Todo dia uma correria
por
Victória Toral de Oliveira
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06/11/2024 - 12h

 

Todo dia a mesma correria. Acorda às 5h, toma banho e corre para pegar o trem. 
- Mas e o café, meu filho? - Não dá tempo, se parar eles te engolem. Como no caminho. 
Vagão lotado, não tem onde sentar. Sardinha humana, que humilhação diária. “Ah mas não pode parar, se parar, eles te engolem”. Chega na empresa às 7h30, é estagiário, recebe como estagiário, mas é cobrado da mesma forma que o CLT que trabalha do seu lado. Mas se reclamar eles te engolem. Trabalha, trabalha e trabalha, porque já sabe se parar, eles te engolem. Já é meio dia, a barriga está gritando por comida. Ele vai ao encontro da sua tribo, os outros estagiários. Senta na mesa, abre sua marmita, porque o VR não permite comer todos os dias na praça de alimentação. A mãe fez sua comida favorita, strogonoff de frango. O sorriso estampado no rosto, uma alegria no meio da semana corrida. 
Depois de comer, precisa voltar para o trabalho, ainda tem muitas pendências. Tem reunião, integração entre estagiários de outros setores e mais trabalhos chegando, mas não pode parar, pois se parar eles te engolem. 
São 15h30, tem que correr pra faculdade, para ter tempo de estudar para a prova. O ônibus passa 15h40, se perder tem que pegar o das 16h10 e aí chega tarde na faculdade. Corre para o ponto. Vê o busão, mas está longe, grita para o motorista, é seu Luiz, ele é gente boa. 
Entra no ônibus, bate o desespero, será que ainda tem crédito? Tem que ter. Foi na segunda passada ou retrasada que carregou o cartão. Foi passada, tem que ter sido na passada. Passou, ainda tem R$ 15, dá para seis dias. Ah não, não são seis dias. São dois dias. Sexta, antes de voltar para a casa precisa recarregar. Melhor, recarregar quando for para a faculdade. 
O cansaço bateu, um cochilo antes de chegar no ponto seria bom. É um longo percurso até a faculdade. O cochilo veio e o ponto também. Despertou no momento certo. O relógio marca 16h40 e vai dar tempo para estudar. A biblioteca está vazia, mas antes um café. Na cafeteria, o café expresso é R$  5,50, na barraquinha do Valdir é R$  3. É final do mês e o VR está quase acabando, vai ser com seu Valdir. 
São três textos separados para a prova, cada um com 15 páginas. O professor já avisou, a análise tem que abordar os três. Foco total, não deu para ler antes, são 9 disciplinas, mais o estágio. Tem que dar agora. 
O relógio marca 18h30, a aula vai começar. Tem que correr pra sala. O professor ainda não chegou. A prova será escrita, pega a caneta e toma seu primeiro copo de água do dia. Depois dessa disciplina, tem mais uma que vai até às 22h30. 
- Será que o professor libera mais cedo? 
Foco na prova!
O professor já entregou a folha, ele quer uma análise crítica, três páginas no mínimo. 
Acaba a primeira aula, o sono já chegou e a fome também, mas se parar eles te engolem. Tem ainda a última aula e depois dela mais um ônibus antes de chegar em casa. O tempo da segunda aula passou rápido, já o ônibus, ele passa em 20 minutos. Ainda tem mais uns 40 minutos até o ponto. É preciso correr para não atrasar e ter que esperar mais uma hora pelo próximo ônibus.
Chega em casa, por volta da 00h00, a família toda dormindo, mas deixaram comida no forno.
De banho tomado, corpo relaxado e despertador programado para daqui cinco horas é momento para descansar. Realmente ele vai despertar? Vai! Foi programado. Então, agora dá para parar, mas não totalmente, porque se parar, eles te engolem. 
A rotina se repete cinco vezes na semana e nos dias que seriam de descanso, tem texto para ler, trabalho para fazer e o momento de lazer só se der tempo, porque se parar, eles te engolem.
Sempre está dando o melhor de si, mas sabendo que não é suficiente. Falar mais de dois idiomas é fundamental para ter uma pequena chance profissional. 
Aceitar todos os pedidos, sem reclamar ou questionar, até ser efetivado. Para depois a rotina ficar mais intensa e você não pode parar, porque se parar, eles te engolem. 
São de quatro a cinco anos nesse ritmo e após a formação, o descanso não é atingido. Vai se emendando exaustão atrás de exaustão, para não parar e ser engolido. 
O tempo passa e a rotina fica cada vez mais intensa. A vida pessoal? Não existe. Momentos de pausa e de descanso estão cada vez mais distantes.
A exaustão já tomou conta de tudo. Eles te engoliram a muito tempo, só você não percebeu. Sem saber quem você é, sua vida parou antes mesmo de começar. 

