Professora de Ciências Sociais aponta a polarização intensificada como motivo da última eleição brasileira ter sido a mais acirrada da história
por
Pedro Rossetti
Gabriel Ferro
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18/09/2023 - 12h

As eleições no Brasil são, muitas vezes, um espetáculo de intensidade política e competição acirrada. Em 2022, a disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro pela Presidência da República se tornou a mais parelha e toda história democrática brasileira, com menos de dois pontos percentuais de votos, onde o candidato do PT foi eleito com 50,90% contra 49,10% do então presidente, com 99,96% das urnas apuradas em todo o país.

Desde a redemocratização em 1988, apenas 6 eleições haviam chegado ao segundo turno, sendo a primeira de 1989 e as últimas cinco que vão de 2002 até 2018. Analisando a diferença entre os percentuais dos candidatos é possível ver que não há muita discrepância entre eles, porém, cada vez mais, o país passou a se dividir e formar disputas muito acirradas pelo cargo de poder mais alto do país.

Lula e Bolsonaro em debate durante as eleições de 2022. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Lula e Bolsonaro em debate durante as eleições de 2022. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Para entendermos como o Brasil passou a separar se em partidos políticos, Rose Segurado, Professora de Ciências Sociais da PUC-SP, compartilhou em entrevista com a Agemt, alguns insights valiosos sobre os fatores que alimentam essa disputa eleitoral apaixonante, destacando o peso do poder econômico, a influência das elites políticas e os desafios inerentes a um sistema político diversificado.

Conforme Segurado afirma, “A influência das eleições depende do contexto e da conjuntura política do momento, variando ao longo do período eleitoral. No entanto, um fator crucial que sempre se destaca é o poder econômico. Os interesses do capital e das elites políticas estão constantemente presentes e influenciam os resultados à medida que financiam e investem em candidatos alinhados com seus projetos políticos.”. É inegável que o poder econômico desempenha um papel significativo nas eleições, conferindo vantagens consideráveis a candidatos apoiados financeiramente pelas elites. Esta influência não apenas molda a agenda política, mas também exerce impacto nas escolhas dos eleitores.

Outro ponto de destaque feito pela especialista é a complexa paisagem partidária do Brasil: “Atualmente, contamos com uma miríade de partidos políticos, chegando a cerca de 35. Muitos destes partidos têm abordagens fisiológicas, priorizando a manutenção de determinados grupos no poder ou servindo como apoio, especialmente os chamados ‘partidos nanicos’,” A fragmentação do sistema político brasileiro pode tornar a escolha dos eleitores uma tarefa desafiadora, já que muitos partidos têm agendas pouco claras e frequentemente buscam alianças com as principais forças políticas em busca de poder e recursos. O resultado é uma falta de clareza sobre as opções disponíveis.

A professora enfatiza que embora haja evoluções ao longo do tempo, as raízes dos desafios eleitorais persistem. Ela destaca, com urgência, a necessidade de uma reforma política abrangente no Brasil para abordar essas questões estruturais, porém existe um empecilho: “Claro que nós temos mudanças ao longo do tempo, mas não muda substancialmente, a raiz das questões continua as mesmas. É muito difícil fazer uma reforma política radical, porque quem vota por essa reforma são os próprios parlamentares, então, evidentemente, como eles querem a perpetuação de um dado jogo político, eles não têm interesses em mudanças que sejam mais substanciais.”

            Por fim, uma questão que tem sido pauta em diversas áreas na atualidade é o avanço tecnológico e principalmente, as redes sociais. Não é apenas no Brasil que as eleições passaram a ter uma divisão muito grande de opinião popular, Estados Unidos, Angola e Israel, por exemplo, tiveram suas últimas eleições marcadas pelos detalhes nos números de votos, que se tornaram as mais acirradas de suas histórias democráticas.

Rose buscou destacar essa influência da internet na última eleição, especialmente destacando a propagação de Fake News, “Pela influência das redes sociais, as campanhas se tornam mais pulverizadas e com usos tecnológicos, algorítmicos e muito dinheiro, financiam algumas candidaturas ou distribuem fake news e desinformação pelas redes para afetar adversários políticos dessa tal candidatura. Isso vem contaminando muito o processo eleitoral, sobretudo nos últimos anos e as pessoas acabam escolhendo muitas vezes um candidato ou partido com base em um conjunto de mentiras e informações que não tem base nos fatos, então, esse é um problema muito grande para a democracia representativa na atualidade”. Além disso, completa com a questão da falsa sensação de ligação entre o candidato e seus eleitores, “A gente pensa que as redes podem garantir uma comunicação direta com o candidato, e essa é uma sensação falsa obviamente, candidatos têm uma equipe para promover essa interação e fazer com que o eleitor sinta que o candidato está falando diretamente com ele, sem nenhum tipo de mediação”.

Em resumo, as eleições no Brasil são constantemente disputadas devido a uma série de fatores complexos. A influência do poder econômico, a fragmentação do sistema político, a necessidade de reforma política e a crescente influência das redes sociais e da tecnologia são elementos que contribuem para a intensidade desse processo democrático. A compreensão desses desafios é essencial para fortalecer a democracia e buscar soluções que promovam eleições mais transparentes e representativas.

 

Esta reportagem foi produzida como atividade extensionista do curso de Jornalismo da PUC-SP.

 

Em seu próximo governo, "centrão" será peça fundamental
por
Antônio Bandeira de Melo
Gustavo Manfio
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18/11/2022 - 12h

No dia 30 de outubro de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva, Partido dos Trabalhadores (PT), foi, pela terceira vez, eleito presidente do Brasil. Com 50,9% dos votos válidos, Lula derrotou Jair Bolsonaro, Partido Liberal (PL), no 2° turno mais apertado da história. Pouco mais de 2,1 milhões de votos separaram os dois candidatos. Lula já havia ocupado o cargo duas vezes, sendo a autoridade máxima do Poder Executivo entre 2003 e 2011. Mas, este seu terceiro mandato tem uma grande diferença para os anteriores: a base de apoio ao presidente parece enfraquecida. Nos últimos anos, com a polaridade da política brasileira o antipetismo se fez forte, o que levou ao crescimento da extrema direita no Brasil. Dessa vez Lula enfrentará maiores desafios para sua governabilidade.

