“Se você precisar, peça ajuda”

Doenças mentais são a principal causa de suícidio: entenda como identificar sinais de quem precisa de ajuda
por
Sônia Xavier
|
10/09/2022 - 12h

 

O mês de setembro é marcado pelas campanhas em prevenção ao suicído que, embora aconteçam durante todo ano, se intensificam neste mês em tributo ao dia 10, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. 

As campanhas tiveram início nos Estados Unidos quando Mike Emme,17, cometeu suicídio em 1944. Mike sofria de sérios problemas psicológicos, mas seus familiares e amigos não perceberam a tempo. 

No dia do velório foi feita uma cesta com muitos cartões decorados com fitas amarelas e dentro deles havia a mensagem “se você precisar, peça ajuda”. Os cartões chegaram realmente nas mãos de pessoas que precisavam de apoio e a partir desta  iniciativa foi dado início a um movimento importante em prevenção ao suicídio. O laço amarelo é usado até hoje como símbolo da campanha. 

 

O laço amarelo é símbolo da campanha contra o suicídio
A cor amarela é usada como símbolo em todas as iniciativas da campanha. Foto: Reprodução/UOL

 

No Brasil a campanha acontece desde 2014, por uma iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), com o objetivo de prevenir e reduzir os números de suicídio no país. Em 2022 a campanha chega em seu oitavo ano trazendo um novo tema : "A vida é a melhor escolha".

"Precisamos orientar para conscientizar, prevenir e no mês de setembro concentramos os nossos esforços e vamos para a prevenção efetiva do suicídio. A morte por suicídio é uma emergência médica e pode ser evitada através do tratamento adequado do transtorno mental de base", afirma o presidente da ABP, Dr. Antônio Geraldo da Silva. 

Os registros de suicídios no país se aproximam de 14 mil por ano, ou  seja, uma média de 38 pessoas por dia tiram sua própria vida e a maior parte deles está  ligado a transtornos mentais que não foram diagnosticados a tempo ou que são tratados de maneira ineficiente.

Hellen Diana, 20, quase entrou para essa estatística diversas vezes. A primeira delas quando tinha 11 anos de idade e já sofria de depressão. Diana só não virou um número porque em todas as vezes que tentou, foi impedida por alguém, no caso da primeira, pelo seu irmão que na época tinha apenas 10 anos. 

O suicídio é um importante problema de saúde pública, mas, infelizmente, ainda é considerado tabu. O psicoterapeuta Árlon Miqueias aponta alguns sinais em que devemos ficar atentos para, possivelmente, impedir alguém que esteja com pensamentos suicidas "isolamento social, utilização de medicamentos ou drogas, mudança de comportamento, porque ninguém consegue esconder por muito tempo".

Miquéias também salienta a importância de ouvir as pessoas e estar vigilante a potenciais crises “a primeira coisa {a fazer} é ter sentimento de empatia e saber que falta de saúde mental é algo sério. Os próximos passos são não deixar a pessoa só e incentivá-la a buscar ajuda profissional”.

 

Hellen já tentou suicídio diversas vezes
Hellen conta sobre a importância da família no seu tratamento. Foto: Reprodução/ Instagram 

Hoje, a rede de apoio de Hellen conta com, além dos familiares, psicólogo e psiquiatra “Se eu não tivesse minha rede de apoio eu não estaria viva no dia de hoje”, acrescenta. 

Diana conta que a família exerce um papel central no seu tratamento, a preocupação vai além da alimentação, incentivo a práticas de atividades físicas ou com a medicação “ eles se preocupam em relação a tudo, querem me ver sempre bem”.