Com o início da temporada de debates, começou o período onde o eleitorado julga qual candidato se destaca em comparação aos demais adversários. O debate, é em essência, um exercício político onde as propostas são polidas após serem confrontadas de forma saudável.
Porém, o primeiro evento mediado pelo canal Band demonstrou constantes trocas de farpas e ataques pessoais. Muito pouco foi falado sobre o futuro e muito foi glorificado do passado, e nem sempre, de forma sincera. Essa atitude foi marcada pelos três maiores candidatos: Lula, Bolsonaro e Ciro.
Ciro Gomes, candidato pelo PDT, almejou através de todo o evento um distanciamento dos dois grandes adversários. Sendo incisivo com ambos e retomando as pautas de corrupção dos governos deles.
Ao se dirigir a Bolsonaro, afirmou que a economia herdada por ele era desastrosa, para insinuar uma incompetência do ex-presidente enquanto se postava como alguém muito mais competente para a economia, acenando para esquerda brasileira ao prometer a taxação de grandes fortunas.
Em contrapartida, o pedetista foi quem mais criticou diretamente o atual presidente, apontando as incoerências dele em forma de denúncia, apesar de ainda muito superficial.
Seu plano aparenta se tornar uma opção distante entre os dois, uma alternativa completamente nova e diferente. Criticar os dois lados tem sido a forma de se distanciar, porém isso instaura um clima pesado entre as partes, especialmente entre Lula e Ciro.
Ficou evidente quando a jornalista Patrícia Campos Melo perguntou para os dois candidatos qual seria a postura dos candidatos em um provável segundo turno onde, possivelmente, ocorreria uma disputa entre Lula e Bolsonaro. Esta pergunta gerou algumas trocas de críticas sutis entre ambas as partes, porém de forma controlada.
PROPOSTAS DE GOVERNO
Quando tomou o microfone, a maior parte da fala de Ciro Gomes foi dedicada a glorificar as ações tomadas pelo seu partido no Ceará, seu estado de origem. Dentre o que foi destacado nesse debate, a educação e a segurança pública estiveram em primeiro plano.
Possivelmente, um dos tópicos mais delicados de todas as propostas do candidato do PDT, a educação tomou maior parte das suas falas. Remeteu à algo parecido com a reforma do Novo Ensino Médio de 2016 que enfatiza um modelo de estudo novo focado na formação técnica e profissionalizante. A mudança, à época, trouxe uma série de questionamentos e críticas ao governo Temer. Ciro segue no mesmo caminho. Caso não haja mudanças significativas na proposta, essa pauta pode acabar sendo muito controversa em um possível governo.
No debate, o candidato pedetista afirmou ter um projeto para automatizar o policiamento em conjunto com o uso de algoritmos, algo que está em vigor nos Estados Unidos. Entretanto, a ação tem se comprovado ser um instrumento que viabiliza a perseguição de policiais em áreas urbanas majoritariamente negras.
Em suma, a problemática ocorre devido aos algoritmos serem apenas números alimentados por pessoas, que por natureza, são parciais. Se uma quantidade considerável de policiais com tendências racistas prenderam pessoas em um bairro específico, o programa vai entender que esse bairro é mais perigoso e vai aumentar a necessidade de policiamento nele, gerando mais crimes menores registrados.
Estas medidas acabam sendo pouco explicadas pelo candidato quando em frente das câmeras, usando o seu livro "Projeto Nacional" como muleta e servindo como gesso de sua campanha, limitando os detalhes de seus planos ao eleitorado dedicado que está disposto a ler um livro de quase duzentas paginas detalhando seus passos caso assuma a cadeira de presidente.
Ao invés de promover-se, mais procura criticar abertamente os candidatos, sendo mais incisivo ao governo Lula na maioria das vezes, ficando muito evidente no último debate. Muito pouco foi detalhado sobre sua visão de governo, se limitando a promessas eleitoreiras rasas como a tão referida reforma do modelo de impostos.
