Entenda como a privatização do transporte público influencia na sua segurança
por
Amanda Campos
Gabriela Blanco
Lorena Basilia
Manuela Schenk
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10/06/2025 - 12h

Após o trágico acidente na linha 5-lilás que matou um homem de 35 anos, o assunto segurança no transporte público vem sendo amplamente discutido, principalmente quando se fala das vias privadas. A reportagem a seguir fala sobre a falta de segurança na mobilidade urbana na cidade de São Paulo. Em entrevista à AGEMT, o especialista Igor Bonifácio responde algumas das perguntas mais recorrentes sobre o assunto. Assista. 

 

 

 

Casos de violência escolar evidenciam problemas estruturais que demandam políticas públicas urgentes
por
Eduarda Amaral
Emily de Matos
Luis Henrique Oliveira
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10/06/2025 - 12h

Em abril deste ano, uma aluna bolsista no Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) foi encontrada desacordada no banheiro, após tentativa de suicídio e levada às pressas para o hospital Santa Casa de Misericórdia, no qual ficou internada durante três dias. Segundo a advogada da família, a jovem era alvo de bullying entre os colegas e comumente ouvia xingamentos como “cigarrinho queimado” e “preta lésbica”, além da frase “volta para a África”.

De acordo com a mãe da adolescente, o instituto de ensino já havia sido contactado duas vezes antes do episódio, sem que medidas concretas fossem tomadas. “Ela já vinha relatando casos de racismo dentro da escola desde maio de 2024. Ela chegava em casa chorando, dizia que não tinha amigos e era excluída. Quando a avó ia buscá-la, os outros alunos tiravam sarro dela, com xingamentos racistas”, relatou para o UOL

Em nota, o colégio informou que “está apurando cuidadosamente as circunstâncias do ocorrido, com seriedade e zelo, ouvindo todos os envolvidos no tempo e nas condições adequadas, inclusive a aluna, assim que estiver pronta para se manifestar no ambiente pedagógico”.

O caso infelizmente não é isolado e, hoje, o Brasil conta com mais de 280 mil registros de injúria racial, sendo 318 desses processos envolvendo crianças e adolescentes, conforme dados oficiais levantados pelo Escavador durante os anos de 2022 e 2025. Além disso, foram classificados 175 processos como “Bullying, Violência e Discriminação” no campo de Direito à Educação.

Colégio Mackenzie Higienópolis
Colégio Presbiteriano Mackenzie Higienópolis Foto: Reprodução/Folha deS.Paulo

O ensino privado tem como foco priorizar qualidade educacional, mas muitas instituições negligenciam a construção de relações inclusivas. Para Lanna Cristine, licencianda em linguagem pela Faculdade SESI-SP de Educação, em entrevista à AGEMT, a verdadeira qualidade educacional emerge de ambientes que acolhem todos os estudantes, independente de quem for. Ela observa que muitos estagiários sem formação específica em inclusão tentam integrar alunos ao espaço escolar, mas, na verdade, “é o espaço que precisa ser incluído para o estudante”, pontua Cristine, enfatizando a importância de estruturas institucionais receptivas. “Um espaço que promove acolhimento para o estudante vai promover, consequentemente, a aprendizagem”, conclui.

O problema não se limita apenas às instituições privadas, casos de discriminação são comumente vivenciados em escolas públicas. A última ocorrência que ganhou destaque na mídia situou-se em uma escola pública de Luziânia (GO), quando uma aluna em tratamento de câncer virou alvo de bullying na sala de aula por duas colegas. Os xingamentos – que iam desde o jeito de andar até o cabelo, que estava crescendo após a quimioterapia – afetaram o psicológico da jovem, que, segundo a irmã, “não está conseguindo dormir, não quer mais ir à escola, se sente triste, insegura e muito humilhada”, relatou em entrevista para o Metrópoles.

A Secretaria de Educação do Estado de Goiás (SEDUC-GO) informou em nota que o colégio não havia sido informado pela família da vítima sobre a situação e apenas tomou conhecimento a partir de um vídeo nas redes sociais. Ainda em nota, o órgão estadual disse que acionou o programa “Ouvir e Acolher” para investigar o ocorrido e prestar apoio psicológico para a vítima. 

Dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2019), realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, revelam que 23,0% dos estudantes brasileiros se sentiram humilhados por colegas duas ou mais vezes durante os 30 dias anteriores à pesquisa. O levantamento ouviu 11,8 milhões de estudantes entre 13 a 17 anos, e mostrou a disparidade entre as escolas públicas com 50,7% de alunos e 14,5% nas instituições privadas. Características físicas motivam a maior parte das discriminações, aparência do corpo (16,5%), aparência do rosto (11,6%) e cor ou raça (4,6%). O cenário reforça a demanda por políticas efetivas de combate à violência escolar.

As denúncias de violência nas escolas brasileiras cresceram 50% em 2023, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). O Disque 100 recebeu 9.530 denúncias sobre violência em instituições de ensino, superando os registros de 2022. Entre janeiro a setembro de 2023, mais de 50 mil violações de direitos humanos foram reportadas em cenários escolares, crianças e adolescentes representaram 74% dos casos envolvendo grupos vulneráveis em setembro.

