O esporte mais famoso do mundo é para muitos uma paixão que ultrapassa as barreiras do campo. Além disso, pode ser o ingrediente secreto para fortalecer a relação entre pais e filhas.
Numa sociedade onde algumas pessoas ainda torcem o nariz para a ideia de que meninas também podem ser fanáticas por futebol, esse esporte se torna uma ponte entre gerações, que não passa só de avós para pais e filhos, mas também de avós para pais, mães e filhas.
Um domingo à tarde, com expectativa, um pai e filha pai se ajeitam no sofá para ver seu time do coração jogando. Esse já é um cenário comum em muitas famílias ao redor do mundo todo. Hoje elas não apenas assistem ao jogo, mas sabem toda a escalação antes do time entrar em campo, e reclamam quando o árbitro apita uma falta errada.
É sobre compartilhar risadas, vibrações, lágrimas, e sentimentos de frustrações e alegria.
O futebol, longe de ser apenas um esporte, torna-se um terreno fértil para diálogos que vão além de gols e cartões. É o caso da Lívia, que passou 1 ano afastada do pai, e fez do futebol a principal ferramenta de reconciliação: "Ficamos sem nos falar por quase um ano e meio, mesmo morando na mesma casa, por diferenças em opinião política. Isso nos fez muito mal, mas quando o Palmeiras entrou na era de ouro, com o Abel Ferreira, vi ali uma chance de me reaproximar e tornar nossa relação mais leve."

As histórias dos jogadores, as reviravoltas inesperadas, as rivalidades intensas - tudo isso cria um caldo cultural que pais e filhas podem saborear juntos. Um esporte que é uma linguagem universal, onde quem acompanha tem algo em comum para falar, debater e se conectar.
Há exatamente 50 anos, um episódio peculiar marcou a história do futebol e refletiu a intensa influência da Guerra Fria no esporte. Em 21 de novembro de 1973, Chile e União Soviética protagonizaram um "não-jogo", uma partida que terminou antes mesmo de começar, com um gol relâmpago que assegurou a vaga chilena na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha.
Para entendermos o que aconteceu naquele ano, precisamos conhecer o cenário político que cercou esse encontro crucial na modalidade. Em setembro de 1973, o Chile havia passado por um golpe militar, resultando no estabelecimento de um regime militar liderado por Augusto Pinochet. O Estádio Nacional de Santiago, palco da partida, tornou-se um centro de detenção e tortura de prisioneiros políticos, despertando a revolta internacional.
A União Soviética, como nona colocada nas eliminatórias europeias, enfrentou o terceiro colocado da América do Sul, o Chile, em uma repescagem. No jogo de ida em Moscou, a partida terminou empatada sem gols, surpreendendo aqueles que esperavam uma vitória fácil da equipe soviética.
A polêmica surgiu quando chegou a vez do jogo de volta em Santiago. A União Soviética se recusou a jogar no Estádio Nacional, denunciando-o como local de violações dos direitos humanos sob o regime de Pinochet. A Federação Soviética de Futebol solicitou à FIFA que a partida fosse realizada em um país vizinho, mas a recusa da entidade levou ao boicote soviético.
Em 21 de novembro de 1973, os jogadores chilenos entraram em campo sozinhos e, após uma relaxada troca de passes, Francisco "Chamaco" Valdés marcou um gol em um campo vazio. A União Soviética se recusou a participar, dando ao Chile uma vaga automática na Copa do Mundo.
Na União Soviética, a notícia de ficar de fora da Copa pela primeira vez desde 1958 gerou irritação na população, mas o ambiente repressivo impediu protestos públicos. A seleção chilena, por sua vez, celebrou a classificação até tarde, apenas ao enfrentar o Santos em um amistoso logo em seguida, perdendo por 5 a 0.
Na Copa do Mundo sediada na Alemanha, o Chile enfrentou desafios, sendo derrotado pela Alemanha Ocidental na estreia, empatando com a Alemanha Oriental e a Austrália. Os jogos do Chile foram boicotados pela TV russa, mas a Seleção, apesar das supostas diferenças políticas entre alguns jogadores, como críticas de Carlos Caszely ao regime militar, mostrou união em campo.
O "não-jogo" entre Chile e União Soviética em 1973 permanece como um capítulo peculiar na história das Copas do Mundo, destacando como a política e os eventos globais podem se entrelaçar até nos momentos mais inusitados do esporte. Esse episódio, marcado pelo boicote soviético, ecoa como um reflexo da intensidade das relações geopolíticas da época, que transcenderam fronteiras e influenciaram até mesmo o mundo do futebol.
