Do pastelzinho com caldo de cana à hora da xepa, as feiras livres fazem parte do cotidiano paulista de domingo a domingo.
por
Manuela Dias
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29/11/2025 - 12h

Por décadas, São Paulo acorda cedo ao som de barracas sendo montadas, caminhões descarregando frutas e vendedores afinando o gogó para anunciar promoções. De norte a sul, as feiras livres desenham um dos cenários mais afetivos da vida paulistana. Não é apenas o lugar onde se compra comida fresca: é onde se conversa, se briga pelo preço, se prova um pedacinho de melancia e se encontra o vizinho que você só vê ali, entre uma dúzia de banana e um pé de alface.

Juca Alves, de 40 anos, conta que vende frutas há 28 anos na zona norte de São Paulo e brinca que o relógio dele funciona diferente. “Minha rotina é a mesma todos os dias. Meu dia começa quando a cidade ainda está dormindo. Se eu bobear, o morango acorda antes de mim”.

Nas bancas de comida, o pastel é rei. “Se não tiver barulho de óleo estalando e alguém gritando não tem graça”, afirma dona Sônia, pasteleira há 19 anos junto com o marido e filhos. “Minha família cresceu ao redor de panelas de óleo e montes de pastéis. E eu fico muito realizada com isso.  

Quando o relógio se aproxima do meio dia, começa o momento mais esperado por parte do público: a famosa xepa. É quando o preço cai e a disputa aumenta. Em uma cidade acelerada como São Paulo, a feira livre funciona como uma pausa afetiva, um lembrete de que existe vida fora do concreto. E enquanto houver paulistanos dispostos a acordar cedo por um pastel quentinho e uma conversa boa, as feiras continuarão firmes, coloridas, barulhentas e deliciosamente caóticas.

Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia.
Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas.
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas. Foto: Manuela Dias/AGEMT
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo.
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores.
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores. Foto: Manuela Dias/AGEMT

 

Apresentação exclusiva acontece no dia 7 de setembro, no Palco Mundo
por
Jalile Elias
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
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26/11/2025 - 12h

Elton John está de volta ao Brasil em uma única apresentação que promete marcar a edição de 2026 do Rock in Rio. O festival confirmou o britânico como atração principal do dia 7 de setembro, abrindo a divulgação do line-up com um dos nomes mais celebrados da música mundial.

A presença de Elton carrega um peso especial. Em 2023, o artista anunciou que deixaria as grandes turnês para ficar mais perto da família. Por isso, sua performance no Rock in Rio será a única na América Latina, transformando o show em um momento raro para os fãs de todo o continente.

Em um vídeo publicado na terça-feira (25) nas redes sociais, Elton John revelou o motivo para ter aceitado o convite de realizar o show em solo brasileiro. “A razão é que eu não vim ao Rio na turnê ‘Farewell Yellow Brick Road’, e eu senti que decepcionei muitos dos meus fãs brasileiros. Então, eu quero compensar isso”, explicou o britânico.

No mesmo dia de festival, outro grande nome da música sobe ao Palco Mundo: Gilberto Gil. Em clima de despedida com a turnê Tempo-Rei, que termina em março de 2026, o encontro dos dois artistas lendários torna a programação do festival ainda mais especial. 

Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Reprodução / Facebook Gilberto Gil)
Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Divulgação)

Além das atrações, o Rock in Rio prepara mudanças importantes na Cidade do Rock. O Palco Mundo, símbolo do festival, será completamente revestido de painéis de LED, somando 2.400 metros quadrados de tecnologia. A ideia é ampliar a imersão visual e criar novas possibilidades para os artistas.

A próxima edição também terá uma homenagem especial à Bossa Nova e um benefício pensado diretamente para o público, em que cada visitante poderá receber até 100% do valor do ingresso de volta em bônus, podendo ser usado em hotéis, gastronomia e experiências turísticas durante a estadia na cidade.

