TUCA: Mais que um teatro, um símbolo

Com 56 anos e muitas histórias para contar, o Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo ultrapassa a barreira de apenas um espaço e é um símbolo cultural e político de São Paulo.
por
Luan Leão
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29/06/2022 - 12h

Por Luan Gabryel dos Santos Leão

Desde sua inauguração em 1965, o Teatro da Universidade Católica de São Paulo, ou TUCA como é carinhosamente conhecido, já recebeu diversos artistas da música, do teatro  e até mesmo personalidades do cenário político. O Teatro, localizado na zona oeste de São Paulo, mostra sua relevância ano após ano, e se firma como símbolo cultural e político da cidade. Sobrevivente de dois incêndios, o espaço é cartão de visitas da cidade de São Paulo.

Resistência do TUCA
Foto: Jornal PUC-SP

“É uma honra a gente trabalhar aqui, e ter o histórico que tem, de poder ser um mensageiro da política e da história em si”, afirma Célia Grahl, Coordenadora administrativa do TUCA.  Para a coordenadora, a experiência de fazer o teatro funcionar é “incrível”. “Na construção dos cenários, por exemplo, é muito gratificante. Você vê o negócio cru e daqui a dois ou três dias tá aquela beleza”, afirma Grahl. 

No TUCA desde 1991, o superintendente do Teatro, Sérgio Rezende, classifica o espaço como um “marco” na história de São Paulo. “Nós temos uma história nos últimos 30 anos, o TUCA sempre lutou pela democracia, sempre lutou pelos espaços de cultura, hoje que nossa cultura está tão reprimida”, disse Rezende. 

A primeira peça apresentada no teatro, pouco mais de vinte dias depois de sua inauguração em 1965 foi “Morte e Vida Severina”, texto de João Cabral de Melo Neto, encenado por alunos do curso promovido pelo TUCA na época.  O jornalista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, José Arbex Jr, destacou a importância política da TUCA, e relembrou a realização do Tribunal do Genocídio, em 2021, para julgar os crimes cometidos pelo governo do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia. “Que outro espaço no Brasil existiu para fazer um julgamento desse tipo ? Quem mais no Brasil condenou o Bozo (sic) por genocídio ? O TUCA foi esse espaço, e isso tem uma relevância extraordinária no processo de resistência contra um governo do tipo fascistóide (sic), como é o governo Bolsonaro”, ressalta Arbex. 

Interior do TUCA
Foto: Jornal PUC-SP

Para Arbex, que esteve presente na invasão da PUC-SP pelos militares em 1977, o Teatro é um espaço de liberdade e defesa da democracia. “As paredes queimadas, que foram preservadas, incendiadas por um atentado da extrema-direita, elas estão lá para lembrar a gente que a ameaça está sempre aí. Democracia nunca é uma conquista definitiva, consolidada, é sempre um processo. E o TUCA tá aí para ajudar a gente a manter esse processo vivo”. 

Aos risos e com certa emoção, Célia Grahl encerrou a entrevista dizendo que o TUCA é “metade da minha vida”. “O TUCA para mim é uma grande alegria. É uma grande satisfação estar aqui, representando a cultura neste teatro”, finaliza Sérgio Rezende. Na memória afetiva de São Paulo, o Tuca, ou Tucão, é mais do que apenas um teatro, é resistência, cultura, política, o símbolo de toda uma comunidade. 

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