Luciano Felipe da Silva, professor na EMEF Hipólito José da Costa, defende que não é apenas o ambiente educacional que precisa mudar e que, muitas vezes, os alunos já chegam com os valores deturpados, reproduzindo o que ouvem em casa. “Frequentemente recebemos responsáveis de estudantes que vem à escola registrar reclamações pelo fato de os professores trabalharem temas fundamentais, que estão no currículo, tais como escravidão e intolerância religiosa”, relatou. 

Para Lanna, é possível mudar a questão da cultura escolar a partir de uma gestão que se baseie em questões humanitárias e sociais dentro das instituições, junto de trabalhos pedagógicos que complementem e trabalhem com os alunos como superar a cultura da violência e da intolerância com o diferente. Ela explica que “toda violência que acontece na sala de aula precisa de uma prática inclusiva que parta não de situações, mas de uma missão humanitária. Além de estudantes, eles [alunos] são pessoas em formação, tanto a vítima quanto o agressor, e precisam ser educados para respeitar as diferenças não só no âmbito educacional, mas na sociedade em si”. 

O combate ao racismo e ao bullying no ambiente escolar exige ação constante e políticas públicas efetivas. Como destaca Luciano, “É um trabalho contínuo, a partir da realidade em que eles vivem. Um cidadão pode levar isso para o local em que está inserido e ser um agente de transformação no território.” Enquanto isso não se torna prioridade em todas as esferas educacionais, estudantes de todas as classes sociais seguem sendo vítimas de uma sociedade que ainda não aprendeu a educar sem excluir.

O cantor porto-riquenho Bad Bunny conquistou sucesso no país por meio de trend no Tiktok
por
Mariane Beraldes
Thainá Brito
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10/06/2025 - 12h

Artistas latinos dominam as paradas mundialmente, mas no Brasil, a presença só cresce impulsionada por trends no TikTok. Bad Bunny e a capa de seu novo álbum "Debí Tirar Más Fotos" confirma isso. Sua música viralizou na plataforma com a produção de memes e vídeos curtos em Janeiro de 2025. "DTMF", uma de suas músicas que ficou famosa, finalmente fez o artista aparecer entre as mais ouvidas no Spotify Brasil, um cenário marcado pela forte presença do funk e sertanejo. 

Rafael Silva Noleto, antropólogo, cantor e compositor, além de professor adjunto da Universidade Federal de Pelotas, em entrevista à AGEMT, explica o porquê do Brasil, mesmo tão próximo geograficamente, não ter costume de ouvir música hispânica. Apesar dos sinais de mudanças no país, ainda há resistência por parte do público brasileiro em consumir músicas em espanhol.

Circo de rua no Ceará leva alegria e risadas em quatro rodas
por
Juliana Bertini de Paula
Maria Eduarda Cepeda
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09/06/2025 - 12h

Em 2019, Henrique Rosa e Amanda Santos, um casal de artistas no Ceará, voltavam depois de mais um expediente de espetáculos que faziam como palhaços no Parque Aquático de Aquiraz, quando uma ideia, misturada com um sonho, dá origem a um projeto: um circo itinerante em um fusca. Na entrevista, conhecemos mais sobre a história do projeto e seu trabalho pelas ruas do Ceará. 

 

Entenda como as redes sociais podem afetar o desenvolvimento psicológico dos jovens
por
Julia Naspolini
Liz Ortiz
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09/06/2025 - 12h

Recentemente, as redes sociais foram tomadas por uma “treta teen”. Por dois dias o grande assunto entre adultos e adolescentes foi uma briga envolvendo um grupo de meninas tiktokers. Liz Macedo, Antonella Braga, Júlia Pimentel e Duda Guerra, jovens na faixa de 15, 16 anos, que somam milhões de seguidores nas redes e tiveram um desentendimento envolvendo os namorados, levando a discussão para internet ao gravarem pronunciamentos de suas versões.

Pelo grande número de seguidores, a história viralizou, levando a rede a se dividir em lados na briga e fazendo com que as meninas recebessem muitos comentários de ódio. Toda essa polêmica fez muitos pais se preocuparem com essa superexposição digital que os jovens presenciam. É inegável que as redes sociais têm se expandido cada vez mais entre o público juvenil - tanto no consumo do conteúdo, quanto na produção dele. No mundo de hiperconexão é difícil impedir que as crianças tenham contato com a internet, mas é necessário que haja algum controle, ou no mínimo uma orientação parental do que os filhos estão consumindo ou produzindo.

Foto de Duda Guerra, Julia Pimentel, Liz Macedo e Antonella Braga
Duda Guerra, Julia Pimentel, Liz Macedo e Antonella Braga
Foto:Reprodução Instagram

Crescer já é, por si só, um processo delicado. Agora, crescer lidando com uma plateia invisível que pode curtir, compartilhar e criticar suas ações, leva a vulnerabilidade da adolescência a um novo nível.  A internet é uma terra de ninguém, onde há muita desinformação e muitas pessoas escondidas no anonimato que não possuem filtro algum para xingamentos. 

Antes das redes sociais,  cada um era exposto a uma quantidade pequena de pessoas. Hoje, com a vida online tudo que é postado de forma pública, pode ser acessado e comentado por qualquer um. Durante a fase de desenvolvimento em que o cérebro busca constante aprovação, essa superexposição pode ser  extremamente prejudicial à saúde mental, podendo levar o adolescente a desenvolver transtornos como a ansiedade e a depressão.

