Dicas e hábitos fitness divulgados por criadores de conteúdo orientam comportamentos e acendem o alerta sobre os limites entre referência e comparação
por
Thainá Brito
Mariane Beraldes
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22/04/2025 - 12h

No fim de março, o influenciador e coach fitness estadunidense Ashton Hall, de 29 anos, viralizou no TikTok ao compartilhar sua rotina matinal, que começa às 3h50 e vai até as 9h30. No vídeo, Hall adota comportamentos inusitados e os associa diretamente ao aumento da produtividade diária. “O pecado vive tarde da noite. Se você está lidando com uma mente fraca, más decisões ou falta de produtividade, durma cedo”, escreveu em seu post.

Ashton Hall em vídeo de rotina matinal   Instagram/Reprodução
Ashton Hall em vídeo de rotina matinal. Foto: Instagram/Reprodução/@ashtonhall

Nos últimos anos, conteúdos como esse têm se tornado frequentes em plataformas digitais e são amplamente propagados, sem considerar as diferentes realidades, condições de saúde e necessidades do público que os consome. Para a psicóloga clínica, Larissa Romano, em entrevista à AGEMT, esse tipo de postagem pode ser prejudicial para quem assiste “Eles estabelecem uma comparação de realidades e isso leva ao sofrimento emocional, principalmente porque são comparações desleais – as realidades são diferentes, e por si só não há equiparação, um lado sempre estará em desvantagem em relação a outro” analisou Larissa.

Entre vídeos de rotinas matinais que começam nas madrugadas, metas ambiciosas e compras de alto custo para exercer atividades físicas, influenciadores digitais exaltam seus desempenhos diários e reforçam a ideia de que “todos têm as mesmas 24 horas”. Com estratégias de engajamento, esse grupo conquista milhões de visualizações e modelam comportamentos de seguidores, principalmente jovens.

“Me sinto culpada por não conseguir aderir a hábitos como acordar às 5h da manhã para treinar. Tento lidar com essa sensação lembrando que as blogueiras que possuem essa rotina lidam com uma realidade totalmente diferente da minha", revelou a estudante de psicologia, Micaeli Macedo. Segundo o Panorama da Saúde Mental 2024, realizado pelo Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, as redes sociais afetam negativamente 45% das pessoas.

A comparação com pessoas de alto padrão de vida e a tentativa de equilibrar estudos, trabalho, exercícios e lazer, tem levado muitas pessoas a uma rotina exaustiva, marcada pela sensação de insuficiência. A falta de tempo para atender a tantas exigências e as desigualdades sociais, impactam a saúde mental do público que idealiza esses hábitos, um ciclo que reforça padrões inalcançáveis e alimenta a frustração cotidiana.

“O consumo de qualquer tipo de conteúdo se torna prejudicial quando acarreta em sofrimento emocional e psíquico e quando se torna o foco principal de seus pensamentos e ações. O exagero nunca é bom, por isso é perigoso quando percebemos que estamos investindo muita energia em uma coisa só”, afirmou a psicóloga Larissa.

Ouça a reportagem.

Após “Ainda Estou Aqui” fazer história no Oscar 2025, o novo filme de Fernanda Montenegro conquista uma legião de fãs
por
Anna Cândida Xavier
Juliana Bertini De Paula
Maria Eduarda Cepeda
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31/03/2025 - 12h

O filme “Vitória”, protagonizado pela atriz Fernanda Montenegro, levou uma legião de fãs às salas de cinema. Após o Oscar de 2025 ter dado um novo fôlego para a indústria nacional, despertando o interesse do público, o longa arrecadou 4,7 milhões sendo o filme nacional com a maior estreia em  2025. “Vitória”, estrelado por Fernanda Montenegro e Alan Rocha, apresenta a  história de Nina, uma senhora solitária que vive em um bairro do Rio de Janeiro que está sendo tomado pela violência do tráfico e conflitos com a polícia. Após suas denúncias não serem ouvidas, ela decide filmar as atividades suspeitas pela janela do seu apartamento, atraindo a atenção de um jornalista, que decide apoiá-la em sua missão. 

O filme dirigido por Andrucha Waddington e Breno Silveira com o roteiro de Paula Fiuza, é inspirado na história real de Joana da Paz, registrada pelo jornalista Fábio Gusmão em seu livro “Dona Vitória da Paz”, publicado em 2005. As gravações corajosas de Joana deram início a uma operação na Ladeira dos Tabajara, em Copacabana, desmascarando uma quadrilha de traficantes e policiais corruptos. Logo depois, para sua segurança, Joana da Paz muda de nome e cidade e vive 17 anos no programa de proteção de testemunhas. 