O Rock in Rio 2026 acontece nos dias 4, 5, 6, 7 e 11, 12 e 13 de setembro, no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro. A venda geral dos ingressos começa em 9 de dezembro, às 19h, enquanto membros do Rock in Rio Club terão acesso à pré-venda a partir do dia 4, no mesmo horário.

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A socialite continuou tendo sua moral julgada no tribunal, mesmo após ter sido assassinada pelo companheiro
por
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
Jalile Elias
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26/11/2025 - 12h
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz em nova série. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

Figurinha carimbada nas colunas sociais da época, Ângela Diniz virou capa das manchetes policiais após ser morta a tiros pelo então namorado, Doca Street. O feminicídio que marcou o país na década de 1970 ganha agora um novo olhar na série da HBO Ângela Diniz: Assassinada e Condenada.

Na produção, Marjorie Estiano interpreta a protagonista, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. O elenco ainda conta com Thelmo Fernandes, Maria Volpe, Renata Gaspar, Yara de Novaes e Tóia Ferraz.

Sob direção de Andrucha Waddington, a série se inspira no podcast A Praia dos Ossos, de Branca Viana. A obra, que leva o nome da praia onde o crime ocorreu, reconstrói não apenas o caso, mas também o apagamento em torno da própria vítima. Depoimentos de amigas de Ângela, silenciadas à época, servem como ponto de partida para revelar quem ela realmente era.

Seja pela beleza ou pela independência, a mineira chamava atenção por onde passava. Já os relatos sobre Doca eram marcados pelo ciúme obsessivo do empresário. O casal passava a véspera da virada de 1977 em Búzios quando, ao tentar pôr fim à relação, Ângela foi assassinada pelo companheiro.

Por dias, o criminoso permaneceu foragido, até que sua primeira aparição foi numa entrevista à televisão; logo depois, ele se entregou à polícia. Foram necessários mais de dois anos desde o assassinato para que Doca se sentasse no banco dos réus, num julgamento que se tornaria símbolo da luta contra a violência de gênero.

Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, , enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

As atitudes, roupas e relações de Ângela foram usadas pela defesa como supostas “provocações” que teriam motivado o crime. Foi nesse episódio que Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”.

Os advogados do réu recorreram à tese da “legítima defesa da honra” — proibida somente em 2023 pelo STF — numa tentativa de inocentá-lo. O argumento foi aceito pelo júri, e Doca recebeu pena de apenas dois anos de prisão, sentença que gerou revolta e fortaleceu movimentos feministas da época.

Sob forte pressão popular, um segundo julgamento foi realizado. Nele, Doca foi condenado a 15 anos, dos quais cumpriu cerca de três em regime fechado e dois em semiaberto. Em 2020, ele morreu aos 86 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.

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Exposição reúne obras que exploram o inconsciente e a natureza como caminhos simbólicos de cura
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KHADIJAH CALIL
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25/11/2025 - 12h

A Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, apresenta de 14 de novembro a 14 de dezembro de 2025 a exposição “Bosque Mítico: Katia Canton e a Cura pela Arte”, que reúne um conjunto expressivo de pinturas, desenhos, cerâmicas, tapeçarias e azulejos da artista, sob curadoria de Carlos Zibel e Antonio Carlos Cavalcanti Filho. A Fundação que sedia a mostra está localizada no imóvel conhecido como Casarão Branco do Boqueirão em Santos, um exemplar da época áurea do café no Brasil. 

Ao revisitar o bosque dos contos de fadas como metáfora de transformação interior, Katia Canton revela o processo criativo como gesto de cura, reconstrução e transcendência.
 