Além das plataformas digitais reforçarem uma autoimagem baseada na aprovação externa, onde os jovens buscam validação através de curtidas e comentários, elas também fazem com que eles consumam as postagens de outras pessoas que podem gerar constantes comparações com padrões irreais de beleza, sucesso e felicidade. 

A psicóloga Bruna Marchi Moraes, formada pela Faculdade São Francisco, em entrevista à AGEMT, comenta sobre a diferença entre o uso saudável da internet e de um uso prejudicial. Para Bruna, "o uso saudável é aquele que é intencional, equilibrado e supervisionado — contribui para aprendizado, lazer e socialização, sem substituir as experiências offline. Já o uso prejudicial envolve excesso de tempo de tela, isolamento, consumo passivo de conteúdo, dependência emocional das redes e prejuízo nas atividades do cotidiano como sono, escola e convívio familiar".

A autoestima não é o único aspecto abalado pela exposição em excesso às redes sociais, ela pode afetar também a forma que o adolescente se relaciona com os outros, gerar mudanças bruscas de humor, isolamento, queda no rendimento escolar, desinteresse em atividades que antes eram prazerosas e irritabilidade. Bruna ainda alerta que “estudos apontam correlações entre uso excessivo de telas desde cedo e sintomas de ansiedade, depressão e dificuldades de atenção. A hiperestimulação digital pode afetar o funcionamento do cérebro em desenvolvimento, especialmente em crianças com predisposições genéticas ou ambientais para esses transtornos.”

Para evitar que uma ferramenta valiosa como a internet se transforme em algo negativo, ela defende que o papel dos pais, é  de orientar, supervisionar e modelar o uso responsável da internet. Limites saudáveis envolvem horários pré-estabelecidos, escolha de conteúdos adequados, conversas abertas sobre os riscos e incentivo a atividades offline. Mais do que proibir, é importante ensinar o uso consciente e equilibrado.

Um recado de Bruna aos adolescentes, “Gostaria que soubessem que a internet pode ser uma ferramenta incrível, mas também pode influenciar seus pensamentos, emoções e autoestima de maneira sutil e profunda. Que não precisam se comparar com os outros o tempo todo, e que os momentos desconectados também são essenciais para se conhecer, descansar e crescer com mais equilíbrio”.

“Diferente do diretor, profissional da voz fica sabendo o que vai dublar apenas na hora”, diz Cassius Romero
por
Guilherme Timpanaro Gastaldi
Felipe Oliveira
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10/11/2022 - 12h

"99% das vezes que somos chamados, não fazemos ideia do que vamos dublar", diz Cassius Romero, (56), dublador, ator e cartunista brasileiro que fala sobre os bastidores e como funciona um estúdio de dublagem. O contato foi feito via WhatsApp, e mesmo saindo de São Paulo, na volta para casa no interior, dentro de um ônibus de viagem, o artista ainda disponibilizou um tempo para a entrevista.

Cassius é um dos grandes nomes entre os dubladores brasileiros, com 30 anos de carreira, é ele quem fornece a voz para diversos personagens no universo cinematográfico, como os de John Rambo e Exterminador. Mas ganhou maior destaque com o vilão Negan, da série de terror americana "The Walking Dead".

O ator descreve como funciona o processo de chamada de um dublador: "O coordenador artístico ou diretor em dublagem indica um talento. Daí a empresa manda mensagem para o dublador no WhatsApp para escalá-lo, a produção é quem faz esse trâmite. Após o artista dar o ok que aceitou a escala em determinado horário, seu nome é incluído numa famosa 'pedra' ou 'tabela' com outros tantos dubladores, e preenchem o dia do estúdio em si".

Para trabalhar profissionalmente e exercer a função de dublador, é necessário dar entrada ao DRT, documento a partir do qual a pessoa está capacitada e tem autorização legal para trabalhar como ator/atriz profissional, essencial e obrigatório para exercer a função. Além das obrigatoriedades, Cassius cita como essencial para um bom profissional "ter uma boa comunicabilidade, boa desenvoltura de fala, entendimento de texto, boa leitura, conhecimento da gramática portuguesa, ter noções em outros idiomas e ter ciência de cultura".

Contudo, uma das habilidades imprescindíveis e que não é ensinada em nenhum curso de dublagem é a de adaptação. O dublador necessita pegar com rapidez o entendimento da ideia que lhe foi passada em minutos e dublar, pois de acordo com Romero: "Somente quando o dublador adentra o estúdio que o diretor conta a história do personagem que ele fará ali naquele instante. Já o diretor, deve e precisa saber com antecedência do projeto para dirigir e indicar o caminho para o dublador. Chamamos isso de 'ter o filme na mão'".

Além de sua vida cotidiana, Cassius também fala como foi trabalhar na pandemia: "No começo, alguns links foram disponíveis para gravação, logo, o diretor dirigia da casa dele, o técnico operava de casa e o dublador dublava na casa dele". Além disso, as dificuldades eram diversas. Muitos dubladores criaram em casa verdadeiras cabanas com lençóis e edredons para diminuir o som externo.

