Novo disco da cantora é o primeiro após grande turnê mundial e promete retomar parceria com Max Martin
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Luis Henrique Oliveira
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12/08/2025 - 12h

Na madrugada desta terça-feira (12), Taylor Swift anunciou o lançamento de seu 12º álbum de estúdio, intitulado “The Life of a Showgirl”. A revelação veio após o fim de uma contagem regressiva no site oficial da cantora, acabando exatamente às 00h12 no fuso-horário norte americano, 01h12 no horário de Brasília.

Combinado com o anúncio, um  trecho do podcast New Heights Show, apresentado pelos irmãos Travis e Jason Kelce, namorado e cunhado de Swift, mostra a cantora abrindo uma maleta e apresentando seu novo disco. A capa será revelada apenas nesta quarta-feira (13) durante sua participação especial no programa.

A cantora Taylor Swift no podcast New Heights Show, apresentando a capa de seu novo disco, porém borrada.
Taylor Swift faz anúncio de novo álbum em trecho divulgado de podcast. Foto: Instagram/@taylorswift

Taylor sempre deixou pistas antes de comunicar um novo projeto. No trabalho anterior, “The Tortured Poets Department” (2024), ela posava para fotos fazendo o sinal de dois, revelando mais tarde se tratar de um álbum duplo – e dessa vez não foi diferente.

Os rumores de um novo disco correm no mundo Swiftie (fãs da artista) desde o fim da The Eras Tour, quando a cantora apresentou um novo logotipo e passou a usar 12 letras para estender palavras simples (como prolongar o “d” em “god” nos stories do Instagram, por exemplo).

As especulações ganharam força na segunda-feira quando sua equipe de marketing postou nas redes sociais um carrossel de doze fotos suas usando roupas laranjas durante a última turnê, cor inédita dentre as que compõem a paleta dos álbuns anteriores, junto de uma legenda sugestiva: “lembrando de quando ela disse ‘vejo você na próxima era…'”. 

Após o anúncio, outdoors do Spotify foram colocados em Nova York e Nashville - cidade natal de Taylor -  a fim de divulgar uma playlist em conjunto da cantora, intitulada “And, baby, that’s show business for you” (“e, amor, isso é show business para você”, em tradução livre). Todas as músicas que estão presentes no compilado foram produzidas por Max Martin e Shellback, que trabalharam com Swift nos álbuns Red (2012), 1989 (2014) e Reputation (2017), sendo uma possível pista do que esperar do novo projeto.

Outdoor em Nova York com fundo laranja brilhante, no centro está o código para uma playlist exclusiva da cantora Taylor Swift
Playlist traz 22 faixas, presentes nos álbuns Red, 1989 e Reputation. Foto: Reprodução/X/@TSUpdating

“The Life of a Showgirl” será o primeiro disco da cantora após readquirir os direitos de seus seis primeiros discos, vendidos sem seu consentimento quando sua antiga gravadora, Big Machine Records, foi comprada pelo empresário Scooter Braun, em 2019.

Taylor conseguiu recuperar suas masters em maio deste ano, encerrando não só a luta para consegui-las de volta, mas também o projeto de regravação de suas músicas.

O álbum ainda não tem data de lançamento oficial, entretanto a previsão de entrega dos vinis vai para até o dia 13 de outubro.

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Compositor e cantor vivia com sequelas decorrentes de um AVC que sofreu em março de 2017
por
Bianca Novais
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08/08/2025 - 12h

A família de Arlindo Cruz anunciou a morte do compositor, cantor e instrumentista nesta sexta-feira (8), através das redes sociais do artista. Considerado um dos maiores sambistas do país, Arlindo vivia com a saúde debilitada desde março de 2017, devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico.