Oswaldo Amaral, cientista político e professor da UNICAMP, explica que a pouca diferença entre os candidatos ocorreu por dois fatores. O primeiro é uma corrida eleitoral injusta. “Muitas das regras eleitorais foram violadas ou burladas, especialmente no que se toca a gastos. Foram mais de 50 bilhões de reais gastos em poucos meses, com clara finalidade eleitoral. Então isso fez com que, mesmo com a mal avaliação do governo Bolsonaro na maior parte do tempo, as eleições fossem equilibradas. A quantidade de recursos despejadas na economia fez o atual presidente ser mais competitivo.” O segundo era o antipetismo, e o fato de serem dois concorrentes com grande rejeição.

O Congresso Nacional é órgão constitucional que exerce as funções do poder legislativo. Ele é bicameral, então, é composto por duas casas: o Senado Federal, câmara alta, e a Câmara dos Deputados, câmara baixa. O Senado é integrado por 81 senadores que representam as 27 unidades federativas. Os mandatos são de 8 anos, então a cada 4 anos se renova um ou dois terços do Senado. Para exemplificar: em 2022, foram 27 senadores eleitos, um de cada unidade federativa, ou seja, um terço do Senado foi renovado. Nas próximas eleições serão dois terços. Ao todo, cada estado é representado por 3 senadores. Para 2023, os partidos políticos com mais eleitos são: PL (13), União (12), PSD (11), MDB (10) e PT (9).

Já na Câmara dos Deputados são 513 deputados federais que representam o povo. O número de deputados federais eleitos por estado leva em consideração o tamanho de sua população. Desse modo, o limite máximo por unidade federativa é de 70 deputados, caso de São Paulo, e o mínimo é 8, caso do Acre. Seus mandatos são de 4 anos, e em cada eleição se renova toda a Câmara Baixa. Se somarmos os partidos considerados de esquerda, que tendem a apoiar Lula, são 126 eleitos, sendo 68 do PT. Em contrapartida, o partido com maior número de representantes é o PL, de seu opositor, e atual presidente, Jair Bolsonaro, com 99 representantes. União Brasil (59), PP (47), PSD (42), MDB (42) e Republicanos (41) são os outros partidos com mais representantes. Os números mostram uma governabilidade difícil para o futuro chefe de poder.

Amaral cita algumas diferenças entre o futuro mandato de Luís Inácio e seu primeiro, em 2002. “A presidência da República está mais enfraquecida na sua relação com o Parlamento. Então, antes, o presidente tinha o poder de agenda maior, o que facilitava para ele a construção das coalisões para governar. Agora, com as mudanças que aconteceram durante o governo Bolsonaro, mudanças no regimento interno da Câmara, com alterações na forma de distribuição das emendas dos parlamentares, isso deu mais poder para o presidente da casa e os parlamentares. A construção das alianças e da coalisão pós-eleitoral, que torna possível a administração do governo fica mais difícil do que quando Lula assumiu pela primeira vez.”

Andréa Freitas, cientista política e professora da UNICAMP, aponta que os atores políticos mudaram significativamente do seu primeiro mandato para agora.  “Mudaram os partidos com as maiores bancadas, na época em que foi presidente pela primeira vez, as maiores bancadas eram do PT, PSDB, PFL e PMDB. E, agora vemos o surgimento de dois atores muito fortes o PL, mais a direita, e o União Brasil, antigo PFL, repaginado em uma fusão com o PSL. Tem também o PSD, do Kassab. Do ponto de vista dos partidos políticos a variável constante é o PT, à esquerda. Embora, o União Brasil venha do antigo PFL ele passou por muitas mudanças ao longo do tempo. Não dá para dizer que é a mesma coisa de 2003.”

Ela também explica que o Congresso não é muito diferente do qual o Lula governou pela primeira vez, quando se divide entre esquerda, direita e centro. “O PT tinha grande bancada, mas os partidos de esquerda não. Vale lembrar que em seu primeiro governo, o PSOL se separa do PT, então mesmo na esquerda tinha uma oposição. De forma geral, a divisão da casa se mantém, um quarto a direita, um quarto a esquerda e dois quartos para o centro.” A professora analisa que “a direita, o PL, e talvez outros pouco pequenos partidos fiquem a oposição. O resto dos partidos de centro, nessa ideia que se convencionou de ‘centrão’, já tem declarado apoio ao Lula e a intenção de fazer parte da coalisão. No primeiro governo ele tinha oposição muito forte no PSDB e no PFL que tinham duas grandes bancadas e faziam a oposição de forma sistemática. Hoje, o União Brasil, novo PFL, com as mudanças das características, já declarou a intensão de formar coalisão com o governo. E, o PSDB declarou que pode votar favoravelmente as medidas de Lula se isso se alinhar com as preferências do partido. Então existe uma coalisão pré-montada em termos de intenções, que, claro, vai depender das negociações da composição dos gabinetes dos ministérios. Como o Lula vai distribuir os ministérios entre esses partidos vai decidir se eles vão ‘jogar juntos’ ao longo do governo.”

Em termos de formação da coalisão Freitas explica que Lula deve negociar com o mesmo número de partidos. “Além dos partidos de esquerda e da federação que ele faz parte, alguma coisa entre 7 ou 8 partidos para formar a coalisão de governo”.

