O café, uma das commodities mais consumidas e exportadas pelo Brasil, tem apresentado uma forte alta de preços nos últimos meses. Neste contexto, investigamos os principais motivos que levaram a um aumento de 80,2% no preço acumulado em 12 meses, conforme registrado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para entender melhor essa realidade e como a alta tem afetado a população brasileira; seja na compra do café em pó, grãos ou cápsulas; convidamos dois especialistas para o nosso podcast Na Ponta da Língua.
O economista Pedro Faria, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em entrevista à AGEMT, faz uma análise detalhada dos elementos que têm contribuído para a alta dos preços. Já a empresária Flávia Lancha compartilha sua percepção como produtora rural sobre como esse aumento tem impactado a produção de café. Crédito da foto: Juliana Salomão
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Nesta última sexta-feira em entrevista para o portal Agente da PUC-SP o professor de Sociologia Antônio Fonseca de Deus respondeu perguntas e deu a sua opinião sobre a globalização e a sua relação com a cultura e a economia. Além de falar como o Brasil tem lidado com essa questão.
Na visão do professor Antônio a globalização é uma coisa criada pelos, e é latente do modo econômico e cultural e gerou grandes avanços tecnológicos.
Quando questionado sobre a participação dos EUA na cultura da globalização ele afirma que os Estados unidos influencia as pessoas pelas mídias, com isso eles propagam a sua cultura pelo mundo espalhando as suas marcas e empresas pelo mundo.
Por fim para responder sobre a participação do Brasil o professor diz, que o nosso pais e emergente e por conta disso já da sinais que aderi ao neoliberalismo. Assista.
A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal representa um marco jurídico. Em junho de 2024, por maioria de votos, o STF fixou o limite de até 40 gramas ou seis plantas fêmeas para o porte individual. A medida retira a pena criminal e define sanções administrativas, como advertência e prestação de serviços.
"A decisão, embora significativa, está longe de reestruturar a política de drogas no Brasil. O país segue adotando uma abordagem repressiva, mesmo diante de experiências internacionais que priorizam saúde pública e direitos humanos", critica o professor Paulo Pereira, do curso de Relações Internacionais da PUC-SP, em entrevista à AGEMT.
“O Brasil ainda está muito apegado a uma política de drogas conservadora, desconectada das pesquisas científicas e das práticas mais modernas no mundo”, afirmou o especialista. Ele observa que, em países como os Estados Unidos — origem do proibicionismo —, já há iniciativas estaduais de regulação da cannabis e até de uso terapêutico de psicodélicos. No Brasil, o modelo continua ancorado na criminalização e no controle social.
“O que temos é uma política construída ao longo do século XX, com forte marca repressiva, criminalizadora, racista e classista”, diz Pereira. Ele lembra que essa estrutura penal recai, com frequência, sobre jovens negros e moradores de periferias, ainda que boa parte dos casos envolva pequenas quantidades de droga. O impacto da atual legislação é mensurável. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam que, em 2023, 30% da população carcerária estava presa por delitos relacionados à Lei de Drogas. O número reforça as críticas ao encarceramento em massa e à seletividade penal.
Ao mesmo tempo em que o STF avançou com a descriminalização parcial da maconha, o Congresso Nacional tramitou em sentido oposto. A PEC 45/2023, aprovada no Senado em abril de 2024, pretende criminalizar o porte de qualquer droga, independentemente da quantidade. Caso seja aprovada na Câmara, especialistas temem que a proposta torne inócua a decisão do STF e intensifique o encarceramento.
Para o professor, uma política eficaz exige diagnóstico social e territorial. “A melhor forma de elaborar políticas públicas sobre drogas é entender os contextos específicos do uso, os tipos de substância, e as limitações socioeconômicas de cada grupo. A repressão generalizada só perpetua desigualdades”, afirma.
A comparação com outros países reforça esse argumento. Portugal, por exemplo, adotou um modelo de descriminalização em 2001, com foco na redução de danos e reinserção social. Já Canadá e Uruguai legalizaram o uso recreativo da cannabis, criando mecanismos de controle e arrecadação. As estratégias variam, mas têm em comum o afastamento do modelo puramente penal. No Brasil, o tema ainda enfrenta barreiras culturais.