Joana teve uma vida difícil desde muito cedo, forçada a sair de casa após sofrer inúmeras violências na casa onde trabalhava como doméstica e perder seu filho com apenas 2 anos de idade, ela trilhou seu caminho até se restabelecer e comprar um apartamento na Ladeira dos Tabajaras em Copacabana, em Rio de Janeiro. Formada pela Policlínica Geral do Rio de Janeiro, foi massoterapeuta durante a época em que viveu em Copacabana. Após a crescente criminalidade no bairro onde vivia, insatisfeita com a negligência da polícia, decidiu comprar uma câmera de vídeo para denunciar através de sua janela a realidade violenta da favela à sua frente. 

 

Joana Zeferino da Paz em 2006, com sua câmera. Foto: Fábio Gusmão / Agência O Globo
Joana Zeferino da Paz em 2006, com sua câmera. Foto: Fábio Gusmão / Agência O Globo

Em entrevista à AGEMT, a atriz Lívia Gottardi Giorgi, 23 anos, comenta sobre como a violência e o tráfico são retratados em obras brasileiras. “Obviamente seria mais interessante se a gente tivesse esse retrato da perspectiva das pessoas da própria comunidade. A favela é generalizada, todos os personagens que são moradores daquela comunidade no filme, de alguma forma, estão ligados ao tráfico”, diz ela. 

Giorgi aponta que um retrato mais coerente das comunidades só será possível com a inclusão dessas pessoas no mundo cinematográfico e valorização dos artistas periféricos. A atriz paulista é formada em Artes Cênicas na UNESP e, atualmente, é bolsista pelo mestrado em Pedagogia das Artes Cênicas na ECA-USP. Já trabalhou com teatro, streaming e cinema.

Para ela, existe uma falta de liberdade criativa na área. Apesar das produções movimentarem muito investimento, eles dependem de validação de certos júris de grandes festivais para alcançar diferentes públicos, e para agradar tais jurados, existe uma limitação criativa. “É um protesto, mas no caso do cinema, a gente ainda tem alguns impasses, infelizmente", ressalta Giorgi. 

Na época das denúncias, Joana da Paz tinha 80 anos, declarou, após ser vencedora do 14° Prêmio PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais) de Cidadania, que não era uma heroína, somente “agiu como qualquer ser humano”. Em entrevista à CNN, Fernanda Montenegro compartilha: “O que me motivou foi a busca dessa personagem por uma justiça social, humana. É uma história verdadeira. Uma personagem não acomodada”. 

A eterna dama do teatro brasileiro, atualmente com 95 anos, acrescenta na mesma entrevista: “Na velhice, a solidão é inarredável. A vida vai levando você à solidão. Com a idade você vai ouvindo menos, vendo menos, se levanta com menos agilidade e as juntas começam a secar. Isso tudo é uma solidão também. Mas o filme não trata Vitória como uma sofrida, demagógica e melodramática. Pelo contrário, é uma mulher afetuosa e destemida”. Com a produção do longa “Ainda Estou Aqui”  e sua vitória na categoria de “Melhor Filme Internacional”, no Oscar 2025, o cinema nacional entra em uma nova fase, a retomada do público aos cinemas e o interesse pela indústria cinematográfica brasileira. 

 

 

Walter Salles, diretor de “Ainda estou aqui”, discursando após receber o Oscar de Melhor Filme Internacional. Foto: Reprodução/Oscar 2025
Walter Salles, diretor de “Ainda estou aqui”, discursando após receber o Oscar de Melhor Filme Internacional. Foto: Reprodução/Oscar 2025

O sucesso de bilheteria de filmes nacionais refletem esse interesse, “Auto da Compadecida 2” teve 4 milhões de espectadores nos cinemas e somou mais de R$78,9 milhões. O filme “Onda Nova”, proibido na ditadura militar, teve seu relançamento nos cinemas brasileiros após 42 anos de censura, graças ao resgate do costume de ir às  salas de cinema. Lívia Giorgi, apesar de acreditar num maior incentivo após o Oscar 2025,  relembra da “Cota de Tela” – projeto de lei assinado no ano passado em que as empresas cinematográficas devem exibir obrigatoriamente um número mínimo de sessões de filmes nacionais – e a importância de ter pelo menos um filme brasileiro nos cinemas.

“As vezes aquela pessoa que está passando num shopping num domingo à tarde, ela vai pegar o filme que tiver melhor na programação dela, vai esbarrar num filme nacional. Então, isso é fundamental para quebrar uma lógica hegemônica de que filme nacional é “trash”, é besteirol, e quebrar todos esses mitos que não dizem respeito às produções que a gente tem aqui de verdade” comenta a atriz. O Brasil conta com órgãos federais de incentivo à cultura, como o próprio Ministério da Cultura e a Funarte (Fundação Nacional de Artes). Além disso, existem leis de fomento à cultura, como a Lei Rouanet, a Lei Paulo Gustavo e a Lei Aldir Blanc, fundamentais para a sobrevivência da produção de arte nacional.