Diante do cenário conturbado e da grande polarização política, Lula deu início às estratégias muito antes de seu mandato começar. Participando das eleições desde 1989 e de volta à concorrência presidencial, o candidato do PT formou a maior coligação de sua carreira política e das eleições de 2022. A aliança juntou 9 partidos políticos: PT, PV, PCdoB, PSOL, REDE, Solidariedade, Avante, Agir e PSB, partido do vice Geraldo Alckimin, o adversário principal de Lula na eleição de 2006. Além disso, para o 2º turno teve o apoio oficial dos dois principais concorrentes que ficaram pelo caminho, Simone Tebet (MDB), terceiro lugar em votos, que participou de sua campanha, e Ciro Gomes (PDT), quarto lugar em votos, que acompanhou a decisão do seu partido.

Nas eleições do segundo turno, as 27 unidades federativas se dividiram em 13 vitorias para o candidato do PT, e 14 para Bolsonaro, mesmo Lula tendo ganhado em votos absolutos, sendo que o único local onde teve alteração no resultado do primeiro para o segundo turno foi o Amapá, onde na primeira disputa Lula venceu, mas na segunda Bolsonaro saiu vencedor. Dentro dos locais onde o eleito presidente ganhou, fica muito claro sua soberania no nordeste, mas também fica a insatisfação do centro-oeste, sul e sudeste, que mostraram a preferência pelo atual presidente. Algo já tradicional, segundo a professora.

Entretanto, para Freitas, o fato de ele não ter ido bem nessas regiões não implica em menos apoio no legislativo federal. Para ela, “a preocupação é com os governadores. Mas, como estados e municípios são muito dependentes do governo federal em recursos financeiros, não deve haver uma oposição muito forte. Não no sentido que eles vão se alinhar, ou defender as propostas encabeçadas pelo presidente, mas no sentido que eles não devem ser uma oposição quando o assunto não implicar em temas caros para os próprios estados. Os governos estaduais não devem implicar na redução nas taxas de sucesso ou na capacidade de governar do Lula, pensando na relação entre executivo e legislativo. A coalisão entre os líderes partidários é mais importante.”

“A luta pelas mudanças climáticas é indissociável da luta contra a pobreza”.
por
Francisco Barreto
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17/11/2022 - 12h

 

futuro presidente discursando
Lula faz pronunciamento na COP 27 (imagem reprodução)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silvia, nesta quarta-feira, (16) discursou na 27.ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (COP 27) em Sharm El Sheikh, Egito. As declarações do próximo líder brasileiro expressaram as intenções do futuro governo: em relação às mudanças climáticas; ao modelo de produção agropecuário do país; e ao desejo de mudança das posições diplomáticas brasileiras.

A conferência ocorrida na parte da tarde com Lula foi marcada por um enorme entusiasmo das alas favoráveis ao político, como por boa parcela dos estrangeiros aqui presentes e pela imprensa. Entrar na conferência foi um esforço homérico visto a enorme multidão que se aglomerava na entrada do pavilhão. O clima esquentou quando a maioria do público, não jornalista foi barrado de entrar. A organização precária dos dirigentes da conferência decidira realizar o evento em um salão pequeno com apenas uma entrada; desta maneira, jornalistas e curiosos disputaram palmo a palmo o estreito acesso ao salão.

Lula abriu seu discurso com agradecimentos ao convite do governo egípcio e, em seguida prometeu o retorno da participação efetiva do Brasil aos assuntos de preservação ecológica e controle climático. Teceu críticas a guerra na Ucrânia e afirmou que a fortuna investida no conflito seria melhor empregada a favor do combate ao aquecimento global.

tumulto entre a imprensa e curiosos na entrada do pavilhão onde Lula discursou
Insatisfação generalizada entre o publico impedido de entrar no saguão onde o pronunciamento ocorria (imagem autoral)

O ex-presidente salientou a situação alarmante de fome no mundo e pressionou os líderes presentes de países desenvolvidos a cumprirem suas promessas feitas no passado para que as nações menos favorecidas possam enfrentar as consequências das mudanças climáticas provocadas por suas ações.

O político também aproveitou os holofotes para alfinetar o governo atual taxando-os de negacionistas climáticos. E se comprometeu a abandonar a postura diplomática isolacionista adotada pelo o atual chefe de Estado.

“Entre 2004 e 2012 reduzimos a taxa de devastação amazônica em 83%, ao mesmo tempo, o PIB agropecuário cresceu 75%”, reforçando a disposição do estadista em apaziguar os setores do agronegócio.

Em seguida foi prometido reforçar os laços com países latino-americanos e caribenhos através da realização da cúpula dos países membros do Tratado de Integração e Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CALC), respeitando a soberania dos membros signatários. Também firmou que irá retomar o compartilhamento de tecnologia e de desenvolvimento com os países africanos aliados e combaterá a fome ao nível nacional e internacional.

“Ninguém está a salvo” disse o ex-presidente, explicitando a seca recorde no território nacional e os ciclones nos EUA. “Segundo projeções da Organização Mundial da Saúde, entre 2030 e 2050 o aquecimento global poderá matar 250 mil pessoas por ano”.

Prosseguindo o discurso, Lula reafirmou a desigualdade climática que existe no planeta: “O 1% mais rico do mundo emite 70 mil toneladas per capita de CO₂ por ano, enquanto os 50% mais pobres emitem cerca de uma tonelada, segundo dados disponibilizados na COP 26.” Continuando no mesmo tema, Luís Inácio alega que: “A luta pelas mudanças climáticas é indissociável da luta contra a pobreza”.

Lula reafirma a importância da Amazônia e se compromete a lutar contra o desmatamento em seu governo: “A população Amazonense e os povos originários possuirão papel chave nesta empreitada”. O político demonstrou seu interesse em reativar o Fundo Amazônia sem abrir mão da soberania nacional. Fez questão de expressar seu desejo de que a COP 30, que ocorrerá em 2025, seja realizada em solo Amazonense.