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       “Casinha amarela com laranja” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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                 “Chapeuzinho triste” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                 “O estrangeiro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.         
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                                                            “Menina e pássaro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                     “Duas casinhas numa ilha” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                             “Os sete gatinhos” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                                         “Floresta” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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Festival celebra os três anos de existência com homenagem ao pensamento de Frantz Fanon e a imaginação radical da cultura periférica
por
Marcela Rocha
Jalile Elias
Isabelle Maieru
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25/11/2025 - 12h

Reconhecido como um dos principais espaços da cultura periférica em São Paulo, o Museu das Favelas completa três anos de atividades no mês de novembro. Para comemorar, a instituição elaborou uma programação especial gratuita que combina memória, arte periférica e reflexão crítica.

Segundo o governo do Estado, o Museu das Favelas já recebeu mais de 100 mil visitantes desde sua fundação em 2022. Localizado no Pátio do Colégio, a abertura da agenda de aniversário ocorre nesta terça-feira (25) com a mostra “ImaginaÇÃO Radical: 100 anos de Frantz Fanon”, dedicada ao médico e filósofo político martinicano.

Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autor de “Os condenados da terra” e “Pele negra, máscaras brancas”, Fanon contribuiu para a análise dos efeitos psicológicos do colonialismo, considerando algumas abordagens da psiquiatria e psicologia ineficazes para o tratamento de pessoas racializadas. A exposição em sua homenagem ficará em cartaz até 24 de maio de 2026.

Ainda nos dias 25 e 26 deste mês, o festival oferecerá o ciclo “Papo Reto” com debates entre intelectuais francófonos e brasileiros, em parceria com o Instituto Francês e a Festa Literária das Periferias (Flup). A programação continua no dia 27 com a visita "Abrindo Fluxos da Imaginação Radical”. 

Em 28 de novembro, o projeto “Baile tá On!” promove uma conversa com o artista JXNV$. Já no dia 29, será inaugurada a sala expositiva “Esperançar”, que apresenta arte e tecnologia como forma de mapear territórios periféricos.

O encerramento do festival será no dia 30 de novembro com a programação “Favela é Giro”, que ocupa o Largo Pátio do Colégio com DJs e performances culturais.

 

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A cantora solidificou seu status de referência pop com shows no Brasil e ao redor do mundo na era brat
por
Pedro da Silva Menezes
Natália Matvyenko
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25/06/2024 - 12h

Na noite de sábado (22) Charli XCX trouxe ao Brasil a “Partygirl”, festa em que ela toca suas músicas como DJ. Ela transformou todo o público da Zig Studio em verdadeiras “garotas de festa”. Apesar de não exercer seu principal ofício durante o evento, a cantora contaminou a todos com a aura do seu último lançamento “brat” durante seu set. A festa foi como se a música “Club Classics” tomasse forma na vida real. XCX recrutou artistas internacionais e brasileiros  para preencher a timetable (tabela de horários) e todas as escolhas foram certeiras mostrando que a britânica entende quem é sua audiência.

Alex Chapman e Charli xcx tocando juntos.
Alex Chapman e Charli XCX tocando juntos. FOTO: Reprodução/Gustavo Vieira

Embora a artista seja capaz de realizar uma performance para um público maior que 1000 pessoas, a limitação do local pareceu ideal para evocar um boiler room, em que DJs e músicos tocam sets exclusivos em espaços pequenos e descontraídos, mergulhando os fãs na atmosfera eletrônica do álbum. A noite iniciou com Fuso que fez jus ao seu nome ao fundir referências internacionais eletrônicas com as brasileiras, caminho também traçado pelo duo Cyberkills e Mia Badgyal. Alex Chapman foi outra atração internacional da noite e foi enquanto ele tocava que Charli chegou energizando o público que vibrou com sua presença. A partir desse momento ela permaneceu no palco por mais de duas horas tocando sozinha e sets b2b (‘back-to-back’ performance em que dois DJs tocam juntos) mesmo que o cronograma divulgado horas antes da apresentação mostrasse que ela tocaria por apenas 30 minutos.