Tetracampeão de boxe, Acelino Freitas, popularmente conhecido como Popó, precisou superar inúmeros obstáculos ao longo de sua trajetória rumo ao estrelato.
Original de Salvador, na Bahia, Acelino nasceu em uma família humilde e passou a maior parte de sua infância ajudando sua família nas contas de casa. Porém, aos 14 anos de idade, sua vida virou de cabeça para baixo. Motivado por um de seus irmãos, Popó ingressou no mundo das lutas e seguiu os passos de seu pai, que também era pugilista.
Com uma ascensão meteórica, o baiano viveu com os pais em um casebre, de menos de 7 metros ², até conquistar seu primeiro título mundial de boxe, em 1996.
Após a primeira conquista, o “Mão de Ferro”, como ficou conhecido o lutador, venceu 36 lutas seguidas, sendo a grande maioria por nocaute, até perder para o norte-americano Diego Corrales, pela disputa do cinturão dos pesos-leve da WBO.
Com mais de 96% de aproveitamento ao longo de sua carreira, ele apresenta em seu histórico um incrível retrospecto de 41 vitórias em 43 lutas oficiais, totalizando quatro títulos mundiais unificados.
Batalhador, Popó dormiu no chão até os 23 anos de idade e viu sua luta ser transformada em conquista ao longo dos anos, algo inimaginável para um analfabeto funcional com pouca estrutura familiar.
Apesar dos desafios, o lutador conseguiu superar as adversidades para se tornar um dos maiores nomes do esporte brasileiro e referência para milhares de crianças em território nacional, que enfrentam diariamente os mesmo desafios do pugilista.
Após sua aposentadoria, ele resolveu focar nos estudos para, posteriormente, ter capacidade técnica e prática para trabalhar em prol do esporte que tanto lhe deu ao longo de sua carreira.
No entanto, uma luta contra o humorista Whindersson Nunes mudou sua carreira. Já aposentado, Popó aceitou o desafio de enfrentar Whindersson, só não esperava que essa disputa seria um marco em sua trajetória.
"Muitos jovens hoje começaram a saber um pouco mais da minha trajetória e do meu trabalho depois da luta contra o Whindersson Nunes. Antes da luta contra ele, eu passava na rua e os pais falavam assim: "filho, olha o Popó ali, nosso tetracampeão mundial". Hoje em dia é diferente, eu passo e os filhos falam: "olha pai, o cara que arrebentou o Whindersson Nunes”.
Antes da disputa, o ex-campeão mundial somava 500 mil seguidores nas redes sociais. Atualmente, após apostar em lutas de exibição contra grandes personalidades, ele totaliza mais de 4,5 milhões e pretende investir cada vez mais em conteúdos digitais.
Os últimos desempenhos foram dentro do esperado para um país com pouco investimento no esporte, os poucos amantes de futebol em solo norte-americano não criavam expectativas com a seleção, pelo menos até 2016, quando surge na Alemanha uma grande promessa, Christian Pulisic, jovem estado-unidense que surge na base do Borussia Dortmund, grande time alemão.

O início
Junto com a grande promessa, vem a candidatura oficial dos Estados Unidos para sediar a Copa de 2026, um projeto a longo prazo se inicia. É verdade que em 2018 não tivemos o prazer de ver os EUA jogando na copa da Rússia, mas é no pós copa, que começaríamos a ver uma seleção competitiva. Nomes da MLS (Major League Soccer), maior competição de clubes dos Estados Unidos começaram a se transferir para o futebol europeu, ou algumas vezes, jovens norte-americanos já surgem na base de clubes do velho continente, como foi o caso de Pulisic, Giovani Reyna, Sergiño Dest e etc…
Mas, fato é, uma crescente de grandes promessas americanas aconteceu e segue acontecendo no futebol mundial e isso os levou a 4 títulos desde a estreia do jovem Pulisic no time principal, em 2017, a Copa Ouro da Concacaf é conquistada após 4 anos, em 2019-20, a Liga das Nações da Concacaf é conquistada pela 1° vez, marcando oficialmente uma nova era no futebol norte-americano.
Esses dois títulos colocaram a geração de ouro no radar, mas ainda faltava algo.
E acompanhando de longe tudo isso, um nome forte ia surgindo na área técnica do futebol, o treinador norte-americano, Jesse Marsch foi fazendo seu nome no futebol europeu, em trabalhos frente aos times da Red Bull, o Salzburg e Leipzig e depois, rumo à Inglaterra, no Leeds United.