O investimento foi necessário por parte dos atores, com equipamentos como computadores, microfones, fones, tablets e mesinhas de som. Em muitos casos, houve um atraso nas produções de dublagem devido aos problemas com a internet que retardam o processo - Netflix e outras plataformas, avisaram o público que as dublagens de diversas séries demorariam para ser entregues. Com o tempo, os técnicos em dublagem começaram a ajudar os atores para poderem gravar de casa, os auxiliando com cabines de áudio, acústica seca e equipamentos em geral.

Além das dificuldades na pandemia, no presencial, Cassius relata que o deslocamento de um estúdio para outro sempre foi um problema em sua rotina, muitas vezes inclusive, tendo que atravessar a cidade para chegar ao local. "O diretor em dublagem geralmente fica em estúdio fixo, mas os dubladores, de um modo geral, circulam em quase todos os estúdios. Quando eu comecei na dublagem havia seis estúdios em São Paulo e quatro no Rio de Janeiro. Atualmente temos aproximadamente 30 em São Paulo e mais 16 no Rio", comentou.

No ramo da dublagem, Edeli Cremonese é a empresária e fundadora da empresa Lexx Filmes e Produções. A companhia é especializada em Dublagem e Legendagem para a indústria cinematográfica, televisão mundial, plataformas de videogames e outros meio audiovisuais. Estabelecida desde 2010 em São Paulo.

Edeli disseca o procedimento que percorre um filme até o estúdio de gravação. "Antes que um script entre em produção, ele percorre um longo caminho dentro da empresa, desde o atendimento ao cliente, orçamento, aprovação de valores e prazo de entrega e recebimento. Tudo concordado, inicia-se a produção da peça", conta a empresária.

Logo após, segundo ela: "chegam vídeos e script originais em sua língua oficial, ambos são enviados para a tradução; já com as falas traduzidas, passa para o 'marcador de anéis, essa pessoa é responsável, por fazer uma marcação no script de 20 e 20 segundos, numerando-os de 01 no início da primeira fala até o último número no final da última fala, existe um cronômetro na tela para que isso seja feito", assim o dublador saberá a hora exata em que sua fala aparecerá, e os anéis ajudam também a contabilizar quantas horas de escala é preciso para cada ator, que vai determinar quanto será pago. Cada grupo de 20 anéis representa uma hora de dublagem (o dublador recebe por hora).

Outro ponto importante citador por Cassius é o tal do "boneco", que é determinado por dublar inúmeras vezes o mesmo ator ou atriz. "Por exemplo, quando pensamos no personagem Nick Fury dos Vingadores, logo lembramos da voz do dublador. Assim é com o Homem de Ferro. Isso é Boneco".

Cassius passa por situações de apego em relação a um personagem, o que pode colaborar com a sua performance: "Eu mesmo me conectei ao Negan; só não podemos agir como tal, mas ter um apego no bom sentido, ajuda muito também na integração e interpretação com o personagem".

O IEM Rio Major 2022, mundial do FPS (First Person Shooting), enfrenta preconceito com torcidas brasileiras
por
Davi Garcia
Ian Valente
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10/11/2022 - 12h

No dia 31 de outubro, começou no Rio de Janeiro o campeonato mundial de Counter Strike: Global Offensive, reunindo as melhores equipes e jogadores do cenário de um dos jogos mais tradicionais do mundo. O torneio vem ao Brasil pela primeira vez em sua história, com 24 equipes participantes do mundo inteiro. Entre elas, as brasileiras Imperial, 00Nation e FURIA, além da sul-americana 9Z.

Também estreia no IEM Rio Major 2022 a presença de público nas duas primeiras fases do campeonato, inédito na história dos mundiais. Normalmente, esses jogos são realizados em hotéis ou arenas menores, enquanto no campeonato atual, serão divididos entre com ou sem público. A “Challengers  Stage” e “Legends Stage” ocorrem no Riocentro, com capacidade para 10.000 pessoas. Essas fases são formadas pelo Formato Suíço, em que o time que consegue três vitórias, ou três derrotas, será classificado, ou eliminado. Apenas as equipes com o mesmo recorde podem se enfrentar.

 

 O evento conta com lojas da organizadora e patrocinadora ESL, anteriormente conhecida como Electronic Sports League, que vende uniformes, acessórios e merchs das equipes com preços de R$150 a R$280 e um fácil acesso à comidas e banheiros no Riocentro.

 Para a próxima fase, onde ocorrerá o mata-mata, será jogado na Jeunesse Arena, com um público previsto de 20.000 torcedores. A premiação do campeonato é avaliada em 1 milhão de dólares, aproximadamente R$5.000.000;

 A narração e coordenação da torcida no evento conta com o streamer Alexandre Borba, mais conhecido como Gaules. O brasileiro é o mais seguido do mundo na plataforma Twitch, com mais de 15 milhões de seguidores e transmite os jogos em seu canal para uma média de 200 mil pessoas. Além de Gaules, a “Tribo”, grupo de outros streamers e influenciadores organizados por ele, participa da transmissão, seja com reportagens, entrevistas ou comentários.

Outro ponto a se destacar é o público brasileiro, mais conhecido como “La Tribonera”, apelido dado por Gaules, sendo elogiado por grande parte dos jogadores pelo barulho excessivo e paixão pelo jogo, como Oleksandr "s1mple" Kostyliev, ucraniano eleito o melhor do mundo em 2021, descrevendo a torcida brasileira em seu twitter como “A melhor do mundo, eu amo vocês”, além do russo Dzhami "Jame" Ali, que comparou com a plateia europeia “Sempre fui tratado na Europa como vilão, e diziam pra mim ‘Vá se foder’, enquanto aqui, gritam e comemoram meu nome, me sinto muito bem”, à Liminha, em live de Gaules.

