A cidade de São Paulo tem atualmente 110 museus, mas o Mapa da Desigualdade de 2022 mostra que 59% dos distritos do município não tem espaços culturais que se localizam majoritariamente em bairros centrais. Um estudo, feito pelo Instituto Oi Futuro em parceria com a consultoria da Consumoteca, demonstrou que um terço das crianças e adolescentes de até 14 anos não têm acesso a estes espaços.
Alguns dos problemas que levam à ausência deste público nos museus dispõem da dificuldade financeira e do estigma de monotonia e complexidade que cerca estes estabelecimentos. A pesquisa levantou que 49% dos entrevistados que não são frequentadores desses lugares não conseguem entender o que veem nas obras.
Em entrevista, a mãe Anna Feldmann, professora do Departamento de Jornalismo da PUC-SP, declarou que leva seu filho de 7 anos aos museus desde sempre, sendo uma prática que os dois gostam muito. Entre as instituições preferidas do pequeno estão o Museu do Futebol e Museu da Língua Portuguesa, tendo inclusive repetido as visitas.
Segundo a neuropsicopedagoga Denise Andreazzi, "É importante estimular o contato com esse ambiente, porque a expressão artística permite que a criança desenvolva sua percepção de mundo e crie sua própria identidade, e quanto antes ela for incentivada, maiores são as chances dela continuar nesse progresso."
Exposições culturais e a criatividade infantil
Em entrevista, a profissional Andreazzi alerta para o aumento do uso da tecnologia pelo público mais jovem. "Esse crescimento gera perda precoce da criatividade, o que também influencia no desenvolvimento cognitivo da criança. Isso ocorre porque o cérebro precisa estar em constante exercício, do contrário o corpo entende que não há necessidade de mandar neurônios para aquela região (área criativa), interrompendo assim a sinapse cerebral e consequentemente a geração de aprendizado naquele local."
A profissional também traz a importância da arte para garantir o processo criativo e o desenvolvimento infantil. "A capacidade do meio artístico de expressar os sentimentos que são difíceis de verbalizar acabam por ajudar na comunicação, em especial daqueles que são mais introvertidos, gerando maior desenvolvimento afetivo entre quem produz e quem observa. Outro benefício das interações artísticas é a cura de feridas internas através da afetividade e da imaginação. As exposições culturais também são capazes de trazer maior aproximação entre os indivíduos de uma casa, isso ocorre porque os obrigam a conversar sobre assuntos que não estão acostumados. O ato de escutar as opiniões dos membros da família faz com que eles possam conhecer melhor a identidade cultural e pessoal uns dos outros, que às vezes ficam ofuscadas pela correria do dia a dia."
Como tornar o museu agradável às crianças?
Feldmann também destaca que "é preciso respeitar o tempo delas, para que a atividade não seja visto como negativa, impedindo que ela possa se repetir. É importante considerar que as crianças são mais elétricas, então, as visitas precisam ser mais curtas. Quando a mesma demonstrar estar gostando, é possível que elas sejam prolongadas."
Apesar dessa familiaridade que foi construída ao longo do tempo, Feldmann relata que nem sempre é fácil e dá algumas dicas de como ela inseriu esse hábito em sua família. "Eu acho que o interessante é ir além do museu, fazer uma visita geral sobre todos os aspectos. Se o museu tem uma parte externa com um jardim já facilita para incentivar alguma brincadeira, o que eu acho que é superinteressante."
Para lidar com a agitação da criançada nas visitas, é preciso conversar com elas sobre o passeio, explicar o passo a passo de como ele vai acontecer e quais regras devem ser respeitadas. Uma dica de Andreazzi é fazer um tour virtual pelo local estabelecido e a utilização de cartões com imagens para facilitar o entendimento do pequeno.
"Para que a atividade não seja passiva, é aconselhável fazer perguntas prévias para entender o que as crianças entendem do assunto que vai ser abordado, dessa forma, o adulto estimula que a mesma preste mais atenção para descobrir se aquilo que ela sugeriu está certo ou não." - explica a especialista Andreazzi
A profissional também forneceu orientações para os pais que têm crianças com deficiências, como autismo, para que nenhuma seja excluída dos benefícios que a arte proporciona. Ela pede para que se tome cuidado para evitar multidões que podem causar agitação nos pequenos e para aqueles que precisam tocar nos objetos, é necessário informar o museu para que ele proporcione objetos sensoriais para serem manuseados durante a visita.
