O estigma associado a pessoas em situação de vulnerabilidade social
por
Mayara Pereira
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23/06/2025 - 12h

Esse trabalho tem a função de ampliar a visibilidade da população em situação de rua por meio de informações, quebra de estigmas, leis e entrevistas com quem vive nessa situação de vulnerabilidade. 

https://medium.com/@mayaramay838

Um lugar onde a leitura também é um gesto de resistência
por
Nicole Domingos
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16/06/2025 - 12h

A literatura sempre foi um território de disputa simbólica, um espaço onde narrativas dominantes se impõem, mas também onde vozes dissidentes encontram brechas para existir. No caso da literatura LGBTQIAPN+, essas brechas são preciosas. O site palavras em trânsito, feito por Nicole Domingos, trata exatamente disso, desses pequenos espaços que já existiram e que existem hoje. É um lugar dedicado ao estudo, à crítica e à celebração da literatura LGBTQIAPN+.

Ao longo do site, vamos tratar especialmente sobre os corajosos que escrivam e gritavam dentro de deus próprios livros, ainda que estivessem dentro dos períodos de repressão, como a ditadura militar brasileira — esses autores utilizaram a palavra como forma de resistência.

A literatura não apenas narra experiências — ela reescreve a história a partir de corpos e afetos antes excluídos. Ela cura feridas simbólicas, questiona heranças opressoras e cria novos imaginários de existência. Ao nos colocar diante de personagens que amam, sofrem, resistem e sonham fora da norma, ela nos lembra de algo fundamental: toda existência merece ser narrada. E lida.

Para acessar esse mundo, basta clicar no link abaixo:

https://literatura-lgbt.my.canva.site/

 

 

Site Entrelinhas: em meio a arranha céus e vielas a natureza vai escorrendo
por
Vítor Nhoatto
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16/06/2025 - 12h

Apesar de viver-se um tempo de emergênciua climática e sentir seus efeitos na prática, nem todos são afetados da mesma forma. Para isso se dá o nome de racismo ambiental, tema central do novo site Entrelinhas. Idealizado e produzido pelo aluno de jornalismo, Vítor Nhoatto para a disciplina de Jornalismo Contra-Hegemônico, conta com a orientação da professora e doutora Anna Flávia Feldmann.

O projeto se desenvolve ao longo de uma série de quatro reportagens, que contam com entrevista de especialistas de norte a sul do Brasil e relatos de quem sente na pele o peso de viver em uma sociedade que precisa de mudança. É proposto um espaço de letramento racial e ambiebtal, baseado em dados e fatos, que muitas vezes são ofuscados pelos outdoors, ou ignoados por empresas e governos.

Com uma linguagem que se aproxima do dia a dia do leitor, o site ainda conta com reportagens especiais desenvolvidas pelo estudante, demonstrando como tudo está interligado. E para saber mais sobre as entranhas ambientais, é só acessar o Entrelinhas pelo link abaixo:

https://entrelinhasambiental.my.canva.site/

Com um compilado de quatro reportagens, textos trazem diferentes perspectivas sobre o tema
por
Nathalia de Moura
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16/06/2025 - 12h

O site Donas da Bola, idealizado por Nathalia de Moura para a disciplina de Jornalismo Contra-Hegemônico, lecionada pela Professora Doutora Anna Flávia Feldmann, visa, a partir de dados, imagens, entrevistas e diferentes perspectivas, mostrar a desvalorização do futebol feminino, além de impulsionar e dar voz à luta e às atletas.

Com um compilado de quatro reportagens, o primeiro texto contextualiza historicamente o futebol feminino, trazendo o olhar de Renata Beltrão, Mestre em Museologia e Coordenadora de Comunicação do Museu do Futebol. O segundo texto aborda a realidade das categorias de base feminina de clubes brasileiros. Com depoimentos das atletas Laryssa Lourenço e Giovanna Holanda, temos um panorama das equipes jovens e o sentimento das jogadoras perante a realidade enfrentada.

A terceira reportagem foca na cobertura jornalística na modalidade feminina, os desafios enfrentados e o que pode ser feito para melhorar, tudo isso com a ajuda da Jornalista do jornal Lance!, Juliana Yamaoka. Na quarta e última reportagem, uma entrevista com a goleira do Corinthians, Kemelli Trugilho, mostra um panorama do futebol profissional feminino e a situação dos clubes da elite brasileira, além das medidas que podem ser tomadas para alavancar e valorizar o esporte.