O paulistano passa, em média, 2h47min diariamente no transito, segundo pesquisa do Ipec em 2023. Foto: Victória Toral/arquivo pessoal
O paulistano passa, em média, 2h47min diariamente no transito, segundo pesquisa do Ipec em 2023. Foto: Beatriz Toral/arquivo pessoal


 

No fim das contas, não sou nenhum músico. Apenas um jovem que se viu inspirado por dois irmãos brigados
por
FABRICIO GRACIOSO DE BIASI
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07/10/2024 - 12h
Os irmãos Liam e Noel Gallagher com a camisa do Manchester City (Foto: Reprodução)

Amo música. Um dos momentos que mais gosto no meu dia é a hora que pego o ônibus para voltar para casa e ligo no aplicativo musical. Ao encostar a cabeça na janela com o som alto, minha mente desliga e meu espírito se renova. Marisa Monte, Akon, Beyonce, Alice in Chains, Mc Kekel, Kanye West (me cancelem) e, claro, Oasis, passam pelo bluetooth até chegar em meus ouvidos e tornam minha viagem muito melhor.

Se me perguntam, falo que sou “eclético”. Esta é, descaradamente, a resposta mais óbvia para quem não entende nada de música, ou pra quem entende pouco.

Minha banda favorita é Pink Floyd, é verdade, fez parte da minha formação como cidadão e da minha “formação musical” também, bem entre aspas. Another brick in the wall, Comfortably Numb, Wish you were here, Young Lust e One of these days são algumas das faixas que mais aprecio e tatuaria alguma passagem delas em meu corpo (mas logo esse pensamento se esvai).

Mas existem bandas e bandas, grupos e grupos, mc’s e mc’s, dj’s e dj’s, sou jovem e vou a festas e baladas, portanto, vivendo em plena década de 2020, o que escuto, majoritariamente, nesses ambientes, é funk, e eu adoro. Como não gostar? Letras intensas, algumas engraçadas, com um grave que não te deixa desanimar. Às vezes cansativas, é verdade, mas, apesar dessa minha contradição, é, inevitavelmente, um gênero presente e de peso.

Quando o assunto é “formação de repertório musical”, a minha área é o rock, mesmo que minimamente.

No meu último ano de escola, decidi formar uma banda com mais dois amigos e uma amiga. Eu era o baterista, Matheus o baixista, João o guitarrista e Malu a vocalista. João e Malu realmente dominavam seus ofícios, eu e Matheus, por outro lado, necas.

Então, decidimos começar a ter aulas, e foi ótimo. Entre o fim de 2019 e o começo de 2020 aprendemos muito, cada um com seu respectivo instrumento musical. Nós quatro conseguimos nos reunir umas cinco vezes para treinar na escola onde fazíamos as aulas antes que a pandemia viesse e varresse nossos sonhos para um universo paralelo.

Mas, até que isso ocorresse, tiramos Another one bites the dust, do Queen, Like a stone, do Audioslave e Seven Nation Army, do White Stripes. A gente se via com futuro ali, uma alternativa pras nossas frustrações envolvendo o vestibular, pelo menos. Como eu disse, a pandemia varreu nossos sonhos e cada um seguiu seu caminho. Mas, antes que isso acontecesse e fossemos seguir nossos sonhos na área da comunicação, da matemática e do serviço social, sonhamos e imaginamos muito, e, com esses sonhos, vinham as inspirações.

Como só posso responder por mim, devo dizer que meu repertório, ainda mais limitado na época, de inspiração, era Arctic Monkeys, Oasis, Red Hot Chilli Peppers, Linkin Park e Pink Floyd, além de mais algumas outras bandas de rock. As duas primeiras eu discutia com o João, as outras duas eu discutia com Matheus e a última eu só conversava com meu pai.

Malu conversava sobre todas, era a mais eclética entre nós (mas aqui especificamente, o termo “eclético” faz jus à realidade). No que diz respeito à banda Oasis, além de ser muito boa, gruda muito. A faixa Wonderwall é um hino inabalável, assim como Stand by me ou Champagne Supernova.

Rodeados de polêmicas e briga entre irmãos - por que não? -, o Oasis havia acabado em 2009, e todos pensaram que era por tempo limitado, até irem perdendo as crenças de seu retorno. Até que, no último mês, 15 anos depois, vem a bomba: eles retornarão para uma turnê no Reino Unido.

Esse fato - espero que eles não voltem a brigar até lá - me despertou uma nostalgia da época da escola, quando eu conversava com João sobre a banda e o quão “influente” ela foi não para a nossa “formação”.

No fim das contas, não sou nenhum músico. Apenas um jovem que se viu inspirado por dois irmãos brigados - Liam e Noel Gallagher - e que agora se encontra num estado de esperança de que, no ano que vem, ao realizarem sua turnê, tenham a compaixão de pisar em solos brasileiros para tocar no, provavelmente, Allianz Parque.