“Mais do que um artista, Arlindo foi um poeta do samba, um homem de fé, generosidade e alegria, que dedicou sua vida a levar música e amor a todos que cruzaram seu caminho", diz a nota de falecimento. O sambista morreu no hospital Barra D'Or, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

 

 

Arlindo Domingos da Cruz Filho nasceu na capital fluminense em 14 de setembro de 1958, no bairro de Madureira, Zona Norte da cidade. Em homenagem a ele, escreveu uma de suas canções mais conhecidas, “Meu Lugar”, parte do álbum “Hoje tem samba” (2002).

Tocava cavaquinho, banjo e ainda na juventude começou a se apresentar profissionalmente, enquanto estudava teoria musical na escola Flor do Méier. Nesse período, foi apadrinhado musicalmente por Candeia, outro renomado sambista carioca.

Estudou na escola preparatória para Cadetes do Ar aos 15 anos, em Barbacena (MG), mas logo voltou ao Rio. Passou a frequentar a roda de samba do Cacique de Ramos, onde tocou com Jorge Aragão, Beth Carvalho, Ubirany e Almir Guineto. Lá, conheceu Zeca Pagodinho e Sombrinha, que, à época, também eram revelações no mundo do samba.

Escreveu algumas músicas para outros intérpretes - “Lição de Malandragem” (David Correa), “Grande Erro” (Beth Carvalho), “Novo Amor” (Alcione) - antes de entrar no Grupo Fundo de Quintal, em 1981.

 

 

Ganhou notoriedade nacional durante os 12 anos na banda e gravou sucessos como “Só Pra Contrariar”, “O Mapa da Mina” e “Primeira Dama”. Em 1993, seguiu carreira solo e continuou nos holofotes, com várias músicas em parceria com outros gigantes do samba. Entre seus álbuns de maior destaque recente estão “MTV ao Vivo Arlindo Cruz” (2009) e “Batuques do Meu Lugar” (2012).

Sombrinha foi uma de suas parcerias mais frutíferas. Escreveram “O Show Tem Que Continuar” e “Alto Lá", também com Zeca Pagodinho. Com este, assinou a autoria de sucessos atemporais da música brasileira como “Bagaço da Laranja”, “Dor de Amor” e “Camarão que Dorme a Onda Leva".

 

Sombrinha e Arlindo Cruz em apresentação. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Sombrinha e Arlindo Cruz em apresentação. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho cantando juntos. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho cantando juntos. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Arlindo compôs mais de 500 músicas, segundo seu site oficial, incluindo sambas-enredo para escolas de samba do Rio de Janeiro: Grande Rio, Vila Isabel, Leão de Nova Iguaçu e Império Serrano, sua escola de coração e que o homenageou no enredo do carnaval de 2023. Mesmo com a saúde fragilizada, ele participou do desfile no último carro alegórico, com ajuda de amigos e familiares.

Em 2015, ganhou o 26º Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Músico de Samba e é reconhecido como um dos responsáveis pela revitalização do gênero nos anos 1980. Seu último lançamento foi ao lado do filho Arlindinho, em 2017, gravado pouco antes de sofrer o AVC.

Arlindo Cruz em carro alegórico da Império Serrano, durante desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro no carnaval de 2023. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Arlindo Cruz em carro alegórico da Império Serrano, durante desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro no carnaval de 2023. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Ele foi apelidado de “o sambista perfeito” por amigos e admiradores, em referência a uma de suas composições, em parceria com Nei Lopes. O apelido virou o título da biografia do músico, escrita pelo jornalista Marcos Salles e publicada em junho deste ano.

Arlindo Cruz era candomblecista, filho de Xangô, e atuava contra a intolerância religiosa. Ele deixa esposa, Babi Cruz, e três filhos: Arlindinho, Flora e Kauan.

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Banda mineira trouxe show inédito para a capital paulista com mistura de sentimentos e surpresas
por
Giovanna Britto
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06/08/2025 - 12h

No último sábado (02) a banda Lagum se apresentou no Espaço Unimed com a turnê “As cores, as curvas e as dores do mundo”. Com ingressos esgotados, o espetáculo contou com todas as músicas do novo álbum, que dá nome à  apresentação, e com diversos outros hits do grupo, como “Deixa”, “Oi”, “Ninguém me ensinou” e “Bem melhor”.

