Professora de Ciências Sociais aponta a polarização intensificada como motivo da última eleição brasileira ter sido a mais acirrada da história
por
Pedro Rossetti
Gabriel Ferro
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18/09/2023 - 12h

As eleições no Brasil são, muitas vezes, um espetáculo de intensidade política e competição acirrada. Em 2022, a disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro pela Presidência da República se tornou a mais parelha e toda história democrática brasileira, com menos de dois pontos percentuais de votos, onde o candidato do PT foi eleito com 50,90% contra 49,10% do então presidente, com 99,96% das urnas apuradas em todo o país.

Desde a redemocratização em 1988, apenas 6 eleições haviam chegado ao segundo turno, sendo a primeira de 1989 e as últimas cinco que vão de 2002 até 2018. Analisando a diferença entre os percentuais dos candidatos é possível ver que não há muita discrepância entre eles, porém, cada vez mais, o país passou a se dividir e formar disputas muito acirradas pelo cargo de poder mais alto do país.

Lula e Bolsonaro em debate durante as eleições de 2022. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Lula e Bolsonaro em debate durante as eleições de 2022. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Para entendermos como o Brasil passou a separar se em partidos políticos, Rose Segurado, Professora de Ciências Sociais da PUC-SP, compartilhou em entrevista com a Agemt, alguns insights valiosos sobre os fatores que alimentam essa disputa eleitoral apaixonante, destacando o peso do poder econômico, a influência das elites políticas e os desafios inerentes a um sistema político diversificado.

Conforme Segurado afirma, “A influência das eleições depende do contexto e da conjuntura política do momento, variando ao longo do período eleitoral. No entanto, um fator crucial que sempre se destaca é o poder econômico. Os interesses do capital e das elites políticas estão constantemente presentes e influenciam os resultados à medida que financiam e investem em candidatos alinhados com seus projetos políticos.”. É inegável que o poder econômico desempenha um papel significativo nas eleições, conferindo vantagens consideráveis a candidatos apoiados financeiramente pelas elites. Esta influência não apenas molda a agenda política, mas também exerce impacto nas escolhas dos eleitores.

Outro ponto de destaque feito pela especialista é a complexa paisagem partidária do Brasil: “Atualmente, contamos com uma miríade de partidos políticos, chegando a cerca de 35. Muitos destes partidos têm abordagens fisiológicas, priorizando a manutenção de determinados grupos no poder ou servindo como apoio, especialmente os chamados ‘partidos nanicos’,” A fragmentação do sistema político brasileiro pode tornar a escolha dos eleitores uma tarefa desafiadora, já que muitos partidos têm agendas pouco claras e frequentemente buscam alianças com as principais forças políticas em busca de poder e recursos. O resultado é uma falta de clareza sobre as opções disponíveis.

A professora enfatiza que embora haja evoluções ao longo do tempo, as raízes dos desafios eleitorais persistem. Ela destaca, com urgência, a necessidade de uma reforma política abrangente no Brasil para abordar essas questões estruturais, porém existe um empecilho: “Claro que nós temos mudanças ao longo do tempo, mas não muda substancialmente, a raiz das questões continua as mesmas. É muito difícil fazer uma reforma política radical, porque quem vota por essa reforma são os próprios parlamentares, então, evidentemente, como eles querem a perpetuação de um dado jogo político, eles não têm interesses em mudanças que sejam mais substanciais.”

            Por fim, uma questão que tem sido pauta em diversas áreas na atualidade é o avanço tecnológico e principalmente, as redes sociais. Não é apenas no Brasil que as eleições passaram a ter uma divisão muito grande de opinião popular, Estados Unidos, Angola e Israel, por exemplo, tiveram suas últimas eleições marcadas pelos detalhes nos números de votos, que se tornaram as mais acirradas de suas histórias democráticas.

Rose buscou destacar essa influência da internet na última eleição, especialmente destacando a propagação de Fake News, “Pela influência das redes sociais, as campanhas se tornam mais pulverizadas e com usos tecnológicos, algorítmicos e muito dinheiro, financiam algumas candidaturas ou distribuem fake news e desinformação pelas redes para afetar adversários políticos dessa tal candidatura. Isso vem contaminando muito o processo eleitoral, sobretudo nos últimos anos e as pessoas acabam escolhendo muitas vezes um candidato ou partido com base em um conjunto de mentiras e informações que não tem base nos fatos, então, esse é um problema muito grande para a democracia representativa na atualidade”. Além disso, completa com a questão da falsa sensação de ligação entre o candidato e seus eleitores, “A gente pensa que as redes podem garantir uma comunicação direta com o candidato, e essa é uma sensação falsa obviamente, candidatos têm uma equipe para promover essa interação e fazer com que o eleitor sinta que o candidato está falando diretamente com ele, sem nenhum tipo de mediação”.

Em resumo, as eleições no Brasil são constantemente disputadas devido a uma série de fatores complexos. A influência do poder econômico, a fragmentação do sistema político, a necessidade de reforma política e a crescente influência das redes sociais e da tecnologia são elementos que contribuem para a intensidade desse processo democrático. A compreensão desses desafios é essencial para fortalecer a democracia e buscar soluções que promovam eleições mais transparentes e representativas.

 

Esta reportagem foi produzida como atividade extensionista do curso de Jornalismo da PUC-SP.

 

Em seu próximo governo, "centrão" será peça fundamental
por
Antônio Bandeira de Melo
Gustavo Manfio
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18/11/2022 - 12h

No dia 30 de outubro de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva, Partido dos Trabalhadores (PT), foi, pela terceira vez, eleito presidente do Brasil. Com 50,9% dos votos válidos, Lula derrotou Jair Bolsonaro, Partido Liberal (PL), no 2° turno mais apertado da história. Pouco mais de 2,1 milhões de votos separaram os dois candidatos. Lula já havia ocupado o cargo duas vezes, sendo a autoridade máxima do Poder Executivo entre 2003 e 2011. Mas, este seu terceiro mandato tem uma grande diferença para os anteriores: a base de apoio ao presidente parece enfraquecida. Nos últimos anos, com a polaridade da política brasileira o antipetismo se fez forte, o que levou ao crescimento da extrema direita no Brasil. Dessa vez Lula enfrentará maiores desafios para sua governabilidade.