O líder petista prometeu expandir as matrizes energéticas verdes. Além de afirmar que, em seu governo, pretende ampliar a produção agropecuária sustentável com sequestro de carbono, reafirmando que o setor do agronegócio é um importante aliado estratégico.

Foi endossada a continuidade do Acordo das Florestas entre os governos do Brasil, Indonésia e Congo firmados na primeira semana da COP 27.

Lula criticou, também, o atual funcionamento das Nações Unidas (ONU); e que a enfatizando que a organização reflete, de forma antiquada, o cenário político da Segunda Guerra Mundial, em que poucos Estados possuem relevância. Prosseguindo, redirecionou as críticas ao modo de funcionamento da Cúpula de segurança da ONU, especificamente para a política de veto, exigindo uma participação democrática e igualitária de todos os continentes nas Nações Unidas.

A manifestação foi convocada por grupos de extrema direita nas redes sociais, pede intervenção e nega resultado das urnas
por
Artur dos Santos
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02/11/2022 - 12h

Apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu as eleições no último domingo (30), convocaram manifestações em diversos quartéis militares no país para pedir intervenção militar, intervenção federal e a aplicação do artigo 142 da Constituição Federal nesta quarta-feira (2). Em São Paulo, a maior concentração foi no região do Monumento dos Bandeirantes e do Quartel General do Exército.

Desde segunda-feira (31) mensagens circulavam em grupos do Telegram convocando a presença de apoiadores na frente dos quartéis de todos os estados para que pedissem Intervenção Militar. As manifestações ocorrem em cidades de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, entre outros estados. 

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Foto encaminhada em grupos do Telegram

As manifestações conversam diretamente com os bloqueios a estradas de diferentes estados do país - que nos últimos dias foram dispersados pela Polícia Federal e por torcidas organizadas - que também discordam dos resultados das eleições.

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"Eu, particularmente, peço Intervenção Federal", diz manifestante à AGEMT
Foto: Artur dos Santos

Em entrevista à AGEMT, um manifestante afirmou que “a grande maioria não concorda com o resultado das urnas”. Segundo ele, haveria urnas que apenas computaram 200 votos durante todo o período de votação, além de cidades com 30 mil habitantes que registraram 70 mil votos. Ambas as afirmações foram desmentidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Placa com os dizeres:"Houve fraude nas urnas, queremos o exército art. 142 (sic)"
Foto: Artur dos Santos
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Foto: Artur dos Santos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para outro manifestante, esse vestido com roupas camufladas, o Brasil teria chegado em um limite: “chegamos em um limite do Brasil virar um país comunista”. Ainda diz, em meio a estouros de fogos de artifício, que “ninguém aceita um ladrão no poder, então a gente quer todo mundo na cadeia. Todo mundo que tem culpa no cartório que fosse preso”. 

Quanto ao pronunciamento de Jair Bolsonaro feito na terça-feira (1), disse ter sido perfeito: “ele falou o que tinha que falar, quem quiser entender que entendeu. Ele tem as cartas na manga”. Durante a manifestação, a reportagem presenciou uma manifestante perguntando para um policial militar se ele estaria “do nosso lado”; a isso, o policial em questão respondeu que sim. 

 

Presidente diz que manifestações pacíficas são bem vindas e que últimas movimentações são fruto de indignação e sentimento de injustiça
por
Artur dos Santos
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01/11/2022 - 12h

Jair Messias Bolsonaro (PL) realizou nesta terça feira (1) em Brasília seu primeiro pronunciamento após derrota no segundo turno para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seu breve discurso, o atual presidente menciona “manifestações populares” e as associa com “sentimento de indignação e injustiça de como se deu o processo eleitoral”.

Também defendeu que os métodos dessas manifestações, que desde domingo (30) bloqueiam as estradas de 25 estados do país impedindo a circulação de remédios, alimentos e pessoas e questionam os resultados das eleições, “não podem ser os métodos da esquerda”. Segundo Bolsonaro, esses métodos “sempre prejudicaram a população”. O atual presidente também mencionou o surgimento da direita no país com os resultados das eleições para o senado e para a câmara, além de afirmar que nunca foi antidemocrático durante seu mandato. 

 

“Não há nada que resista ao resultado”, emblema servirá como base para a gestão do candidato republicano
por
João Vítor Carneiro
Malu Araujo
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27/08/2022 - 12h

O candidato do partido Republicano ao governo de São Paulo, Tarcisio de Freitas, apresentou seu programa de governo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

O documento apresentado possui 43 páginas que abrangem três principais temas: desenvolvimento social, desenvolvimento urbano e meio ambiente e desenvolvimento econômico e inovação. Dentro desses temas estão colocadas diretrizes que se relacionam por áreas, nas quais estão destrinchadas as propostas do governo. 

Para melhorar a qualidade da educação paulista, o governo elencou metas como a recomposição da aprendizagem, na qual serão voltadas para a recuperação da aprendizagem em nível básico. O oferecimento da educação integral, em que serão expandidos o ensino integral no ensino fundamental e médio. O cumprimento de 100% da demanda das creches que atendem às crianças de 0 a 3 anos de idade. E, o desenvolvimento de centros de formação técnica para se criar centros de formação científica e tecnológica nas instituições de ensino.

Na saúde, o programa está “focado em qualificar e aumentar o acesso, melhorar a gestão e permitir a sustentabilidade do sistema”, segundo o texto. Dentre as propostas está a atenção primária à saúde, em que vai se estimular investimentos em tecnologias para melhorar a efetividade na resolução das doenças. O reforço do sistema de inteligência epidemiológica, voltado ao controle de doenças e qualidade assistencial. E, a promoção de investimentos na capacitação dos profissionais da saúde e na reestruturação das redes hospitalares. 

O programa também prevê a regularização fundiária, com a promoção de ofertas de títulos de propriedade,  urbanização das favelas e retrofit de imóveis abandonados. 