Para acessar as reportagens, basta clicar no link a seguir: https://donasdabola.my.canva.site/

A Republica Democrática do Congo - herança colonial em meio a sangue e cobalto.
por
Pedro Bairon
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16/06/2025 - 12h

 

“Da borracha à maçã” é um documentário que traça a longa linha de continuidade entre a violência colonial imposta ao Congo e os horrores da guerra civil que ainda hoje assombram o país. A partir da exploração genocida promovida pela Bélgica no século XIX, o filme revela como as feridas abertas pelo colonialismo jamais cicatrizaram — apenas se transformaram em novas formas de conflito, exclusão e disputa por poder.

O documentário mergulha nas causas históricas e étnicas da guerra civil congolesa, dando atenção especial à tensão entre tutsis e hutus, grupos marcados por rivalidades que ultrapassam fronteiras e carregam os traumas do genocídio em Ruanda. A entrada de milícias hutus no leste do Congo após 1994, e a resposta armada dos tutsis, reacenderam conflitos internos, arrastando a população civil para o centro de uma guerra prolongada, brutal e muitas vezes esquecida pelo olhar internacional.

“Da borracha à maçã” não é apenas um registro de tragédias; é uma crítica à forma como a história se repete quando as raízes da violência são ignoradas. Mostra que o mesmo sistema que arrancou borracha das florestas a golpes de chicote, e que hoje arranca cobalto das minas congolesas, deixou um legado de instabilidade, impunidade e sofrimento. Um chamado à memória e à justiça, diante de um conflito que não começou nos anos 1990 — mas sim nos porões do colonialismo europeu

 

Duração: 26:10 

Autor: Pedro Bairon 

Para visualizar o documentário acesse o link:  

.https://youtu.be/kqtTs-vZCwo

Da prostituição à Câmara dos Deputados, conheça a história da primeira mulher trans preta no Congresso Nacional
por
Julia Barbosa
Maria Elisa Tauil
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17/11/2023 - 12h

Em seu primeiro ano no Congresso Nacional e com mais de 64 mil votos, Erika Hilton (PSOL) foi intitulada a segunda melhor deputada do Brasil pelo prêmio Congresso em Foco, realizado em setembro deste ano. A parlamentar é a primeira mulher trans e negra a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados.

Erika, aos 30 anos e na política há 6, possui suas prioridades bem definidas enquanto ativista dos Direitos Humanos: o combate à fome, defesa do SUS (Sistema Único de Saúde) e a valorização das iniciativas culturais jovens e periféricas, assim como a luta pela equidade para a população negra, combate à  discriminação e em prol de direitos da comunidade LGBTQIA +.

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Erika Hilton, eleita a segunda melhor deputada do Brasil (Foto: Mandato Erika Hilton)

Primeira travesti preta eleita deputada

Nascida em Franco da Rocha e criada na periferia de Francisco Morato, região metropolitana de São Paulo, a luta de Erika começou muito antes de sua atuação na Câmara dos Deputados. Assim como muitas outras pessoas LGBTQIA+ no Brasil, aos 14 anos, devido à sua identidade de gênero e à chegada do fundamentalismo religioso dentro do seu núcleo familiar, foi expulsa de casa e precisou recorrer à prostituição como um meio de sobrevivência.

Em uma entrevista à TV Brasil, a deputada contou como foi vivenciar esse processo. “Diferente da maioria das pessoas eu nunca sofri hostilidade na minha infância, nunca tive o meu gênero reprimido, fui criada em um lar por mulheres e essas mulheres me deram a possibilidade e a liberdade de ser quem eu sou", comentou. “O fundamentalismo mudou um pouco essa lógica de uma forma muito violenta e abrupta, eu não esperava por isso.”

“Essa expulsão de casa vai me levar à prostituição muito jovem, como ocorre com a maioria das mulheres transexuais e travestis no Brasil ainda hoje. É importante que as pessoas saibam que 90% das mulheres transexuais e travestis vivem compulsoriamente da prostituição porque são expulsas de casa e não encontram espaço no mercado de trabalho,” disse.

Aos 19 anos, após conseguir se reconectar com a família, Erika concluiu o ensino médio por meio do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), e cursou pedagogia e gerontologia na Universidade Federal de São Carlos, interior de São Paulo. Lá, participou do movimento estudantil e fundou um cursinho pré-vestibular para mulheres trans e travestis. Foi nessa época que sua trajetória de ativismo e militância começou.

O gatilho aconteceu em 2015, quando uma empresa de ônibus se negou a imprimir uma passagem com seu nome social. Ao defender o direito de pessoas trans escolherem seus próprios nomes, a futura deputada ganhou um alto engajamento nas redes sociais, resultando na conquista do seu objetivo e reconhecimento na luta contra a violência de gênero.