Todo esse tempo foi necessário para que uma seleção completa de jogadores com nível elevado se formasse. Em 2021, mesmo sem seus principais jogadores, os Estados Unidos cravam seu nome na Copa do Mundo de 2022 e conquistam novamente o título da Copa Ouro da Concacaf, além de garantir a vaga na semifinal Liga das Nações da Concacaf (que acontece após a Copa do Mundo), o projeto se inicia com muito sucesso.

No pré copa, uma das grandes revelações do país, Giovani Reyna falou um pouco sobre a expectativa para a Copa de 2022, mas já visando 2026, onde jogará na sua casa;
- Ganhar a Copa do Mundo obviamente não é nada fácil. Há muito tempo até lá. Temos que ver como as coisas se desenvolvem. Mas tenho certeza de que nossa geração jovem agora estará no auge de suas carreiras. Acho que com os torcedores em casa tudo é possível - disse o meia, de 21 anos, que atua no Borussia Dortmund, ainda antes da Copa do Catar, em reportagem do jornal "The Guardian".
Chegando ao Catar
A preparação para Copa foi bem-sucedida, com vitória sobre a futura 4° melhor seleção do mundo, o Marrocos.
Era um bom elenco, o 2° mais jovem da competição com uma média de idade de 25,2 anos, sem muita casca e experiência, mas com muito talento e o resultado foi o esperado, assim como a grande geração belga, a 1° copa da geração americana foi uma surpresa positiva para todos, a vaga para as oitavas de final veio com 2 empates e uma vitória, um ótimo futebol apresentado, neutralizando a seleção inglesa de Harry Kane e Jude Bellingham, que chegariam as quartas de final no futuro. Com a 10 nas costas, Pulisic levou o seu país as Oitavas de Final contra uma seleção holandesa que vinha apresentando um “futebol feio”, mas cascudo e infelizmente, o resultado foi negativo, apesar das reações pós jogo serem de frustração para as pessoas que assistiram à partida, a força de Virgil Van Dijk foi suficiente para parar as 17 finalizações americanas durante a partida e os holandeses conseguiram a vaga para a próxima fase, vencendo por 3 a 1.

Pós Copa
Para muitos, os EUA mereceram a classificação, mas isso virou passado para os jogadores assim que o juíz apitou, o foco mudou, a preparação para jogar em casa (Copa de 2026, que será sediada nos Estados Unidos) começou.
O pós copa é de foco para o melhor resultado do país em Copas do Mundo, jogando em casa, com sua geração de ouro.
Após grande atuação, os Estados Unidos conseguem uma “contratação”, de uma posição carente para o elenco. O jovem Florian Balogun, conseguiu a naturalização para poder jogar pela seleção norte-americana, sensação no futebol francês, o jovem que estava atuando pelo Stade de Reims, emprestado pelo Arsenal, terminou a temporada da Ligue 1 com 21 gols, chamando atenção de grandes equipes.
E finalmente, os Estados Unidos tinham em mãos, o seu melhor XI inicial da história do país, logo para a final da Liga das Nações da CONCACAF, em clássico contra o Canadá;
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Durante a partida, o time chegou a ficar, depois de muito tempo, com o time titular completo de jogadores que atuam nas 5 principais grandes ligas da Europa e o resultado não poderia ser outro, título conquistado, com direito a gol da “nova contratação”, Florian Balogun.
Fato é, a seleção tem casca, tem talento e tem vontade, vontade de ser uma potência no futebol. Isso é possível, a evolução do futebol nos Estados Unidos não ocorre só na seleção principal, mas também na base, na Copa do Mundo sub-20, que o ocorreu recentemente, em junho de 2023, os USA chegaram à final, levando o vice-campeonato, mostrando que estão prontos para se transformar em uma potência.
Além da seleção, a liga de clubes local, a MLS vem ganhando muita força, após a chegada de Lionel Messi ao Inter Miami, os recursos financeiros “foram para o espaço”, a liga está ficando cada vez mais forte e mais vista por todos. E para quem acompanha, sabe que antes mesmo da chegada do argentino em solo norte-americano, o Seattle Sounders fez história se tornando o 1° time dos Estados Unidos a disputar o Mundial de Clubes, após vencer a ConcaChampions, em 2022;
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Após a conquista da Liga das Nações da CONCACAF, o nível da seleção se elevou tanto que, para a Copa Ouro, o treinador Gregg Berhalter convocou um “time B”, o título não veio, sendo eliminado na semi final para o Panamá, mas o destaque positivo foi a vitória frente ao Canadá, nas quartas de final.