É difícil, mas, quem sabe, se eles não brigarem e virem que é legal ser uma banda novamente, eles não saiam do quintal inglês e compareçam por aqui, com ingressos na faixa de 60 reais, como nos velhos tempos!

É…sonhar é importante.

Uma pequena homenagem da AGEMT para três grandes comunicadores do esporte
por
Bruno Scaciotti
Luan Leão
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20/05/2024 - 12h

O Jornalismo esportivo hoje está de luto. Três astros nosso meio foram descansar. Em menos de 24 horas. Washington Rodrigues, o Apolinho, comentarista esportivo do rádio carioca, Antero Greco, comentarista e dos canais ESPN e Silvio Luiz, narrador esportivo que teve como última passagem o portal R7.

Três nomes, cada um com sua característica, mas todos com imensa genialidade quando o assunto era falar de futebol.  Admirados por todos colegas e pelos espectadores. 

Anterito, Apolinho e seu Silvio, mostraram que é possível falar de futebol com humor e sem perder a credibilidade. Aliás, há que vá achar que o jornalismo esportivo é fácil. Esses, se ao menos tentarem cobrir uma partida de qualquer esporte, vão tomar um chocolate. Para definir com a expressão famosa usada pelo flamenguista Apolinho ao comentar uma vitória do Vasco por 4 a 0.

Se futebol é emoção, quando três astros se despedem, automaticamente nos vem as lembranças do que vivemos. Do que eles nos contaram. Da alegria que viveram junto com a gente, mesmo sem ao menos saber. O que nós vamos dizer lá em casa em um dia como hoje, seu Silvio?

O Jornalismo esportivo, que virou sinônimo de bom humor, muito pelo trabalho de Antero, Apolinho e Silvio, hoje chorou. Na tela de todos os canais, na linha de cada jornal e portal.

Todos aqueles que esperavam o riso contido de Paulo Soares, o amigão, após uma boa tirada do Antero, hoje se emocionaram. Pelas barbas do profeta, que dia triste. 

Cada um transcendeu e mostrou que o esporte junto da cominunicação, vai muito além dos textos. Das coberturas de jogos. De um mês de campeonato. Não é o ego de um nome em uma materia. O esporte é um agente social, que pode e deve tratar de todos os assuntos, mas com leveza mesmo nos dias mais difícieis.

Ainda que com certo abatimento, não devemos lamentar e sim agradecer. O tal planeta bola teve a honra e o privilégio de contar com Antero, Apolinho e Silvio. Gigantes dentro e fora das transmissões. 

Mesmo com a sensação de gol contra: ânimo, my friends! Temos o legado deles para honrar. Olho no lance que agora a responsabilidade é maior. Anterito, Apolinho e seu Silvio, essa foi, foi, foi, foi por vocês.

Mais do que a "psique", memória é sobre gente. Memória é sobre a gente.
por
Luan Leão
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10/05/2024 - 12h

12 de maio. Dia das mães. Mãe às vezes pode ser avó. A tia. A madrinha. Uma irmã. Talvez a prima. Alguém que destine a nós um carinho extraordinário. Difícil colocar em palavras o que é o amor de uma mãe - seja ela quem for - para com o seu filho ou filha.

E quando ela já não está mais entre nós, o que fica? Alguns vão dizer que ficam as memórias. Lembranças de momentos felizes que dividimos juntos com quem se foi. Estudos apontam que as memórias que persistem por longos períodos envolvem uma região profunda do cérebro, chamada de área tegmental ventral. Isso porque alguns fatos, em um curto espaço de tempo, são "deletados" da nossa mente. 

Sabe aquela pessoa que você trocou olhares no transporte público na última semana? Você sabe, mas não lembra o rosto. Não sabe exatamente em que momento começou a olhar. Porque essa memória não te marcou. É óbvio que uma mãe marca o filho, e o inverso também. 

Mas e se você esquece? O que fica? Antes de qualquer indignação com a pergunta, adianto que, sim, é possível. Talvez você, assim como eu, esteja encarando o primeiro dia das mães sem essa pessoa aqui. Ou talvez já seja o segundo. Terceiro. Se você conta, é porque lembra. 

Uma vez li um artigo sobre a importância da memória. Para o autor, o neurocientista Carlos Tomaz, a memória é a base para os nossos conhecimentos, planos e desejos. Nesse artigo, intitulado "A Psicobiologia da Memória", o professor afirma que a memória é essencial para compreender a psique humana. 