Banda Lagum no palco do Espaço Unimed
Banda Lagum durante show no Espaço Unimed. Foto: Reprodução/Instagram/@lagum

O quinto disco, lançado em maio de 2025, teve uma recepção calorosa pelos fãs e gerou expectativas em torno da subida de Pedro, Chico, Jorge e Zani ao palco. Cada momento do show condiz com a proposta da nova fase da banda: questionar o mundo moderno, ao mesmo tempo em que aproveita o momento e enxerga a beleza no cotidiano.

Em entrevista à AGEMT, Pedro Calais, o vocalista, comenta sobre a experiência: “A vida é agora, a gente só tem essa chance de viver e não vamos nos privar de fazer uma coisa maneira, de estar com as pessoas que querem o nosso bem e pessoas que queremos o bem, como nossos fãs”.

O pré-show já exalava a energia do que estava por vir, com uma setlist, que ia de Charlie Brown Jr. até Jão. Com a entrada marcada para às 22:30, o grupo manteve a exaltação do público com “Eterno Agora”, “Dançando no escuro” e “Universo de coisas que desconheço”, a última em parceria com a dupla AnaVitória, presente na plateia para apoiar os amigos. 

Atenciosos, os músicos estavam atentos ao bem-estar do público e parando as canções para pedir ajuda aos socorristas quando necessário. Os momentos de conexão foram compostos de falas com piadas internas entre a fanbase - como a ausência do hit queridinho dos fãs “Fifa” - até ao chá revelação de Chico, baixista, que espera uma menina com a esposa e influenciadora Marina Gomes.

Baixista Chico falando ao microfone enquanto coloca a mão na barriga da sua esposa grávida Marina
Foto: Reprodução/Instagram/@portallagum

 

Pedro também comentou sobre essa relação cada vez mais próxima entre os fãs: “De uma hora pra outra, a gente começou a ser visto como artista, como alguém importante. Essa quebra de mostrar para as pessoas que o que a gente tá fazendo é pela essência, é pelo produto musical em si, vai total de encontro com o nosso conceito. É descer um pouco dessa coisa da cabeça de, ‘pô, tamo querendo fazer isso aqui pra tá aqui em cima’, sabe? Vai bem de encontro com o que a gente tá propondo”.

O momento mais esperado da noite foi com a penúltima música “A cidade”, terceira faixa do novo álbum, que viralizou  no TikTok com pessoas retratando perdas e saudades de entes queridos. A emoção tomou conta do público, que cantava e chorava por todo o Espaço.

Visão ampla do palco, telões e plateia no espaço Unimed
Visão do fundo na plateia com Pedro interagindo no microfone. Foto: AGEMT/Giovanna Britto

 

Algumas canções, como “Tô de olho”, possuem sonoridades diferentes das gravações divulgadas nas plataformas digitais. Isso complementa a sensação de estar presenciando algo especial, pensado com carinho e a dedo.  Esses aspectos reafirmam mais uma vez a intenção do grupo de fazer com que as pessoas se conectem com o agora, vivenciando momentos marcantes e de forma original.

O show, sem dúvida, é uma experiência emocional e musical única. A escolha das performances e timbres é preparada exclusivamente para cada noite e cidade, de forma a impactar e proporcionar um momento sensorial muito mais imersivo. A Lagum volta à cidade de São Paulo no dia 3 de outubro para uma data extra devido à grande procura de ingressos.