Porém, a torcida brasileira também têm sido alvo de polêmicas e sanções da ESL. No Counter-Strike, há a opção de ver a silhueta do personagem para facilitar ao telespectador entender a partida, como um raio-x. Contudo, muitas vezes o público gritava aos jogadores, que não possuem acesso ao sistema, a posição e estratégia dos adversários, fazendo a organizadora retirar o xray e o mapa do jogo na transmissão do Gaules.

Explicação do Sistema Suíco. Foto: Reprodução / GOAL

Exemplo da visão do telespectador. Para o jogador, não há silhuetas. Foto: Reprodução / ESLCSGO

 

 Com isso, internautas do mundo inteiro criticaram massivamente a torcida brasileira: ”Vai ser tão bom quando todos os times brasileiros forem eliminados, então essa torcida nojenta irá acabar“ escreveu um torcedor no Twitter.

 Alexandre desabafou após as medidas: “Peço desculpas à maior transmissão de Counter-Strike do mundo por não estar podendo assistir com xray e mini-mapa. Pra nós, é sempre mais difícil”, e complementa com o lema que viria a ser utilizado pelos brasileiros durante o campeonato “Eles não vão entender nunca o que é ser brasileiro e traduz para eles essa p#rra”.

Gaules com “La Tribonera” ao fundo em jogo da FURIA. Foto: Divulgação / Gaules

 

 Foto destaque: Torcida brasileira no IEM Rio Major 2022. Foto: Reprodução / theMAKKU.

A rotina fora de ordem das assessoras de imprensa Mayara Oliveira e Lívia Almeida na agência MTC
por
Laura Paro
Sophia Pietá
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10/11/2022 - 12h

Escritório lotado, telefones tocando, televisão ligada, vozes intercalando-se e barulhos do teclado do computador são as primeiras características notadas ao chegar na Agência MTC assessoria de imprensa, localizada no bairro Vila Olímpia, em São Paulo. A empresa especializada em assessoria e relações públicas atende clientes do meio de entretenimento e das artes como cantores, atores e principalmente influenciadores digitais.

 O dia-a-dia dos funcionários baseia-se em cada demanda e necessidade do agenciado no momento. ''Cada dia preciso estar em um lugar diferente, seja na própria agência ou em alguma externa como uma sessão de fotos, a gravação de um programa de TV, o lançamento de alguma marca. Sempre acompanhando o artista, auxiliando a imprensa presente’’, explica a estagiária Lívia Almeida, que está a quase dois anos na empresa.

Como estudante do último ano de Relações Públicas na Fundação Cásper Líbero, Almeida diz que as áreas possíveis em sua profissão são diversas, mas foi na assessoria de imprensa que ela encontrou-se e descobriu um mundo dos bastidores dos influenciadores digitais que se encontrou. 

A estagiária entra em seu trabalho às treze horas da tarde e encerra o expediente às dezenove horas. Quando ela precisa fazer alguma pauta externa, passa o dia fora acompanhando aquela diária, porém quando o trabalho é interno ela alterna entre o home office e a presença no próprio escritório da agência. 

‘’Acredito que quando lidamos com a assessoria de imprensa de artistas, estamos trabalhando com sonhos, é a construção de uma carreira e a inserção dessas pessoas nos meios de comunicação. Tem que ter uma atenção minuciosa aos detalhes e ser proativo para trazer os melhores resultados possíveis’’, pontua Almeida.

Mayara Oliveira, coordenadora da assessoria de quatro artistas da Agência MTC, inicia seu expediente às dez da manhã. Ao longo do dia, monitora todos os grupos com os artistas que cuida como assessora, para saber se tem alguma novidade de agenda, alguma crise acontecendo ou alguma atividade externa para ir. Normalmente, seu dia é cheio de reuniões para alinhar demandas para algumas entrevistas e futuros projetos e eventos que irão acontecer. 

Ao mesmo tempo, Oliveira também precisa ficar o dia todo em contato com jornalistas de diversos veículos para conseguir incluir seus clientes em pautas de veículos importantes. A assessora é atarefada de alinhar coletivas de imprensa, os veículos que vão contatar, quais assuntos vão debater e checar com os artistas a disponibilidade para atender a imprensa. Ao final do dia, ainda tem que reunir tudo aquilo que fez e anotar, para no dia seguinte dar continuidade e continuar as estratégias de comunicação.

Como assessora de imprensa da Agência MTC, Mayara Oliveira conta que a rotina de alguém que trabalha na área é muito diversa e requisita muita disposição: ela precisa lidar com o gerenciamento de crises, pois não tem hora para sair e nem entrar; precisa se dedicar 24 horas para amenizar a situação e sair dela o mais rápido e da melhor forma possível; é necessário estar disposta a acompanhar os artistas em alguns eventos a qualquer hora do dia. 

Por outro lado, a assessora diz que esse ramo do jornalismo abriu novas portas em sua vida: “Obtive a oportunidade de conhecer vários artistas que admiro e sou fã, indo em shows, programas e eventos com eles, lado a lado. É um universo muito diverso, que te leva para diversas áreas, e quando se trabalha com artistas é uma explosão de cultura e conhecimento do universo das celebridades que me faz muito feliz”. 