Em 2016, Hilton se filiou ao PSOL e, no mesmo ano, candidatou-se ao cargo de vereadora de Itu (SP), mas não se elegeu. Dois anos depois, como codeputada, fez parte da bancada ativista na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) através de uma chapa coletiva, que foi eleita com aproximadamente 150 mil votos.

Já em 2020, a ativista precisou deixar a ALESP para concorrer ao cargo de vereadora da cidade de São Paulo. Naquele ano, tornou-se a mulher mais votada do país e se elegeu com mais de 50 mil votos. Em uma entrevista à revista GQ, Érika conta sobre a importância de ter uma mulher trans e preta ocupando uma cadeira na Câmara Municipal da capital paulista. “Estamos rompendo com uma mazela histórica da ausência desses corpos. Até agora, haviam sido eleitas apenas duas mulheres negras, o que revela o racismo institucional, estrutural e estruturante da nossa sociedade. Ocupar aquele lugar é trazer à tona e visibilizar o nosso corpo, nossa luta, nossa história, pautar a política que precisamos e que queremos,” comentou.

“Nós, corpos negros, trans, periféricos, podemos existir e atuar para além dos espaços que nos foram sentenciados, como as esquinas, o cárcere, os manicômios, lugares de desumanização,” explicou.

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Erika Hilton no parlamento da capital paulista. (Foto: Afonso Braga/Câmara Municipal de São Paulo)

Ao longo do seu mandato na Câmara dos Vereadores, Erika presidiu a Comissão Extraordinária dos Direitos Humanos e Cidadania, ganhando ainda mais visibilidade no meio. Com isso, ela decidiu concorrer ao cargo de deputada federal.

Em 2022, Erika fez história ao se tornar a primeira mulher trans a ser eleita deputada federal por São Paulo. Com mais de 250 mil votos e uma das 10 candidaturas paulistas mais votadas, a deputada do PSOL se tornou uma protagonista na luta pela defesa dos direitos humanos, igualdade de gênero, racial e social dentro da Câmara dos Deputados.

Com uma trajetória política que se iniciou com a disputa pela Câmara Municipal de Itu e chegou até Brasília, Erika foi incluída, pela segunda vez consecutiva, na lista das “100 Lideranças que Mudarão o Futuro” da revista norte-americana Time.

Vivência no Congresso Nacional

Na segunda faixa do álbum “Roteiro para Aïnouz (Vol. 2)” de Don L, o compositor canta sobre o fundamentalismo religioso: “Depois do massacre ergueram catedrais; Uma capela em cada povoado; Como se a questão fosse guerra ou paz; Mas sempre foi guerra ou ser devorado; Devoto catequizado; Crucificar em nome do crucificado; Seu Deus é o tal metal, é o capital; É terra banhada a sangue escravizado; Jesus nunca estaria do seu lado; Não estaria do seu lado.”

A vida imita a arte. Erika, enquanto primeira mulher negra e travesti na Câmara dos Deputados, é alvo constante de ataques transfóbicos e critica o conservadorismo no Congresso Nacional.

Em setembro deste ano, durante um discurso na comissão que discutia o projeto de Lei contra o casamento homoafetivo, a parlamentar utilizou de seus 15 minutos de fala para denunciar colegas de Câmara. Para Erika, os deputados conservadores buscam, através de suas manifestações, criar uma guerra que nem mesmo existe no Brasil entre a comunidade LGBTQIA + e os cristãos.

Assim como Don L, a deputada afirma: "Eu tenho certeza que se Jesus voltasse hoje, não seria com vossas excelências que se sentaria, seria conosco, os oprimidos, os humilhados.”

A lista de afrontas e ataques por parte de outros parlamentares direcionados à deputada é extensa. No entanto, Erika se mantém firme: “E nós chegamos sim até aqui, mas não só para discutir os direitos das mulheres transexuais e travestis. Porque eu não sou apenas uma mulher transexual, travesti, eu sou uma mulher assim como a senhora, queira você ou não, na sociedade”, rebateu a deputada após outra parlamentar afirmar que na Comissão da Mulher, mulheres trans estariam roubando o espaço de “mulheres de verdade”.