Outro dia, no feed de uma rede social, uma moça escreveu que, após seis anos da morte da mãe, estava com a sensação de estar esquecendo detalhes sobre ela. Voz. Trejeitos. A moça disse que se sentia "traída" pela própria memória. Nesse caso, a falta dela. Essa sensação acompanha o luto. Qualquer que seja ele. Isso porque quando perdemos algo ou alguém, somos submetidos a um elevado nível de estresse. Esse estresse afeta nossos neurotransmissores cerebrais. E então ficamos "desconfigurados" com relação a algumas memórias.

 

Crônica de Dia das Mães
Saudade vai nos fazer lembrar. As memórias são vínculos eternos. 
Foto: Irina Somoylova


É comum que nesse momento algumas pessoas sejam medicadas. Os medicamentos benzodiazepínicos - mais vendidos e prescritos - além do efeito tranquilizante, também podem afetar nossa capacidade de guardar informações por mais tempo - a chamada amnésia anterógrada. Mas, lembrar de quem já foi é manter vivo dentro da gente o amor. Mais do que a "psique", memória é sobre gente. Memória é sobre a gente. Eu. Você que lê.

Qual música sua mãe cantarolava quando te colocava para dormir? Qual o cheiro dela? O que ela fazia que você gostava? Onde ela gostava de ir? O que ela gostava de fazer? Talvez você fique em dúvida nas respostas. Normal. São os neurotransmissores afetados. Mas, você lembra. Porque do amor a gente nunca vai esquecer. 

Se memória é sobre quem somos, lembrar quem partiu, ainda que com algumas confusões, é nos entender um pouco mais. Ou tentar. 

Seja seis anos ou algumas horas. Sempre vai dar saudade. E a saudade vai nos fazer lembrar. As memórias, ainda que por nós confundidas, serão o vínculo até a eternidade. 

O amor é a resposta para toda e qualquer pergunta quando falamos de mãe. Isso não está em nenhum artigo ou publicação em rede social. Por sorte da vida, tive duas. Me despedi de uma, mas sigo tendo outra. Não tem amar uma mais ou menos. Tem amar. Quem me ensinou isso foram elas. Para elas, a crônica e o meu amor. E o compromisso de lembrar do que for possível, sempre que possível, até não poder mais. Mãe é eterna dentro da gente. Feliz seu dia, mãe.

O futebol feminino é a resistência de mulheres silenciadas de forma sistemática. Resistiremos!
por
Helena Cardoso
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27/04/2024 - 12h

Revolta. Em qualquer mulher que acompanhou o caso de Kleiton Lima, esse sentimento surgiu. Foram 19 denúncias contra o agora ex-técnico do Santos Feminino. Foram 19 atletas desse mesmo clube, que tiveram a coragem de expor situações de assédio e, ainda assim, não foram ouvidas. 

Durante sua primeira passagem pelas Sereias da Vila, em 2023, foram escritas cartas, de forma anônima, denunciando comportamentos do comandante. Alguns meses depois, ele retorna ao mesmo cargo, e com diversos protestos é ele quem pede para sair, e não o Santos que o demite. Mesmo depois de incentivar as jogadoras a denunciar, o próprio clube as coloca sob uma situação de imenso desconforto. E mesmo assim, não o tira do comando. 

Os protestos foram fundamentais para a saída dele. De times do Brasileirão Feminino à Rayssa Leal na SLS, as mulheres mostraram que não vão se deixar ser silenciadas. Mas, mesmo assim, Marcelo Teixeira, presidente do Santos – time pioneiro no investimento do futebol praticado por mulheres – disse, em coletiva, que “o futebol feminino não precisa de protestos”.

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Jogadoras do time feminino do Corinthians protestaram, no único jogo de Kleiton Lima no comando das Sereias. - Foto: Reprodução/CBF

Para quem acompanha o futebol feminino, sabe que isso passa longe de ser a realidade, e que o cenário é bem diferente da modalidade masculina. Os protestos, a expressão de opiniões e daquilo que incomoda são infinitamente mais presentes, do que com os homens. A luta é diária, por mais investimentos e seriedade na modalidade. Tudo que elas querem são boas condições para praticar o esporte que elas escolheram viver. 

Ainda assim, é inevitável. 

A sensação que fica é de que nunca conseguiremos ser ouvidas. Acredito que seja por isso que é tão difícil para mulheres denunciarem casos de assédio, violência doméstica e estupro. Por que acreditam que não serão ouvidas. “Se dezenove mulheres não foram, por que eu, sozinha, seria?”. É por isso que muitas mulheres no país seguem sem voz. Infelizmente, alguns casos no futebol brasileiro mostram que quem faz tudo o que faz, ainda tem espaço. 

Mas continuaremos a ocupar os lugares que nos foram negados. Na imprensa. Nas arquibancadas. Nos gramados.

