O plano de governo é um artifício do qual o candidato a algum cargo público esquadrinha suas táticas e estratégias de mandato ao qual os eleitores têm acesso. Em todos os anos de eleição, os candidatos publicam seus planos e, neles, os compromissos assumidos com a população que governarão. O de Jair Messias Bolsonaro (Partido Liberal), candidato à reeleição no Planalto, foi lançado nesta semana.
Em seu primeiro capítulo, estão apresentados os valores de mais relevância ao atual presidente em forma de subtítulo. Dentre eles: a Liberdade e a Vida, Dignidade para os menos favorecidos, Solidariedade social e voluntariado e Equilíbrio socioeconômico regional.
A introdução do livro é reservada à discussão de como 2019 (ano no qual Bolsonaro assumiu a presidência) foi um ano no qual um "novo caminho de gestão” foi apresentado e que, na visão da campanha, pavimentou um “caminho para a prosperidade da nação”. Apresenta o governo de Bolsonaro como um “modelo que produz e distribui riqueza” - apelidado de Ciclo da Prosperidade - enquanto classifica o anterior ao dele de “modelo que quase acabou com o Brasil”.
Além disso, o Plano de Governo do atual presidente e candidato à reeleição, defende as privatizações de empresas estatais, tais como a Eletrobrás, pois, assim, o Estado focará nas suas principais prioridades. Também defende a Liberdade de Expressão e de Imprensa - subtítulo no qual é afirmado que “órgãos de imprensa têm liberdade para investigar, divulgar e opinar sobre os fatos de interesse próprio e da sociedade”, e passível de questionamento já que no ano passado Bolsonaro foi responsável por 147 das 430 agressões sofridas por jornalistas no Brasil.
Também são defendidas, em alguns momentos, as narrativas de que um “cidadão pleno não deve ser dependente do Estado”, que 2019 significou um marco na retomada do crescimento econômico do país e que o Auxílio Brasil - R$ 600 a partir de 2023 - (embora a legislação eleitoral proíba a criação de benefícios em ano de eleição) foi realizado mesmo com uma “conjuntura mundial incerta”.
O terceiro capítulo, intitulado “Plano de Governo”, revela a aposta desse na geração de oportunidades de emprego e defende a retirada do peso do Estado dos ombros da população.
Para o governo Bolsonaro, a família é a célula base da sociedade e à qual todos os esforços “econômicos, humanos ou organizacionais” devem ter como foco.
Sobre o setor de educação, que sofreu constantes desmobilização, desestruturações e cortes pelas mãos do governo nos últimos anos, o plano de governo de Bolsonaro também o considera “essencial” e defende que “o país precisa ser um produtor de conhecimento de ponta”.
Em relação ao emprego, o Plano mantém a narrativa eleitoral sobre o drástico cenário econômico gerado pela pandemia da COVID-19. Consequentemente, o aumento do desemprego ultrapassou 15 milhões no começo de 2021. O candidato do Partido Liberal defende a reforma trabalhista aprovada pelo governo do Michel Temer.
Sobre liberdade e armas de fogo, o conceito de igualdade - ideologia da esquerda - fica em segundo plano perante o de livre arbítrio da direita. Economicamente, destaca a não interferência estatal. O Plano prefere seguir as leis do mercado para a sua estabilidade.
A liberdade religiosa consta no documento governamental, entretanto a xenofobia prevalece no discurso eleitoral. A saudação dos valores cristãos reflete na posse das armas, pois a autodefesa e proteção familiar constam na Bíblia. - o registro de armas cresceu 474% - Porém, há limitações no texto sagrado. Logo, existe uma incongruência sobre uma liberdade ilimitada no discurso do Jair Bolsonaro.
Para o setor de segurança pública, o Plano de Governo destaca a mesma proposta de 2018 - combate ao crime organizado e a defesa nacional. Esta estratégia política atinge o eleitorado mais conservador perante o conceito “bandido bom é bandido morto”.
Esse é o tema mais recorrente do seu documento governamental registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - segurança. Sugere investir em mais tecnologias como drones ou até mesmo inteligência artificial a fim do aumento na eficiência das operações policiais.
Em relação ao Meio Ambiente, as questões sobre sustentabilidade e conservação e recursos naturais ganharam destaque no Plano de Governo. Porém, o mandato de Bolsonaro destacou uma flexibilização com garimpo ilegal e o marco temporal nas tribos indígenas.