Segundo pesquisa realizada pelo PoderData, em junho de 2024, 50% dos brasileiros apoiam a descriminalização da maconha, enquanto 45% se declaram contra. A divisão reflete o caráter conservador de parte da sociedade e a força de discursos que associam drogas à violência e à marginalidade. Para Pereira, mudar esse cenário exige enfrentamento político e social. “É um desafio de longo prazo. Nossa sociedade foi moldada por uma visão punitiva, e romper com ela depende de informação, escuta e compromisso com os direitos humanos. A transformação não será rápida, mas é necessária”, acrescenta.
Enquanto, o Judiciário avança e o Legislativo recua, a política de drogas no Brasil segue marcada por contradições. No centro do debate está uma pergunta urgente: o país continuará punindo o consumo ou buscará soluções baseadas em cuidado, educação e justiça social?
Uma das principais vozes do feminismo negro, Angela Yvonne Davis, fez parte do grupo revolucionário “Panteras Negras” e do Partido Comunista dos Estados Unidos. Além disso, foi amiga de Herbert Marcuse, um dos principais filósofos da Escola de Frankfurt. Marcuse foi seu orientador durante o tempo em que ela passou na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e a incentivou a explorar suas ideias revolucionárias de forma mais profunda. Ele foi uma grande influência sobre seu entendimento do socialismo, feminismo e teoria crítica. "A liberdade é uma luta constante. Não há fronteiras para a luta pela liberdade", diz trecho do livro "A liberdade é uma luta constante”, um de seus livros de grande repercussão.
Angela Davis tem uma forte ligação com a música, especialmente com o jazz. Ela costumava frequentar os clubes de jazz em Los Angeles e é fã de artistas como John Coltrane e Miles Davis, cujos trabalhos influenciaram sua visão artística do mundo. Além disso, Davis mantém uma profunda admiração pelo Brasil. Suas visitas ao país ao longo dos anos, revelam não apenas um interesse político, mas também um verdadeiro afeto pela cultura brasileira e pelos movimentos sociais locais. “Tive a oportunidade de conhecer Lélia Gonzalez, e minha percepção é que nós temos muito o que aprender com os movimentos do Brasil”, disse ela em sua passagem a São Paulo em 2019 durante sua participação em um ciclo de debates e palestras que aconteceu também no Rio de Janeiro.
Ela reconhece no Brasil um território fértil para o debate sobre raça, gênero e justiça social “Há uma vibração, um pulso coletivo nos jovens, principalmente nas mulheres negras e jovens, que é muito grande”, diz Davis. Esse carinho pelo país latino-americano se estende desde 1997, quando esteve pela primeira vez em nosso solo, mais especificamente na Bahia, em evento que celebrava o legado da ativista negra Lélia Gonzalez. No geral, em todas as suas passagens pelo país, participou de conferências, encontros com lideranças de movimentos negros e feministas, além de fortalecer laços com intelectuais e artistas comprometidos com a transformação social.
Davis afirma ver no país uma esperança para a luta das mulheres negras e não enxerga a necessidade de buscarem nela uma referência para o feminismo negro, quando ela mesma aprende com figuras como Marielle Franco, Carolina de Jesus e Lélia. Também se posicionou incisivamente diante de questões políticas brasileiras. Durante o lançamento de sua autobiografia “A liberdade é uma luta constante”, pela editora Boitempo, em 2019, se mostrou atenta ao cenário nacional ao defender a liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva, hoje presidente da República. No mesmo evento, Davis pediu justiça por Marielle Franco, que havia sido vítima de assassinato no ano anterior.
Angela retornou ao Brasil, em 2024, para participar da abertura da terceira edição do Festival LED falando sobre a educação como ferramenta para a libertação, momento em que exaltou outra figura brasileira: Paulo Freire, dizendo o considerar o maior educador do mundo. Durante o evento, também se posicionou contra a PL Antiaborto, que estava em discussão na época, e a retirada do livro “O menino marrom” de escolas municipais de Minas Gerais. Afirmou que esses movimentos fazem parte de um crescimento conservador que vem afligindo todo o mundo.
No dia 23 de abril, quando se celebra o Dia Mundial do Livro, a homenagem aos autores e obras contrasta com um cenário preocupante: o Brasil está lendo menos. Dados da 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura, do Instituto Pró-Livro, revelam uma redução de 6,7 milhões de leitores nos últimos quatro anos, reacendendo o debate sobre os desafios de manter a leitura como hábito em meio a transformações culturais e digitais. Em 2024, a pesquisa apontou que 53% da população, o que corresponde a 93,4 milhões de pessoas, é composta por não leitores. Isso significa que mais da metade dos brasileiros não leu um único livro, e nem mesmo parte dele, nos últimos três meses.