Além do papel dos pais em incluir seus filhos neste espaço, as escolas também têm grande importância, como mostra a pesquisa mencionada no início da reportagem, na qual 55% dos entrevistados tiveram seu primeiro contato com os museus em excursões escolares, reiterando a parceria necessária entre educação e cultura.
Para as famílias que querem dar essa experiência às suas crianças e não tem condições de contribuir com o valor do ingresso, há soluções. Alguns museus de São Paulo têm dias de visitação gratuita, para incentivar a cultura e o convívio familiar. Alguns deles são os edifícios da Pinacoteca, Museu do Futebol, Museu da Língua Portuguesa, entre outros. Para saber se os dias que eles oferecem esta gratuidade, é só visitar o site de cada estabelecimento.
Para os pais que têm receio de seus filhos não gostarem do passeio, é aconselhado fazer visitas em museus que se conectem com os interesses deles. Se ele gosta muito de futebol, o Museu do Futebol pode ser um começo. Outra dica é pesquisar os dias que o estabelecimento escolhido fornece atividades específicas para crianças, como oficinas e jogos educativos.
Crianças no Pina Família. Imagem: Reprodução Christina Rufatto
No último final de semana (03 e 04) aconteceu o MITA Festival em São Paulo. As atrações principais foram Florence + the Machine e, a mais aguardada pelo público brasileiro, Lana Del Rey. O evento já está em sua segunda edição e também contou com o Rio de Janeiro em seu itinerário.
MITA Festival, palco principal- Foto: @marimarthaus
O local designado para os shows na metrópole brasileira foi bem diferente da cidade maravilhosa. O novo Anhangabaú montou uma estrutura que contou com dois palcos: Centro e Deezer, mas sua escolha de localização deixou os fãs de músicas com sentimentos mistos. Enquanto o Rio teve uma bela vista, o centro histórico de São Paulo não pôde competir. Ainda assim, o local não foi um impeditivo para que os ingressos de sábado esgotassem, enquanto os de domingo estiveram disponíveis para venda até a abertura dos shows. Estreito e plano, a escolha do Novo Anhangabaú como local do festival indignou o público, que reclamou da falta de visibilidade dos shows e da pouca quantidade de telões transmitindo o que ocorria nos palcos. Além disso, a organização do evento foi altamente criticada por ter separado uma área excessivamente grande para a pista premium, distanciando ainda mais o público da pista comum, impedindo a visão.
Sábado
Lana Del Rey fez um show extremamente emotivo e nostálgico, apesar do atraso de quarenta minutos para sua entrada no palco. Apesar de estrear o setlist com seu mais novo hit, a enérgica "A&W", a cantora de Born to Die começou sua performance visivelmente abalada, chegando a interromper o show, pedindo para que sua equipe iniciasse novamente a terceira música da noite, Bartender. Emocionada, Lana desceu do palco para se aproximar do público e agradeceu aos fãs pelo apoio e carinho que recebeu durante sua estadia no Brasil. Na reta final, surpreendeu ao atender a pedidos da plateia e cantar os antigos sucessos Cinnamon Girl e Get Free, acompanhada por um forte coro de seus fãs.
Lana Del Rey, ainda em seu primeiro figurino da noite- Foto: Gabriel Siqueira/Divulgação/Mita
Nos bastidores do evento, Duda Beat não deixou de tietar Lana e posaram juntas para fotos. Beat tocou apenas em SP, mas fez uma apresentação altamente performática, com figurinos chamativos e coreografias elaboradas, que conquistou grande sucesso. Outra exclusividade paulista foi a presença de Djonga, com participação de BK. O rapper convidou casais da plateia para o palco e afirmou “aqui toda forma de amor vale”, enquanto a plateia vibrava com o beijo de um casal homossexual.
Duda Beat e o figurino escolhido. Foto: Brazil News
Atrações internacionais como Flume e Badbadnotgood animaram a cidade paulista assim como no Rio. Mas Natiruts usou da ansiedade do público para Lana Del Rey e fez toda a galera cantar alto ao som de Quero Ser Feliz Também.
Domingo
A tarde de domingo no MITA começou a ser tomada por música ao meio-dia com Far From Alaska, convidando Supercombo ao palco Deezer do festival. Na sequência, foi vez de Don L convidar Tasha & Tracie, agora no palco principal. Depois, subiu ao palco Deezer a estrela da música pop americana, Sabrina Carpenter, com um show leve e animado. A artista de apenas 24 anos disse para público que está muito grata, feliz e ansiosa por recentemente ter descoberto que voltará ao Brasil ainda no final deste ano para abrir os show da turnê ''The Eras'', de Taylor Swift, que teve suas datas internacionais anunciadas sexta feira, dia 02/06.