Painel fotográfico com a divulgação da turnê "As cores, as curvas e as dores do mundo" e patrocínios do show.
Painel de divulgação da turnê para tirar fotos. Foto: AGEMT/Giovanna Britto

 

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Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
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Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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O Memorial de Resistência expõe a, às vezes esquecida, força feminina no período da Ditadura Civil-Militar brasileira
por
Julia Naspolini
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23/04/2024 - 12h

Localizado no centro de São Paulo, o Memorial da Resistência, conta com uma exposição temporária sobre a participação de mulheres na oposição do regime militar que comandou o Brasil por 21 anos. Em busca de valorizar e honrar a memória e a luta de jovens como Inês Etienne Romeu, Beatriz Nascimento e Laudelina de Campos Mello, são exibidos depoimentos, imagens e documentos que ilustram a participação delas. 

De 1964 a 1985, muitas artistas se destacaram por se posicionarem contra a violência do sistema, como por exemplo, as legendárias, Elis Regina e Rita Lee. Mas, além delas várias outras mulheres foram oposição de outras formas e merecem ser lembradas também, um grande exemplo é Inês Etienne Romeu.  

Foto em reto e branco de Inês Etienne sentada durante julgamento olhando pro lado
Inês Etienne durante julgamento. Foto: AGÊNCIA O GLOBO/ARQUIVO reprodução 

 

Nascida em Minhas Gerais em 1942, Inês participou de grupos de guerrilha como Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) e Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop).  Em maio de 1971, a mineira foi presa acusada de participar do sequestro de Giovanni Bucher, embaixador suíço; e levada para Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) onde foi torturada.  

Depois de um breve tempo, Inês foi para a chamada Casa da Morte – um espaço clandestino de tortura localizado em Petrópolis, RJ – onde passou 72 dias. Com apenas 29 anos, foi estuprada duas vezes, submetida a choques elétricos, tortura psicológica e diversos tipos de humilhação, como limpar a cozinha nua.  

 

Maquete em preto e branco da Casa da Morte. A representação mostra a casa e seu terreno com árvores; além de morros atrás dela , já que a casa ficava na serra do Rio de Janeiro.
Imagem da maquete Casa da Morte no Memorial da Resistência. Foto: Julia Naspolini    

 

A guerrilheira foi a única sobrevivente da Casa da Morte, e razão pela qual a conhecemos hoje.  

A história de Inês é exposta, no Memorial, com fotos, ilustrações, depoimentos e uma mostra do filme que conta seu tempo na Casa da Morte, deixando claro os horrores cometidos durante a Ditadura.  

Letícia Falaschi, aluna de jornalismo da PUC-SP, afirma que a parte mais impactante de sua visita foi a parte de Inês. “Sai de lá muito tocada, muito sensível. Particularmente, a parte da Inês, a exposição dela me tocou muito, foi muito forte. Os depoimentos, o documentário da Inês e os registros em carta foram os que mais mexeram comigo”  

Letícia ainda comentou que “Por não ter acesso na escola, conheci muitas mulheres que fizeram parte da Resistência que eu não conhecia, como a Leslie Denise Beloque a Inês”. 

A exposição está no Memorial da Resistência, a entrada é gratuita e estará aberta até 28 de julho de 2024.  

 

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As lutas pela defesa da liberdade e da democracia em uma época totalitária e violenta e os impactos na contemporaneidade na Pontifícia Universidade Católica
por
Juliana Salomão
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23/04/2024 - 12h

O Memorial da Resistência, localizado no Centro de São Paulo, é dedicado à memória da Ditadura Civil-Militar, onde muitos presos políticos foram detidos sob o autoritarismo imposto, afetando e prendendo pessoas que faziam parte, principalmente, à imprensa e à educação. Com várias exibições presentes, a PUC-SP é uma das instituições que está promovendo uma nova exposição que destaca os espaços de memória em um dos locais culturais mais relevantes da capital paulista. 