Diante de uma rotina movimentada e exaustiva com muitas interações no mundo jornalístico, o ramo da assessoria de imprensa continua sendo necessário e altamente requisitado. Porém, Mayara e Lívia, mesmo tendo encontrado prestígio na profissão em uma área que não é bem valorizada no meio da comunicação, persistem ao enfrentar os desafios presentes em suas rotinas. 

 

Organizado pela Atlética de Comunicação e Artes, o evento aconteceu entre os dias 17 e 21, com pautas sobre sexualidade, preconceito e representatividade.
por
Sônia Xavier
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24/10/2022 - 12h
  Nathan Mouro, William de Lucca, João Abel, Tayna Fiori e Gabriel Paes (da esquerda pra direita)
Nathan Mouro, William de Lucca, João Abel, Tayna Fiori e Gabriel Paes (da esquerda pra direita), durante a mesa “Bola fora: A LGBTQIAPN+fobia no Futebol Brasileiro”. Foto: Sônia Xavier  
 

Na segunda-feira, 17,  a primeira mesa da Semana da Diversidade foi composta por William de Lucca, apresentador do podcast “ Nos armários dos vestiários” e um dos fundadores do coletivo LGBTQIA+ “Palmeiras Livre”; Nathan Mouro, representante do coletivo “Porco Íris”; Tayna Fiori,  jornalista e produtora de futebol feminino na TNT Sports Brasil; e Gabriel Paes, administrador da página “Quebrando o Tabu”. O mediador da mesa foi o jornalista e também representante das causas LGBTQIA+ no futebol brasileiro, João Abel. 

De Lucca mencionou os ataques que sofreu em suas redes sociais, em 2018, após criticar o canto homofóbico da torcida palmeirense em jogo contra o São Paulo, e relata muitas ameaças online, inclusive, de morte. Mas o apresentador reiterou que, apesar da violência enfrentada pelas pessoas LGBTQIA+, não deixará a militância: “Eu sou um homem homossexual, jornalista e vou ocupar o espaço que acho que tenho que ocupar, e as arquibancadas são um espaço de todo mundo".

William de Lucca
“O futebol é um esporte democrático, ou pelo menos deveria ser”, declara De Lucca, Foto: Sônia Xavier

 

Nathan, ativista da causa, diz que o "Porco Íris" foi fundado em 2019, com o objetivo de criar um lugar que não existia para a comunidade LGBTQIA+ dentro dos estádios, e afirma que este é “um espaço que ainda precisa ser ocupado". O coletivo já levou a bandeira de representatividade em dois jogos do Palmeiras antes da pandemia, mas, desde a volta aos estádios, ainda não puderam fazê-lo novamente. 

O "Palmeiras Livre" também já foi pro estádio com as bandeiras arco-íris, porém somente em jogos femininos. O motivo disso, consensual entre os palestrantes, é de que a discussão sobre a LGBTfobia é muito maior na liga feminina.  

“O futebol feminino é um cenário que engloba e aceita muito mais”, diz Tayna.

Tayna Fiori
“O futebol traz o que o mundo oferece pra gente”, afirma Tayna sobre 
a homofobia no esporte.

 

 

“Eu acho que a gente precisa dar tempo pra gente sofrer”

Bruno Branquinho, Luana Alves e Júlia Zuin (da esquerda pra direita)
Bruno Branquinho, Luana Alves e Júlia Zuin (da esquerda pra direita), na mesa de “Psicofobia, romantização e banalização dos transtornos mentais''. Foto: Sônia Xavier

 

 

Na terça-feira, 18, o debate foi sobre a “ Psicofobia, banalização e romantização de transtornos mentais” e contou com a presença de Luana Alves, trabalhadora da saúde e vereadora em São Paulo; e Bruno Branquinho, psiquiatra com foco na saúde mental da comunidade LGBTQIA+.

Luana mencionou que a aceitação e o interesse em discutir transtornos mentais é resultado de uma luta mais antiga, a antimanicomial. Para ela, “prender” um indivíduo no manicômio é um dos passos da violência e da discrminação, mas que “negar direitos, desumanizar, desconsiderar aquela pessoa enquanto uma pessoa que tem opiniões” fazem parte, também, da lógica de exclusão, e são formas de deslegitimar a identidade do indivíduo. 

Branquinho acredita que o conhecimento atual sobre os transtornos psíquicos têm ajudado a quebrar as barreiras do preconceito em relação à psiquiatria, mas que, por outro lado, há uma  “patologização” excessiva de situações que não são transtornos.

Bruno Branquinho
“ O que eu vejo que acalma as pessoas no sentido de se cuidar é saber que não são as únicas. Nós precisamos falar, mas falar em primeira pessoa”, afirma Bruno. Foto: Sônia Xavier

“A gente precisa dar tempo pra gente sofrer, dar tempo pras nossas emoções, na verdade. Talvez não seja patológico, talvez seja o tempo que você precise”, orienta.

 

 

“ Ninguém dá valor à carne indígena, dão valor à terra indígena”

 

O tema discutido no terceiro encontro, 19, destacou a representatividade indígena, principalmente, na educação. Daniela Reis, coordenadora do programa social "Pindorama" - criado em 2001 pela PUC-SP para oferecer bolsas de estudo para alunos indígenas -, diz que, além das dificuldades financeiras para permanência dos alunos indígenas nas universidades, têm questões relacionadas à manutenção das culturas e ao reconhecimento étnico, que também precisam ser enfrentadas. 