 

A brasileira chamou atenção das grandes casas de moda pelo mundo depois da indicação de "Ainda estou aqui"
por
Giovanna Laurelli
Wildner Felix
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01/04/2025 - 12h

Na cerimônia do Oscar 2025, Fernanda Torres chega na passarela usando um vestido de alta costura assinado pelo estilista belga Olivier Theyskens. A peça, inteiramente preta e com um imponente decote nas costas, foi ajustada especialmente para a atriz. O look não apenas ressaltou sua elegância, mas também garantiu seu lugar na lista das mais bem-vestidas do Globo de Ouro, segundo a renomada revista americana W Magazine.  

A escolha do vestido não foi aleatória. O tom sóbrio refletia a decisão de Fernanda e de seu estilista Antonio Frajado, de homenagear a trajetória de Eunice Paiva, personagem que a atriz interpretou no filme. Eunice, esposa de Rubens Paiva, enfrentou o desaparecimento do marido durante a Ditadura Militar e dedicou sua vida à busca por respostas e justiça.

 

Confecção do vestido de alta costura utilizado por Torres no Bafta Film Awards 2025, desenvolvido por Maria Grazia Chiuiri
Confecção do vestido de alta costura utilizado por Torres no Bafta Film Awards 2025, desenvolvido por Maria Grazia Chiuiri (Dior). (Foto: Reprodução/ Instagram @oficialfernandatorres)

 

Para a jornalista de moda, da Revista Capricho, Sofia Duarteem entrevista à AGEMT, “a moda é uma ferramenta de comunicação, e é exatamente dessa forma que Torres e Frajado a enxergam. No contexto da divulgação de “Ainda estou aqui”, um filme tão importante para a nossa história, é inevitável, portanto, olhar para as produções da atriz brasileira e pensar sobre a mensagem que elas carregam”, diz Duarte.

Os diversos vestidos utilizados por Fernanda Torres em suas aparições públicas foram foco do público e da mídia não apenas por sua beleza e elegância, mas pelo uso da técnica de method dressing. “O termo em inglês vem do method acting, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra!”, explica a pesquisadora, jornalista e professora de cinema e literatura Paula Jacob.   

Fernanda Torres pronta pro oscas
Fernanda Torres pronta para o Oscar 2025, com confecção da Chanel. (Foto: Reprodução/ Instagram @oficialfernandatorres)

“O method acting é um método de atuação, que é bem famoso no cinema principalmente. O ator meio que vive a vida do personagem, para entrar em um nível de profundidade e interpretar.” Continua Jacob. “O method dressing é uma coisa mais estética, não é que as atrizes - porque principalmente atrizes fazem isso - estão interpretando essas personagens no tapete vermelho ou em press conference. Elas estão usando esse método de transpor a personagem ou a atmosfera do filme para eventos, para criar toda uma comunicação visual, um storytelling”, explica Jacob.  

Alguns exemplos famosos da tática de unir a moda à promoção de um filme foram a americana Zendaya, durante a campanha de Duna (2021) e Challengers (2024), e a australiana Margot Robbie com Barbie (2023). A motivação comum para o uso de roupas de alta costura é simples: “tudo isso faz um buzz em torno do filme, da atriz e chama à atenção das pessoas, virando notícia” , analisa a pesquisadora. “O method dressing seria essa parte mais lúdica, de você conseguir, esteticamente, resumir o personagem, o filme, a atmosfera”. 

Torres conseguiu se destacar pelo fato de que sua vestimenta não estava atrelada necessariamente à promoção de seu trabalho, mas a um espaço de respeito pela figura que representava, a Eunice Paiva. “Ela estava respeitando a essência da história. Evitando usar coisas muito grandiosas, coloridas, festivas. Ela não estava promovendo um filme festivo, ela estava promovendo um filme sério”, afirma Jacob.

“Isso pedia uma certa descrição. Mas não que essa descrição fosse sufocante a personalidade dela, muito pelo contrário. Eu acho que rolou essa questão, de ter o respeito à personagem, o respeito à história, e ter um respeito à personalidade da própria Fernanda”, acrescenta Jacob. 

Fernanda Torres vestindo um vestido de grife
Torres, estilizada por Antônio Frajado, com vestido da grife The Row, para o Jantar dos Indicados ao Oscar 2025. (Foto: Reprodução/ Instagram @antoniofrajado)

Duarte, que realizou uma conversa pela Capricho com Frajado esse ano, confirma o conforto de Torres. “Ele (o estilista) me contou que o preto já é uma cor que a Fernanda gosta; a escolha de preservar a memória de Eunice está mais nas silhuetas clássicas, que garantem um resultado sofisticado mas não desfocam do assunto principal. Essa decisão demonstra um posicionamento político”, diz. 