 

Como um tour de lugares assombrados por Nova York me levou ao lugar que incentivou a criação do oito de março como dia Internacional da mulher
por
Camila Stockler das Neves Moreira
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08/03/2024 - 12h

Era uma sexta feira escura e fria. Com os ventos uivantes do começo de fevereiro, todas as árvores de Nova York se estremeciam com suas sombras, se contorcendo e tomando as ruas pouco iluminadas de Greenwich Village, um dos bairros mais fantasmagóricos da cidade. Neste cenário era conduzido um tour de lugares assombrados do bairro. Histórias aterrorizantes de assassinatos, possessões e poltergeists invadiram o imaginário do grupo que se encaminha para o fim do passeio. E neste fim, estava uma antiga fábrica de roupas - hoje, prédio universitário - palco de um dos incêndios mais trágicos dos Estados Unidos: “The Triangle Shirtwaist Fire” em 1911.

“E dizem que ainda é possível sentir o cheiro de queimado e ver reflexos nas janelas das pessoas queimadas em agonia” nos diz o guia. E nesta situação eu não tenho outra escolha a não ser pensar ensandecidamente nesta situação porque…. Calma, mas é claro que eu conheço essa história! Esse incêndio não foi um dos motivos do dia da mulher ser lembrado no dia oito de março? Mas como um edifício com uma história tão terrível se tornou um prédio universitário e parada de tour de fantasmas? 

Não é de hoje que a especulação imobiliária de Nova York é agressiva, de tal maneira que alguns anos depois do incêndio, o prédio inteiro foi comprado por um especulador e anos depois doado para a NYU (New York University), ficando conhecido como Brown Building. Mesmo antes do incêndio os andares inferiores do lugar já serviam como depósito para a universidade, e após o fogo, os andares que a antiga fábrica ocupava se tornaram uma biblioteca e salas de aula. 

Desde então, já havia relatos de assombrações no prédio. Ainda assim, parando para pensar, faz sentido haver essas histórias: em 20 minutos de incêndio mais de 130 trabalhadores morreram no dia, em sua maioria jovens mulheres. Assim, marcando o pior incêndio industrial da história de Nova York. Sem saídas de emergência e com portas trancadas para evitar "preguiça", os trabalhadores que estavam no prédio tiveram que se jogar do nono andar ou morreram queimados.

E é nítido que além de histórias fantasmagóricas, esse incêndio catalisou a luta das mulheres na cidade em busca tanto por direitos trabalhistas quanto pelo direito ao voto. Além disso, provocou marchas e levou à criação de novas leis sobre segurança do trabalho, mas o mais importante foi uma das razões para o dia oito de março marcar o dia internacional da mulher.

No primeiro capítulo da série “O que é o tal do futebol”, conto os motivos que me fizeram gostar e, posteriormente, amar esse esporte incrível.
por
Guilherme Silvério Tirelli
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26/05/2023 - 12h

Por Guilherme Tirelli

Em algum lugar do planeta, existe alguém que viveu em Nápoles, em 86, ou na Baixada Santista na década de 60. Alguns testemunharam e vibraram com o esquadrão em 1970. Viram até mesmo o surgimento de uma laranja mecânica. Mais recentemente, outros muitos presenciaram uma nova forma de se pensar e jogar o futebol. Definitivamente, o Barcelona treinado por Guardiola no início da década de 2010, despertou a atenção de todos. Porém, ele nunca foi inédito – foi inspirado no Cruyffismo, oriundo da geração de ouro holandesa. Todo esse mar de coincidências apenas traduz o quanto esse esporte é maravilhoso.

Na verdade, o futebol é um fenômeno tão único, capaz de encantar o mais cético dos boleiros. Ele marca época e tem o poder de simbolizar ícones eternos. O soco no ar do Rei Pelé, o calcanhar de Sócrates, as estupendas cobranças de falta do Galinho. Como pode alguém jogar tão bem, mesmo com pernas tortas? Será que as “canhotadas” de Gerson não inspiraram inúmeros meninos mundo afora?

O fato é que o futebol consegue construir laços e inspirar a todos. Não é à toa que o maior sonho de um garoto da periferia pode ser o mesmo do jovem de Alphaville: tornar-se um jogador profissional. Seja dentro de um condomínio de luxo, nas “quadras de asfalto” ou nos terrões, o que prevalece é o drible, a vontade, o suor. Não importa se seus pés estão descalços ou dentro de uma Mercurial. No fim da história, cada pique, passe ou chute vem do coração.

Vimos ídolos nascerem e morrerem, carregando com eles uma mostra daquilo que o esporte teve de melhor, dentro e fora das 4 linhas. Acho que foram eles os responsáveis por aflorar a minha paixão pela bola. Talvez a magia do Bruxo, Ronaldinho, tenha feito toda a diferença. Possivelmente, as incontáveis e emocionantes voltas por cima do Fenômeno. A genialidade de um tal de Lionel Messi, o esforço monumental de Cristiano. Ou até mesmo a ginga brasileira, a garra argentina, o Tiki-Taka espanhol. O futebol realmente é um caso a parte e um dos capítulos mais belos da minha vida. Por 90 minutos, ou até mais, todos nós somos livres para pensar, imaginar e criar as jogadas mais lindas da história, em uma espécie de transe que transcende o tempo e o espaço.

