Um toque de arte

Primeiro grafite para cegos do mundo explora o tátil
por
Helena Maluf
|
21/08/2023 - 12h

No mundo da arte urbana, o grafite é uma forma de expressão que geralmente se revela em imagens visualmente impactantes e cores vibrantes. E no Beco do Batman, local conhecido exatamente pelos grafites, surge o primeiro grafite para cegos e deficientes visuais do mundo. O local foi cuidadosamente escolhido para que tanto pessoas com visão quanto cegas pudessem interagir com a obra. Os artistas utilizaram tintas táteis especiais, que criam texturas reconhecíveis ao toque.

A concepção dessa inovadora forma de arte surgiu da mente de Laura Mendes, artista e grande amiga de Devanir de Lima, deficiente visual e consultor de Braille. Ela ficou intrigada com a ideia de como ele poderia experimentar a beleza das obras de arte em espaços urbanos. Laura reuniu um grupo diversificado de artistas e especialistas em acessibilidade para dar vida a essa visão.

A peça em si é uma interpretação abstrata do mundo urbano, com linhas e formas que se desdobram em relevos e sulcos. Para garantir a acessibilidade, o grafite é acompanhado por descrições em braille, permitindo que pessoas cegas entendam o significado por trás das texturas.

Desde a sua criação, o grafite para cegos tem atraído a atenção e o carinho da comunidade local e internacional. Pessoas com deficiência visual têm visitado o local, muitas vezes acompanhadas por amigos e familiares, para experimentar a obra com as mãos. A reação tem sido emocionante, com muitos descrevendo a sensação de tocar a arte como uma experiência profundamente enriquecedor.

Textura
Foto: Helena Maluf / AGEMT                                                                                                                                                                                                                                       
Graffiti finalizado
Foto: Helena Maluf / AGEMT                                                                                                                                                                                                                  

Artistas como Laura estão abrindo novas portas para a inclusão no mundo da arte urbana. A equipe envolvida está ansiosa para expandir essa iniciativa e criar mais obras acessíveis em todo o mundo. A esperança é que isso inspire outros grafiteiros e comunidades a considerarem a acessibilidade em suas criações, permitindo que a beleza da arte seja apreciada por todos, independentemente de sua capacidade visual. “Você como VIDENTE consegue ver o Graffiti, gostar, detestar, achar lindo, achar feito, se emocionar, mas o CEGO não. Mesmo através da Audiodescrição é impossível captar a magnitude de uma parede ou de uma empena, de arte cobrindo o espaço público em uma cidade. Graffiti é grande, é muralismo.”

O grafite é a prova viva de como a arte pode transcender as fronteiras da visão e tocar os corações e mentes de pessoas de todas as habilidades. Ela representa um passo significativo em direção a um mundo mais inclusivo e criativo, em que a beleza da arte pode ser apreciada por todos. Este é apenas o começo de uma jornada emocionante em direção a um futuro mais acessível e igualitário na arte urbana.

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