Sabrina Carpenter no palco Deezer— Foto: Van Campos/Agnews
Outras das esperadas apresentações do dia, Capital Inicial e NX Zero admitiram saudades de tocar em casa e homenagearam suas trajetórias em apresentações nostálgicas, com setlists compostas por seus grandes clássicos, contagiando o público. Aquecendo para a apresentação dos headliners, The Mars Volta animou os fãs e o trio Haim repetiu o que havia feito no Rio e divertiu com sua performance de Ilariê, de Xuxa, com uma de suas vocalistas fantasiada da cantora brasileira.
Vocalista Ester, do trio Haim, vestida de Xuxa— Foto: Brazil News
Encerrando o festival, o grupo Florence and The Machine não desapontou. A cantora Florence Welch entregou uma performance extremamente enérgica e contagiante, levando a multidão que a assistia a dançar e pular em pleno centro histórico de São Paulo. Dançando e percorrendo o palco durante todo o show, Florence chegou a descer e se jogar em meio aos fãs, enlouquecendo o público.
Florence Welch, vocalista do grupo Florence and The Machine — Foto: Divulgação/ MITA Festival
O MITA Festival foi organizado pelas empresas Bonus Track, de Luiz Oscar Niemeyer e Luiz Guilherme Niemeyer, e 30e. A edição deste ano foi a segunda do Festival, inaugurado em 2022, e contou com 30 mil pessoas. Apesar do alto número de espectadores, atraídos pelos grandes nomes nacionais e internacionais que o festival reuniu, o evento foi altamente criticado pelo público nas redes sociais, tanto pela escolha de local, mal sinalizado e inseguro, quanto por sua organização, com a escolha por ter separação entre pista premium e comum, algo incomum em festivais de música desse porte.
A exposição intitulada como DreamWorks: Uma Jornada do Esboço à Tela chegou na cidade de São Paulo em 20 de maio com previsão de encerramento em 30 de junho. Ela pode ser visitada todos os dias, das 10:00 às 22:00, no 4° andar do shopping Cidade São Paulo, a 130 metros da estação Trianon-Masp do metrô. Os ingressos têm hora marcada e a indicação etária é livre.
Miniatura do desenho Wallace e Gromit a batalha dos vegetais / foto: Agemt
Criada em 1994, nos Estados Unidos, a DreamWorks Animation produziu animações que marcaram o início dos anos 2000 como Shrek, Kung Fu Panda e Madagascar. Apesar de americana, os desenhos satirizam clássicos da Disney e tiveram tanta força que foram fenômenos no Brasil, repercutindo até os dias de hoje.
A exposição, com mais de 400 itens inéditos, nunca tinha vindo ao país e foca no processo de criação dos principais trabalhos do estúdio, inclusive o momento de digitalizar e animar todas as artes. A visita é dividida entre três etapas com o processo de criação de personagens icônicos como Shrek, Banguela, Alex e Fiona. Além de esboços com anotações dos diretores dos longa-metragens, explicação da tecnologia envolvida no processo de criação, artigos exclusivos de cada desenho e interações com o público.
Esboço com anotações do personagem Alex de Madagascar/ fonte: Agemt
A parte final da visita é dedicada à interação do público, com a oportunidade de desenhar em mesas digitalizadoras profissionais do mesmo modelo usado pelos ilustradores da DreamWorks. O desenho, porém, não pode ser salvo.
Partes da exposição possuem direitos autorais, por isso não é permitido fotografar ou filmar. A produção do evento, antes da entrada, avisa quais partes podem ou não serem registradas e as condições do registro, como o uso ou não de flash. Além disso, não é permitida a entrada de bolsas, existindo um guarda-volumes de 10 reais por item. Os valores do ingresso variam de R $45,00 a R $110,00 por pessoa.
Para mais informações e compra de ingresso, acesse o site: www.https://dreamworksexposicao.com.br/
No último fim de semana, aconteceu um dos eventos mais aguardados da cidade de São Paulo, a Virada Cultural. A Prefeitura repetiu a fórmula da última edição e novamente focou em fazer o evento descentralizado, ou seja, os shows foram divididos em 8 palcos espalhados pela cidade. Os shows começaram ás 17h do dia 27 de maio e acabaram por volta das 19h do dia 28.

