O programa Minha Casa Minha Vida, criado em 2009 durante a gestão do governo Lula, foi um projeto de habitação federal do país que proporcionu condições a famílias de baixa renda para adquirirem seu imóvel próprio.
Como o MCMV melhorou o déficit habitacional no Brasil? A Agemt explica:
O programa Minha Casa Minha Vida era voltado para famílias de baixa renda, as quais não tinham um imóvel próprio e nem condições de adquirir o seu. Diante da crise de falta de moradia, o programa entregou cerca de 2,7 milhões de residências que beneficiaram aproximadamente 10 milhões de famílias em mais de 90% dos municípios brasileiros.
Metade das unidades do projeto foram destinadas a grupos de baixa renda, que recebiam até R$1800 reais mensalmente. Além disso, se estabeleceu prioridade para as mães chefes de família. Elas tinham preferência para assinar a escritura no alinhamento da documentação e, em caso de separação, a mulher ficava com o imóvel.
Dentre as famílias que tiveram acesso ao benefício, 70% tinham renda familiar de até R$800 reais por mês, 67,7% eram negros, mais de 50% não tinham o ensino fundamental completo e cerca de 46% recebiam o auxílio “Bolsa Família”.
E como isso impactou na economia ?
Além de todos os fatores sociais do projeto que colaboraram para acessibilizar a aquisição de moradias, houve também um aumento no número de empregos gerados em decorrência dos avanços no mercado imobiliário. Segundo o portal Lula, mais de R$300 bilhões de reais foram investidos na iniciativa, o que serviu como incentivo para empresas de construção imobiliária, além de aumentar 54% dos seus rendimentos
segundo o IBGE.
Mudou a gestão, mas e o projeto? Continua?
Após a posse do presidente da república Jair Bolsonaro, o projeto Minha Casa Minha Vida foi extinguido para dar lugar a outra iniciativa, própria do atual governo, mas que segue uma linha de atuação similar à de o seu antecessor.
O projeto Casa Verde e Amarela é o mais recente programa habitacional do governo federal, no qual, todo financiamento feito a partir do dia 26 de agosto de 2020, por pessoas com renda bruta mensal de até R$7 mil reais mensais, está apto para participar do programa e facilitar a aquisição da residência própria.
Em 2021, o programa teve uma redução de recursos, o que consequentemente desestruturou a parcela do mercado imobiliário responsável pela construção civil das unidades do projeto. Segundo estudos da Fundação João Pinheiro, em 2019, o déficit de moradias chegava aos 5,876 milhões.
Programas habitacionais no cenário político
Mesmo sendo um projeto do atual governo para abarcar o maior número de pessoas no plano habitacional do Casa Verde e Amarela, o mapeamento de renda estipulado é até R$7 mil reais mensais e nenhuma política de prioridades para eixos sociais acaba tirando a prioridade de grupos familiares em situação de urgência. Isso se explica, pois mesmo com qualquer tipo de auxílio, os trâmites de aquisição por necessidade real não serão vinculados a parcela de baixa renda.
Em depoimento, a reunião com empresários da construção civil em São Paulo que ocorreu terça-feira, 23, o candidato Lula afirma que o Programa de Aceleração do Crescimento “foi extraordinário”, pois a iniciativa do projeto não se fundamentou a partir do gabinete, mas sim, com empresários, governadores e prefeitos. Essa privatização de empresas de construção civil dá margem para que o projeto possa ser realizado sem depender inteiramente do orçamento governamental. Isso assegura que, caso seja reeleito e volte com o projeto Minha Casa Minha Vida, as unidades serão entregues aos proprietários participantes do projeto, dignificando a sua moradia.
O candidato a presidência Luís Inácio Lula da Silva (PT) participou do debate presidencial realizado pela Band no último domingo (28), enfatizando todas as pautas já trazidas anteriormente e mantendo suspense sobre parte de seu plano de governo.