Charli xcx estendendo bandeira do Brasil com o nome do seu último álbum.
Charli xcx estendendo bandeira do Brasil com o nome do seu último álbum. Foto: Pedro Menezes

A britânica tocou pela primeira vez o remix “The girl, so confusing version with lorde” (‘girl, so confusing’ versão com Lorde) que apesar de ter sido lançado dois dias antes do evento, todos os fãs sabiam o versos por completo. A faixa que aparentemente era uma diss track (música com intuito criticar e/ou insultar uma outra figura pública ou anônima) para Lorde, ganhou a participação surpresa da própria cantora. Em versos como “Porque as pessoas dizem que nós nos parecemos / Elas dizem que temos o mesmo cabelo / Um dia talvez nós faremos umas músicas” as artistas remontam um antigo conflito envolvendo a suposta rivalidade que os fãs e a mídia questionavam.

As cantoras atingiram a popularidade ao mesmo tempo em 2013, ambas eram constantemente comparadas por terem cabelos e estilos parecidos, ao ponto de uma jornalista confundir Charli com Lorde em uma entrevista, a cantora por sua vez entrou na brincadeira e fingiu ser a colega de indústria na ocasião. Em uma entrevista à Rolling Stone em maio deste ano, Charli admitiu ter tido inveja do sucesso estrondoso de Lorde com o hit Royals, falou sobre como era difícil ser uma mulher na indústria da música e todas as adversidades que vinham na bagagem. Após o lançamento, a internet realmente foi à loucura (como elas mesmas mencionam na música), os fãs fizeram memes e filmaram suas reações ouvindo as antigas rivais colaborando em uma nova música do álbum da Charli.

No caminho para zig era perceptível estar indo assistir a cantora, a maioria estava de verde “brat” ou com roupas que faziam referência à era, como o mural que Charli usou para divulgar uma nova versão do álbum. O mural foi usado como estratégia de marketing, sendo pintado e transmitido ao vivo na rede social Tik Tok da cantora com pistas de seu álbum. Em uma dessas lives dias atrás a frase "brat and it’s the same but there’s three more songs so it’s not” (em tradução livre “brat é o mesmo, porém tem mais 3 músicas, então não é”) revelando que um novo álbum com remixes seria lançado, 11 dias depois, a maioria das letras foram pintadas de branco deixando o nome Lorde escrito, o que levou os fãs a especularem se as duas lançariam uma colaboração, o que se consolidou. 

Mural de divulgação do álbum “brat” em live no TikTok.
Mural de divulgação do álbum “Brat” em live no TikTok. Foto: Reprodução/Charli XCX

Assim que Charli entrou no palco muitos tentaram puxar o grito a “Taylor morreu”, em alusão a um meme do X/Twitter que continha um gif das participantes do reality show nacional de drag queens Glitter com essa legenda, o que não agradou a base de fãs da cantora Taylor Swift e nem a própria Charli que postou um comunicado em seu Instagram para que parassem com brincadeiras do tipo, pois não é o tipo de mensagem que ela quer passar em seus shows e músicas. Alguns apontam que a música “Sympathy is a Knife”, do “brat”, é para Swift, será que podemos esperar outro remix de reconciliação?

A habilidade de Charli XCX como cantora, produtora e compositora é indiscutível, contudo ela ainda tropeça quando o assunto é dominar a mesa de DJ. Gabriel Diniz, da dupla Cyberkills que dividiu palco com a artista disse no X/Twitter: “Ela estava super nervosa. Tem a ver com o fato dela estar aprendendo a discotecar”. Isso comprova que a verdadeira qualidade de XCX é conectar-se profundamente com seus fãs, afinal a cada cigarro que ela acendia toda plateia gritava. A “Partygirl” proporcionou uma experiência inesquecível e a tornou um dos nomes mais interessantes da atualidade. A despreocupação de seguir fórmulas que a cantora tem demonstram que elas não garantem sucesso e sim a ousadia de ser diferente.