Oswaldo Amaral, cientista político e professor da UNICAMP, explica que a pouca diferença entre os candidatos ocorreu por dois fatores. O primeiro é uma corrida eleitoral injusta. “Muitas das regras eleitorais foram violadas ou burladas, especialmente no que se toca a gastos. Foram mais de 50 bilhões de reais gastos em poucos meses, com clara finalidade eleitoral. Então isso fez com que, mesmo com a mal avaliação do governo Bolsonaro na maior parte do tempo, as eleições fossem equilibradas. A quantidade de recursos despejadas na economia fez o atual presidente ser mais competitivo.” O segundo era o antipetismo, e o fato de serem dois concorrentes com grande rejeição.

O Congresso Nacional é órgão constitucional que exerce as funções do poder legislativo. Ele é bicameral, então, é composto por duas casas: o Senado Federal, câmara alta, e a Câmara dos Deputados, câmara baixa. O Senado é integrado por 81 senadores que representam as 27 unidades federativas. Os mandatos são de 8 anos, então a cada 4 anos se renova um ou dois terços do Senado. Para exemplificar: em 2022, foram 27 senadores eleitos, um de cada unidade federativa, ou seja, um terço do Senado foi renovado. Nas próximas eleições serão dois terços. Ao todo, cada estado é representado por 3 senadores. Para 2023, os partidos políticos com mais eleitos são: PL (13), União (12), PSD (11), MDB (10) e PT (9).

Já na Câmara dos Deputados são 513 deputados federais que representam o povo. O número de deputados federais eleitos por estado leva em consideração o tamanho de sua população. Desse modo, o limite máximo por unidade federativa é de 70 deputados, caso de São Paulo, e o mínimo é 8, caso do Acre. Seus mandatos são de 4 anos, e em cada eleição se renova toda a Câmara Baixa. Se somarmos os partidos considerados de esquerda, que tendem a apoiar Lula, são 126 eleitos, sendo 68 do PT. Em contrapartida, o partido com maior número de representantes é o PL, de seu opositor, e atual presidente, Jair Bolsonaro, com 99 representantes. União Brasil (59), PP (47), PSD (42), MDB (42) e Republicanos (41) são os outros partidos com mais representantes. Os números mostram uma governabilidade difícil para o futuro chefe de poder.

Amaral cita algumas diferenças entre o futuro mandato de Luís Inácio e seu primeiro, em 2002. “A presidência da República está mais enfraquecida na sua relação com o Parlamento. Então, antes, o presidente tinha o poder de agenda maior, o que facilitava para ele a construção das coalisões para governar. Agora, com as mudanças que aconteceram durante o governo Bolsonaro, mudanças no regimento interno da Câmara, com alterações na forma de distribuição das emendas dos parlamentares, isso deu mais poder para o presidente da casa e os parlamentares. A construção das alianças e da coalisão pós-eleitoral, que torna possível a administração do governo fica mais difícil do que quando Lula assumiu pela primeira vez.”

Andréa Freitas, cientista política e professora da UNICAMP, aponta que os atores políticos mudaram significativamente do seu primeiro mandato para agora.  “Mudaram os partidos com as maiores bancadas, na época em que foi presidente pela primeira vez, as maiores bancadas eram do PT, PSDB, PFL e PMDB. E, agora vemos o surgimento de dois atores muito fortes o PL, mais a direita, e o União Brasil, antigo PFL, repaginado em uma fusão com o PSL. Tem também o PSD, do Kassab. Do ponto de vista dos partidos políticos a variável constante é o PT, à esquerda. Embora, o União Brasil venha do antigo PFL ele passou por muitas mudanças ao longo do tempo. Não dá para dizer que é a mesma coisa de 2003.”

Ela também explica que o Congresso não é muito diferente do qual o Lula governou pela primeira vez, quando se divide entre esquerda, direita e centro. “O PT tinha grande bancada, mas os partidos de esquerda não. Vale lembrar que em seu primeiro governo, o PSOL se separa do PT, então mesmo na esquerda tinha uma oposição. De forma geral, a divisão da casa se mantém, um quarto a direita, um quarto a esquerda e dois quartos para o centro.” A professora analisa que “a direita, o PL, e talvez outros pouco pequenos partidos fiquem a oposição. O resto dos partidos de centro, nessa ideia que se convencionou de ‘centrão’, já tem declarado apoio ao Lula e a intenção de fazer parte da coalisão. No primeiro governo ele tinha oposição muito forte no PSDB e no PFL que tinham duas grandes bancadas e faziam a oposição de forma sistemática. Hoje, o União Brasil, novo PFL, com as mudanças das características, já declarou a intensão de formar coalisão com o governo. E, o PSDB declarou que pode votar favoravelmente as medidas de Lula se isso se alinhar com as preferências do partido. Então existe uma coalisão pré-montada em termos de intenções, que, claro, vai depender das negociações da composição dos gabinetes dos ministérios. Como o Lula vai distribuir os ministérios entre esses partidos vai decidir se eles vão ‘jogar juntos’ ao longo do governo.”

Em termos de formação da coalisão Freitas explica que Lula deve negociar com o mesmo número de partidos. “Além dos partidos de esquerda e da federação que ele faz parte, alguma coisa entre 7 ou 8 partidos para formar a coalisão de governo”.

Diante do cenário conturbado e da grande polarização política, Lula deu início às estratégias muito antes de seu mandato começar. Participando das eleições desde 1989 e de volta à concorrência presidencial, o candidato do PT formou a maior coligação de sua carreira política e das eleições de 2022. A aliança juntou 9 partidos políticos: PT, PV, PCdoB, PSOL, REDE, Solidariedade, Avante, Agir e PSB, partido do vice Geraldo Alckimin, o adversário principal de Lula na eleição de 2006. Além disso, para o 2º turno teve o apoio oficial dos dois principais concorrentes que ficaram pelo caminho, Simone Tebet (MDB), terceiro lugar em votos, que participou de sua campanha, e Ciro Gomes (PDT), quarto lugar em votos, que acompanhou a decisão do seu partido.

Nas eleições do segundo turno, as 27 unidades federativas se dividiram em 13 vitorias para o candidato do PT, e 14 para Bolsonaro, mesmo Lula tendo ganhado em votos absolutos, sendo que o único local onde teve alteração no resultado do primeiro para o segundo turno foi o Amapá, onde na primeira disputa Lula venceu, mas na segunda Bolsonaro saiu vencedor. Dentro dos locais onde o eleito presidente ganhou, fica muito claro sua soberania no nordeste, mas também fica a insatisfação do centro-oeste, sul e sudeste, que mostraram a preferência pelo atual presidente. Algo já tradicional, segundo a professora.