Para o meio ambiente, as metas se concentram na idealização da criação de um marco legal e institucional, o código estadual de meio ambiente. Na implementação das políticas nacionais de resíduos sólidos, principalmente na questão dos aterros sanitários. Na restauração florestal com ações nas áreas de maior fragilidade. E na redução da emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) por meio da adoção de energias renováveis.

Uma das diretrizes dentro do programa é a área voltada para o agronegócio, na qual antevê a ampliação da atuação da Casa da Agricultura como um polo tecnológico. A concessão de crédito para inovação dos processos e melhoria. E a informatização dos processos digitais para a obtenção de licenças, as quais o programa não especifica. 

No que tange a infraestrutura, um dos principais pontos citados por Tarcísio e sua base bolsonarista, já que ele alcançou maior notoriedade pública sendo ministro de Bolsonaro no setor. Os dois principais pontos iniciais são: ampliação do setor ferroviário e sua participação nas atividades econômicas do estado e concessões e privatizações junto ao Governo Federal.

Além disso, Tarcísio promete tocar obras, como a do Porto de São Sebastião e completar o Rodoanel Norte. O programa também promete aumento de rotas de Trem e Metrô, além de uma espécie de Trem Intermunicipal que passaria pelas cidades de Campinas, Jundiaí, São Paulo e região do Grande ABC.

Sobre segurança pública e justiça, o programa de Tarcísio inicialmente se pauta pela insegurança e promete reduzir os roubos, assaltos e furtos, o que chamou de “epidemia”, no entanto, não apresenta nas propostas uma promessa conclusiva para evitar e melhorar os índices. As pautas levantadas passam por temas importantes, mas com pouco aprofundamento em “como” ser feita, como investimento em Tecnologia, Enfrentamento ao Crime Organizado e Valorização dos Policiais.

Além disso, o candidato mais uma vez tratou das câmeras em policiais como algo negativo que deve ser revisto, além de apoio jurídico à ação do policial. Esta segunda, já foi defendida publicamente pelo candidato mais de uma vez, mesmo que instituições sociais relatem a queda de violência policial com sua implantação. 

Por fim, aposta em um novo Sistema Prisional, onde segundo o documento haveria um maior foco na reinserção dos egressos na sociedade, com foco na recuperação e capacitação profissionais dos detentos. A Fundação Casa também passaria por maiores investimentos e um aumento na fiscalização para evitar que os jovens que por lá passarem, tenham recorrência na prática de infrações.

Para a população que atualmente está em situação de rua e dependentes químicos, o programa aponta um crescimento exponencial nos últimos anos e constata que a maior parte tem problemas com drogas, álcool e são egressos do sistema prisional. Como proposta, inicialmente, o programa de Tarcísio aposta em um apoio em abordagens para levar essa população a centros específicos como Caps, Cratods, entre outros.

Além disso, Comunidades Terapêuticas seriam apoiadas para promover o “acolhimento” destas pessoas e garantir a sua reinserção na sociedade. Tarcísio também promete um programa de oportunidades de empregos exclusivo para eles e uma maior continuidade no tratamento após a volta à sociedade, para evitar possíveis recaídas.

Para o Centro de São Paulo, que conta também com o problema dos moradores em situação de rua, o programa de Tarcísio aponta a região como muito importante para o desenvolvimento econômico do estado e da capital paulista, já que durante o dia tem grande índice de movimentação de pessoas comprando e vendendo mercadorias. Como proposta, a implementação do Polo Administrativo Campos Elíseos, que tem o objetivo de recuperar a região da cidade Os prédios teriam amplo acesso e fruição, além de contar com alamedas de comércio e serviços.

Além disso, programas de habitação para melhorar os espaços tanto de locais não destinados a habitação como empresas e comércios, como bairros do entorno como a Lapa, Água Branca, Barra Funda, Campos Elíseos, Bom Retiro, Pari e Brás.

À respeito da pobreza que é um dos principais problemas de boa parte da população do estado, ainda que o mais rico do Brasil, Tarcísio promete gerar oportunidades e estimular a capacitação profissional das pessoas junto ao Sistema S e Instituto Paula Souza, além de maior acesso ao Banco do Povo para crédito mais simples para pequenos empreendedores. 

O candidato do Republicanos também promete estimular a formalização das atividades econômicas dentro das favelas, utilizar a figura do MEI para justificar a contratação de empregados e aprendizes e facilitar o crédito para eles. 

Para a economia geral, as propostas são novamente focadas no Empreendedorismo e Inovação pensando em capacitação  e crédito para os empresários do estado. Além disso, tentar fomentar a industrialização regional com incentivos de energia e política tributária.

Por fim, Tarcísio promete uma Gestão Pública mais eficiente e governada de maneira mais digital,  visando a Automatização de Processos e utilizar a Inteligência Artificial para resolução de problemas e melhorar as questões burocráticas.

E também, uma Reforma Administrativa para reduzir e otimizar o número de secretarias, e focar no Liberalismo Econômico para regulamentar um sistema mais livre para fomentar o empreendedorismo.
 

Bolsonaro foi ao ar no Jornal Nacional, fez visita à ACSP e teve seu eleitorado abalado por investidas de Lula (PT) à parcela evangélica e por ação da PF contra empresários apoiadores
por
Artur dos Santos
Fernanda Querne
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26/08/2022 - 12h

 

Nesta semana (21-27/08), Jair Messias Bolsonaro foi à Sabatina do Jornal Nacional, confirmou presença nos debates presidenciais (até o momento da escrita deste resumo) visitou a Associação Comercial de São Paulo e recebeu, durante cerimônia, o coração de Dom Pedro I - emprestado por Portugal para as celebrações do bicentenário da Independência.

 

Na terça-feira (23), o coração de Dom Pedro I, que foi emprestado por Portugal para as celebrações do Bicentenário da Independência, chegou ao Brasil a bordo de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) no que se caracterizou de operação “silenciosa”. A chegada do órgão do monarca dimensiona os esforços que têm sido feitos por parte da campanha do  atual presidente na organização do 7 de Setembro assim como o intuito de usá-lo para mobilização e engajamento de seu eleitorado.