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Em discurso na Academia Brasileira de Letras, a escritora homenageou Lima Barreto, com reflexões e críticas sociais
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Beatriz Brascioli
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25/06/2024 - 12h

A historiadora e antropóloga, Lilia Moritz Schwarcz,  tomou posse no dia 14 de junho da cadeira número 9, após a morte do diplomata e também historiador, Alberto Costa e Silva, em novembro de 2023, considerado por ela um “segundo pai”.

 

"Foi Alberto da Costa e Silva quem me levou pela mão para muitos lugares e, de certa maneira, para essa Cadeira [...] Ele que era, para mim, uma espécie de pai ancestral. Foram quase 30 anos preenchidos com uma intensa troca de cartas, reuniões, almoços, projetos, viagens e telefonemas semanais. Tudo que alimenta uma amizade, regada para durar.” Relata a escritora.

 

Quem é Lilia Schwarcz?

Lilia Moritz Schwarcz, 66, é formada pela Universidade de São Paulo (USP) no curso de Ciências Sociais e tem mestrado e doutorado em antropologia. Hoje é professora titular no Departamento de Antropologia da USP e leciona como visitante da Universidade de Princeton, Nova Jersey, Estados Unidos. Lilia é autora de mais de 30 livros, com traduções para outros idiomas e vencedora de dois Prêmios Jabuti pelas obras “As Barbas do Imperador” e “A Enciclopédia Negra”. 

Super engajada nas redes sociais, ela faz publicações no Instagram sobre as notícias, sempre trazendo informações e história com muita reflexão. Tem também um podcast chamado “Oi, Gente”, onde traz semanalmente análises e opiniões.  Lilia, junto de seu marido Luiz Schwarcz, fundaram a editora Companhia de Letras, com foco inicial em literatura e ciências humanas e hoje sendo a maior editora do país. 

Cerimônia: 

A imortal Rosiska Darcy de Oliveira, foi responsável pelo discurso de apresentação de Schwarcz. Em sua fala, disse que Lilia “é uma paulistana de pele branca, é uma grande intelectual presente na luta antiracial”. O colar, parte da cerimônia, foi entregue pelo ex-chanceler Celso Lafer. 

O evento aconteceu no Palácio Petit Trianon, sede da academia das letras localizada no centro do Rio de Janeiro. Entre os presentes estavam o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, a ministra do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia.  

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Acadêmicos celebram a chegada de Lilia Schwarcz na Academia Brasileira de Letra. Foto: ABL/Reprodução

A votação para escolher quem iria suceder a cadeira número 9 aconteceu em março de 2024 e Schwarcz foi eleita com 24 dos 38 acadêmicos. A primeira mulher a tomar posse foi a escritora moderna Rachel de Queiroz. Agora, a professora se torna a 11ª mulher a fazer parte da acadêmica. Atualmente, dentre os 40 imortais, contam apenas com 5 mulheres - Fernanda Montenegro, Rosiska Darcy de Oliveira, Ana Maria Machado, Heloisa Teixeira e a recém chegada Lilia Schwarcz. 

"As instituições públicas e privadas têm o papel de encampar lutas da sociedade brasileira. Uma luta muito forte é pela diferença. Entro na ABL no momento em que a Academia dá vários sinais de abertura para as populações negras que são maioria, mas minorizadas na representação, abertura para a população LGBTQIA +, para indígenas, para mulheres" disse a antropóloga em seu discurso de posse.

Seguindo a fala, Lilia homenageou o escritor Lima Barreto, que tentou entrar na academia três vezes e não conseguiu:

 "Lima Barreto tentou três vezes entrar na Academia e desistiu. Depois, dois de seus biógrafos, Francisco de Assis Barbosa e eu mesma, aqui estamos. Penso que não será coincidência, tampouco, sermos brancos. Em mais cem anos de República não conseguimos modificar as desigualdades que interseccionam."