Durante a ditadura, o jornalismo foi impactado brutalmente, sendo alvo da censura, tirando o que há de mais importante nesta profissão: a liberdade de expressão. Na educação, não foi diferente; a censura chegou a níveis de exclusão de materiais didáticos, como livros. Na mostra, a universidade revela formas de tentar driblar o totalitarismo imposto pelo governo, e o professor de jornalismo, Fábio Cypriano, comenta: “Boa parte de resistência à ditadura aconteceu na PUC de São Paulo. Essa exposição, ela fala sobre isso, então, nós organizamos a mostra em cinco módulos.” 

Dividida em cinco módulos, uma seção inclui o papel de abrigar professores expulsos ou demitidos de outras instituições, como Florestan Fernandes e Paulo Freire. A outra parte da exposição é dedicada à Comissão da Verdade, que foi estabelecida para investigar o que aconteceu na universidade durante essa época, incluindo a homenagem para cinco alunos que eram da PUC e foram mortos. Um dos espaços mais importantes que é o teatro TUCA, que é um local de luta eterna, também é uma pauta importante discutida na exibição em relação a memória. O último módulo é dedicado à “Defesa radical da democracia” e inclui iniciativas como o "Tribunal do Idiota", que abordou o que aconteceu no país durante a pandemia. 

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Módulo da exposição da PUC-SP (Reprodução: Juliana Salomão)

Em relação a essa exposição e a comemoração de 60 anos de resistência democráticas (1964-2024), Hélio Campos, editor da revista ‘Isto é’ e fotógrafo, conta um pouco mais sobre as mobilizações feita na PUC-SP e como isso afetou e marcou os dias atuais: “Os estudantes começaram a se organizar, a se mobilizar; a gritar abaixo a ditadura; a sair às ruas, porque o governo já estava fragilizado com pouco sucesso em termos econômicos e com muita tortura [...] Muita coisa justifica o que estamos vendo aqui!”, assim apresenta a importância desse espaço que é a universidade e o poder dos movimentos estudantis.

O editor conta como era o seu dia a dia e como lidava com a censura, os riscos que corria, as perseguições e a violências que sofria: “Eu trabalhava na revista ‘Isto é’.  A ‘Isto é’ era uma divergência da ‘Veja’ — apoiava a ditadura. Nesta época, o que eu mais cobria era estudantes e metalúrgicas”, destacando que Campos fazia registros de grupos considerados revoltosos, que eram presos no DOPS, onde eram submetidos à tortura, e em muitos casos, faleciam.

O DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) foi um órgão fundamental e violento durante esse período, no qual eles decretaram crimes de ordem pública e social relacionados à prática de capoeira, a manifestações religiosas afro-brasileiras e ao combate de movimentos de esquerda no país. Torturas, execuções e prisões ilegais eram extremamente presentes. Atualmente, é um prédio de pesquisa sobre esse período e fica localizado no Memorial da Resistência, sendo um dos principais locais de visita. O aluno de jornalismo, Wildner Felix, expressou: “Não tinha muito conhecimento sobre a época da Ditadura e como foi. Eu achei que foi muito incrível, as fotografias, a organização. Ficou muito lindo e eu pretendo ir de novo.”  

Para a instituição católica, a defesa da liberdade e da democracia é uma pauta que é recorrente e permeia a todos pertencentes dessa comunidade, não só por sua história dos impactos e confrontos nessa época totalitária, mas como se posiciona até os dias de hoje, como filantrópica e comunitária. 

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As marcas da Ditadura evidenciam a violência enraizada no Brasil
por
Beatriz Lima
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23/04/2024 - 12h

O Memorial da resistência surgiu com intuito de retratar e sensibilizar a sociedade brasileira em relação ao Período Ditatorial no Brasil. Veio como forma de eternizar as causas e lutas dos grupos oprimidos e preservar a memória do Golpe Militar no Brasil, revelando as diversas violações de Direitos Humanos que aconteciam corriqueiramente durante o período. 

 O museu abriga também a Estação Pinacoteca e ocupa o espaço do antigo DEOPS (Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo), órgão público de repressão social, e, por isso, conta com um vasto acervo material ao estudo da História. 