Entretanto, para Freitas, o fato de ele não ter ido bem nessas regiões não implica em menos apoio no legislativo federal. Para ela, “a preocupação é com os governadores. Mas, como estados e municípios são muito dependentes do governo federal em recursos financeiros, não deve haver uma oposição muito forte. Não no sentido que eles vão se alinhar, ou defender as propostas encabeçadas pelo presidente, mas no sentido que eles não devem ser uma oposição quando o assunto não implicar em temas caros para os próprios estados. Os governos estaduais não devem implicar na redução nas taxas de sucesso ou na capacidade de governar do Lula, pensando na relação entre executivo e legislativo. A coalisão entre os líderes partidários é mais importante.”

“A luta pelas mudanças climáticas é indissociável da luta contra a pobreza”.
por
Francisco Barreto
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17/11/2022 - 12h

 

futuro presidente discursando
Lula faz pronunciamento na COP 27 (imagem reprodução)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silvia, nesta quarta-feira, (16) discursou na 27.ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (COP 27) em Sharm El Sheikh, Egito. As declarações do próximo líder brasileiro expressaram as intenções do futuro governo: em relação às mudanças climáticas; ao modelo de produção agropecuário do país; e ao desejo de mudança das posições diplomáticas brasileiras.

A conferência ocorrida na parte da tarde com Lula foi marcada por um enorme entusiasmo das alas favoráveis ao político, como por boa parcela dos estrangeiros aqui presentes e pela imprensa. Entrar na conferência foi um esforço homérico visto a enorme multidão que se aglomerava na entrada do pavilhão. O clima esquentou quando a maioria do público, não jornalista foi barrado de entrar. A organização precária dos dirigentes da conferência decidira realizar o evento em um salão pequeno com apenas uma entrada; desta maneira, jornalistas e curiosos disputaram palmo a palmo o estreito acesso ao salão.

Lula abriu seu discurso com agradecimentos ao convite do governo egípcio e, em seguida prometeu o retorno da participação efetiva do Brasil aos assuntos de preservação ecológica e controle climático. Teceu críticas a guerra na Ucrânia e afirmou que a fortuna investida no conflito seria melhor empregada a favor do combate ao aquecimento global.

tumulto entre a imprensa e curiosos na entrada do pavilhão onde Lula discursou
Insatisfação generalizada entre o publico impedido de entrar no saguão onde o pronunciamento ocorria (imagem autoral)

O ex-presidente salientou a situação alarmante de fome no mundo e pressionou os líderes presentes de países desenvolvidos a cumprirem suas promessas feitas no passado para que as nações menos favorecidas possam enfrentar as consequências das mudanças climáticas provocadas por suas ações.

O político também aproveitou os holofotes para alfinetar o governo atual taxando-os de negacionistas climáticos. E se comprometeu a abandonar a postura diplomática isolacionista adotada pelo o atual chefe de Estado.

“Entre 2004 e 2012 reduzimos a taxa de devastação amazônica em 83%, ao mesmo tempo, o PIB agropecuário cresceu 75%”, reforçando a disposição do estadista em apaziguar os setores do agronegócio.

Em seguida foi prometido reforçar os laços com países latino-americanos e caribenhos através da realização da cúpula dos países membros do Tratado de Integração e Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CALC), respeitando a soberania dos membros signatários. Também firmou que irá retomar o compartilhamento de tecnologia e de desenvolvimento com os países africanos aliados e combaterá a fome ao nível nacional e internacional.

“Ninguém está a salvo” disse o ex-presidente, explicitando a seca recorde no território nacional e os ciclones nos EUA. “Segundo projeções da Organização Mundial da Saúde, entre 2030 e 2050 o aquecimento global poderá matar 250 mil pessoas por ano”.

Prosseguindo o discurso, Lula reafirmou a desigualdade climática que existe no planeta: “O 1% mais rico do mundo emite 70 mil toneladas per capita de CO₂ por ano, enquanto os 50% mais pobres emitem cerca de uma tonelada, segundo dados disponibilizados na COP 26.” Continuando no mesmo tema, Luís Inácio alega que: “A luta pelas mudanças climáticas é indissociável da luta contra a pobreza”.

Lula reafirma a importância da Amazônia e se compromete a lutar contra o desmatamento em seu governo: “A população Amazonense e os povos originários possuirão papel chave nesta empreitada”. O político demonstrou seu interesse em reativar o Fundo Amazônia sem abrir mão da soberania nacional. Fez questão de expressar seu desejo de que a COP 30, que ocorrerá em 2025, seja realizada em solo Amazonense.

O líder petista prometeu expandir as matrizes energéticas verdes. Além de afirmar que, em seu governo, pretende ampliar a produção agropecuária sustentável com sequestro de carbono, reafirmando que o setor do agronegócio é um importante aliado estratégico.

Foi endossada a continuidade do Acordo das Florestas entre os governos do Brasil, Indonésia e Congo firmados na primeira semana da COP 27.

Lula criticou, também, o atual funcionamento das Nações Unidas (ONU); e que a enfatizando que a organização reflete, de forma antiquada, o cenário político da Segunda Guerra Mundial, em que poucos Estados possuem relevância. Prosseguindo, redirecionou as críticas ao modo de funcionamento da Cúpula de segurança da ONU, especificamente para a política de veto, exigindo uma participação democrática e igualitária de todos os continentes nas Nações Unidas.

A manifestação foi convocada por grupos de extrema direita nas redes sociais, pede intervenção e nega resultado das urnas
por
Artur dos Santos
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02/11/2022 - 12h

Apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu as eleições no último domingo (30), convocaram manifestações em diversos quartéis militares no país para pedir intervenção militar, intervenção federal e a aplicação do artigo 142 da Constituição Federal nesta quarta-feira (2). Em São Paulo, a maior concentração foi no região do Monumento dos Bandeirantes e do Quartel General do Exército.

Desde segunda-feira (31) mensagens circulavam em grupos do Telegram convocando a presença de apoiadores na frente dos quartéis de todos os estados para que pedissem Intervenção Militar. As manifestações ocorrem em cidades de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, entre outros estados. 