Nesse universo da moda, as mulheres dominam a cena, sendo constantemente observadas e julgadas por suas roupas. No cinema, essa relação se intensifica, pois o figurino reflete diretamente a obra em que estão inseridas, tornando a mensagem transmitida pelas roupas ainda mais evidente. A jornalista, professora e pesquisadora de cinema Paula Jacob destaca a moda como um poderoso artifício político, capaz de comunicar ideias, imagens e mensagens sem perder sua essência. Como ela afirma: "não consigo ver a moda como apenas um pedaço de pano".

Essa visão se contrapõe à efemeridade das tendências da internet, que desaparecem em questão de minutos. Em contraste, o method dressing — técnica que alinha a vestimenta das atrizes à narrativa do filme — transforma o tapete vermelho em uma extensão da obra cinematográfica. Ao observar os looks das atrizes, é possível identificar referências diretas ao filme, tornando a experiência visual ainda mais marcante para o espectador.

Profissionais independentes sofrem com a situação do calor em SP
por
Júlia Polito
Luiza Zequim
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31/03/2025 - 12h

As altas temperaturas atingidas no último verão afetaram não somente o clima, como também a saúde da população. Especialmente no mês de março, os termômetros chegaram a bater 36C graus, com sensações térmicas ultrapassando os 40C. Essas condições climáticas trouxeram desgastes físicos para grande parte da sociedade. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), esse foi o sexto verão mais quente enfrentado pelo pais desde 1961. 

Com isso, a reportagem a seguir buscou um olhar diferente para a temática: como ficaram as pessoas que trabalham na rua debaixo do sol? João e Mozart sentiram na pele essa onda de calor nas ruas de São Paulo. Além da participação especial do médico Lucas Verdasca, que explica as consequências fisiológicas dessas temperaturas e também as medidas preventivas para evitar o mal estar. 

Assista a reportagem oficial clicando aqui 

 

Entenda como a pressão dentro e fora de campo podem afetar o psicológico de um atleta
por
João Lucas Palhares
Nicolas Beneton
Theo Fratucci
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31/03/2025 - 12h

No início do mês de março, o mundo do futebol sulamericano registrou mais um caso de racismo. Durante a partida entre Cerro Porteño e Palmeiras, válida pela Libertadores Sub-20, o atacante Luighi, do verdão, sofreu diversas ofensas racistas por parte da torcida adversária. Enquanto o jogador Figueiredo era substituído, torcedores paraguaios o chamaram de “macaco”, o mesmo ocorreu com Luighi, que foi substituído logo depois.

As ofensas foram ignoradas pelo árbitro Augusto Menendes. Após o apito final no estádio, Luighi, durante entrevista para TV Conmebol, mostrou sua indignação com o caso, perguntando se o repórter não ia abordar o acontecido na entrevista e chorando. Além disso, o atleta pediu que algum órgão responsável, a CBF ou a Conmebol, tomasse alguma ação contra os racistas, definidos pelo atacante como criminosos.

Após o caso, o Cerro Porteño recebeu uma punição da Conmebol. De acordo com a entidade sul-americana, o Cerro Porteño terá de pagar uma multa de 50 mil dólares (cerca de R$ 290 mil) em até 30 dias da notificação ao clube, e foi decidido que o time paraguaio terá que publicar uma campanha para conscientização contra o racismo em suas redes sociais.

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Luighi, do Palmeiras, às lágrimas em entrevista após sofrer caso de racismo em partida da Libertadores SUB-20. Foto: Reprodução / CONMEBOL TV 

Atos racistas infelizmente não são novidade no esporte, o que acaba refletindo na sociedade em geral. O número de casos e de jogadores ofendidos não parece diminuir, especialmente em relação aos brasileiros jogando em outros países da América do Sul e da Europa, como os ocorridos com Vinícius Jr, do Real Madrid, sendo um dos casos de maior repercussão até hoje. 

Em entrevista à AGEMT, o psicólogo Matheus Vasconcelos, especializado em psicologia do esporte e influenciador digital afirma: "sofrer o crime de racismo dentro do ambiente de trabalho é algo que impacta muito no psicológico dos atletas. O Supporting Professional Footballers Worldwide - FIFPRO  (organização que representa os jogadores profissionais no mundo todo), tem um relatório que aponta a importância das instituições implementarem iniciativas de cuidado com a saúde mental em relação a esse tipo de violência que os jogadores sofrem”, diz Vasconcelos

O preconceito com a psicologia no mundo do esporte é algo que por muitas vezes, trava o desenvolvimento pessoal e profissional de vários atletas, porém, indagado sobre, Vasconcelos disse que "existe uma melhora notável em relação a aceitação da necessidade de ajuda psicológica vindo dos jogadores e acredita que atualmente, o grande desafio para essa barreira ser ultrapassada de vez, são as próprias instituições que não se profissionalizaram e não buscam especialistas certificados para atuar dentro de suas dependências", ressalta.