Ídolos do futebol
Os ídolos do futebol - Fonte: Getty Images

É por tudo isso que, até o momento em que eu parar de respirar, irei amá-lo incondicionalmente. Esse é o tal do futebol. Aquele que emociona, e marca a trajetória daqueles fissurados por uma bola.

Em todos esses casos, seja a Copa ou uma eleição, vale o recado sóbrio e confortador do meu tio: “Calma, filho. Daqui a 4 anos tem de novo”.
por
Luan Leão
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02/12/2022 - 12h

Onde você estava em 2 de julho de 2010 ? Eu lembro perfeitamente onde estava e o que estava fazendo. Era meio da tarde quando peguei o telefone, em um ato de desespero, e liguei chorando para o meu tio. Ele estava no trabalho, e em meio aos meus soluços me acalmou e me tranquilizou dizendo: “Calma, filho. Daqui 4 anos tem de novo”.

Se você não lembra, em 02 de julho de 2010, o Brasil foi derrotado pela Holanda por 2 a 1 de virada, com um jogo cercado de emoções. O Brasil abriu o placar logo aos 10 minutos com Robinho. A partida estava longe de ser fácil, o time holandês era forte. Mas a camisa brasileira pesa independente de quem seja o adversário. Afinal, todo mundo tenta, mas só o Brasil é penta. 

Dunga, técnico da seleção na época, não vivia bom relacionamento com a imprensa durante o mundial. Mas uma vitória contra os holandeses certamente aliviaria a pressão sobre o técnico. O Brasil ainda tinha tido chances de ampliar o placar na primeira etapa. Não o fez. Indo para o intervalo vencendo, o Brasil estava a 45 minutos de voltar a uma semifinal depois de uma Copa em 2006 abaixo do esperado. 

Mas logo no começo do segundo tempo, antes dos 10 minutos de partida, Wesley Sneijder começou sua atuação de gala. Primeiro ele cruza para área, a tão temida “Jabulani” varia no ar, Júlio César e Felipe Melo não se entendem e a bola passa. Foi o empate holandês. 

Depois, após cobrança de escanteio, a bola é desviada na primeira trave, e o baixinho Sneijder aparece para completar de cabeça para o gol. Era a virada. Mais tarde, Felipe Melo ainda seria expulso. Era o fim. 

O apito final em decisões na Copa do Mundo não acaba apenas com o jogo. Acaba o sonho do campeonato, no nosso caso o hexa. Acaba a alegria de uma nação que gosta de viver a Copa do Mundo. De vestir a camisa verde e amarela, cantar o hino nacional e vibrar a cada lance. Gritar com a televisão. Abraçar um desconhecido depois do gol. Beijar de alegria com a classificação. 

Acaba e dá lugar ao silêncio. A raiva. A apatia. A frustração. As lágrimas. 

Seleção Uruguai
Adolescente uruguaio chora após eliminação para Gana. Foto: Siphiwe Sibeko / Reuters 

No Catar, foram as lágrimas de Luis Suárez. A fúria de Edinson Cavani com a cabine do VAR. A apatia dos jogadores alemães com a desclassificação mesmo após a vitória. Uma Copa do Mundo permite esses dissabores. Ganhar não é ganhar. Afinal, conta mesmo é quem ganha a taça. Ou talvez não. 

Pode ganhar um povo, como os palestinos, que vibraram com uma campanha espetacular de Marrocos. Os tunisianos, que foram eliminados, mas saíram vencendo os colonizadores franceses. Traz esperança para a Costa Rica, de algo novo que pode vir a ser. Mas também tem tristeza. Tristeza dos equatorianos, no último jogo antes de sentir o gosto do mata-mata. 

Seleções Marrocos
Jogador marroquino comemora classificação com a bandeira da palestina. Foto: Reuters

Uma Copa do Mundo é como uma eleição. Pode despertar sentimentos diversos dentro de cada um de nós. Somos diferentes. Pensamos diferentes. Sentimos diferentes. Perder, não ganhar ou se desclassificar, pode doer. Machucar. Frustrar. Decepcionar. Fazer chorar. Despertar um ataque de fúria. Mas passa. 

Em todos esses casos, seja a Copa ou uma eleição, vale o recado sóbrio e confortador do meu tio: “Calma, filho. Daqui a 4 anos tem de novo”. Serve para quem fica pelas rodovias ou pelo caminho da fase grupos. Ganhar ou perder faz parte do jogo. Mas, mais importante que ganhar ou perder, é saber sentir o agridoce do competir. 2026 é logo ali, e aí começa tudo de novo.