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Foto encaminhada em grupos do Telegram

As manifestações conversam diretamente com os bloqueios a estradas de diferentes estados do país - que nos últimos dias foram dispersados pela Polícia Federal e por torcidas organizadas - que também discordam dos resultados das eleições.

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"Eu, particularmente, peço Intervenção Federal", diz manifestante à AGEMT
Foto: Artur dos Santos

Em entrevista à AGEMT, um manifestante afirmou que “a grande maioria não concorda com o resultado das urnas”. Segundo ele, haveria urnas que apenas computaram 200 votos durante todo o período de votação, além de cidades com 30 mil habitantes que registraram 70 mil votos. Ambas as afirmações foram desmentidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Placa com os dizeres:"Houve fraude nas urnas, queremos o exército art. 142 (sic)"
Foto: Artur dos Santos
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Foto: Artur dos Santos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para outro manifestante, esse vestido com roupas camufladas, o Brasil teria chegado em um limite: “chegamos em um limite do Brasil virar um país comunista”. Ainda diz, em meio a estouros de fogos de artifício, que “ninguém aceita um ladrão no poder, então a gente quer todo mundo na cadeia. Todo mundo que tem culpa no cartório que fosse preso”. 

Quanto ao pronunciamento de Jair Bolsonaro feito na terça-feira (1), disse ter sido perfeito: “ele falou o que tinha que falar, quem quiser entender que entendeu. Ele tem as cartas na manga”. Durante a manifestação, a reportagem presenciou uma manifestante perguntando para um policial militar se ele estaria “do nosso lado”; a isso, o policial em questão respondeu que sim. 

 

Presidente diz que manifestações pacíficas são bem vindas e que últimas movimentações são fruto de indignação e sentimento de injustiça
por
Artur dos Santos
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01/11/2022 - 12h

Jair Messias Bolsonaro (PL) realizou nesta terça feira (1) em Brasília seu primeiro pronunciamento após derrota no segundo turno para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seu breve discurso, o atual presidente menciona “manifestações populares” e as associa com “sentimento de indignação e injustiça de como se deu o processo eleitoral”.

Também defendeu que os métodos dessas manifestações, que desde domingo (30) bloqueiam as estradas de 25 estados do país impedindo a circulação de remédios, alimentos e pessoas e questionam os resultados das eleições, “não podem ser os métodos da esquerda”. Segundo Bolsonaro, esses métodos “sempre prejudicaram a população”. O atual presidente também mencionou o surgimento da direita no país com os resultados das eleições para o senado e para a câmara, além de afirmar que nunca foi antidemocrático durante seu mandato. 

 

Pesquisa mostra Lula com 50% dos votos válidos contra 36% de Bolsonaro, no 1º turno. Último debate entre os candidatos à presidência. Análise sobre pesquisas.
por
Ana Beatriz Vilela
Letícia Coimbra
Luan Leão
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30/09/2022 - 12h

Quinta-feira, 29 de setembro de 2022, veja os destaques do Resumo AGEMT Especial Eleições:

  • Datafolha divulga mais uma pesquisa; Lula tem 50% dos votos válidos contra 36% de Bolsonaro

  • Eleições 2022: Campanha entra na fase final; a quatro dias do 1º turno, entenda como analisar as pesquisas eleitorais 

  • TV Globo realiza último debate presidencial nesta quinta-feira (29), o que esperar ?

Pesquisa eleitoral
Quatro principais candidatos se mantiveram estáveis segundo Datafolha. Foto: Reprodução

50% X 36%



O Datafolha divulgou nesta quinta-feira (29) mais uma pesquisa eleitoral, contratada pela TV Globo e pelo jornal Folha de São Paulo. O levantamento entrevistou 6.800 pessoas, em 332 municípios de todas as regiões, durante os dias 27 e 29 de setembro. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-09479/2022 e tem a margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

A pesquisa mostrou o ex-presidente Lula (PT) com 50% dos votos válidos, mantendo os números da pesquisa anterior, contra 36% do presidente Jair Bolsonaro (PL), que oscilou um ponto para cima. Para considerar os votos válidos, a amostra exclui os votos brancos, nulos e os indecisos. Vale destacar que para vencer em 1º turno, um candidato precisa obter 50% dos votos válidos mais um voto.

O levantamento mostrou, também, o candidato Ciro Gomes (PDT) com 6% e Simone Tebet (MDB) com 5%. Soraya Thronicke (União Brasil), oscilou um ponto para baixo, e apareceu com 1%.

Nos votos totais, a quatro dias do 1º turno, o cenário é este:

  • Lula (PT) - 48%

  • Jair Bolsonaro (PL) - 34%

  • Ciro Gomes (PDT) - 6%

  • Simone Tebet (MDB) - 5%

  • Soraya Thronicke (União Brasil) - 1%

  • Felipe D’Ávila (NOVO) - 0%

  • Sofia Manzano (PCB) - 0%

  • Vera Lúcia (PSTU) - 0%

  • Léo Péricles (Unidade Popular) - 0%

  • Eymael (Democracia Cristã) - 0%

  • Padre Kelmon (PTB) - 0%

  • Brancos/Nulos/nenhum - 0%

  • Não sabe - 2%

 

Em um possível 2º turno, Lula segue à frente, com 54% contra 39% de Jair Bolsonaro. A pesquisa também perguntou aos eleitores sobre a rejeição dos candidatos, veja os números:

Jair Bolsonaro (PL) é rejeitado por 52% dos entrevistados, Lula (PT) é rejeitado por 39%, Ciro Gomes (PDT) por 24% e Simone Tebet (MDB) por 15%. 

 

Pesquisa eleitoral



Uma disputa eleitoral é baseada no voto, é o eleitor quem define o vencedor de uma eleição. Mas até o dia da votação, as campanhas interessadas no pleito planejam suas ações de acordo com uma ferramenta muito importante: pesquisa eleitoral. Mas, afinal, o que são as pesquisas ?

Primeiro precisamos entender que pesquisa é tendência, ou seja, não necessariamente prevê o resultado, mas como o eleitorado está vendo a campanha e a intenção de como ele pretende votar. Os levantamentos realizados pelos institutos servem para mostrar como o candidato (a) está sendo avaliado até aquele momento da campanha.

 

A pesquisa é como uma foto, registra o momento e, justamente por isso, pode sofrer alterações com o passar dos dias de campanha. Portanto, pesquisa é eleitoral não serve para prever o resultado de uma eleição. Afinal, como uma foto, no momento seguinte o cenário pode ser completamente diferente. 