Sobre Educação e Cultura, o documento prevê uma maior inserção tecnológica nas escolas. Porém, a pandemia refletiu a grande desigualdade digital em relação aos estudantes da educação a distância (EAD). Mesmo o Plano enfatizando um orçamento maior à cultura, o candidato do PL vetou as leis: Paulo Gustavo e Aldir Blanc.
QUAIS AS DIFERENÇAS DOS PLANOS DE GOVERNO DE BOLSONARO EM 2018 E AGORA
Na última eleição, Jair Bolsonaro estava filiado ao Partido Social Liberal (PSL), do qual saiu em novembro do primeiro de seu governo. Posteriormente, a sigla virou União Brasil - uma coligação entre DEM e PSL. Em 2021, o atual presidente utilizou sua influência para migrar para o Partido Liberal (PL) e levar quase toda base aliada ao governo.
Em 2018, o plano de governo de Jair Bolsonaro tinha 81 páginas e foi intitulado de “O caminho da prosperidade”. Neste ano, o documento entregue ao TSE contém 48 páginas e tem como nome “Pelo bem do Brasil”.
O plano de governo apresentado em 2018 tinha pautas conservadoras e foi baseado no enfrentamento das corrupção. Além disso, o documento faz diversas críticas aos governos anteriores, principalmente os chefiados pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
CRÍTICAS AO PT
A introdução do antigo plano dizia: “Antes do governo Bolsonaro, o modelo de gestão implantado no Brasil favoreceu a proliferação da pobreza, ao mesmo tempo que impediu a implementação de um desenvolvimento econômico seguro, próspero e sustentável a longo prazo”.
USO DA LIBERDADE
Outra característica repetida agora é o entrecho da liberdade, com a sugestão de que existe um perigo iminente que supostamente arrisca a liberdade comum e a individual dos brasileiros.
LIBERAÇÃO DE ARMAS
As armas de fogo também ganharam destaque em ambos os planos. No entregue há 4 anos, Bolsonaro defendia que “uma arma de fogo não mata sem uma pessoa”.
REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E CRIMINALIZAÇÃO DA OCUPAÇÃO DE TERRAS
O programa trazia a defesa da redução da maioridade penal, da legítima defesa (intensificação do armamento), do excludente de ilicitude e, da tipificação de invasão de terras
Acesse o documento com o plano de governo na intriga:
https://static.poder360.com.br/2022/08/plano-de-governo-bolsonaro-definitivo.pdf

Na última segunda-feira (15), o programa Roda Viva que é exibido pela TV Cultura, recebeu como convidado o candidato à presidência Ciro Gomes. Durante o programa, foram expostas algumas propostas estabelecidas pelo candidato, tendo ênfase em medidas econômicas que visam a melhora da crise vigente no Brasil.
O candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT), manteve suas duras críticas a Lula, candidato à presidência pelo Partido dos Trabalhadores - “se eu não conseguir salvar o país e o Lula se eleger [...] no dia seguinte vai ser o maior estelionato eleitoral da história do planeta terra.”, mas durante a entrevista criticou o complexo de acreditar em uma figura salvadora do país.
Durante a entrevista, foi citada a “Renda Básica Universal”, projeto que visa a distribuição de renda e a taxação de grandes fortunas. No entanto, quando questionado sobre como aprovar essas medidas junto ao congresso, o candidato tentou se esquivar dando respostas hostis e curtas, que resultaram em uma pequena discussão com um dos entrevistadores
Um dos entrevistadores, Flávio Costa, correspondente do UOL, questionou como Ciro faria para dialogar com o “centrão”, para que as suas propostas econômicas fossem aprovadas. Em tom de irritação, o candidato retrucou o jornalista, insinuando que Flávio não estava o escutando e, acrescentou: “ao invés de eu [Ciro Gomes] negociar com Arthur Lira, toma lá dá cá, roubo [...] vou negociar com os governadores, que receberão um prêmio extraordinário: tirar a faca do pescoço”.
Durante sua fala sobre a negociação com o centrão, Ciro expõe que em seu governo, caso seja eleito, fará acordos diretamente com os governadores, assim, não será necessário realizar concessões para que seus projetos não sejam barrados pelos integrantes do centrão. Concluindo sua fala, Ciro comentou que possui muita confiança em seu Plano de Governo e, que acredita, que irá conquistar muitos eleitores.