“São fatores multifacetados. Não é um único problema. Acho que a queda na leitura do povo brasileiro reforça questões estruturais como, por exemplo, a desigualdade social", diz Bruna Martiolli, mestre em Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade do Minho, em entrevista à AGEMT. Ela reforça que questões estruturais, como a desigualdade social, impactam diretamente o acesso à leitura.
Segundo a pesquisa, um dos principais pontos é a disparidade entre as classes sociais. Enquanto 3 milhões de pessoas da classe A são consideradas leitoras (62% desse grupo), nas classes D e E, apesar de o número absoluto ser maior — 19 milhões —, o índice proporcional cai para apenas 35%.

Foto: Reprodução/Retratos da Leitura no Brasil
Em Portugal, por exemplo, o público tem consumido cada vez mais livros, registrando um aumento de 9% nas vendas de 2024 em relação ao ano anterior, segundo a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL). Em entrevista à revista Executive Digest, o presidente da APEL afirmou que este fenômeno é fruto de um esforço coletivo que envolve pais, educadores, autores, organismos públicos e, inclusive, a influência de criadores de conteúdo. Enquanto os portugueses estão tirando proveito das mídias digitais, o Brasil enfrenta barreiras que vão muito além das distrações das telas. Para a professora Bruna, essa contradição revela que o problema na queda da leitura dos brasileiros não se resume a fatores como globalização ou ao uso cada vez maior das redes sociais.
“A gente lida com um país que vive no auge da desigualdade social. A falta de acesso a livros é um problema, e a falta de interesse em ler é outro”, diz ela, que reforça a falta de espaços de incentivo à leitura, como bibliotecas públicas e comunitárias no Brasil, até os altos índices de analfabetismo que persistem e excluem milhões.
Interesse pela Leitura
Mesmo em um mundo dominado pelo digital, Bruna Martiolli diz não ter “a menor dúvida de que a literatura não corre perigo algum”, pois "por mais globalizados e conectados que estejamos, os seres humanos não conseguem abrir mão daquilo que faz parte da sua essência — a busca pelo sentido, beleza e reflexão da vida. Cedo ou tarde, a literatura encontra o seu lugar", garante. Ainda que o interesse imediato pareça diminuir entre os mais jovens, o fascínio pela leitura, que se mantém desde o surgimento do livro, nunca desapareceu; o encanto apenas se manifesta em momentos diferentes para cada leitor.
Como é o caso da influenciadora digital e apresentadora Giovanna Souza, conhecida como Gih Souza nas redes sociais. “Na minha escola, existia aquele estereótipo do ‘nerd’ que fica lendo. E eu pensava: ‘Não vou ler, não vou ser a nerd que fica lendo’. Deixei esse meu lado pra lá e, na pandemia, comprei um Kindle [aparelho para leitura digital]. Eu falei: ‘Vou voltar a ler’, e comecei a ler muito”, orgulha-se.
O Kindle, dispositivo que permite o acesso e a leitura de diversas obras, é um exemplo da popularidade do mercado de livros digitais. De acordo com uma pesquisa realizada pela Nielsen BookData, em parceria com a Câmara Brasileira do Livro, 30% dos leitores brasileiros compraram livros tanto em formato físico quanto digital no ano de 2024, enquanto 14% optaram exclusivamente pelo formato digital.
Nesse cenário de transformação nos hábitos de leitura, os criadores de conteúdo digital têm desempenhado um papel na aproximação dos jovens da leitura, adaptando ou “mastigando” as obras para os usuários e seus seguidores, por meio de storytellings que funcionam nas redes sociais e no universo dos algoritmos e vídeos curtos. “Acho que elas [as adaptações] incentivam, sim. Tanto que meus maiores vídeos são quando eu faço resumo dos livros. Às vezes as pessoas gostam de ler para realmente comentar sobre. Gera curiosidade para leitura”, disse Giovanna.
O TikTok, aplicativo chinês famoso pelos vídeos curtos e por ditar as novas tendências na internet, tem se tornado cada vez mais popular entre os jovens. Dentro da rede social, surgiu o movimento “BookTok”, impulsionado por influenciadores digitais, em vídeos são publicados para compartilhar o que o criador está lendo, recomendações e discussões de livros, além de edições e montagens com cenários e roteiros diversos que, das formas mais criativas, incentivam a leitura.
@_gihsouzaf A pergunta de milhões pós #culpatuya é : qual a data de culpa nossa? #culpables #culpamia #nicolewallace #gabrielguevara #culpamiaedit ♬ som original - Gih