 

Diversidade de pessoas que passam pelas cabines revela um aspecto bonito do pleito, mesmo diante da polarização
por
Esther Ursulino
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01/12/2022 - 12h

Por Esther Ursulino

Não sei onde estava com a cabeça quando decidi me inscrever para ser mesária de uma das eleições mais polarizadas da história do Brasil. Afinal, quem em sã consciência escolhe acordar cedo em um domingo para cumprir funções burocráticas?! Conheço alguns amigos que foram mesários pelo direito aos dias de folga no trabalho. Já eu, que tenho a mania de achar tudo interessante, quis apenas participar ativamente desse momento histórico. 

Dois meses antes do pleito recebi um email de convocação que dizia: “Para desempenhar a função para a qual foi convocado(a), você deverá comparecer no local de votação acima indicado às 7 horas do dia 2/10/2022 e, se houver 2° turno, também no dia 30/10/2022. Sua participação, juntamente com a de milhares de eleitores(as) que foram convocados para esse fim, será de extrema importância para a lisura e transparência do processo eleitoral e da democracia brasileira.”

Contei a novidade para alguns amigos. Um deles brincou: 

Vish… se prepare porque a partir de agora você vai ser convocada eternamente! 

Dei risada. Mesmo com esse “risco” eu estava feliz. Quer dizer, feliz e um pouco apreensiva. Em meio a tantos ataques às urnas eletrônicas, ao sistema eleitoral e à própria democracia, senti medo que essa fosse a única e última eleição em que eu trabalharia. Também tive receio de sofrer algum tipo de agressão física ou verbal enquanto estivesse realizando minhas funções no colégio, devido a propagação de ódio através das fake news. Entretanto, a experiência que tive foi outra. Apesar do contexto de polarização e de alguns rostos apáticos, consegui ver beleza nesse ritual de passagem chamado eleição. 

No domingo do primeiro turno acordei às seis, tomei café da manhã, me troquei e segui para a escola. Conforme fui me aproximando do local, notei que pessoas já formavam uma fila antes mesmo dos portões se abrirem para o início da votação. Queriam ser as primeiras. Entrei no colégio, procurei minha sessão e, juntamente com os outros mesários da sala, testamos e ajustamos os equipamentos. Às oito em ponto o sinal tocou, e os mais variados tipos de pessoas foram surgindo. 

Ao folhear o caderno de nomes notei que havia muitas “Marias”. Maria de Lourdes, Maria de Fátima, Maria das Graças, Maria das Dores… quanta Maria! Mesmo com nomes semelhantes, cada uma tinha sua particularidade. Me lembro que uma das primeiras a chegar foi uma senhora com roupas brilhantes e vários anéis nos dedos, que me disse: 

Já nem preciso vir, mas quero votar até meus cem anos! 

Notei que uma mulher trans, super sorridente, também estava empolgada para votar. Ela me disse que tinha sido incentivada por amigos, e por isso entraria na cabine pela primeira vez para escolher seus representantes. Assim que o terminal do mesário a habilitou para ir até a urna, a jovem apertou as teclas do equipamento com a maior satisfação do mundo. Depois de terminar a votação disse:

Só isso? Caramba, que legal!

E saiu da sala agradecendo. 

No decorrer do dia, pessoas com deficiências visuais, cognitivas e de locomoção,  também compareceram às urnas. Um eleitor autista, mesmo com algumas dificuldades, fez questão de assinar seu nome completo no caderno. A mãe, que o acompanhava, observava a cena com orgulho:

Ele treinou bastante só para isso.

De tardezinha, uma senhora simples entrou na sala um pouco sem graça. Disse que não conseguiria deixar seu nome no caderno pois não sabia escrever. Um colega de mesa disse: 

Não tem problema nenhum, dona Maria. A senhora pode assinar a folha com sua digital. De qualquer forma vão pedir sua biometria lá na frente. O importante é votar! 

Ela sorriu e posicionou seu polegar contra a almofada de carimbo, pressionando, em seguida, o dedo no papel. 

Em um certo momento, tive flashbacks da minha infância. Diversas mães e pais chegavam com baixinhos animados para apertar as teclas da urna e ouvir o famoso som do “trililili”, que tanto os fascina. No segundo turno das eleições, uma das crianças, ingenuamente, me perguntou:

Tia, quanto custa pra votar? 

Todos na sala riram. O pai da menina disse: 

Não custa nada não, filha. Quando você tiver dezesseis anos vai poder votar, tá bom?