Um projeto a longo prazo vem acontecendo e dando resultado, a Copa do Mundo de 2026 chega para colocar um ponto final, no início do projeto, chega para consolidar o país, um título é improvável? Sim, mas eles vêm para surpreender e tem nomes dentro de campo (Pulisic, Balogun, Reyna, Musah, Weah e etc…) além de um grande treinador, esperando a sua chance (assim como todos os torcedores), Jesse Marsch. Os Estados Unidos estão prontos para sair apenas do basquete e futebol americano para tomar conta também do famoso “soccer”.
Desde a criação do futebol, a violência sempre acompanhou a modalidade. Inicialmente disputado na Inglaterra, por famílias contrárias, o esporte carregava um ar de disputa que não se limitava ao jogo.
Os Hooligans, principais personagens desse tipo de definição, começaram sendo definidos como vândalos, ainda na década de 1890. A palavra "hooligan", inclusive, começou a ser ainda mais conhecida após um relatório policial utilizar do termo para definir jovens de gangues presentes em Lamberth como The Hooligan Boys.
Mesmo sem tanta ligação inicial com o futebol, os hooligans, por conta da junção entre futebol e violência, demonstravam, cada vez mais, proximidade com o esporte.
Esses "vândalos", como eram definidos, tomaram o mundo do futebol por volta do final dos anos 50, com seu fanatismo e suposto amor pelos clubes que torciam. A agressividade e intolerância com torcedores rivais já demonstravam indícios de possíveis cenas lamentáveis. E o inevitável aconteceu, com mais frequência, na década de 80, onde os grupos protagonizaram cenas de selvageria e confrontos mais assíduos, seja contra torcedores adversários ou até mesmo a polícia que, por sua vez, tentava controlar os mesmos.
Ainda na década de 50, torcedores do Newcastle United, clube inglês, protagonizaram, em praticamente todos os jogos, invasões de campo, briga com torcedores rivais e atrito com a polícia. Na época em questão, duelos contra torcedores do Millwall, clube londrino, ficaram conhecidos e são vistos, mesmo que em minoria, até os dias de hoje.
PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS
Uma das brigas entre hooligans mais famosas foi em uma final de Champions League, em 1985. Na partida em questão, Liverpool (Inglaterra) e Juventus (Itália) duelaram dentro de campo, enquanto nas arquibancadas, a selvageria acontecia.
Torcedores do Liverpool invadiram o setor destinado aos fãs da Juventus, afim de brigar e colocar seu ódio pelo adversário em prática. Naquele dia, 38 pessoas morreram e outras inúmeras ficaram feridas. Esse acontecimento causou a expulsão de clubes ingleses da competição durante cinco anos.

Outro grande e triste acontecimento foi em Sheffield, na Inglaterra, novamente com invasão de torcedores do Liverpool. Na ocasião, mesmo sem o intuito de agredir torcedores que estavam dentro do estádio, os fãs entraram no estádio que, como consequência, superlotou e ocasionou a morte de 96 pessoas, além de 766 ficaram feridos. Os falecimentos e complicações foram, em sua maioria, por asfixia, decorrente do enorme e inesperado número de pessoas dentro do palco da partida. Esse dia ficou conhecido como "Tragédia de Hiilsborough".
CONSEQUÊNCIAS
Com a exclusão de clubes ingleses do tão sonhado título continental, as autoridades do país fizeram uma perseguição a fim de acabar com os diversos grupos de hooligans ingleses.
Essas investigações ocasionaram diversas prisões de vários grupos, fazendo com que o movimento de Hooliganismo diminuísse, mas, ainda assim, não foi extinto.
Em 2016, por exemplo, hooligans ingleses reapareceram. Um confronto entre torcedores ingleses e russos na final da Eurocopa chamou a atenção do mundo futebolístico, mostrando que esses grupos, mesmo que em baixo número, ainda existem.
Diversas ações foram feitas com a finalidade de extinguir os "brigões" dos estádios. Câmeras de segurança tiveram um aumento de instalações nos estádios, além da grande parte dos palcos dos jogos terem mecanismos de biometria para adentrar às casas dos clubes.
Muitos, aliás, adotaram o movimento de assistir aos jogos sentados, para que os jogos fossem, de certa forma, mais pacíficos.
Os Hooligans ingleses não estão extintos. Eles ainda existem, mas com maior fiscalização e preparação das autoridades de países envolvidos com o futebol.