Coração
Coração de Dom Pedro banhado em Formol. Fonte: Reprodução/Youtube/Irmandade da Lapa

 

No mesmo dia, o candidato à reeleição foi entrevistado no Jornal Nacional e questionado quanto às suas condutas à frente da presidência do país durante a Pandemia, assim como quanto aos desempenhos na economia, inflação e em escândalos no Ministério da Educação. Durante a entrevista, Bolsonaro afirmou que respeitará os resultados das eleições: “seja qual for; eleições limpas devem ser respeitadas”.

 

Para o candidato, entretanto, foi necessário “provocar para que chegasse a esse ponto [de transparência eleitoral]”. O atual presidente ainda defendeu as manifestações de seus apoiadores - as quais defendem golpe militar, fechamento do congresso, ataques a oposições políticas e a minorias - como liberdade de expressão.

 

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Bolsonaro, acusado de xingar o atual presidente do TSE de “Canalha”, a primeiro momento negou o ocorrido e afirmou que “a temperatura subiu”, mas que houve “certo contato amistoso [entre ele e o Ministro] durante a posse”. Foto: TV Globo/Reprodução

 

Ainda na terça-feira (23), os celulares de um grupo de empresários apoiadores de Bolsonaro foram apreendidos durante uma busca da Polícia Federal. Esses faziam parte de um grupo de Whatsapp no qual apoiavam um Golpe de Estado caso o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse as eleições. 

 

A operação foi motivada pelo vazamento das mensagens de cunho golpista pelo portal de notícias “Metrópoles” e foi amplamente criticada por apoiadores e advogados quanto ao real perigo que essas poderiam oferecer ao Brasil. O Ministro Alexandre de Moraes, novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ordenou o bloqueio de contas bancárias, quebra de sigilo bancário e tomada de depoimentos deles. 

 

Os empresários que foram foco da busca são: Afrânio Barreira Filho, proprietário da rede Coco Bambu; Luciano Hang, dono da Havan; José Isaac Peres, dono da rede de shopping Multiplan; Ivan Wrobel, da Construtora W3; José Koury, do Barra World Shopping; Meyer Nirgri, da Tecnisa; André Tissot, empresário do Grupo Serra; e Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii.  As redes sociais - Twitter, Instagram,  Youtube e TikTok - bloquearam as contas do dono da Havan.  Hang aclama o como foi "vítima de nova censura”.  

 

Já nesta quarta-feira (24), Bolsonaro participou de um comício em Belo Horizonte (BH). No estado do segundo maior colégio eleitoral brasileiro, o candidato do Partido Liberal (PL) insistiu na narrativa sobre o grande impacto do Auxílio Brasil - o antigo Bolsa Família do PT. Em seguida, afirmou que as suas obras de transposição do Rio São Francisco levaram água para o Nordeste embora a maioria dos projetos feitos ocorreram no governo do PT - Lula e Dilma Rousseff. O candidato insistiu sobre como assegurou a alimentação brasileira com o acordo dos fertilizantes com Vladimir Putin - durante o conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia -  mesmo que durante o seu governo o Brasil tenha voltado para o Mapa da Fome das Nações Unidas.   

 

Com os últimos avanços nos esforços de Lula (PT) sobre o eleitorado evangélico, Bolsonaro acabou perdendo espaço entre os religiosos. Nos últimos dias, houve uma abertura de diálogo entre a candidatura do petista e o eleitorado que, até o momento, era ignorado pela sua campanha.

 

Na quinta-feira (25) seu maior opositor na corrida eleitoral, o ex-presidente Lula, foi entrevistado no Jornal Nacional e o atacou chamando-o de “Bobo da corte”. O ex-presidente alegou que não faria nenhum decreto de cem anos, ao contrário do candidato do PL. O petista criticou decisões de cargos de confiança à base de amizade e defendeu decisões por competência técnica. Questionou ainda a escolha de Eduardo Pazuello, ex-militar, para ser o Ministro da Saúde em meio ao cenário pandêmico.

 

Na sexta-feira (26), o atual presidente fez uma visita à Associação Comercial de São Paulo (prédio do “impostômetro” no Centro da Capital) durante a qual inaugurou um novo auditório dentro do local. Junto dele estavam seus filhos Eduardo (Deputado Federal pelo PL) e Renan Bolsonaro assim como a Deputada Federal pelo PL Carla Zambelli. 

 

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Eduardo Bolsonaro de saída da Associação. Foto: Artur Santos

 

O presidente entrou e saiu do prédio pela entrada de baixo (na rua General Carneiro) e a estrutura para recebê-lo envolveu a típica caravana com vans, viaturas e “batedores de moto” - policiais de motocicletas. O bloqueio parcial da rua causou tumulto aos passantes e diversas pessoas foram abordadas pela polícia para a garantia de que nenhum atentado ocorresse. O candidato do PL ao final do dia alegou um possível debate na Band.

 

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Policial Militar bate continência para Bolsonaro após inauguração do novo auditório. Fonte: Artur Santos

 

 

O candidato do PT focou suas propostas na segurança pública e principalmente na educação.
por
Maria Clara Alcântara
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26/08/2022 - 12h

Fernando Haddad, candidato ao governo de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores (PT) participou das sabatinas do G1 na última terça feira dia 22 de agosto. A entrevista começou com um questionamento sobre as mudanças do cenário político já que o PSDB governa o estado de São Paulo desde 1995 e o PT nunca foi eleito para o governo do estado. Haddad, atualmente lidera as pesquisas e pondera que os dois partidos sofreram inúmeras mudanças nos últimos anos, o que justificaria uma mudança de cenário.