Em seguida, foi perguntado sobre a medida que, de acordo com sua promessa, irá desmantelar o orçamento secreto de 19 bilhões de reais assim que assumisse, antes que o projeto entre em vigor. Mantendo a hostilidade em suas respostas, Ciro insinuou que o fato de questionarem como ele faria para acabar com o orçamento secreto, seria porque os jornalistas eram a favor do projeto.
O candidato do PDT se mostrou mais calmo, quando as perguntas eram de acordo com seus interesses, mas quando questionado sobre questões que considerava mais complicadas, Ciro adotava uma postura de confronto. Ao que tudo indica, uma de suas maiores fragilidades, seria seu relacionamento com os outros políticos, ainda mais por conta de fazer parte de um dos únicos partidos que não possui coligações políticas.
Ciro vem adotando um discurso crítico contra seus adversários, desde o início de sua campanha para concorrer a vaga ao Palácio do Planalto. E, apesar de alegar ser contra a ideia de um “salvador”, é possível encontrar em suas falas referência a um sentimento de“tudo ou nada”, insinuando que caso não ganhe, o país está perdido.
A discussão entre Ciro e o jornalista Flávio Costa repercutiu nas maiores páginas de notícias do país no dia seguinte.
Essas situações podem desgastar ainda mais a imagem do pedetista, que aparece em terceiro lugar na recente pesquisa eleitoral do IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), entre os candidatos ao cargo de presidente do Brasil.
O pontapé inicial das eleições brasileiras começou oficialmente. Embora os últimos meses tenham sido de movimentações políticas intensas com os principais candidatos disputando pela melhor visibilidade junto ao eleitorado, somente a partir de hoje, segundo o TSE, estão liberadas as propagandas eleitorais e os pedidos de votos.
Para marcar o início das eleições, os líderes em intenção de votos para a presidência da República foram à lugares representativos de suas trajetórias políticas.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu uma fábrica de automóveis, em São Bernardo do Campo para iniciar seu 3° mandato como presidente. O local escolhido pelo petista é um berço do sindicalismo operário e deu visibilidade ao ex-presidente durante a ditadura militar. Lula optou por estar junto ao chão de fábrica. Resta saber se o "chão de fábrica" estará com o PT nessa eleições, o que não ocorreu em 2018.

Jair Bolsonaro (PL) também escolheu um lugar representativo para sua trajetória politica. O atual presidente foi até Juiz de Fora, em Minas Gerais, local do atentado à faca que sofreu em 2018, para lançar a sua candidatura. Bolsonaro afirmou que a cidade representa o seu renascimento e que por isso o escolheu. O atual presidente discursou para os seus apoiadores, mantendo a narrativa conservadora, cristã e da luta do "bem contra o mal"

Serão contadas novas histórias até o 1° turno das eleições de 2022. Os dois nomes da política brasileira neste momento já estavam se provocando e se atacando antes do pontapé inicial. Com o sinal verde, a tendência é o aumento da temperatura.
Digo apenas Lula e Bolsonaro, pois, com o passar do tempo, fica cada vez mais claro que a terceira via não decolou e não vai se quer fazer cócegas aos atuais candidatos.
Agora, resta saber quais serão os novos enredos para a trajetória política do candidato petista e do atual presidente. De qualquer forma, o país vai registrar a sua maior eleição desde a redemocratização. Muita coisa estará em jogo.
"É uma oportunidade única. Não estive na de 77, eu estava na USP, estava estudando, mas não tive a oportunidade de ver. Então, eu tinha que estar aqui de qualquer jeito", este é um relato pessoal de Jassin Machado Barreta, formada em História pela mesma universidade pública durante a ditadura militar. Hoje, a atual professora da Unicamp tem entre seus arrependimentos o fato de não ter conseguido acompanhar, na época, a leitura da carta que inspirou a de 2022.
Assim como Barreta, muitos que não puderam acompanhar o marco histórico em defesa da democracia de 1977 compareceram nesta quinta-feira no mesmo local que foi protagonizado o ato democrático elaborado pelo jurista e professor Goffredo da Silva Telles Júnior (1915 - 2009). O documento escrito na década de 70 denunciava a "ilegitimidade" do regime militar responsável pelos chamados “anos de chumbo” do país.
Já a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros pela defesa do Estado Democrático de Direito, aberta ao público em 26 de julho deste ano, é uma reação aos inúmeros ataques que a democracia brasileira e o sistema eleitoral têm sofrido pelo atual Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL). Em resposta, brasileiros se reuniram no Largo de São Francisco para defenderem as urnas. A população exige que seus votos eleitorais, direito garantido pela Constituição federal de 1988, sejam respeitados.