Antigo prédio do DEOPS, que mais tarde se transformou no Memorial da Resistência. Acervo fotográfico do Museu da Cidade de São Paulo.
Antigo prédio do DEOPS, que mais tarde se transformou no Memorial da Resistência. Acervo fotográfico do Museu da Cidade de São Paulo.

O espaço passou por obras de revitalização antes de sua inauguração em 2009, de modo que seu espaço retratasse o máximo possível do que ocorria naquele espaço durante o Regime Ditatorial. O memorial dispõe de exposições fixas do próprio espaço físico e também exposições itinerantes focadas na memória da Ditadura. 

Seu acervo conta com celas de presos políticos reconstituídas como as da época, trazendo uma reflexão profunda sobre as consequências do poder na mão dos militares.  

 “Ao entrar nas celas senti uma atmosfera pesada se formando. O peso da história daquele lugar me deixou emocionado e também incomodado, sabendo de tudo de terrível que aconteceu. Ao ler os relatos nas paredes tudo ficou ainda mais intenso, o desconforto e a inquietação de saber que aqueles escritos são reais.”, diz um Vitor Nhoatto, aluno universitário que visitou a exposição. 

 Antigamente, o espaço era um dos principais centros de tortura na cidade de São Paulo e, com isso, a Instituição torna evidente a extrema violência militar com aqueles que não compartilhassem de seus mesmos ideais. 

O aluno diz ainda sobre suas interpretações em relação política a tudo que é exposto no Memorial. “Devido a todos os elementos do espaço, como as cartas, os vídeos, as fotos e os objetos nas celas, com certeza a exposição tinha como foco dar uma dimensão de como o período ditatorial foi horrível e violento. A linha do tempo na sala ao lado das celas também destaca algumas ações do período, como o AI-2 e o AI-5, frisando toda a repressão militar. E principalmente, as imagens de algumas manifestações reforçavam a censura e violência da época.” 

Esse método de controle por meio da força visto na Ditadura, traça um paralelo com a tragédia de 1992, na Casa de Detenção de São Paulo localizado no bairro Carandiru. O Massacre do Carandiru foi um caso que chocou o país, visto que a reação violenta dos policiais militares como forma de controle dentro do presídio resultou em 111 mortos e 110 feridos. 

Carandiru cercado de policiais após o episódio do “Massacre do Carandiru” no dia 02/10/1992. Crédito: Itamar Miranda. Arquivo Estadão
Carandiru cercado de policiais após o episódio do “Massacre do Carandiru” no dia 02/10/1992. Crédito: Itamar Miranda. Arquivo Estadão.

Esse acontecimento mostra que, assim como na Ditadura, as forças militares sempre procuram maneiras de dominar a sociedade brasileira, mostrando que a preservação da memória da ditadura é de extrema importância para impedir um novo Golpe Militar na República brasileira.  

“O local é como um farol para que a gente se lembre sempre do terror da época.”, conclui o estudante. 

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A escola e companhia de dança realizou sua primeira visita monitorada do ano.
por
Camila Bucoff
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23/04/2024 - 12h

No dia 12 de abril, a academia abriu as portas para que os visitantes pudessem conhecer o espaço e a história do Ballet. A experiência, guiada por Monica Tarragó, diretora e fundadora da instituição, também contou com uma apresentação da recém-formada companhia e uma roda de conversa com os bailarinos. 

A sede de três andares, localizada em Paraisópolis, Zona Sul de São Paulo, é berço de grande potencial artístico. Com várias paredes pintadas por artistas famosos, como Kobra e Mena, e mais de 200 bailarinos uniformizados, a escola se tornou um ponto de arte, cor e cultura na região. 

