Racionais MC’s: os respeitáveis pais do rap brasileiro

Depois de mais de 30 anos de história, o grupo é eternizado em documentário produzido por uma das maiores plataformas de streaming do mundo
por
Dayres Vitoria
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24/11/2022 - 12h

Em 1988, surgia um dos maiores grupos de rap no Brasil. Mano Brown,  Ice Blue, KL Jay e Edi Rock, quatro amigos pretos, com vivências de periferias, que queriam levar as reflexões a respeito do país através de suas letras autorais para as próprias quebradas. Hoje, com mais de 30 anos de carreira, eles não deixam de fazer história. 

Inspirados pelo disco Tim Maia Racional, o síndico do Brasil, definiram juntos um nome para o grupo: “Racionais”. Já na década de 80, gravaram as primeiras músicas que entrariam para a coletânea Consciência Black - Vol. I, Tempos Difíceis e Pânico Na Zona Sul.  

Em 1990, lançam o primeiro EP, Holocausto Urbano e em seguida Escolha O Seu Caminho. Em ambas primeiras obras escritas pelo grupo, eles já abordavam os principais problemas que até hoje mais atingem as comunidades: a desigualdade social,  o racismo escancarado e a violência policial exacerbada direcionada às pessoas periféricas. 

Diretamente de São Paulo, os quatro integrantes são considerados por muitos os pais do hip hop no Brasil. Respeitados dentro e fora das periferias, são referências para aqueles com as mesmas origens, que possuem consciência de quem são e principalmente daqueles que almejam por mudanças significativas para si e para os semelhantes das favelas.

Agora, o legado de luta é eternizado também em formato documentário. "Racionais: Das Ruas de São Paulo pro Mundo", lançado em 16 de novembro pela plataforma Netflix, mostra as origens e ascensão do grupo.  No longa, os quatro mc’s “passam a visão” sobre a realidade do Brasil que tanto difundiram ao longo dos anos através do rap. A produção se trata de uma espécie de testamento para o estilo que acima de tudo é político. 

Hoje, com todos acima dos 50 anos e no auge, seguem fazendo shows pelo país e esgotando as bilheterias.

Entre os mais velhos e inclusive entre a nova geração, os prediletos do rap continuam sendo uma das referências máximas quando o assunto é “mandar a real” sobre Brasil.