Um exemplo é o do futebolista brasileiro Richarlison, do Tottenham e da seleção. O atacante de 27 anos passou por um momento conturbado pós Copa do Mundo de 2022, onde era o camisa 9 da amarelinha. Após a eliminação para a Croácia nas quartas de final, Richarlison passou a receber duras críticas de jornalistas e torcedores, e juntamente a isso, passou por problemas em sua vida particular. Segundo relatos do próprio atacante para ESPN, “a psicóloga salvou minha vida, eu só pensava em besteira, pesquisava sobre morte. Hoje eu posso falar, procure um psicólogo”. 

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Richarlison, atacante brasileiro declara que passou passou por momentos emocionalmente difíceis e a ajuda psicológica foi muito importante nessa fase (Foto:Reprodução/ESPN)

Trazendo um lado mais abrangente de nossa análise, Matheus define que o psicológico está em tudo que atravessa a experiência do atleta, ou seja, até aspectos que, observando de fora, não imaginamos o influenciam mentalmente, desde problemas familiares, relações fora do trabalho. Assim como as partes externas, mais relacionadas às condições de trabalho, o clima, a cultura, a educação e a língua do local onde cada um está. No Brasil, vivemos um contexto de acesso precário à educação, que é algo que segue o atleta desde o início de sua formação, esse fator educacional pode ser diferente entre cada um, devido a experiência individual que passou em sua vida. Outro fator é a função e a  fase que o atleta vivência profissionalmente. Ou seja, esses fatores que podem influenciar o psicológico do esportista, podem vir tanto de fatores externos, quanto internos.

Até que ponto o psicológico pode participar da criação de um atleta de alto nível? Na verdade, ele é um dos pilares para um profissional do esporte ser bem sucedido em sua área. Vasconcelos diz que estar bem mentalmente tem participação direta com sua performance durante a partida. “A psicologia pode influenciar diretamente no desempenho auxiliando o atleta a desenvolver diferentes níveis de habilidades psicológicas, sejam elas pessoais, interpessoais, atléticos ou de performance da modalidade praticada, através das intervenções do psicólogo e do conhecimento transmitido.”, explicou sobre a maneira correta de se trabalhar com esse grupo específico. Além disso, o psicólogo ressalvou que essas “intervenções” devem ser feitas de maneira cuidadosa e gradativa, para não correr o risco de prejudicar a saúde mental do esportista.
 

Estudos apontam aumento do estresse e ansiedade em períodos de calor extremo, que levanta alertas para a saúde pública
por
Ana Clara Souza
Juliana Salomão
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31/03/2025 - 12h

Os riscos para a saúde física causados pelo intenso calor já são bem conhecidos, mas os impactos nas condições psicológicas ainda são um tema crescente de estudo. Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que as mudanças climáticas estão afetando diretamente a saúde mental e o bem-estar psicossocial, com consequências cada vez mais preocupantes.

Em entrevista à AGEMT, a psicóloga Fernanda Papa discute como as ondas de calor impactam os grupos mais vulneráveis, além dos efeitos das altas temperaturas sobre os estímulos hormonais no corpo humano e as emoções que surgem nesse contexto. A especialista em meteorologia, Andrea Ramos, também explica sobre as consequências climáticas e as medidas necessárias para lidar com esses impactos em um cenário de intensificação das mudanças climáticas. 

Confira a reportagem completa:

 

Comércio de rua gera renda aos colaboradores e mantém viva uma tradição paulistana
por
Nathalia de Moura
Victória da Silva
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27/03/2025 - 12h

As feiras livres paulistanas já ocupam seus espaços pela cidade há anos. Gerando rendimento para muitos feirantes e possuindo uma variedade de produtos para a população, elas são essenciais para a geração de empregos. Com um público diverso, elas também são tradicionais no estado de São Paulo e dão a oportunidade de conhecer diferentes culturas e pessoas. Segundo a Prefeitura de São Paulo, por meio das secretarias de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), a primeira feira livre oficial aconteceu em 1914, através de um ato do então prefeito Washington Luiz Pereira de Souza. A ação surgiu para legitimar uma prática que já acontecia na cidade, mas de forma informal. Na ocasião, cerca de 26 feirantes estiveram no Largo General Osório, na região da Santa Ifigênia. Mais tarde, em 1915, outra feira se instalou, dessa vez no Largo do Arouche, e teve a presença de 116 feirantes.