Em outra ocasião, durante Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos atos golpistas no 8 de janeiro, ao ser debochada por parlamentares que causaram tumulto na sessão após uma piada homofóbica vinda do deputado Abilio Brunini (PL-MT), a parlamentar se posicionou: “Não aceitarei, não tolerarei ser desrespeitada, interrompida ou colocada em situações de baixo calão ou de baixo nível. Trato todos os colegas com respeito, com diplomacia, e exijo o mesmo tratamento. E aqueles que fugirem dessa diplomacia terão de responder criminalmente por qualquer tentativa de estereotipar a minha identidade”

Violência de gênero

Durante uma entrevista à TV Brasil, Erika denunciou a violência que sofre dentro do Parlamento. Segundo ela, sua vivência na instituição lhe causa mais medo do que entrar no carro de um desconhecido durante a madrugada. “Essa analogia serve para dizer vejam: eu enquanto deputada eleita com a visibilidade que tenho, hoje talvez corra mais risco do que quando era uma adolescente perdida numa esquina de prostituição,” expõe. “Isso não é para minimizar os riscos que essas meninas estão correndo, é só uma analogia para que a gente consiga comparar e ter a fotografia do que é a violência política de gênero hoje no Brasil”, completou.

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Erika Hilton, primeira mulher trans a ser eleita como deputada federal. (Foto: Poder360)

Segundo o Ministério da Mulher, a violência política de gênero pode ser estabelecida como a agressão física ou simbólica, que impede ou limita a mulher ao acesso e exercício de funções públicas. “O ambiente político ainda é muito tóxico para as mulheres, que são comumente ofendidas, humilhadas, ameaçadas e desrespeitadas exclusivamente em razão da sua condição feminina”, afirmou Maria Bucchianeri, a ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em uma entrevista ao CNJ.

Apesar de afetar todas as mulheres, a situação é ainda mais violenta quando envolve a mulher negra na política. A ministra observou que inúmeras parlamentares negras demandam proteção especial para si e suas famílias, devido ao volume de ameaças que recebem.

A violência política de gênero agride os valores democráticos por apartar mulheres dos espaços de poder, deixando esses espaços sob domínio de pessoas que são, majoritariamente, homens brancos héteros cisgêneros. A presença e atuação de Erika na Câmara dos Deputados, portanto, é uma afronta à masculinidade e branquitude que estão enraizadas na sociedade brasileira.  

Moda enquanto fazer político

Erika também ousa desafiar a “cafonice” dentro do parlamento, assim como a forma com que a política é estruturada: “Eu acho que a política tem que ser renovada em tudo, desde a roupa até a forma como se organiza. Do jeito que é não funciona, pelo menos para nós. Funciona para aquela casta de homens brancos que sempre estiveram lá. Quando você olha para uma parlamentar que tem referências de moda, que se parece com você e com as pessoas do seu convívio, que parece um ser humano normal e que está lá e tem projeto… A gente não está brincando, isso é importante frisar, não é que a gente traz um pop e banaliza o fazer política”, comenta a deputada a Vogue Brasil.

A parlamentar, que cruzou as passarelas do São Paulo Fashion Week de 2023, entende a moda como parte de seu fazer político, e acredita que essa seja uma das maneiras de introduzir os debates à aqueles que não se identificam com a clássica imagem do poder, passando por cima de um discurso excludente.

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Deputada Erika Hilton em bastidores do desfile SPFW pela Apartamento 03. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress)

Em entrevista à revista Marie Claire, a deputada defende que “a população negra, indígena, LGBTQIAP+, sempre viveu em situação de subalternidade em todos os aspectos, desde os direitos civis à representação imagética no ambiente da moda. Mas mesmo dentro desse contexto histórico, político, social e econômico, a gente seguiu caminhando.”

Como Erika define, a crise em Brasília é estética. "Sempre olhei a política como algo muito cafona. Ela é cinza, tem uma linguagem rebuscada, não tem uma aparência bela exatamente porque se pleiteia a distanciar as pessoas daquele lugar.” A deputada exalta: "Não preciso me adequar a uma forma cafona para ser respeitada!”

Nossa equipe entrou em contato com a assessoria da deputada Erika Hilton, mas não foi possível marcar uma entrevista por questões de agenda. 

Além de impactos sociais e humanitários, a ditadura de Pinochet moldou profundamente a economia chilena.
por
Barbara
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10/11/2023 - 12h

A instauração da ditadura militar no Chile por meio de um golpe de Estado em setembro de 1973 constituiu um capítulo sombrio na história. Com a destituição do governo de Salvador Allende, Augusto Pinochet assumiu o comando do país, inaugurando um período caracterizado pela repressão política e violações aos direitos humanos que perdurou até 1990. 