O Brasil é o segundo país que mais consome serviços de streaming, de acordo com o relatório de adoção de Streaming Global do Finder de 2021, ficando apenas atrás da Nova Zelândia. O estudo da companhia australiana leva em conta os 18 principais mercados de streaming do mundo, dentre eles estão: Netflix, Amazon Prime Video, HBO MAX, entre outras. A pesquisa mostrou que pelo menos 65% dos adultos brasileiros possuem um serviço de streaming, enquanto a média global é de 56%. Foram considerados 28.547 adultos de 18 países, e o Brasil ficou em segundo por uma diferença de 0,26%.
Este é exemplo claro da popularização dos serviços de filmes e séries online é o evento Tudum da Netflix. Sua primeira edição, realizada em 2020, contou com experiências imersivas e novidades para os amantes das produções da plataforma, contabilizando mais de 50.000 pessoas durante os quatro dias de evento. Já a segunda e terceira edições do festival tiveram que ser realizadas de maneira remota dada à pandemia de COVID-19. A atriz Maisa Silva, é a apresentadora oficial da Tudum, estratégia inteligente para cativar o público jovem fã de cultura pop. O sucesso do streaming e do evento se comprovou em 2023 com o esgotamento de ingressos em apenas uma hora após sua liberação.
Isadora Pinho, de 21 anos, consumidora assídua dessas plataformas e estudante de psicologia, relata: “Hoje tem a possibilidade de assistir de qualquer dispositivo, seja ele uma televisão, um computador ou celular, e às vezes trazer um pouco de entretenimento para um momento estressante independente do lugar.” De acordo com a NordVPN, especializada em cibersegurança, o brasileiro gasta cerca de 92 horas por semana na internet, mas a atividade que mais toma seu tempo é assistir streaming, com 13 horas semanais. A jovem conta que não foge das estatísticas: “Acho que passo em média umas 4 horas por dia, porque eu adoro descansar assistindo filme ou série sozinha enquanto faço alguma coisa, tipo pintar as unhas ou fazer alguma maquiagem. Mas também porque eu gosto muito de ver filmes sobre alguns assuntos da faculdade, muitas vezes recomendados pelos meus professores, pra poder me inteirar da matéria."

A fuga da realidade é um fator bem atrativo para as pessoas. A antropóloga Milena Leão conta mais sobre o assunto em entrevista para a AGEMT: “Uma das características mais marcantes dos brasileiros é o caráter "descolado". Do malandro, brincalhão que tem seu tom pejorativo em muitos contextos de xenofobia, mas que reflete uma característica do brasileiro de estar aberto ao novo, ao entretenimento. E sim, muitas vezes na busca pelo escapismo, denotando um certo descompromisso com a realidade, nem que seja pelo período de um episódio.”
Com os serviços de streaming cada vez mais populares, outra questão levada em conta é: o acesso ao entretenimento. É de se imaginar que quando com preços acessíveis para a população há um maior público e o mesmo acontece com os streamings. “É importante deixar claro que não devemos generalizar, tão pouco esquecer que apesar de acessível para muitos, há uma parcela da população que não tem acesso, uns devido a índices de pobreza e outros por não conseguirem se comprometer com uma mensalidade regular, o que acredito ter gerado uma nova dinâmica de atendimento para esse público, onde muitos serviços abriram mão de termos de fidelidade permitindo uma certa fluidez de entrada e saída de assinantes”, relata Milena.
Porém, no caminho contrário, a Netflix pretende taxar seus assinantes que compartilham a senha. Na última terça-feira, 23 de maio, a multinacional passou a cobrar R$12,90 mensais para o compartilhamento de senha da plataforma com pessoas de fora da residência principal do assinante. Segundo a empresa, a assinatura permanece liberada para os residentes de uma mesma casa - compartilhadores da mesma internet. Porém, caso você queira utilizar o streaming fora dessa conexão será necessário a assinatura extra limitada a uma assinatura no plano padrão e duas no extra. Tal decisão deve impactar no acesso às mídias oferecidas pela plataforma. O conteúdo passa a ficar cada vez mais restrito por esse aumento no preço e limitação de compartilhamento. Internautas têm expressado seu descontentamento com a decisão, mas a empresa não se posicionou a respeito.