 

Como funciona ?



Todas as pesquisas sérias precisam ser registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No TSE também ficam os dados de cada pesquisa, como quem contratou o levantamento, quantas pessoas foram entrevistadas, quais as formas de entrevista, em quais cidades/estados, durante quais dias foi realizada e demais informações do gênero.

Para um levantamento ser considerado é preciso que ele reproduza a composição e a distribuição do eleitorado. As pesquisas são amostras do eleitorado, e levam em consideração os números do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a sociedade. Por exemplo: de acordo com o censo oficial, a população brasileira é composta por 53% de mulheres e 47% de homens, o levantamento deve obedecer essa distribuição, ou seja, entrevista mulheres e homens obedecendo essa proporção 53% a 47%. 

Seguindo essa mesma lógica, as pesquisas entrevistam mais eleitores no sudeste do que em outras regiões, porque é nesta região que está concentrada a maior parte do eleitorado. Esses números do censo são usados para definir proporção de jovens, adultos, idosos, brancos, negros e etc.



Confiança e erro 


Podemos confiar ? A resposta é sim, sempre destacando que as pesquisas divulgam as margens de erro. Por apontar tendência, como já explicamos, a pesquisa é como um exame de sangue que fazemos. Uma pequena amostra serve para um primeiro diagnóstico. O resultado final é no dia da eleição, com a apuração dos votos.

As pesquisas podem errar, já que diversos fatores podem mudar a intenção de voto do eleitorado. Um escândalo envolvendo um candidato ou partido, uma onda de notícias falsas direcionadas a uma campanha, uma fala de um candidato durante algum evento eleitoral, ou até mesmo uma catástrofe natural, tudo isso pode afetar e mudar o voto.

Para sintetizar: Pesquisa indica tendência de uma campanha, mas não prevê resultado. E pode errar, já que eventos inesperados podem fazer o eleitor migrar seu voto no dia da eleição.

 

último debate
Candidatos se enfrentam no último debate presidencial. Foto: Miguel Schincariol / AFP


 

Último debate

A TV Globo realiza nesta quinta-feira (29) o último debate entre os candidatos à presidência neste 1º turno. O debate acontece a quatro dias da votação e vai reunir todos os candidatos com representação no Congresso Nacional. Confirmaram presença no debate Ciro Gomes (PDT), Felipe D’Ávila (NOVO), Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB).

Mas, o que esperar do último enfrentamento entre os candidatos ? Em tópicos, a nossa equipe destaca para você os pontos que devemos observar:

  • Lula aparece liderando as pesquisas e deve ser o alvo dos demais candidatos, principalmente quando o assunto for corrupção. É preciso analisar como ele vai reagir e responder a essas perguntas 

  • Jair Bolsonaro chega ao debate com uma missão clara que é rivalizar com Lula e impedir que o ex-presidente liquide a fatura da eleição já neste primeiro turno, como as pesquisas indicam. Resta saber qual será o tom utilizado pelo presidente, na tradicional live presidencial nesta quinta-feira (29), Bolsonaro pareceu bastante irritado

  • Ciro Gomes e Simone Tebet, 3º e 4º colocados nas pesquisas, chegam ao debate para conter a campanha de voto útil utilizada pelo PT nos últimos dias. Ciro tem atacado Lula de forma contundente, e tenta evitar a migração de seu eleitorado para o petista. Já Tebet se saiu bem nos debates, mas o desempenho não refletiu nas intenções de voto

  • Felipe D’Ávila e Soraya Thronicke aparecem no final do pelotão e chegam para uma última cartada. Em especial, a candidata do União Brasil costuma agitar as redes sociais com muitos memes ao longo do debate. Também tem momentos de dobradinha com Simone Tebet, principalmente para rebater Jair Bolsonaro

  • Por fim, Kelmon deve seguir o que fez no último debate, e ser linha auxiliar para o presidente Bolsonaro. Será interessante observar se Bolsonaro e Kelmon vão reeditar a dobradinha que fizeram no último debate, no SBT, quando o presidente perguntou a Kelmon nas duas oportunidades em que escolhia a quem perguntaria 

Lula vê a chance de vencer no 1° turno ainda maior; Ciro Gomes tem 6% e Simone Tebet 5%
por
Henrique Alexandre
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29/09/2022 - 12h

A nova rodada da pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (29) mostra que o ex-presidente Lula (PT) segue com a chance de vencer as eleições no 1° turno. O petista aparece com 50% dos votos válidos, ante 36% do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma diferença de 14%.

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Situação favorável é boa para Lula, que pode liquidar a fatura já neste domingo, e ruim para Bolsonaro, que não cresce há fortemente - Foto: Ricardo Stuckert e EVARISTO SA / AFP 

 

O candidato de PT e o atual presidente da república mantiveram os mesmos patamares, dentro da margem de erro, da pesquisa divulgada em 22 de setembro. Essa notícia é ruim para Bolsonaro que vê Lula com chance real de vencê-lo já neste domingo. Dentro da margem de erro, segundo a pesquisa, o ex-presidente pode ter entre 48% e 52% dos votos válidos. 

 

  • Lula (PT): 50% (50% na pesquisa anterior, em 22 de setembro)
  • Jair Bolsonaro (PL): 36% (35% na pesquisa anterior)
  • Ciro Gomes (PDT): 6% (7% na pesquisa anterior)
  • Simone Tebet (MDB): 5% (5% na pesquisa anterior)

 

2º TURNO
 

O Datafolha também mostrou o cenário de um possível 2° turno. Luiz Inácio Lula da Silva segue na dianteira com 54% das intenções de votos contra 39% de Jair Bolsonaro. Em relação à pesquisa anterior, Lula manteve o mesmo patamar, enquanto Jair Bolsonaro oscilou um ponto para cima. A diferença entre os dois candidatos é de 15 pontos percentuais

  • Lula (PT): 54% (54% na pesquisa anterior, de 22 de setembro)
  • Bolsonaro (PL): 39% (38% na pesquisa anterior)

 

TERCEIRA VIA 

Disputando um campeonato a parte, Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) se digladiam pela terceira posição. O candidato do PDT vê a sua candidatura se desintegrar ao passar do tempo e já enxerga Tebet na sua dianteira. O ex-ministro, que chegou a ter 10% dos votos válidos, agora amargura 6% após críticas contundentes contra Lula e se vê presa fácil pelo voto útil para o petista. Ciro até tentou ganhar sobrevida com uma "Manifestação à Nação" na última segunda-feira, mas viu sua estratégia virar chacota nas redes sociais.