Quando perguntado sobre a Petrobras pelo candidato Jair Bolsonaro (PL), Lula utilizou a mesma “cópia" que apresentou no “Jornal Nacional” na última semana. Ele citou os planos anti-corrupção criados quando ocupava a cadeira da presidência, como o Portal da Transparência, e isentou-se em retrucar o presidente da República sobre os escândalos de corrupção de seu atual governo.
Por mais que especialistas como Tiago Garrido considerem a estratégia de Lula correta em não rebater Jair Bolsonaro no tema abordado, isso acabou gerando um descontentamento por parte dos eleitores do petista. Eles acreditam que o ex-presidente acabou “ficando em cima do muro”, eximindo-se de um posicionamento mais afirmativo.
Lula manteve-se enfatizando os feitos do seu governo (2003-2011) como uma forma de “refrescar a mente” do cidadão que viveu naquela época. Retomou assuntos como educação, o aumento da fome no Brasil, a pandemia e sua inocência nos processos da Lava Jato. Além disso, reforçou que haverá "compromisso com a justiça social, a inclusão com direitos, trabalho, emprego, renda e segurança alimentar”, assim como consta em seu plano de governamental.
Neste domingo (28), Jair Messias Bolsonaro - candidato do Partido Liberal (PL) - participou do debate presidencial na Band junto aos demais candidatos à presidência do Brasil. Jornalistas e presidenciáveis o questionaram sobre a harmonia entre os poderes, fome no Brasil, corrupção na gestão da pandemia e a desregulamentação da venda de armamentos e munições dentro do país.
Em um debate morno, Bolsonaro (segundo nas pesquisas de intenção de voto) agiu como de costume ao chamar o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “ex-presidiário”, defender “Deus, pátria, família e liberdade” e atacar abertamente a jornalista Vera Magalhães - chamando-a de “vergonha para o jornalismo brasileiro” - após pergunta sobre política de vacinação que o incomodou.
Desarmonia entre os poderes
O jornalista Rodolfo Schneider perguntou a Jair Bolsonaro sobre a desarmonia entre os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo. O candidato do PL explicou que escolheu os seus ministros pelos critérios técnicos, sem ingerência política, mesmo que, no auge da pandemia, um ex-militar - Eduardo Pazuello - tenha administrado o ministério da Saúde e causado a crise de falta de oxigênio em Manaus.
O atual líder do Executivo confirmou intrigas com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mas afirmou não ter problema com poder nenhum: “O respeito não falta por minha parte”. Em seguida, aproveitou a oportunidade para atacar a operação da Polícia Federal contra os empresários bolsonaristas autorizada pelo presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) na última terça-feira (23).
Petrobrás e Corrupção
O atual presidente, argumentando com fake news, insistiu que o prejuízo na Petrobras foi de R$ 900 bilhões por corrupção durante os governos petistas. Porém, segundo o Estadão Verifica, o rombo na Petrobras é de R $6, 17 bilhões. Jair tentou intimidar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao dinheiro desviado - o qual afirmou que poderia ser usado para a transposição do Rio São Francisco mais de uma vez. De acordo com o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União Secretaria Federal de Controle Interno, 88% dos pagamentos da transposição ocorreram durante os governos de Lula e Dilma.
Ainda sobre corrupção, Bolsonaro defende: “cadê a corrupção, a nota? Não tem nada!” após chamar Lula (PT) de “ex-presidiário” - apelido ao qual, em resposta, o petista pediu direito à réplica que foi negado pelos moderadores do debate.
MAPA DA FOME DAS NAÇÕES UNIDAS
O candidato do Partido Democrátido Trabalhista (PDT), Ciro Gomes, perguntou a Jair Bolsonaro sobre a volta da fome no Brasil e como a insegurança alimentar afeta o país. O atual presidente culpou a política do “fique em casa” pela inflação econômica e saudou a deflação brasileira e a queda do desemprego - cuja taxa caiu para 9, 3%. Porém, os brasileiros considerados “desocupados” ainda são 10,1 milhões.