Ela continua sua reflexão voltada ao seu papel na academia: “A biografia que escrevi sobre ele, e que intitulei ‘Lima Barreto triste visionário’, de alguma maneira sedimenta uma trajetória de estudos voltada a entender não só o fenômeno do racismo, a maior contradição nacional, como o papel da sociedade branca nesse perverso processo histórica [...] A maneira como a população negra, majoritária no país, é constantemente transformada em uma “maioria minorizada” na representação.”

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Thrash Metal: o estilo rebelde e o desejo de desafiar as normas estabelecidas
por
Beatriz Alencar
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25/06/2024 - 12h

A cultura underground é aquela que se opõe a cultura pop e as demais disseminadas pela grande mídia. Esse estilo influenciou e foi influenciado pelos movimentos góticos, new wave, rap e heavy metal. Incluindo todos esses, temos o Thrash Metal, caracterizado pelas notas brutas e rápidas.

Neste foto documentário, você poderá acompanhar ensaios de bandas de Thrash metal e Metal Punk.

A versão brasileira do sucesso dos anos 80 é uma ode à alegria e resiliência do universo drag
por |
25/06/2024 - 12h

No dia 7 de junho estreou em São Paulo a versão brasileira da peça musical “Priscilla - A Rainha do Deserto”. Em sua terceira semana de exibição, o musical tem sido um sucesso de bilheteria, embalado pelas participações dos atores Reynaldo Gianecchini e Diego Martins que vivem os personagens Athony “Tick” Belrose, e Adam Whiteley. Já as atrizes Verónica Valenttino e Wallie Ruy irão se revezar para interpretar o papel de Bernadette Bassenger.

Abertura Priscilla Rainha do Deserto
   Espetáculo está em cartaz de quinta a domingo         FOTO: Luiza Fernandes /Divulgação / AGEMT

Sob a direção de Mariano Detry, o espetáculo é baseado no filme de 1994 de Stephan Elliott. A trama gira em torno de duas drag queens e uma mulher transexual, que são contratadas para realizar um show no meio do deserto australiano. Para chegar ao local, elas embarcam no ônibus chamado Priscilla e enfrentam inúmeros desafios e aventuras ao longo da jornada. A aceitação e o peso da homofobia na vida das personagens é tema durante todo o espetáculo e ganha destaque com o drama vivido pelo personagem de Gianecchini, que precisa lidar com a dificuldade de ser aceito por seu filho de 6 anos, Benjamin.

Priscilla é acima de tudo, uma representação da alegria e da importância da cultura LGBTQIA+. A peça consegue transportar o público para o vibrante e potente universo drag queen. Através de cenários e figurinos marcantes, o público é embalado por coreografias energéticas e uma trilha sonora repleta de hits como “I Will Survive” e “True Colors”, que trazem emoção a cada cena.

O equilíbrio entre humor e momentos de vulnerabilidade é possível por conta da atuação dos protagonistas. Diego Martins e Verônica Valenttino entregam performances intensas e, ao mesmo tempo, super divertidas e apaixonantes. Reynaldo Gianecchini também impressiona ao dar vida a Mitzi Mitosis e entregar ao público uma versão de si até então pouco conhecida. 

Priscilla Rainha do Deserto
Atores são ponto alto da peça e criam ambiente imersivo 
      FOTO: Luiza Fernandes /Divulgação / AGEMT

"Priscilla - A Rainha do Deserto”  segue em cartaz no Teatro Bradesco, localizado em na Rua Palestra, número 500, até setembro com sessões de quinta a domingo. O convite é para a celebração da diversidade e resiliência da comunidade LGBTQIAP+. Para saber mais informações acesse o site (clique aqui) 

 

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Dia 19 de junho homenageia o ítalo-brasileiro Afonso Segreto, primeiro a registrar imagens aqui
por
Beatriz Alencar
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19/06/2024 - 12h

O cinema brasileiro completa 126 anos nesta quarta-feira (19). A cinematografia das telas nacionais começou em 1898, com o cinegrafista ítalo-brasileiro Affonso Segreto (1875-1919).