As feiras não possuem um público-alvo e esse é seu diferencial. É possível ver crianças, jovens, idosos, famílias, moradores locais e até turistas usufruindo a multiplicidade de mercadorias que existem. Em sua grande maioria, pessoas da classe média e da classe trabalhadora são as que mais frequentam as feiras. Muitos também aproveitam para comprar legumes, verduras e frutas frescas, além de conhecer a cultura local.

São Paulo tem registrado cerca de 968 feiras livres e com a expansão desse comércio tão tradicional, a movimentação financeira gira em torno de R$ 2 bilhões por ano, incluindo a venda de até mesmo peças artesanais. Além disso, mais de 70 mil empregos, diretos e indiretos, são gerados.

Em Guarulhos, por exemplo, Quitéria Maria Luize, de 62 anos, vende condimentos e temperos em quatro feiras de bairros diferentes (Jardim Cumbica, Jardim Maria Dirce, Parque Alvorada e Parque Jurema), sendo essa sua única fonte de renda. “Ela é toda a minha renda, de onde eu tiro o sustento. Criei toda a minha família trabalhando com esses temperos. E começando lá de baixo, não comecei lá em cima”, diz Quitéria em entrevista à AGEMT. 

A feirante afirma que antes de estabelecer seu comércio nas feiras, ela iniciou vendendo temperos pelas ruas com um carrinho de pedreiro: “peguei esses temperinhos emprestados que a minha tia já vendia, saí nas portas, batendo palma e contando minha história”.

 

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Diversos condimentos são comercializados na barraca de Dona Quitéria. Foto: Victória da Silva

Vendedor das mais diversas frutas, Queiroz - como é conhecido e gosta de ser chamado - é feirante por tradição. Seu pai e seu avô participaram de feiras livres e passaram o negócio para ele, que vive disso até hoje, aos seus 60 anos. “O meu avô começou na feira em 1945, ele tinha uma chácara, colhia e vendia. Aqui em Guarulhos não tinha nada, mas já tinha a feira”, informa.

“A feira é patrimônio do Estado de São Paulo” afirma o vendedor, defendendo a existência dela como crucial para a vida dos paulistas e paulistanos. Queiroz diz que as feiras são tão importantes quanto os mercados, já que foi por meio desse comércio que eles passaram a existir: “Até o leite era vendido na feira. A feira era uma festa!", relembra QQueiroz. 

 

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Barraca de frutas do seu Queiroz. Foto: Victória da Silva.

Quem trabalha ou frequenta as feiras falam delas com muito carinho e cuidado. Além disso, os feirantes e moradores também podem ajudar na fiscalização das feiras. Caso identifiquem alguma irregularidade, eles podem acionar as subprefeituras para checarem, pois elas são responsáveis pelo monitoramento. Já a organização e a supervisão são feitas pela Prefeitura por meio da SMDHC e da Executiva de Segurança Alimentar e Nutricional e de Abastecimento (SESANA).

Marcos Antonio da Silva é vendedor de ovos na feira do Jardim Cumbica há 10 anos, mas, diferente de Quitéria, durante os dias úteis trabalha em outra profissão: motorista de caminhão. O caminhoneiro de 52 anos diz que o comércio feirante é uma ótima forma de conseguir renda extra aos finais de semana. Contudo, as mudanças econômicas do país em 2025 fizeram as vendas caírem. “A feira me distrai muito. Aqui tem muita gente boa, atendo bem os clientes, tenho muitos, eles gostam do meu trabalho, eu gosto deles, mas a venda deu uma caída, subiu o preço do ovo, subiu o café, subiu o alho, subiram muitas coisas”, finaliza.

Ir à feira é um evento. Vemos diversas cores e sentimos vários cheiros e sabores. Mas as feiras livres possuem mais do que frutas, temperos e artesanatos. Elas apresentam histórias de vida e ali, amizades e novas experiências podem ser compartilhadas. 

No mês de março, torcida organizada realiza evento para apresentar novo projeto
por
Laila Santos
Tamara Ferreira
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24/03/2025 - 12h

No dia 8 de março, o Departamento Social da torcida organizada Gaviões da Fiel lançou a Secretaria da Mulher, que tem como principais iniciativas: apoio psicológico, jurídico e profissional; conscientização; arte e cultura; integração e diálogos. O objetivo desse pioneiro projeto é oferecer suporte e acolhimento às torcedoras e adeptas, promovendo ações voltadas para as mulheres dentro e fora das arquibancadas. O evento contou com homenagens, sorteios de serviços e produtos de mulheres empreendedoras, treino funcional e de defesa pessoal, exposições fotográficas de mulheres na torcida e café da manhã.