 

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Situação complicada para Ciro Gomes, que pode ver o seu 3° lugar ir para o espaço com a chegada de Simone Tebet - Foto: Maria Isabel Oliveira

 

Já Simone Tebet está cada vez mais próxima de alcançar o objetivo de seu partido - que é ultrapassar Ciro Gomes. A Senadora vem em uma subida tímida, mas suficiente para ultrapassar o candidato do PDT na reta final - tinha  2% em meados de agosto e agora tem 5%. Passar para o terceiro lugar seria um fato histórico para o MDB, pois nunca esteve nesta posição em uma disputa presidencial.

 

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Com discurso moderado e bem articulado, Simone Tebet tem chance de ouro de ultrapassar Ciro Gomes e ficar em 3° lugar - Foto: REUTERS/Adriano Machado

A pesquisa ouviu 6.800 pessoas em 332 municípios entre os dias 20 e 22 de setembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no TSE sob o número BR-09479/2022.

O republicano apresentou poucas propostas concretas e se apoiou nos feitos de quando era ministro da Infraestrutura para se firma como potencial governador de São Paulo
por |
29/09/2022 - 12h

Por João Victor, Malu Araújo

O debate entre os candidatos ao governo de São Paulo ocorreu nesta terça-feira (27), na Rede Globo. A projeção dos cabos eleitorais da campanha de Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) os acompanhou durante todo o tira-teima. Tarcísio e Haddad fizeram dobradinha em seus ataques, enquanto Rodrigo Garcia ficou mais isolado no debate.

O primeiro bloco de perguntas ficou definido por temas livres, no qual os candidatos poderiam explorar os planos de governos e as campanhas de seus adversários. 

O republicano Tarcísio de Freitas foi o primeiro a dar uma investida em Haddad, perguntando quais as propostas "imediatas" do petista para a geração de empregos para os eleitores paulistanos. Durante réplica, Haddad aproveitou para questionar Freitas sobre a "obstinação" do candidato em defender o Governo Federal, perguntando se ele levaria o mesmo protagonismo ao seu governo. 

Em resposta, Tarcísio afirmou que o governo do mandatário Jair Bolsonaro (PL) "entregou resultados", mesmo com os fatores internos e externos do país. 

Já no segundo bloco no qual os temas eram definidos, o tucano Rodrigo Garcia questionou o republicano sobre as obras inacabadas durante seu cargo como Ministro da Infraestrutura, alegando, inclusive,  sobre suas obras serem todas de papel.

Garcia também chega a enumerar a quantidade de concessões e melhorias feitas por Tarcísio para o Rio de Janeiro, um dos exemplos dados foi “quando ele fez a concessão da Dutra preferiu dar desconto maior lá no Rio de Janeiro, no pedágio, deixando que os estudantes de Guarulhos paguem essa conta”, enfatiza o tucano.

Em réplica, o republicano comentou sobre feitos do seu período como ministro de Bolsonaro, onde segundo ele, acabou com diversas obras do PAC que estavam inacabadas, incluindo a transposição do Rio São Francisco. Além disso, o candidato citou investimentos na malha ferroviária do estado de São Paulo e prometeu maiores investimentos no setor - como o trem Intercidades.

No bloco seguinte, o candidato Elvis Cezar do PDT perguntou sobre impostos no estado de São Paulo para Tarcísio, após inicialmente ter ironizado Tarcísio não saber onde votaria. O pedetista também reclamou da postura de Tarcísio enquanto ministro, o qual acusou de deixar São Paulo por último.

Na resposta, Tarcísio deu uma resposta vaga sobre a questão de impostos e declarou que não pode fazer muito por São Paulo no que tange às estradas pelo fato da maior parte das rodovias já serem concedidas a empresas privadas. E após isso, novamente citou o modal ferroviário.

Na tréplica, o petista enfatizou novamente que as obras de Tarcísio não saíram do papel e que o povo não as vê. Além disso, relembrou que o candidato esteve junto de deputados que ofenderam o papa, envolvidos em agressão a mulher e corruptos. Em seguida, Tarcísio voltou a dizer que seu mandato terá gestão técnica e eles não farão parte.

Após isso, Tarcísio voltou ao assunto sobre impostos, mas desta vez perguntando a Rodrigo Garcia. O tucano foi criticado pelo republicano pela modesta política de transferência de renda.

Todavia, não apresentou também uma grande solução para o problema e voltou a apenas repetir os feitos como ministro de Bolsonaro.

Em suas considerações finais, Tarcísio agradeceu a sua família e aliados políticos e focou o seu discurso no desenvolvimento econômico de São Paulo, o qual prometeu alcançar com as suas obras.

A última pesquisa da TV Globo/IPEC sobre a disputa entre os candidatos, divulgada nesta terça-feira (27), mostra a liderança de Fernando Haddad (PT) com 34% de intenção de votos, sendo seguido por Tarcísio de Freitas (Republicanos) com 24% e por Rodrigo Garcia, com 19%.

 

Grupos bolsonaristas no telegram fornecem diariamente listas focos de fake news
por
Artur dos Santos
Fernanda Querne
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28/09/2022 - 12h

Influencers bolsonaristas compõem núcleos de disseminação da Fake News e têm alcance considerável nas redes sociais. Alguns desses apresentam um crescimento significativo em perfis, como é o caso de Cristina Graeml da Jovem Pan,  que, em duas semanas, ganhou 60 mil seguidores no Instagram.

Diariamente nos grupos de telegram bolsonaristas apurados pela AGEMT, são enviadas listas com canais, veículos de imprensa e influenciadores digitais de direita conservadora que pautam seus vídeos e produções na ameaça esquerdista no Brasil, e, ultimamente, na perseguição de conservadores no período eleitoral, além da “parcialidade” da imprensa na cobertura das eleições da Itália.

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Mensagem retirada do "chat" do canal oficial de Eduardo Bolsonaro (filho do atual presidente) no telegram

Sobre as eleições da Itália (nas quais a previsão de vitória é do partido ultra conservador “Irmãos da Itália” representado por Giorgia Meloni), os comentários desses grupos afirmam que a abordagem da mídia brasileira representa um “terrorismo midiático comunista”, “Imprensa falida vermelha”, além de apoiarem a candidatura: “felizes estão os italianos”.