Considerado o pioneiro na área dos cineastas, a data homenageia o primeiro registro de imagens em movimento no território brasileiro, realizado por ele. A vista da entrada da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, a bordo do navio francês Brésil, foi o cenário para a primeira filmagem brasileira de Segreto.

No início, o cinema brasileiro contava apenas com pequenos cortes de cenas cotidianas, como visto em "Bailado de Crianças no Colégio, no Andaraí”, que ainda não continha som. O filme, dirigido por Vittorio Di Maio, é um curta do tipo documentário que mostra cenas de jovens dançando na escola, com um som que só eles tiveram a chance de ouvir.

O mundo das ficções chegou no início do século 20, baseado em crimes noticiados pela televisão, como "O crime da mala", de Francisco Serrador, em 1908. Porém, com a Primeira Guerra Mundial, o universo hollywoodiano dominou o mercado e produções norte-americanas aterrizavam no país sem burocracia, o que enfraqueceu os filmes locais.

O ano de 1909 foi marcado pela chegada dos filmes cantados. Mas não do tipo “High School Musical”: os atores ficavam atrás da tela dublando a si mesmos ao vivo.

O perrengue de trás das cortinas passou em 1929, quando "Acabaram-se os otários", de Luiz Barros, foi produzido. Mas não foi algo fácil de se desenvolver. Isso porque os equipamentos nacionais de filmagens e projeção sonora ainda não existiam no Brasil, teriam de ser construídos. Em apenas três meses de investimento e apoio de Tom Bill (ator e mecânico), José Del Picchia (cinegrafista) e das oficinas cinematográficas de Gustavo Zieglitz para a produção, os aparelhos para filmagem e exibição sonora, batizados de Sincrocinex, vieram ao mundo.

Apesar de já contar com tantos momentos, o primeiro grande estúdio do Brasil só foi surgir em 1930: o Cinédia, responsável pelo lançamento da insubstituível Carmem Miranda.

A partir de então, outros foram criados, como a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, que produziu o primeiro filme brasileiro ganhador do Festival de Cannes, na categoria aventura, com "O Cangaceiro",de Lima Barreto.

Contudo, a valorização do cinema nacional atual passa por dificuldades. Para Jane de Almeida, pesquisadora e curadora com especialização em psicologia e cinema, “o cinema brasileiro não consegue a projeção internacional devida. Ele é muito diverso, mas fica difícil ser compreendido com uma identidade aos olhos estrangeiros”, declarou.

Cinema Novo

Considerada a melhor época do cinema nacional para Jane, O Cinema Novo (1955-1970) foi quando a produção do país ficou reconhecida internacionalmente no meio intelectual, apesar de não obter sucesso de público. Esse movimento teve seu auge após a ditadura militar e, diferente do cinema tradicional, propunha trazer preocupações sociais enraizadas e visibilizadas após o golpe, na cultura brasileira.

 

Para apreciar ou conhecer o cinema brasileiro, as recomendações são “Amor, Sublime Amor (1961) ” e “O Paciente Inglês (1996) ”. Outras indicações de Jane passeiam por clássicos e contemporâneos. Faça sua pipoca e se prepare para a maratona:

• Limite (Mário Peixoto)
• São Paulo, Sinfonia da Metrópole (Adalberto Kemeny e Rudolf Lustig);
• Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha);
• Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade);
• Marcado Para Morrer (Eduardo Coutinho);
• Bye Bye Brasil (Cacá Diegues);
• Carandiru (Hector Babenco);
• O Som ao Redor (Kleber Mendonça Filho);
• O Invasor (Beto Brant);
• Bacurau (Kleber Mendonça Filho);
• Amor Divino (Gabriel Mascaro);
• Morcego Negro (Claisson Vidal).

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