O  entrevistador do G1, Alan Severiano, também perguntou sobre as  principais propostas contidas  no plano de governo do candidato e polêmicas de seu partido, além do mandato como prefeito da capital do estado.

 

Economia

Um dos principais temas debatidos nessa eleição é a economia, principalmente pelos altos preços e inflação crescente. Haddad planeja aumentar o salário mínimo no estado para elevar o poder de compra dos paulistanos, “Os salários mínimos ficaram congelados por dois anos enquanto os preços dos alimentos dispararam”. O candidato pretende retomar as retomar obras públicas para garantir a geração de empregos.

Moradia

Os programas sociais do estado não estão sendo capazes de suprir a necessidade de moradias em São Paulo. Com a pandemia, milhares de pessoas foram despejadas e perderam seus lares. O governo de Fernando Haddad pretende criar subsídios para que pessoas de baixa renda possam financiar um lar. 

 

Transporte 

 Perguntado sobre as obras de metrô e CPTM paradas e atrasadas, principalmente na região metropolitana de São Paulo, o petista afirmou que irá exigir o cumprimento do contrato e só irá negociar concessão no fim desses contratos, para que essas obras sejam terminadas o mais rápido possível. Para o interior, o candidato garantiu que vai diminuir o preço dos pedágios, para aumentar a integração entre todas as áreas do estado.

 

Corrupção 

Esse tema foi debatido por causa dos escândalos de corrupção com envolvimento do PT, porém, muitos membros do partido foram absolvidos. Haddad disse que vai dar carta branca para as investigações e que os órgãos responsáveis estarão livres para investigar qualquer denúncia sobre seu governo, garantindo a transparência de todas as instâncias.

 

Segurança 

O estado de São Paulo lidera o ranking de furtos no Brasil, principalmente de smartphones. O ex-prefeito de São Paulo, acredita que o investimento na carreira dos policiais é o principal caminho para a segurança do estado, ele propôs aumentar o piso salarial dos policiais e oferecer uma progressão de carreira. 

 

Educação 

A entrevista não focou muito em educação, assunto do qual o candidato é especialista, pois já foi ministro da educação e professor universitário, mas algumas propostas foram discutidas, o candidato planeja dar mais autonomia aos diretores das escolas para fazerem escolhas que beneficiam sua comunidade, pois esses sabem as reais necessidades de seus estudantes, a proposta para lidar com a piora da educação pós pandemia é a melhora do currículo, principalmente da educação infantil.

 

Saúde 

Fernando planeja criar mais hospitais de assistência intermediária que servem para diminuir o fluxo de hospitais gerais, também pretende entregar seis hospitais gerais, quantidade necessária se forem entregues todos os hospitais intermediários planejados.

 

Cultura 

Perguntado por uma espectadora sobre a cultura, principalmente no interior de São Paulo, o candidato respondeu que planeja aumentar a produção de cultura para fora do eixo da capital e fomentar a cultura interiorana do estado, capitalizando a SPCine e aumentando o orçamento para essa área. “Cultura é produção de cultura no interior do estado. Cultura é fomentar a cultura”, disse o entrevistado.

Confortável, o candidato do PT faz piada, crítica Bolsonaro e cita seu vice Geraldo Alckimin na tentativa de atrair votos de indecisos; o ex-presidente também tratou de temas espinhosos como corrupção e economia
por
Henrique Alexandre
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26/08/2022 - 12h

Para quem esperava um Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra a parede na entrevista ao Jornal Nacional desta quinta-feira (25), a expectativa caiu por terra nos primeiros minutos. Ao receber um afago de Willian Bonner quando o apresentador citou as anulações das condenações pela Lava Jato, Lula se sentiu em casa. Tão em casa que conseguiu fazer referências ao futebol brasileiro, em um sinal de conforto. 

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Lula tenta vencer as eleições ainda no 1° turno - reprodução TV Globo 

Diante de um ambiente amigável, ex-presidente traçou a estratégia de tentar atrair os votos dos indecisos.

Em pelo menos quatro momentos, citou Geraldo Alckimin, sua nova versão viva da Carta ao Povo Brasileiro , para passar a imagem de que não vai governar sozinho e nem inclinado totalmente à esquerda. A impressão era de que o ex-governador de São Paulo estava junto na bancada. 

Lula deu um sinal para a classe média brasileira ao criticar, mesmo que timidamente, os governos venezuelano e cubano pela falta de polarização política. Por muito tempo, o ex-presidente foi taxado de apoiar ditaduras à esquerda e finaciá-las. Com essa declaração, o petista não dá mais munição aos seus adversários políticos nesse aspecto. 

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Ex-presidente foi questionado sobre temas como corrupção, economia e meio ambiente - reprodução TV Globo 

O ex-presidente a todo o momento tentou passar a imagem pacificador e de que estava se candidatando para "arrumar o Brasil". Afirmou para Bonner e Renata Vasconcellos que caso seja eleito, cobrem ele para a melhora do país

 

ECONOMIA

No campo econômico, ao ser questionado pelos entrevistadores sobre quais serão as estratégias para barrar a crise econômica, Lula colocou os feitos dos seus governos anteriores como escudo. Afirmou mais de uma vez que no primeiro mandato pegou um país em crise econômica e que conseguiu recuperá-lo.

Entretanto, o candidato petista não deixou claro quais serão suas ações, colocando para jogo a estratégia "Kinder Ovo": vote em mim que vai descobrir.

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Luiz Inácio Lula da Silva foi o terceiro candidato a presidência entrevistado pelo Jornal Nacional- Reprodução TV Globo 

A única coisa que o petista deixou evidente para o campo econômico é de que não vai repetir as mesmas estratégias da ex-presidente Dilma Rousseff. Criticou brevemente sua ex-ministra ao falar que ela errou nas políticas da Petrobrás, mas não teve saia justa. 

"Eu acho que cometeram equívoco na hora que fizeram R$ 540 bilhões de desoneração", afirmou Lula.