Dentro das listas de influenciadores enviadas diariamente nos grupos, estão listados sempre os mesmos 76 nomes como indicação de fontes de informação. Dentro deles estão figuras como Alexandre Garcia (ex-porta voz do General João Batista Figueiredo e atual comentarista da Jovem Pan), Augusto Nunes, Caio Coppolla e Daniel Lopez, que, sozinhos, somam 4,7 milhões de seguidores no Instagram e 476 milhões de visualizações no Youtube, aproximadamente. 

Sobre as manifestações do 7 de Setembro, Alexandre Garcia afirma que foram “pacíficas, ordeiras e, sobretudo, democráticas”. 

Quanto ao cenário atual da imprensa no Brasil, Augusto Nunes comenta que “a Jovem Pan é o único veículo que apresenta comentaristas com opiniões divergentes” reforça que  “a Folha é um coro desonesto contra o governo'' e que a Revista Piauí “ não tem importância, é um brinquedinho dele [João Moreira Salles]”. As três afirmações de teor falacioso reforçam o esforço destes grupos em desmobilizar a credibilidade de veículos de imprensa.

Comentários com teor de ameaça ao Quarto Poder foram encontrados em diversos grupos apurados pela AGEMT. Dentre umas das formas que os jornalistas são apelidados dentro desses grupos está o termo, derivado de trocadilho, “Jornazistas”. 

A AGEMT fez uma apuração de dois desses canais que disseminam fake news e fazem ameaças à imprensa brasileira.

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Logo do canal de Caio Coppolla, no Youtube.
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Boletim Coppolla” - quadro de Caio Coppolla na Jovem Pan (JP), comentarista político,  o qual refere-se às eleições, economia e justiça. Retrata como o Datafolha induz o eleitorado a antecipar as suas escolhas. 

Segundo Caio, os institutos de pesquisas favorecem os números petistas. Nos seus vídeos, ao invés de se referir ao ex-presidente como Luiz Inácio, optou por classificá-lo como ex-condenado por corrupção: “Lula, um mentiroso confesso” - denuncia o influenciador.

Coppolla insiste na narrativa a qual diz o como a inocência do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) é uma farsa: “Essa ladainha inverídica é um mantra da propaganda petista” - martiriza o comentarista da JP. No seu canal do Youtube, nomeou como seu vídeo mais importante o que convoca os seus seguidores a aderirem às manifestações do 7 de Setembro.  

Nessa mesma plataforma digital, o seu conteúdo ataca a o petismo, repudia o Poder Jurídico como o Superior Tribunal Federal (STF), insinua que a imprensa é petista - já que não favorece o candidato do Partido Liberal (PL) - e iguala a figura de Lula com a do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. 

Já no seu Twitter, Caio eternizou na sua descrição um abaixo-assinado do impeachment do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - Alexandre de Moraes. O ministro investiga o inquérito das fake news, preocupando não só o clã da família Bolsonaro, mas também seu eleitorado. 

Coppolla divulga o seu conteúdo nos seus tweets como no vídeo o qual alega que Geraldo Alckmin (vice da chapa do candidato Luiz Inácio Lula da Silva) é um “cúmplice” do petista. 

Além da JP, Coppolla participou do quadro da CNN Brasil chamado “O grande debate”. A sua participação contou com argumentos questionando a eficácia do isolamento social no período de quarentena, parabeniza não só a  operação Lava-Jato e chama o ex-juiz Sergio Moro de icônico. 

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Bárbara do Te Atualizei

Seguida pelo presidente Jair Bolsonaro no Twitter, "Bárbara do Te Atualizei" é a mente por trás do canal Te Atualizei - marcado por opiniões contraditórias e disseminação de fake news. Suas redes sociais (dentre elas Instagram, Youtube e Twitter) somam 2 milhões de seguidores. Além de sua presença nas redes, já foi à Jovem Pan conversar com o comentarista Caio Coppolla no quadro “Conversa de Boletim”.  

O seu conteúdo é voltado para elogios da conduta presidencial de Bolsonaro, como fez quando aclamou o discurso do presidente na Organização das Nações Unidas (ONU). Tipicamente, usufrui do antipetismo. Bárbara descreve o ex-presidente e candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como “multi condenado, depois descondenado mas nunca inocentado”. Abordou o conceito de “Globo Lixo” devido ao jornalista, William Bonner, ser “coleguinha” do ex-presidente.

No Twitter, a criadora do Te Atualizei alega que Jair não é homofóbico, defende o quanto ele ajudou na deflação econômica e afirma o abuso de poder do presidente Alexandre de Moraes. O ministro, a quem condena de abusar de seu poder, cortou a monetização do seu canal pelo inquérito das fake news. 

Bárabra mantém a narrativa de “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”. Ironicamente, chama o petista de “nine” - por ter nove dedos. Referência já dita pelo seu candidato à presidência: o capitão do povo - Jair Messias Bolsonaro.  

 

O pool promovido entre veículos não contou com a participação do ex-presidente Lula, o que impactou na audiência do evento e no comportamento dos presentes
por
Gabriela Figueiredo Rios
Fernanda Querne
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27/09/2022 - 12h

(Fotos: Fernanda Querne e Gabriela Figueiredo)

“Não cutuque onça com a sua vara curta”. O segundo debate presidencial para as eleições de 2022, aconteceu neste sábado (24) em um pool promovido pela SBT, CNN, Estadão/Rádio Eldorado, Veja, Rádio Nova Brasil e Terra. O evento foi marcado por farpas direcionadas aos históricos dos candidatos e críticas à ausência do ex-presidente Lula (PT), que também impactou na audiência - o debate ficou em segundo lugar nos programas mais vistos.

A audiência média do debate foi de 5 pontos, número abaixo dos esperados 7 pontos. Durante os discursos, a Globo obteve 17,6 e a Record 5,6. Portanto, as falas não tiveram tanto impacto na escolha do eleitorado. 

Os candidatos presentes foram Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Felipe D’Ávila (Novo) e Padre Kelmon (PTB) e um dos assuntos mais abordados foi corrupção.

