Priscila Almeida relembra a trajetória de Elifas Andreato

Coordenadora do curso de “Arte: História, Crítica e Curadoria” da PUC-SP destaca a importância do artista para a identidade cultural do país.
por
Gustavo Pereira
Isadora Taveira
Laura Melo
Marcelo Zanardo
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30/03/2022 - 12h

Em entrevista à AGEMT a coordenadora do curso de “Arte: História, Crítica e Curadoria” da PUC-SP Priscila Almeida enaltece a grande carreira de Elifas, “Ele teve em torno de 40 anos de carreira, inúmeros trabalhos, com uma produção muito grande em capas de discos. Assinou obras do Paulinho da Viola, Vinícius de Moraes, Chico Buarque e Elis Regina. Ele também fez ilustrações de capas de livros, por exemplo da Clarice Lispector”.

A professora complementa dizendo, “A linguagem visual dele, principalmente a conhecida no campo da discografia é bastante pautada em cores vivas, que de alguma maneira dialogam com a cultura popular brasileira e geralmente trabalha com retratos emotivos que humanizam e evocam imagens de um povo brasileiro sofrido, trabalhando também com os signos políticos e que fazem parte da história do país”.

Almeida conta ainda qual é sua obra preferida de Andreato, “ele tem no campo das artes plásticas um painel que foi montado no corredor de acesso ao Plenário da Câmara dos Deputados, onde ele homenageia alguns políticos que tiveram os seus mandatos cassados na época da ditadura civil militar no Brasil. É uma obra que faz parte do resgate da história da ditadura militar, uma obra grande, que tem em torno de 5 metros de comprimento por 1,70 de altura e ela participa como um documento desse período histórico trágico do país”. Ela se refere à tela A Verdade, ainda que tardia, concluída e doada em 2012 para a Câmara. Ela foi exposta durante as homenagens daquele ano a parlamentares cassados pela ditadura e mostra cenas de tortura praticadas pelo regime contra cidadãos brasileiros nos chamados “anos de chumbo” (1968-1974). O quadro ficou um mês exposto na casa legislativa e depois foi levado para um depósito, longe do público, onde está até hoje. Na época, deputados exigiram a retirada por considerar as cenas retratadas, “constrangedoras”.  

Para a docente, “desde os anos 60, o trabalho dele (Elifas Andreato) no campo da ilustração, do design gráfico, fez aqui a história da cultura da produção brasileira”.