Augusto Pinochet

Além de impactos sociais e humanitários, a ditadura de Pinochet moldou profundamente a economia chilena. O país adotou políticas neoliberais como reformas que visavam reduzir o papel do Estado na economia, privatização de empresas estatais e abertura do mercado para investidores estrangeiros. Essa transição para o neoliberalismo teve implicações devastadoras na estrutura socioeconômica do Chile que podem ser observadas na história recente. Essa razão econômica, política e social foi implementada pelos “Chicago Boys”, economistas que tiveram passagem pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, escola que distribuía e distribui a ideologia para governos mundo afora.  

protestos no chile

As consequências brutais da instituição desse modelo, que continuou após a redemocratização no país, sob o pretexto de uma suposta ciência, contribuíram fortemente para o surgimento de protestos intensos que tinham como objetivo a elaboração de uma nova constituição, em 2019. O debate e a tramitação de uma nova constituição seguem no país, enquanto a constituição de de Pinochet persiste.

https://vm.tiktok.com/ZMj3pnkGE/

Os sistemas de educação, saúde e previdência, representam as violências dessa estrutura política e econômica sobre a população, que luta para seu fim e construção de uma nova constituição com direitos sociais universais.

 

Relembre como foi a manifestação a favor da democracia em São Paulo
por
Fernanda Querne
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13/11/2023 - 12h

 

“Foi uma tentativa de golpe de Estado. Tem que ser punido exemplarmente. Vamos para cima deles” - essa foi um pouquinho da palavra do deputado federal pelo Partido Socialista e Liberdade (PSOL), Guilherme Boulos. O político estava no ato pró-democracia, concedeu uma entrevista à Agemt embaixo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateubard. Para saber mais do relato, ouça através do QR Code. 

 



 

Aqueles que protestavam contra ao extremismo visto no dia anterior, ressignificaram a bandeira do Brasil como um símbolo resgatado. Vários cartazes dizendo "Democracia para Sempre". Existia uma euforia ao extravasar tudo o que repudiaram no último mandato, mas aliviados com a vitória do petista. Os manifestantes repudiaram os ataques nos Três Poderes. Os invasores negavam a vitória do Luiz Lula Inácio Lula da Silva. Durante o dia 8, houve uma suposta negligência em relação à segurança. Assim, os vândalos gravaram os seus próprios crimes. Já era notório algumas movimentações dos bolsonaristas, alguns estavam acampando desde do resultado do segundo turno. Antes do resultado das eleições, havia uma suposta semelhança entre os apoiadores do Bolsonaro e dos apoiadores do Trumpismo ao invadirem o Capitólio.

 

Legenda: Comício eleitoral de Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro/ Por Fernada Querne

 

Com o sol quase se pondo, as ruas de São Paulo já estavam cheias de policiais rondando a Paulista. O começo do ato contou com organizações políticas levando a multidão a dizer: "Sem anistia". Ou até mesmo: "Ão Ão Ão, Bolsonaro na prisão". Havia uma preocupação em diversificar as vozes representantes da manifestação. Scaneie e ouça mais quais eram as lideranças que estavam por trás da manifestação.

 

 

"Salve Salve, eu sou o Júnior Rocha da Coalizão Negra Por Direito e da União Afro Brasil, vou ajudar a coordenar o ato aqui com vocês hoje. E vamos para cima derrubar o bolsonarismo ou não vamo?" - fala de Rocha, uma das lideranças da manifestação no começo do ato. Além dessa figura, havia também grupos que focavam em outras pautas, como: trabalhistas, feministas e entre outras. Mesmo com ideologias distintas, os manifestantes entiram que estavam lutando por uma causa só: "Hoje estamos aqui para dizer que nós não vamos permitir nenhum ato antidemocrático" - coordenadora do Povo Sem Medo.  

Explicitamente, chamavam os invasores de fascistas e extremistas. Pediam pela punição dos invasores, os quais chamavam de "golpistas". Aqueles contra o antigo candidato pelo Partido Liberal (PL), já sentiam que o derrotam nas ruas. Agora, a multidão desejava acabar com o fascismo nas ruas. Os manifestantes aclamavam pelo encarceramento da família do ex-presidente - atualmente, Jair Bolsonaro está inelegível. 

"Agora é a vez dos trabalhares, agora eles que vão para a cadeia. Eles devem porque são fascistas - um dos coordenadores do MST. De acordo com o Portal da Câmara dos Deputados: "Cerca de duas mil pessoas foram levadas pelas forças policiais pelos atos em 8 de janeiro, dos quais 1,4 mil ficaram presas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator das investigações sobre as invasões."  

Para saber mais, aqui está o áudio completo do ato e o link da postagem no Instagram

 

Como é o antissemitismo hoje?
por
Ester Czeresnia Taragona
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13/11/2023 - 12h

O judaísmo é uma religião, mas acima de tudo é uma cultura. Há judeus que não praticam a religião judaica, há inclusive judeus ateus. Porque ser judeus engloba uma gama de significados e identidades. A religião pode ser uma delas.