Figurinos expostos no segundo andar. Foto: Isabella Ogassavara/Arquivo pessoal
Figurinos expostos no segundo andar. Foto: Isabella Ogassavara/ Arquivo pessoal
Paraisópolis vista do terceiro andar. Foto: Isabella Ogassavara /Arquivo pessoal
Paraisópolis vista do terceiro andar. Foto: Isabella Ogassavara/ Arquivo pessoal

A formação dos bailarinos é totalmente gratuita e aberta para o público, porém, como o limite de vagas já foi excedido, existe uma lista de espera que conta com mais de 2000 jovens interessados. Sábado 6/4, 70 novas crianças ingressaram na academia. Sob essa ótica de inclusão, existe um comprometimento da atual diretora em tornar o espaço acessível em todos os sentidos: os três andares possuem mapas táteis para os alunos portadores de deficiência visual e o próximo passo será a instalação de elevadores.

A formação básica é de 10 anos e consiste em 3 aulas por semana, com 60 minutos diários, que exploram as mais variadas expressões artísticas, desde o ballet clássico, contemporâneo, até a história da dança. Para as crianças mais dedicadas, há uma pequena turma de 15 estudantes entre 8/10 anos, chamada de “infantil”, que é ainda mais intensiva e preparatória para a carreira na arte. Durante a visita, a fundadora revelou que o Ballet busca, ao máximo, dar as condições necessárias aos alunos para que eles, com força de vontade e persistência, tornem o desejo de dançar uma realidade.

Por ser uma instituição sem fins lucrativos, o Ballet Paraisópolis é patrocinado por algumas empresas privadas e financiado por projetos de incentivo governamental, além de doações. Contudo, todos os funcionários são remunerados, assim como os bailarinos da companhia, que embora tenha sido fundada em 2022, só foi oficializada no mês passado, representando um passo importante para a profissionalização e reconhecimento dos artistas. As obras "Grand Pas de Deux de Don Quixote", montado por Weverton Aguiar, e "Véspera", por Christian Casarin, marcaram o lançamento. 

Além disso, os 18 integrantes da cia recebem bolsa para formação no ensino superior, direcionamento nutricional e assistência fisioterapêutica. Logo, o cuidado com o bailarino vai desde o início de sua formação até sua atuação profissional. Entre os dançarinos presentes durante a visita, oito já eram da escola, enquanto os sete, que vieram de fora, tiveram que passar por uma audição antes de serem contratados.

Visitantes e companhia após apresentação e roda de conversa. Foto: Reprodução/Instagram/@balletdeparaisópolis
Visitantes e companhia após apresentação e roda de conversa. Foto: Reprodução/Instagram/@balletparaisopolis

Por fim, a organização interna da academia incentiva um senso de comunidade entre os estudantes. A limpeza das áreas de convivência e dos banheiros é de responsabilidade da companhia, que influencia os mais novos a seguirem seu exemplo. Outro hábito dos bailarinos é oferecer auxílio aos professores, mantendo a sala organizada durante as aulas, e à coordenação, colaborando com ideias de marketing, sugestões e levantando demandas dos dançarinos. 

Para além da beleza da sede, ela traz visibilidade à região, oportunidade de acesso à cultura e à arte, e com isso, um desenvolvimento social significativo. Nesse sentido, a sensação de coletividade extrapola a infraestrutura do Ballet e contamina Paraisópolis. Em junho de 2021, a instituição recebeu o título de “Ponto de Cultura do Ministério da Cidadania”, e em outubro, o “Selo Municipal de Direitos Humanos e Diversidade”.

Ainda sem previsão da próxima visita, é indicado acompanhar as páginas do Ballet nas redes sociais para outras oportunidades. 


 

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Evento gratuito de música no Parque Villa Lobos traz grandes atrações e anima o fim de semana dos paulistanos
por
Beatriz Yamamoto
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17/04/2024 - 12h

No último fim de semana (13/4), São Paulo recebeu a 8ª edição do Festival BB Seguros de Blues e Jazz. Patrocinado pela Lei de incentivo à cultura, o festival proporcionou shows gratuitos ao ar livre, reunindo grandes músicos nacionais e internacionais. As apresentações aconteceram na Ilha Musical do Parque Villa-Lobos, em São Paulo, proporcionando ao público a oportunidade de desfrutar de boa música em meio aos espaços verdes urbanos da cidade.