A Carta foi lida em partes por Eunice de Jesus Prudente, Maria Paula Dallari Bucci e Ana Elisa Liberatore Bechara, professoras da Faculdade de Direito da USP, e pelo jurista Flávio Flores da Cunha Bierrenbach, ex-ministro do STM (Superior Tribunal Militar), aos milhares de brasileiros presentes no ato, compostos em sua maioria por estudantes, jornalistas, presidentes de movimentos sociais e personalidades políticas.
Ao final, foi exibido aos presentes vídeo em que mais de 40 artistas brasileiros leem um trecho da carta. Entre eles, Fernanda Montenegro, Chico Buarque, Caetano Veloso e Anitta. Ainda na noite desta quinta-feira, o documento simbólico ultrapassou a marca de 1 milhão de assinaturas.
No evento última quinta-feira (04), o Palácio dos Trabalhadores abrigou a convenção do Partido Democrático dos Trabalhadores, onde foi dado o palco para o lançamento da candidatura de Elvis Cezar.
O evento contou com a presença do atual candidato à presidência da República, Ciro Gomes, Aldo Rebelo, que disputa o cargo de Senador por São Paulo e Victor Marques, que concorre ao cargo de deputado.
A campanha do partido procura se aproximar das causas sociais, acenando para grupos pouco escutados pela política no geral. Com o resgate continuo da imagem perdurada por Leonel Brizola, suas políticas também procuram resgatar o sentimento do mesmo.
A exaltação da imagem do trabalhador imigrante árduo e destemido esteve na boca de todos os prenunciadores. “Este estado foi construído com a mão de obra do povo nordestino” disse o candidato ao governo de São Paulo, Elvis Cezar.
Embora o partido em geral consiga se posicionar muito bem com aqueles que já os escutam, e sua movimentação sobre abraçar causas sociais sejam bem-vindas, elas ainda aparentam ser muito insuficientes. De acordo com membros do partido, a grande dificuldade encontrada é, principalmente, furar a bolha da grande mídia, se espelhando sempre na postura e políticas do já citado Brizola.
Apelando para uma força política mais jovem, o partido lança membros novos na política como Victor Marques que surgiu como ex-assessor Major Olimpo, que veio combatendo a postura da gestão do PSDB, criticando principalmente o governo Doria. que é um governo que “[...] aumentou o imposto do ICMS, da carne, e do remédio no meio da pandemia [...] Não trabalha para população, trabalha para ter superávit dentro do governo, mas governo estadual não tem que ter lucro, tem que trabalhar para população”
A comunicação é algo sempre mutável, e em um cenário de constante mudança, o PDT aparenta ter dificuldade de pegar o ritmo e adotar a mesma postura de sempre, mesmo com substância em seus planos. O antagonismo pedetista faz com que a mídia hegemônica boicote os seus discursos, como exemplo o pronunciamento do candidato ao rádio Jangadeiro BandNews, onde afirmou que uma aliança PDT-PT é frágil pois “[...]não vou me submeter a um lado corrupto do PT que também existe no Ceará”.
Enquanto isso, no meio digital se predomina a posição pró Bolsonaro, que dissemina notícias falsas cotidianamente, e caso não seja encontrada outra forma de chegar ao público, ficará mais difícil de ser escutado o quão mais perto chegar no dia do voto.

Elvis Cezar e o governo de São Paulo
Além disso, o PDT lançou a candidatura de Elvis Cezar ao Bandeirantes. Nascido em Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo, Cezar é advogado, ex-prefeito de Santana de Parnaíba (por dois mandatos) e vice-presidente do Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo – que reúne as cidades de Barueri, Bom Jesus, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Pirapora e Santana de Parnaíba. Concorrendo a governador de São Paulo, o candidato, filiado ao PSDB por 19 anos, deixou o partido em março deste ano e migrou para o PDT.
Cezar conta com 1% das intenções de voto na última pesquisa do Data Folha, em 30 de julho, sem Márcio França no cenário, que, filiado ao PSB (Partido Socialista Brasileiro), desistiu da candidatura de governador para concorrer ao senado.
Após a convenção, Elvis se posiciona dizendo que pretende "recuperar a economia de São Paulo, combater e eliminar a miséria e a fome e fazer o estado se reestruturar, em curto, médio e longo prazo. Reindustrialização e crédito para o empreendedorismo e fazer um processo de aceleração da economia paulista"