Confira no vídeo as entrevistas que fizemos com algumas fiéis torcedoras nesse dia memorável e marcado pela representatividade:

 

Número de espectadores da liga caiu cerca de 45% nos últimos 13 anos
por
Enrico Peres
Gabriel Ayres
Mateus Carrilho
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24/03/2025 - 12h

O basquete, que já havia sido o principal esporte norte-americano, vê cada vez mais a audiência e o interesse pela modalidade caírem. Desde o início da temporada de 2024/2025 o número de telespectadores já caiu 30% em relação à temporada anterior. Os números são ainda mais avassaladores em relação a 2012, onde houve uma queda de 45% na audiência durante esses 13 anos. 

De acordo com uma pesquisa realizada pelo portal de notícias Sportico, dentre os 100 eventos televisivos mais assistidos nos Estados Unidos em 2024, nenhum foi um jogo de NBA. O mais impressionante é a presença de 72 jogos da NFL nessa lista, além de um jogo da WNBA, liga de basquete feminino, o que pode indicar que o problema não seja o esporte em si, mas a liga masculina de basquete que não está atrativa para o público. 

Um evento que atesta o estado da NBA é o All-Star Game. Jogo que tradicionalmente reúne os melhores jogadores da liga para disputarem um jogo amistoso entre si. O evento que já foi um dos mais aguardados dos esportes, hoje não tem mais o mesmo brilho de antes. Os jogadores parecem desinteressados e sem competitividade para jogar, além de “pegarem mais leve” com medo de se lesionarem. O astro do Los Angeles Lakers, LeBron James, se posicionou sobre a queda de audiência do All-Star Game e da NBA como um todo: "Eles têm que fazer algo. Obviamente, nos últimos anos o All-Star Game não foi legal. É uma conversa muito maior. Não é só o All-Star Game, é nosso jogo em geral. Temos que ter uma conversa. São bolas de três para c** sendo arremessadas por jogo”.

João Dannemann, administrador do Camisa 23, uma das maiores páginas de basquete fora dos EUA, entende que a NBA tem problemas, mas não está em crise. “Não acho que a palavra ‘crise’ seja apropriada. Acho que a NBA nunca vai viver uma crise de audiência ou de jogo, visto que a marca é muito forte globalmente, ao contrário da NFL que é mais nixada nos Estados Unidos.”. Apesar de não reconhecer como crise, ele entende sim que a liga vem perdendo visibilidade no mercado americano e tem ficado para trás de outros esportes, como o futebol americano.

Sendo crise ou não, a liga está com problemas de audiência e esses são os principais motivos para isso estar acontecendo:

Domínio estrangeiro na NBA

A temporada 2024/25 da NBA possui o recorde de estrangeiros na liga,125 jogadores estrangeiros de 43 nacionalidades diferentes. Além da quantidade numerosa de estrangeiros, muitos deles também se tornaram os principais nomes da liga. Dos últimos seis vencedores do prêmio de MVP, três eram de fora dos Estados Unidos: Giannis Antetokounmpo, Joel Embiid e Nikola Jokic. E desde a temporada 2018/2019, ao menos cinco jogadores estrangeiros integraram os times do All Star Game. O último MVP da NBA, foi o norte-americano Jaylen Brown, que nesta atual temporada não performa em nenhuma das estatísticas da liga, já Jokic e Antetokounmpo, dois dos últimos três MVP's estrangeiros da NBA, aparecem em várias dessas estatísticas. Essa oscilação de uma figura estadunidense no topo da liga, após era Lebron e Curry, e com a ascensão de estrelas estrangeiras, faz com que os telespectadores norte-americanos não tenham alguém do mesmo país como referência atual em um esporte que por muitos anos foi o maior de sua nação.

Temporada cansativa

O formato atual da NBA também pode afastar os telespectadores da liga. Diferente da NFL, que vem tendo uma ascensão gigantesca de espectadores, a NBA possui 65 jogos a mais, só na temporada regular, que a liga de futebol americano. As duas ligas dividem os times em conferências e divisões, por conta do grande tamanho territorial dos Estados Unidos, tendo 2 conferências e 3 divisões na NBA e 4 na NFL. Mesmo com estrutura parecida, o calendário de jogos é totalmente diferente. Na NBA cada equipe disputa 82 jogos, 41 em casa e 41 fora. As equipes da Conferência Leste enfrentam os times da Conferência Oeste duas vezes durante a temporada regular. Dentro da divisão, que é criada de acordo com critérios geográficos, os times se enfrentam quatro vezes. E com rivais da mesma conferência, mas de divisões diferentes, são feitos três ou quatro jogos. Já a NFL opta por um calendário mais simples, com apenas 17 jogos na temporada regular, com direito a uma semana de folga durante a temporada, a “Bye week”.