O judaísmo é uma religião, um povo, uma nacionalidade, uma cultura. Há judeus que se identificam somente com algumas cores dessa aquarela e também há antissemitismo para todas elas.

Da mesma maneira que o judaísmo corresponde a uma série de significados , há um antijudaísmo para cada um deles. Esse antijudaísmo é chamado de antissemitismo. Há um antissemitismo religioso, cultural, nacional e racional. E alguns tipos de antissemitismo mais sofisticados que misturam mais de um destes ingredientes.

“A crença ou comportamento hostil aos judeus só porque são judeus. Pode assumir a forma de ensinamentos religiosos que proclamam a inferioridade dos judeus, por exemplo ou de esforços políticos para isola-los, oprimi-los ou feri-los de outra forma. Também pode incluir opiniões preconceituosas ou estereotipadas sobre os judeus”.

Como é o antissemitismo hoje?

Se o judaísmo pode ser uma religião, uma cultura, um povo e uma nação, o antissemitismo pode ter características de intolerância religiosa, racismo e xenofobia.

Em cada país do mundo ele se manifesta de uma maneira distinta, mas suas bases são as mesmas.

O antissemitismo, normalmente, aparece em ofensas direcionadas a uma pessoa ou aos judeus como grupo. Uma manifestação antissemita, inclusive, pode ser direcionada a grupos distintos e até mesmo contra não judeus – usando o “ser judeu” como ofensa até mesmo para pessoas que não estão dentro deste grupo.

As formas mais comuns de expressar o ódio contra judeus são acusações, difamações, discursos de incitação ao ódio em manifestações públicas, redes sociais, sites, plataformas de comunicação e portais de notícias, pichações de símbolos nazistas em espaços públicos e privados, além de violência física, agressões verbais, cerceamento de direitos, assassinatos e perseguições motivadas.

Mas, não estão fora do conjunto de ataques ofensas por meio de charges, supostas piadas, deboches e insinuações corriqueiras. Estas, aliás, são formas de antissemitismo muitas vezes blindadas sob o pretexto de liberdade de expressão artística, e imunidade do humor, supostas prerrogativas para o preconceito.

Por conta da guerra em Gaza, os ataques antissemita no mundo todo aumentaram. Estudantes da faculdade Cornell nos Estados Unidos foram ameaçados de morte, pichações nazistas, gritos em protestos falando para jogar gás nos judeus e que Hitler estava certo, estabelecimento na Turquia falando que judeus não podem entrar, pessoas marcando com estrela de David estabelecimentos e casas de judeus. As pessoas não conseguem distinguir o povo judeu, da religião e do governo. Uma coisa é criticar o governo de Israel outro é desejar a morte dos judeus.

A utilização sem freios de um recurso limitado: os combustíveis fósseis. Será possível um mundo baseado em energias renováveis, tendo em vista o nosso jeito de viver?
por
Fernanda Travaglini
Giovanna Takamatsu
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13/11/2023 - 12h

 

Luz do sol, água, vento – estes são exemplos de itens indispensáveis para a vida. E mais do que participarem de importantes processos biológicos humanos e de outros seres vivos, também têm sido garantia de energia nessa e em futuras gerações por serem fontes renováveis. Ao contrário do petróleo, que é escasso, energia sustentável é aquela que "es

tá disponível segundo o ciclo natural terrestre", conta o arquiteto Célio Bermann, professor associado do 3º Instituto de Energia e Ambiente da USP. 

Diante de desafios ambientais cada vez mais intensos, multidisciplinares e cujas soluções dependem de mais de um agente, geralmente Estado e Empresariado, problemas relacionados à produção energética se repetem no mundo todo, por diferentes conjunturas nacionais ou internacionais. 

Um estopim da discussão energética, em 1970, é desencadeado pela primeira ‘crise do petróleo’ - a descoberta de que o mineral não é renovável, fez com que sua precificação subisse. O evento foi a faísca inicial de um ciclo de busca global por soluções energéticas renováveis.

 

Os tipos de energias renováveis 

Saltando para 2023, 53 anos após a mencionada crise, o cenário de desenvolvimento tecnológico já permite alternativas ao petróleo. Em entrevista, Bermann ensina que existem alguns tipos de energias renováveis: "ciclo hidrológico (da água) para a hidreletricidade; sol, para a energia solar térmica e fotovoltaica; vento, para a energia eólica; biomassas (lenha e carvão vegetal de reflorestamento, biogás de decomposição de resíduos orgânicos, etanol e biodiesel). Estas são as principais. São também fontes energéticas renováveis a geotérmica; das marés (maremotriz, das ondas); e do hidrogênio (verde, por ser obtido de fontes renováveis)", explica. 