 

CORRUPÇÃO

 

O ex-presidente admitiu que houve corrupção nos governos petistas, já que houve confissões, principalmente o caso da Petrobrás. Mas Lula se defendeu dizendo os mecanismos anticorrupção criados nos seus tempos de governante, como o Portal da Transparência. Segundo o petista, só houve delação, pois o seu governo estimulou a investigação. 

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Lula criticou o caráter político da Lava Jato - Reprodução TV Globo

Aproveitando o tema, o candidato à presidência criticou fortemente a operação Lava Jato. Segundo Lula "a Lava Jato enveredou por um caminho político delicado. A Lava Jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política". 

Desde que os processos foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal, Lula vem aumentando suas críticas ao ex-juiz Sérgio Moro. Na sabatina, o petista afirmou que o ex-ministro de Bolsonaro "levou a mentira longe demais" e que era "parcial".

 

CUTUCADAS EM BOLSONARO

 

Como era de se esperar, Lula atacou Bolsonaro, seu principal adversário político. O petista afirmou que em seus governos, os Procuradores Geral da República não eram seus "amigos" e que não escolheu "engavetador" para assumir o cargo, uma clara alusão a Augusto Aras. 

Aras já arquivou mais 100 pedidos de investigação contra Bolsonaro encaminhadas pelo STF. 

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O petista manteve em segredo serão suas ações na PGR, caso seja eleito - Reprodução TV Globo

Além do tema sobre a PGR, o ex-presidente lembrou dos sigilos de cem anos que Jair Bolsonaro decretou sobre diversos assuntos em seu governo. 

"Eu poderia por exemplo fazer decreto de cem anos, sabe decreto de sigilo hora está na moda agora? Eu poderia, para não apurar nada, decreto cem anos de sigilo para o Pazuello, ou poderia não investigar, pega um tapete e coloca em cima de qualquer denúncia e nada vai ser apurado e não vai ter corrupção", disse o petista. 

O candidato do PT também chamou Jair Boslonaro de "bobo da corte" e disse que o atual presidente não governa o país, pois o poder está nas mãos do centrão. 

 

Segundo a última pesquisa DataFolha de 18 de agosto, Lula tem 47% das intenções de votos, tendo possibilidade de vencer no 1° turno. Os acenos aos centro foram uma tentativa clara de vencer o pleito já no dia 2 de outubro.

Propagandas começam na sexta-feira (26) e se estendem até dia 29 de setembro para o primeiro turno.
por
Isadora Verardo Taveira
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26/08/2022 - 12h

A partir dessa sexta-feira será dada a largada das propagandas eleitorais gratuitas na TV aberta e nas rádios, dez dias após o início das campanhas. Deputados estaduais ou distritais, governadores e senadores ocuparão o primeiro dia. No sábado, a chance será dos candidatos à presidência da república e deputados federais. O tempo de cada partido e coligação leva como critério o tamanho de cada bancada eleita, e foi aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta terça-feira (23), definido como Plano de Mídia das Eleições de 2022. Com a possibilidade de um segundo turno, será realizada uma nova reestruturação. 

Entenda as regras

As ordens de cada partido foram definidas através de sorteio, e a norma estabelece que a propaganda que for veiculada por último será a primeira do dia seguinte, com alterações a cada dia. 

É permitido a utilização de cenas externas como parte da propaganda de cada partido, assim como entrevistas e imagens que abordem as propostas, realizações do governo ou a exposição de falhas nos serviços públicos em geral. Além disso, é proibido qualquer tipo de marketing e a utilização do espaço para publicidade de marcas - mesmo através de mensagens subliminares. 

Programação 

A transmissão obrigatória acontecerá de segunda-feira a sábado em todos os canais de rádio e TV abertos. Serão divididos em dois blocos diários, cada um com 25 minutos. 

Para o rádio, o primeiro momento será das 7h às 7h25, e em seguida das 12h às 12h25. Já na TV aberta, a propaganda será exibida das 13h às 13h25, e no período da noite das 20h às 20h25. 

Os cargos ficam divididos em dias da semana, sendo segundas, quartas e sextas-feiras disponibilizadas para a propaganda de senadores, deputados estaduais ou distritais e governadores - nesta respectiva ordem. Já as terças, quintas e sábado será a vez dos candidatos à presidência da república e deputados federais. 

Além disso, existem inserções ao longo do dia, de 30 a 60 segundos na programação das emissoras, totalizando 14 minutos. 

Tempo para os presidenciáveis

De acordo com as normas definidas pelo TSE, os candidatos Jair Messias Bolsonaro (PL) e Luiz Ignácio Lula da Silva (PT), ocuparão um pouco mais da metade do tempo disponibilizado para as propagandas gratuitas. Confira: 

  • Lula (PT/Coligação Brasil pela esperança) - 3 minutos e 39 segundos / 286 inserções
  • Ciro Gomes (PDT) - 52 segundos / 68 inserções 
  • Jair Bolsonaro (PL/Coligação pelo bem do Brasil) - 2 minutos e 38 segundos / 207 inserções 
  • Simone Tebet (MDB/Coligação Brasil para todos) - 2 minutos e 20 segundos / 184 inserções 
  • Roberto Jefferson (PTB) - 25 segundos / 33 inserções 
  • Felipe d'Ávila (Novo) - 22 segundos / 29 inserções 
  • Soraya Thronicke (União Brasil) - 2 minutos e 10 segundos / 170 inserções 

A ordem de aparição de cada presidenciável foi sorteada pelo TSE, sendo Roberto Jefferson o primeiro candidato. 

Da onde vem o dinheiro? 

A receita federal contabiliza em média 737 milhões em renúncia fiscal para as emissoras, que são ressarcidas pelo horário disponibilizado para as eleições. Além disso, cada partido pode utilizar verba do fundo eleitoral e doações para o financiamento de propagandas eleitorais.