Esses 17 jogos são divididos com 6 jogos dentro da sua divisão, com três disputados em casa e três fora, 4 serão contra uma divisão dentro da sua conferência, com dois em casa e dois fora, 4 serão contra uma divisão da conferência oposta, com dois em casa e dois fora, 2 jogos serão contra franquias que terminaram exatamente na mesma posição no ano anterior dentro das outras duas divisões da sua conferência que restaram, com um jogo em casa e outro fora e o último jogo é contra um time que ficou na mesma posição na temporada anterior em alguma divisão da conferência oposta que o time não está programado para jogar. Nos playoffs de ambas competições possuem a mesma quantidade de confrontos, porém não de jogos; isso ocorre pois cada confronto de playoff na NBA é decidido em até 7 jogos, ou seja, quem ganhar 4 jogos primeiro se classifica, já na NFL é decidido em jogo único. Essa quantidade excessiva de jogos na NBA, e repetição de adversários durante toda a temporada faz com que, para o espectador, fique muito massante de assistir, diferente da NFL, que fica muito mais dinâmica e emocionante, pois cada jogo se torna mais “único”. João Dannemann confirma essa falta dos jogos serem mais exclusivos; “ Oitenta e dois jogos é muita coisa. Para o público médio é ruim porque acaba tirando um pouco da importância da maioria desses jogos”.

 

Lebron James em sua estreia pelo Lakers, contra o Denver Nuggets, em 2018
Lebron James em sua estreia pelo Lakers, contra o Denver Nuggets, em 2018

 

Grandes Intervalos Comerciais

Na era moderna da NBA, com o produto da liga cada ano se valorizando, a liga também ganha uma maior visibilidade para marcas. Com isso, junto do aumento do número de transmissões, com todos os 2 mil quatrocentos e sessenta jogos de temporada regular sendo transmitidos, a duração de um jogo médio aumentou drasticamente comparada com a dos anos 90. O dinamismo do jogo de basquete deu lugar para propagandas que atualmente compõe a maioria do tempo de uma transmissão média, seja ela local ou televisionada nacionalmente. A duração regulamentar de um jogo é de 48 minutos, dividido em 4 tempos de 12, mas nas transmissões atuais esses 48 minutos se estendem, em média, por 2 horas e 13 minutos. Esse levantamento do padrão de tempo de um jogo foi feito pelo The Hoops Geek, portal americano, para a temporada 2021/22. Em jogos de Play-off, em que as partidas possuem maior visibilidade, esse tempo aumenta para 2 horas e 25 minutos.

O problema dos três pontos

Talvez a maior reclamação dentro da comunidade que consome NBA é que o jogo atual tem pouco dinamismo e é dominado pelas bolas 3. A linha de 3 pontos foi introduzida na liga em 1979,  mas era bem pouco aproveitada. No jogo da época, existiam poucos bons arremessadores e a Liga era composta, em sua maioria, por jogadores altos que dominavam o garrafão. Armadores como Magic Johnson conseguiam se impor na NBA pelo físico e atleticismo. Nos anos 90, a Liga diminui a a linha de 7,25 metros da cesta para 6,71, e nos anos 2000, a técnica de usar posses para chutar pra 3 se tornou comum,  com jogadores como Tracy McGrady, Ray Allen e Steve Nash aparecendo como protagonistas da liga como grandes armadores com ótimo aproveitamento no Mid-Range e na linha de 3.  Mas foi com a ascensão de Stephen Curry e do Golden State Warriors que o jogo de basquete na NBA mudou completamente. Já tendo conquistado um título no ano anterior, o Warriors terminou a temporada 2015/16 como o melhor time da história da temporada regular, construindo um recorde de 73 vitórias e apenas 9 derrotas e conseguindo um aproveitamento de 41.6% na cesta de 3, mesmo com uma média de mais de 31 arremessos tentados por jogo. Curry, que nessa temporada foi eleito de forma unânime o MVP, foi o jogador com mais arremessos certos de 3 numa mesma temporada regular, com 402. Após o Warriors aparecer como um time tão dominante e montar uma dinastia nos próximos anos, o modo de se jogar da NBA se transformou de um jogo físico para um jogo que era necessário saber chutar. Os pivôs não podiam ser apenas  imponentes, mas teriam que também saber chutar e armar jogadas.

Entenda como está o cenário desta subcultura na capital paulista
por
João Bueno, Fernando Amaral e Bruno Elias
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24/03/2025 - 12h

Em São Paulo, da capital as regiões metropolitanas, campos de terra batida às quadras improvisadas, uma evolução absurda está acontecendo no futebol de várzea. Em entrevista à AGEMT, o diretor do time da Zona Norte, Associação Desportiva Guarani, nos contou  sobre a vivência e a atual realidade da várzea. Assista ao vídeo