O arquiteto e pesquisador diz que essas fontes podem ser entendidas como renováveis, ou sustentáveis, já que são repostas de maneira imediata pelo meio ambiente, ao contrário dos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural, carvão mineral), que levam milhões de anos para se recompor. 

Assim, as energias renováveis são fundamentais para a garantia de luz, transporte, água quente, alimentação entre tantos outros processos que, atualmente, são totalmente dependentes de processos energéticos.

 

Um breve percurso brasileiro nas políticas energéticas

 

 

A chegada da energia no Brasil chega através do capital estrangeiro, em 1879, com a autorização de Dom Pedro II para o norte-americano, Thomas Edison, implementar seus sistemas de iluminação. Após a década de 1940 e até 1960, grande parte da produção e distribuição de eletricidade, petróleo e gás ficou sob encargo dos governos estaduais e federais. Já nos anos 60, o Plano de Metas do governo JK revisou a pauta dada uma crise de energia no sudeste e criou órgãos regulatórios e de fiscalização como o Ministério das Minas e Energia (MME) e o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE).

Frente aos efeitos da crise mundial do petróleo, em 1985, o governo ditatorial inaugurou uma polêmica proposta, o PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) que visava racionalizar o uso de energia no país. Na época, o país construiu usinas nucleares e, mais adiante, em 2000, criou o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). 

O novo milênio foi inaugurado com um dos maiores apagões da história do país e o fantasma da racionalização voltou a assombrar o brasileiro: foi o apagão de 2001, um dos maiores na história do Brasil. Entre 2000 e 2010, outras respostas passaram a ser dadas ao problema energético no país: construção de usinas hidrelétricas, termelétricas e de produção de biodiesel. 

O MME criou o programa Luz para Todos, que em novembro deste ano completa 20 anos e já alcançou 17 milhões de pessoas que não tinham acesso à energia, de acordo com dados do Governo. No entanto, de acordo com um estudo do IEMA (Instituto de Energia e Meio Ambiente), somente na Amazônia, 990 mil pessoas vivem sem acesso à luz; e dados do PNAD 2019 indicam que 141 domicílios, em todo território, ainda vivem excluídos do acesso à energia.

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Linha do tempo das políticas energéticas no Brasil. Imagem: Datlo Blog. 

Um panorama das fontes de energia no Brasil

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao governo brasileiro, é a responsável por produzir relatórios e organizar dados sobre o setor no país. Em dez anos, de acordo com os dados da instituição, houve uma melhora de 5% na troca de combustíveis fósseis pelas energias renováveis: 

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Em 2022, 47% da Oferta Interna de Energia (OIE) é renovável; 52,6% não é. Dez anos antes, em 2012, 42% da OIE é renovável e 52,6% não é – representando um avanço de 5%. Imagens: EPE, Balanço energético nacional 2023 e 2013, relatório síntese. 
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Em 2022, 47% da Oferta Interna de Energia (OIE) é renovável; 52,6% não é. Dez anos antes, em 2012, 42% da OIE é renovável e 52,6% não é – representando um avanço de 5%. Imagens: EPE, Balanço energético nacional 2023 e 2013, relatório síntese. 

 

Bermann aponta que, no cenário brasileiro, não há que se falar em 'transição energética': "a necessidade dessa transição está colocada para os países desenvolvidos altamente dependentes dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural). Falar em transição energética no nosso país é reproduzir o caráter do colonialismo que marca a nossa histórica. Prefiro falar em diversificação energética, necessária para reduzir nossa dependência relativa dos combustíveis fósseis."

Mesmo diante do singelo crescimento na utilização de energias renováveis entre 2012 e 2022, 35%, ou seja, um terço da matriz energética concentra-se no petróleo e seus derivados. Ainda é um panorama de dependência. 

 

Quais são os problemas das energias não renováveis? 