Daniela Reis, Lúcia Helena Rangel e Álvaro Gonzaga (da esquerda para direita)
Daniela Reis, Lúcia Helena Rangel e Álvaro Gonzaga (da esquerda para direita), na mesa: “Não existem índios no Brasil: Resistem indígenas!"  Foto: Sônia Xavier


Álvaro Gonzaga, indígena e professor de Direito na PUC-SP , relata que o preconceito em relação à formação de indígenas está relacionado à ideia de primitividade e que, por outro lado, a universidade significa universalidade. 

Álvaro menciona que todo o processo de incorporação do indígena nas cidades foi feito de forma a subalternizar esses corpos, colocando-os em uma posição sempre abaixo dos outros. “Ninguém dá valor à carne indígena, dão valor à terra indígena”, declara.

Lúcia Helena Rangel
“O termo 'índio' veio do equívoco de Cristóvão Colombo de que tinha chegado às Índias. Indígena quer dizer nativo ou originário daquele lugar”, esclarece a, antropóloga Lúcia Helena. Foto: Sônia Xavier

 “É necessário que a nossa geração entenda que houve um grupo que lutou pela constituição, mas que existe um outro que precisa lutar pela implementação dela”, finaliza Gonzaga.

“ Se Deus é por nóis quem será contra nóis?”

Thiagson, Lorrany e Júlia Zuin (da esquerda pra direita)
Thiagson, Lorrany e Júlia Zuin (da esquerda pra direita) durante a mesa: “‘Se Deus é por nóis quem será contra nóis?’: A elitização da cultura”.Foto: Sônia Xavier

 

Na quinta-feira, 20, o tema abordado foi a elitização da cultura, principalmente o funk. Para Thiagson, professor de música clássica e doutorando em Funk, todas as produções pretas e periféricas sempre trabalharam em um espaço de precariedade, e isso resultou no processo de desmerecimento de tudo aquilo que é popular. 

Além dessa precarização, Lorrany, DJ desde 2013, também cita o “embranquecimento” das letras como uma forma de tornar essas produções um pouco mais elitizadas. “Eu não toco as mesmas músicas em festas de branco que eu toco na quebrada porque a galera branca se ofende”, compartilha.

Thiagson
“A gente associa a música a grupos sociais, então, na verdade, as pessoas não odeiam o funk pelos valores elitistas, elas odeiam os funkeiros”, defende Thiagson. Foto: Sônia Xavier

 

 

Thiagson acrescentou que esse processo de embranquecimento parte, muitas vezes, de um cancelamento do funk por setores progressistas da sociedade, principalmente, pelo feminismo, mas um feminismo branco. “Eu não sei se essa coisa de objetificação do corpo assusta uma mina de quebrada, porque o corpo na favela já é objetificado, não só em relação ao sexo, mas também em relação ao trabalho”.

O professor ainda menciona que a música vai muito além de uma experiência auditiva, já que ela também carrega um estigma social. 

 “Levantar uma bandeira é ser atacado dia sim, dia também”

Alexandre Makhlouf, Marina Daquanno Testi, Jacqueline Rocha e Jonas Maria (da esquerda para a direita)
Alexandre Makhlouf, Marina Daquanno Testi, Jacqueline Rocha e Jonas Maria (da esquerda para a direita), na mesa “Bandeiras sobre sexualidade e gênero: abraçam ou aprisionam?”. Foto: Sônia Xavier

A última mesa do evento aconteceu na sexta-feira, 21, formada por Jonas Maria, palestrante sobre diversidade e gênero; Jacqueline Rocha, ativista em causas de inclusão, como a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+); Marina Daquanno Testi, estudante de jornalismo e pessoa não-binárie; e Alexandre Makhlouf, jornalista e produtor de conteúdo de pautas identitárias.  

Na discussão sobre o ativismo LGBTQIA +, Alexandre Makhlouf, mediador da mesa, falou sobre a hostilidade que os indivíduos da comunidade sofrem. “Levantar uma bandeira é ser atacado dia sim, dia também”. Ele ainda relatou que, muitas vezes, só não sente medo de sofrer algum tipo de violência na rua com seu companheiro por conta da “passabilidade heteronormativa” com que são identificados. “Somos dois homens que, se você não abrir a boca e fizer a gente rir, você não sabe se a gente é gay ou não”. 

Sobre os ataques que as pessoas LGBTQIA+ sofrem, Jonas conta que foi alvo antes mesmo de compreender sua sexualidade. "Na escola, eu era chamado de sapatão, mas não sabia o que era isso, então chegou antes de mim".

A respeito da provável representatividade que as bandeiras provocam na sociedade, Maria acredita que apesar das discussões sobre identidade não aderirem totalmente ou restringirem-se às bandeiras, percebe que elas possuem uma funcionalidade social. “A gente usa as bandeiras porque elas nos servem socialmente para nos conectar com outras pessoas, mas não se reduz a isso”.