Os espectadores trouxeram cangas, fizeram piqueniques e desfrutaram do evento, imersos em músicas no ambiente descontraído. Para as crianças, pintura facial, oficina de desenho e malabares.

O primeiro show foi do Monk's Dream Jazz Group, um quarteto em homenagem a um dos maiores pianistas e compositores do jazz moderno, Thelonious Monk.

Show do Monk's Street Festival BB Seguros de Blues e Jazz/Foto: Beatriz Yamamoto
Show do Monk's Dream Jazz Group no Festival BB Seguros de Blues e Jazz/Foto: Beatriz Yamamoto

Durante os intervalos, a Orleans Street Jazz Band alegrava o público, trazendo a energia das ruas de Nova Orleans com músicas conhecidas do jazz.

Em seguida, a banda Bixiga 70, assim chamada por ter nascido no número 70 da Rua Treze de Maio, no bairro do Bixiga, misturou elementos da música africana, afrobeat, brasileira, latina e jazz. Houve muita animação, e ainda tocaram músicas do “Rei do Baião” Luiz Gonzaga.

Durante o outro intervalo, a Orleans Street Jazz Band tocou mais músicas, incluindo composições de Jorge Ben e Tim Maia, deixando o público ainda mais animado.

 

Orleans Street Jazz Band no Festival BB Seguros de Blues e Jazz/Foto: Beatriz Yamamoto
Orleans Street Jazz Band no Festival BB Seguros de Blues e Jazz/Foto: Beatriz Yamamoto

 

Como já é tradição no festival, o show especial do grupo O Bando Rock & Blues fez o público vibrar e cantar junto músicas icônicas que marcaram a história entre esses dois estilos.

Em seguida, Renato Borghetti, entrou no ritmo gaúcho com seu acordeão e seus músicos, incluindo seu flautista que deu um show ao interpretar "Asa Branca". Foi uma experiência emocionante, com o gramado totalmente tomado pelos amantes da música.

O mais aguardado, um dos maiores nomes do blues e jazz nacional e internacional, era o renomado trompetista cubano Arturo Sandoval, vencedor de dez prêmios Grammy. A verdadeira lenda do jazz e sua banda subiram ao palco depois da apresentação de Borghetti. Inspirado por grandes nomes do jazz como Charlie Parker e Dizzy Gillespie, Sandoval proporcionou um show único e bem-humorado, trazendo elementos da cultura cubana. O trompetista e sua banda impressionaram o público, tornando o espetáculo verdadeiramente inesquecível.

 

Show de Arturo Sandoval no Festival BB Seguros de Blues e Jazz/Foto: Beatriz Yamamoto
Show de Arturo Sandoval no Festival BB Seguros de Blues e Jazz/Foto: Beatriz Yamamoto

 

Show de Alabama Mike no Festival BB Seguros de Blues e Jazz/Foto: Beatriz Yamamoto
Show de Alabama Mike no Festival BB Seguros de Blues e Jazz/Foto: Beatriz Yamamoto

O público permaneceu em qualquer clima. À medida que a noite caía e a garoa típica de São Paulo começava, a multidão continuava animada para o último show, protagonizado por Alabama Mike, o bluesman americano que encerrou o evento.

Além de São Paulo, o festival também acontece em Brasília (20/4) e Recife (18/5), ampliando seu alcance e impacto cultural em todo o país. Em cada cidade, o evento reafirma sua missão de democratizar o acesso à cultura e à música de qualidade, oferecendo ao público a oportunidade única de vivenciar performances que normalmente estariam confinadas a espaços mais restritos e exclusivos.

O festival se despede de mais um ano de sucesso e os espectadores já aguardam ansiosamente pelo próximo encontro com a magia do blues e jazz.

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