Como o nome bem indica, o petróleo, gás natural e carvão mineral são recursos escassos, e que um dia vão acabar. Em um levantamento da British Petroleum (BP), o esgotamento das jazidas de petróleo está previsto para 2067. É necessário lembrar que a teoria mais aceita sobre a origem deles é a teoria orgânica. Nela, é suposto que eles são resultado do soterramento de plantas/animais por camadas de terra, ao longo dos vários anos de existência do Planeta Terra. Por causa da temperatura e pressão aplicadas a esse material, ele acaba se transformando em cadeias de hidrocarbonetos. 

origem do petroleo
Formação do petróleo. Imagem: http://filipedebarros.wordpress.com/2009/04/20/277

É possível entender o porquê dessa limitação. O petróleo que é consumido hoje, é resultado de 10 a 500 milhões de anos de evolução. Em uma entrevista a Universidade Federal de Pernambuco, o professor de Geografia Antônio Barbosa, explica: “o hidrocarboneto, do petróleo gás, que era facilmente encontrado na natureza, esse nós já exaurimos. Basicamente, metade das reservas conhecidas já foram exauridas”.   

O homem virou totalmente dependente dos recursos não-renováveis. Eles facilitam a vida. Derivados do petróleo, como o diesel e a gasolina, fazem parte do cotidiano, sendo o combustível para carros, ônibus, metrôs e trens - e vai muito além disso, sendo essencial para a economia mundial, movendo aviões e navios. Dentro de casa, o gás natural, seja encanado ou de botijão, tem um papel importantíssimo nas tarefas domésticas, como cozinhar e tomar banho.

consumo de petroleo
Consumo de combustíveis fósseis no mundo, em terawatts-hora, em 2022. Imagem: Our World in Data.

 

A partir dessa noção de finitude, é possível entender de onde vem a necessidade de uma transição energética, ou pelo menos, uma diminuição da dependência dos combustíveis fósseis. Mas existe uma grande questão ambiental. 

O funcionamento dos combustíveis fósseis se baseia na combustão deles. Na reação de combustão, o hidrocarboneto se combina com o oxigênio e resulta em água e hidróxido de carbono (CO2). Ou seja, liberamos altas quantidades de CO2 em atividades cotidianas. Segundo dados do Global Carbon Budget, em 2022, um brasileiro libera cerca de 2,3 toneladas por ano.

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Liberação de CO2 per capita no Brasil. Imagem: Our World in Data.

 

Mas qual é o problema? O dióxido de carbono é o principal gás de efeito estufa. Isso significa que a presença dele na atmosfera faz com que uma maior quantidade de calor seja retida, assim aumentando a temperatura terrestre - ou seja, causa o aquecimento global. 

Além disso, o CO2 é responsável por vários outros problemas ambientais e sociais. Bermann diz que “no contexto global, as principais consequências são as mudanças climáticas, com eventos extremos cada vez frequentes e intensos; e a debilitação da saúde pública, devido à exposição a polientes atmosféricos como os óxidos de enxofre, de nitrogênio, monóxido de carbono, material particulado, fumaça, muitos destes poluentes são  carcinogênicos e que afetam o trato respiratório da população a eles exposta, principalmente nos grandes centros urbanos”.  

 

Entenda um pouco mais sobre a dependência de combustíveis fósseis:

https://www.youtube.com/watch?v=ZPmEbfGlJl0&t=96s

 

O que você pode fazer? 

É importante entender que os maiores responsáveis pelos danos ambientais no mundo são os mais ricos e que as atividades que mais poluem são as industriais, como as petrolíferas, têxtil etc. No Brasil, o agronegócio é o setor que mais libera gases de efeito estufa (GEE), por utilizar recursos como desmatamento ilegal para realizar suas atividades. Além disso, mesmo que o preço da energia renovável esteja diminuindo, é muito difícil para o brasileiro fazer mudanças individuais. 

Por exemplo, substituir um carro de combustível fóssil por um elétrico é uma ação pessoal, que diminuiria a liberação de dióxido de carbono, mas isso é inviável para muitos brasileiros, devido ao custo, além de ser quase insignificante.  

“É evidente que uma ação individual é insuficiente, apenas uma gota no oceano. O poder público pode e deve dar sua contribuição, com políticas públicas indutoras nessa direção. Entretanto, além do governo e da população, cabe às indústrias, comércio, serviços, transporte rodoviário, ferroviário, marítimo, aeroviário darem também sua contribuição, pois são os assim denominados “setores produtivos” os principais responsáveis pelos danos ambientais, que comprometem a existência de todos os seres vivos no nosso planeta”, afirma Bermann.

A população deve, portanto, cobrar das indústrias e do governo por um desenvolvimento mais sustentável. Mas é importante entender que é necessário também sempre realizar escolhas mais conscientes, dentro do possível da condição de cada um, como trocar o transporte privado pelo público, ou preferir moradias sustentáveis, com energias renováveis (como as casas containers). Entretanto, se não houver uma mudança daqueles que mais poluem, a ação individual não faz sentido.  

Esta reportagem foi produzida como atividade extensionista do curso de Jornalismo da PUC-SP.