 

Organizado por 16 entidades, o evento aconteceu nesta terça-feira (27) na PUC-SP
por
Maria Ferreira dos Santos
Sônia Xavier
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28/09/2022 - 12h

Muitas vezes o exercício jornalístico envolve a investigação e a publicação daquilo que determinados grupos não querem que seja revelado, o resultado disso é a perseguição a esses profissionais.

Ontem (27) o “Ato em Defesa do Jornalismo e da Democracia” destacou um grupo específico de perseguidores e perseguidos: os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e mulheres jornalistas. 

 

Cartazes com os dados do recente relatório sobre a violência sofrida pelos jornalistas foram colados nas paredes do auditório onde a cerimônia foi realizada. Foto: Maria Ferreira dos Santos
Cartazes com os dados do recente relatório sobre a violência sofrida pelos jornalistas foram colados nas paredes do auditório onde a cerimônia foi realizada. Foto: Maria Ferreira dos Santos

De acordo com a Fenaj ( Federação Nacional dos Jornalistas), uma das associações convocadoras do ato, o ano de 2021 registrou recorde de registros de ataques aos profissionais e aos veículos de comunicação. Cerca de 34,19% desses ataques foram promovidos pelo próprio presidente da República.

 

Dados de 2021 do Relatório de Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil. Levantamento pode ser lido através do link. Fonte: Fenaj
Dados de 2021 do Relatório de Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil. Levantamento pode ser lido através do link. Fonte: Fenaj

As jornalistas Patrícia Campos Mello e Bianca Santana, vítimas desse desrespeito do presidente Bolsonaro e seus apoiadores, estiveram presentes no encontro de maneira remota. Em sua fala, Patrícia relembrou a série de ataques que sofreu em 2018, após a publicação da série de reportagens sobre campanhas de desinformação.

Patrícia ainda relatou que as agressões iam de montagens de fotos a ataques diretos a sua integridade física. “Pessoas que ligavam pro meu celular dizendo que iam dar um murro na minha cara, mensagens dizendo que eu deveria sair do país se quisesse a segurança do meu filho [...] chegou um momento que eu não podia sair de casa porque eu tinha medo”, desabafou.

Em conjunto com a Fenaj, outras organizações convocaram a cerimônia, sendo essas: o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP),  Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Repórteres sem Fronteiras (RSF), Instituto Vladimir Herzog, Associação Profissão Jornalista (ApJor), Barão de Itararé, Intervozes, Centro Acadêmico Vladimir Herzog (Cásper Líbero), Centro Acadêmico Benevides Paixão (PUC-SP). Ademais, tiveram a participação de corporações da sociedade civil entre eles o Grupo Prerrogativas, CONDEPE(Conselho Estadual de direitos da Pessoa Humana), OAB e o Grupo Tortura Nunca Mais.

A jornalista Cláudia Tavares enquanto presidia a mesa no “Ato em Defesa do Jornalismo e da Democracia” nesta terça-feira (27) na PUC-SP. Foto: Maria Ferreira dos Santos
A jornalista Cláudia Tavares enquanto presidia a mesa no “Ato em Defesa do Jornalismo e da Democracia” nesta terça-feira (27) na PUC-SP. Foto: Maria Ferreira dos Santos

A mesa foi presidida por Cláudia Tavares, integrante da diretoria do SJSP, e foi composta por  Fábio Cypriano, diretor da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC (Faficla), Diogo de Holanda, coordenador do curso de jornalismo da universidade, Thiago Tanji, presidente do SJSP, Paulo Zocchi, vice-presidente da Fenaj (que representou também todas as demais entidades organizadoras do evento), Ana Amélia Camargos, representante do grupo prerrogativas, Natália Cristóvão, advogada da OAB, Ariel de Castro Alves, advogado representante do Grupo Tortura Nunca Mais e a vice-diretora do Centro Acadêmico Benevides Paixão (BENÊ), Maria Clara Alcântara. 

Na sua fala, Maria Clara apontou a importância da defesa da democracia para o jornalismo brasileiro. "É impossível fazer jornalismo num país que não exista a democracia, principalmente como mulheres, porque eles atacam a gente não somente pela profissão, mas duvidam do nosso caráter e nos atacam diariamente no âmbito pessoal e profissional”, afirmou a estudante.

Sob essa perspectiva, a organização do evento exibiu um vídeo com depoimentos de oito jornalistas mulheres, de diferentes veículos, sobre as violências que sofrerem devido ao seu gênero e sua carreira. A gravação contou com depoimentos de Carla Vilhena, Flávia Oliveira , Josi Gonçalves, Amanda  Audi, Paula Guimarães, Tatiana Dias, Tai Nalon e Juliana Dal Piva.

As mulheres viraram o principal foco dos ataques direcionados à imprensa, retrato que se ampara na misoginia da sociedade brasileira. A situação fica ainda mais tensa e intensa, como apontou Flávia Oliveira, d’O Globo, se a profissional for negra.

O depoimento de Bianca Santana foi o último a ser apresentado e logo depois a representante da Abraji, Cristina Zahar leu o documento preparado pelas entidades organizadoras que lembrou os assassinatos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, enquanto realizavam seu trabalho na Amazônia em junho deste ano. 

Representantes das 16 entidades convocadoras do Ato em Defesa do Jornalismo e da Democracia. Foto: Maria Ferreira dos Santos
Representantes das 16 entidades convocadoras do Ato em Defesa do Jornalismo e da Democracia. Foto: Maria Ferreira dos Santos