O candidato do PL enalteceu o como os índices da extrema pobreza, provavelmente, diminuirão até o final de 2022 - de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) - embora tenha afirmado que “alguns passam fome sim”. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só houve crescimento da extrema pobreza durante o começo do governo Bolsonaro até 2021.
DISCUSSÃO SOBRE A VACINA
O momento de maior tensão no debate foi o que seguiu a pergunta sobre a queda na política de cobertura vacinal nos últimos anos feita por Vera Magalhães a Ciro Gomes (PDT).
Questionando a queda na porcentagem de vacinação (como a da “Tríplice viral que foi de 71% em 2021 a nem 50 % neste ano”), Magalhães pergunta ao Pedetista em quais medidas a desinformação difundida pelo presidente da república pode ter contribuído para agravar a pandemia e quais planos tem para a retomada de um plano de vacinação funcional.
Em resposta, Ciro Gomes afirma que “tudo está fora do lugar” e se indigna ao mencionar o desemprego no país. Menciona a brutalidade pela qual o trabalhador informal brasileiro passa todas as semanas e as metas de vacinação que cumpriu em seus mandatos.
Bolsonaro, em comentário à resposta de Ciro, não falou de políticas de vacinação e atacou a jornalista. “Você dorme pensando em mim. Você faz afirmações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro. A senhora foi conivente com a corrupção”, afirma o presidente. Este comportamento reflete o constante ataque que o atual presidente da República vem fazendo a jornalistas durante seu mandato, responsabilizado por 147 das 430 agressões sofridas por jornalistas no Brasil no último ano.
O candidato a reeleição ao governo do estado, Rodrigo Garcia (PSDB) anunciou neste mês seu plano de governo para um possível segundo mandato. O ex-vice governador de João Dória tem propostas para os âmbitos da saúde, segurança pública, meio ambiente, educação e transporte. Confira os destaques:
Saúde: A principal aposta de Rodrigo para esta esfera é a implementação da telemedicina nas redes básicas de saúde dos municípios. Segundo o candidato, evitando o deslocamento e facilitando os diagnósticos da população em geral.
Além disso, o tucano pretende ofertar acompanhamento digital de pacientes por profissionais dos Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) após cirurgias, sessões de quimioterapia e consultas.
Segurança Pública: O candidato visa uma política de “tolerância zero” na segurança, objetivando a alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) na intenção de aumentar a internação em casos de infrações violentas para oito anos, atualmente são três anos.
Rodrigo também almeja aumentar o número de vagas no sistema penitenciário de São Paulo, criando mais unidades prisionais. Porém, não há uma estimativa de quantas unidades.
Outro objetivo do atual governador é o fortalecimento do combate ao crime organizado e aos crimes hediondos. Rodrigo também quer acabar com as saídas em feriados dos presos em regime semiaberto, as chamadas “saidinhas”.
Educação: Em caso de vitória, Rodrigo prevê o aumento das escolas em tempo integral do ensino médio, de atuais 2050 para 2500. O candidato também pretende ofertar cursos técnicos e de especialização a todos os estudantes matriculados no último estágio da educação básica.
Meio Ambiente: A aposta do candidato é a criação do “Poupatempo Ambiental, cujo objetivo é reunir todos os órgãos ambientais e centralizar todas as questões de atendimento em um único local.
Também é proposto que as empresas da iniciativa privada recebam incentivos para investirem e trabalharem em favor das causas ambientais, por meio da PSA (Pagamento por Serviços Ambientais).
Transporte e Mobilidade Urbana: O plano de governo também engloba a conclusão das obras da linha 9 Esmeralda e da linha Laranja do metrô. Prevê também a conclusão da ligação do aeroporto de Congonhas com as linhas 9, 15 e 17 da CPTM e finalizar as obras da linha 2 Verde. Também é prometido o começo das obras do trem que ligará São Paulo à Sorocaba.