Atacar o primeiro lugar é quase uma estratégia para se colocar nele. Sendo a primeira candidata a comentar a ausência de Lula, Soraya Thronicke compara o debate a uma entrevista de emprego e questiona se os eleitores contratariam um candidato faltante. A advogada completa afirmando que o ex-presidente "não merece o seu voto de maneira nenhuma".

Ciro Gomes também coloca a falta do ex-presidente enfatizando o salto do oponente nas pesquisas, “não veio, por estar com salto alto ou achar que já ganhou” e afirma que o candidato não tem como explicar suas promessas. Se referindo ao público, aponta que Lula não cumpriu os dois mandatos, nem a denúncia de corrupção - Lava Jato, da qual foi preso, sendo uma tática da dita terceira via para enfraquecer a soberania do petista. 

Simone Tebet também adota o discurso e justifica a ausência do candidato por falta de coragem de colocar suas propostas. Jair Bolsonaro volta a atacar o petista o chamando de "presidiário" e Felipe D’Ávila responsabiliza o STF pela soltura e candidatura do adversário o colocando como "criminoso'' e diz que pretende “enquadrar o Supremo”.

O candidato Lula justifica sua ausência, em ato do Rio de Janeiro, neste domingo (25), afirmando que os outros cinco concorrentes apenas objetivam o atacar por estar em primeiro nas pesquisas e que já tinha marcado, anteriormente ao debate, dois compromissos de campanha. O petista ainda diz que pretende comparecer à sabatina na Globo e que deve aproveitar o espaço da televisão para conversar com os eleitores.
 

Abençoai Bolsonaro, padre  

 

 

                   Foto: Fernanda Querne 

 

O Padre Kelmon desviou todas as pedras em direção à cruz do Messias. Substituto de Roberto Jefferson, o religioso intrigou os eleitores com a sua figura pitoresca.  Ele também provocou os candidatos com pautas polêmicas - como a legalização do aborto, enalteceu o atual presidente da República e demonizou, literalmente, o mandato do petista “vermelho como o próprio diabo”. 

Ora imbrochável, ora vara curta, Bolsonaro não só subestima as candidatas, mas as ataca com o seu discurso mentiroso delas não terem votado contra o orçamento secreto. O candidato do PL usa o patriarcalismo a seu favor. Portanto, prefere retrucar o que ele denomina de “elo mais fraco”. Entretanto, Tebet e Soraya demonstraram resiliência no combate.

 

O ataque da onça 

 

                Foto: Fernanda Querne 

 

A política do União Brasil relatou o como mantém as informações públicas. Ao contrário do atual presidente, o qual impôs cem anos de sigilo em diversos assuntos. Soraya afirmou que o atual presidente “estelionatário é quem usa dinheiro vivo” - relembrando o caso dos imóveis comprados pela família Bolsonaro.

Em entrevista exclusiva à AGEMT, Soraya explicou a razão de Jair se sentir tão confortável ao atacar mulheres como ela e Tebet: “Ele precisa procurar tratamento psiquiátrico, e se tratar”. Não abordou a questão do machismo, congruentemente. Pois, já se declarou como uma “não feminista”. 

Também abordou como não prometeria pessoas negras como ministros, mas sim baseados na competência. Incerta da sua resposta, explicou como a raça não deve ser um fator de decisão para o governo. Logo, decidirá pelas habilidades técnicas. Consequentemente, a inclusão não será o seu foco.

A estratégia de demonstrar como Jair apoia as mulheres, está cada vez mais falha. Pois a cada aparição pública, expõe a sua apatia em relação ao eleitorado feminino - maioria dessa eleição. Nos debates, a figura da primeira-dama não o pôde salvar do seu discurso truculento. Michele Bolsonaro suaviza o Bolsomito de 2018, retrata o seu marido como o “capitão do povo” - salvação do nosso Brasil. Porém, qual seria a razão de sermos salvos de um governo em que já estamos? 

 

Confissões de professora 

Já o maior destaque da noite foi a política do MDB, Simone Tebet. Desviando das falas do padre Kemel à favor do aborto, a senadora afirmou que não se confessaria com o religioso. O político do PTB a indagou de ser uma “verdadeira feminista” e cristã ao mesmo tempo, pois, na lógica de Kemel, quem defende a paridade entre os gêneros não deve ser devota à Jesus Cristo. Porém, Tebet não se submeteu a esse jogo de poder e logo se desculpou para a sua igreja por ter um cristão como o padre do PTB.

Em entrevista exclusiva com a AGEMT, Simone abordou temas como a paridade entre os ministros homens e mulheres. Confirmou que pretende incluir essa igualdade. Entretanto, ao ser questionada sobre a paridade entre negros e brancos, afirmou que não poderia prometer isso. Em contrapartida, comprometeu-se a promover diversidade no seu mandato - ao contrário da sua antiga aluna, Soraya. Auto declarada defensora dos direitos de todas as mulheres, Tebet tenta se desvirtuar do feminismo liberal o qual exclui mulheres negras e/ou pobres.

 

O NOVO das privatizações

 

                          Foto: Fernanda Querne 

 

Durante o debate, Felipe D'Ávila quase desapareceu com seu discurso contínuo a favor do corporativismo e privatização como solução. O momento em que melhor se destaca é no questionamento relacionado a política de controle de armas, em que se coloca como liberal e diz considerar um direito do cidadão ter a posse e porte de armamentos. Ainda, afirma que não é fácil portar no Brasil e defende o banco de dados com histórico do cidadão a fim de "não banalizar este direito".

 

Em resumo…

  • O desespero de Bolsonaro para alcançar o segundo turno é evidente. Até aclamou para ajuda divina, mas padre não faz milagre. Logo, optou por atacar as candidatas. Pior estratégia possível, pois as acusações de Tebet e Soraya o intimidaram. 

  • A senadora do MDB merece destaque pela sua segurança e firmeza no seu discurso feminista, contra as fake news do Bolsonaro e questionando a ausência petista. 

  • Já o Ciro Gomes, tentou abrir os olhos dos seus “irmãos e irmãs” devido ao maior obstáculo da terceira via - a polarização. 

  • O político do PDT insinuou sobre o fascismo de Bolsonaro e um  petista o qual lhe falta coragem para pautar as suas ideias em um debate. 

  • Lula mesmo não presente, foi um dos assuntos mais comentados pelos candidatos. 

  • Já Felipe D’Ávila passou despercebido com o seu discurso robótico sobre privatizações e corporativismo.