A questão que aquela garotinha tinha colocado me deixou pensativa. Quanto será que custa um voto? As eleições se tornaram um evento tão comum que sequer nos perguntamos como adquirimos o direito de escolher nossos representantes. A sensação que muitos têm é de que isso foi dado “de graça”. Entretanto, não se pode comprar com 600 reais algo que tem um valor imensurável. Não há como calcular o preço de vidas perdidas, sangue, suor e lágrimas derramados em prol da participação política. 

Sei que a democracia brasileira está longe de ser, de fato, uma democracia. Não são todos que têm voz e vez neste sistema. Sei também que não basta apertar teclas a cada dois anos, esperando que a mudança aconteça. Precisamos nos mobilizar sempre para avançar e, sobretudo, manter conquistas. Mas para isso, é fundamental que estejamos em um Estado Democrático de Direito – ambiente em que podemos contestar injustiças e lutar por participação e pluralidade. Pensando bem, acho que eu decidi ser mesária nas eleições de 2022 para contemplar essa diversidade e, de alguma forma, contribuir para que ela continue existindo.

Normalmente a rede não é amiga de Pombo, mas deste é. E como é amiga, são tão íntimos, que juntos podem formar uma obra de arte após um lindo voo de Richarlison.
por
Bruno Scaciotti
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25/11/2022 - 12h

O Pombo é uma ave, encontrada em todo o mundo, geralmente em áreas urbanas. 

Tratamos de um Pombo diversificado, afinal, além de um ser humano, tem seu gene o futebol e o DNA do Brasil, ou seja, a combinação perfeita para o sucesso. Calma, sucesso ? Um pombo ? Sim! Como disse anteriormente, ele é diferente.

Pouco a pouco, jogo a jogo, ganhando espaço nos times em que atuava desde menino, ia chamando atenção de forma positiva. Logo, Nova Venécia se tornava pequena demais para o nosso pombo e voou para novas áreas urbanas, como a capital de Minas Gerais, e floriu no América-MG. Destaque de BH e destaque no Rio. Flu. Dom. Gol. E haja gol, muitos feitos por lá, exatamente 19, que fizeram ele despertar interesse da Europa. 

Cada voo, o ninho é estudado para se chegar ao topo, mas mesmo em um local menor da Inglaterra surge o amor da nossa Ave: A Canarinho, um amor de anos, como algo platônico, sempre buscando alcançar e estar com ela um dia, veio aos 23 anos, ainda jovem. Ele se identificou com ela logo de cara.

Os voos aumentam, Watford para Everton, Everton para Tottenham… Mas com a Canarinho, o nosso Pombo é diferente. Uma relação que combina, ao pensarmos Richarlison, respondemos sempre o do Brasil, não o que joga na Inglaterra. Vitória com gol contra o Peru em 2019, derrota em 2020 para a Argentina. Mas o ouro olímpico de 2020, conquistado em 2021, talvez tenha sido o grande espetáculo.

Recordam da estreia. Brasil e Alemanha. Reedição da última final olímpica, vitória da nossa canarinho, 4 a 2, com direito a três gols dele, o Pombo. 

Mas o voo gigante veio em 2022, no Catar, em uma Copa do Mundo. A Sérvia era a adversária. O início não foi o dos melhores, é verdade. O nervosismo era grande. No segundo tempo a dúvida pairava no ar: Será que o pombo estaria sentindo a pressão? Não seria melhor sair ? (Eis a questão).

17 do segundo tempo, Neymar leva a esquerda e Vini Junior, ligado, finaliza ao gol. Milinkovic-Savic espalma e, com calma, o Pombo finaliza com a força da alma, manda para o fundo da rede. Ufa, sai peso, sai para o abraço. 

Normalmente a rede não é amiga de Pombo, mas deste é. E como é amiga, são tão íntimos, que juntos podem formar uma obra de arte após um lindo voo de Richarlison. Após a bola estufar a rede, 200 milhões pulam, gritam e ali voa de tudo em um instante de extrema alegria. Voleia Rich, e voa Copa, voa cerveja, voam os pássaros com os gritos e até mesmo voam as almofadas na residência dos editores da AGEMT.

Crônica Brasil
Richarlison em finalização do segundo gol contra a Sérvia. Foto: Justin Setterfield / FIFA

A Alegria predomina em todos os sentidos com a Canarinho. Pombo é Brasil, é alegria, é identificação, é comprometimento e Amor com a Nação. Sem precisar exaltar as cores do país e fazer discursos patrióticos, é sobre ser quem é de maneira verdadeira. E nós te amamos! Obrigado por nos trazer o primeiro passo dos sete que buscamos finalizar da maneira mais alegre, com a taça do mundo, para um país carente de ídolos e que quer sorrir novamente.

A caminhada só está começando e vamos juntos voar como uma Canarinho ou um Pombo no Catar.

Voa, canarinho, voa

Mostra pra esse povo que és um rei

Voa, canarinho, voa

Mostra no Catar o que eu já sei