
Foi no dia 7 de Junho de 1977 que mais de 3 mil jornalistas assinaram um manifesto que exigia o fim da censura e a instauração de uma imprensa livre no Brasil. 1 ano e meio antes, Vladmir Herzog era torturado e suicidado pelo governo federal.
A censura acabou, entretanto, e não devemos mais nos preocupar com isso. Afinal, um país no qual um jornalista e um indigenista COINCIDENTEMENTE desaparecem após sofrerem ameaças - um dia antes da simbólica data da liberdade da imprensa -, é um país que não só lidou com como exauriu todas as questões advindas da censura.
