Professores da PUC-SP realizam paralisação após corte salarial

De maneira autoritária, a mantenedora da universidade desde 2006, Fundação São Paulo (FUNDASP), reduziu o piso salarial em 10% e afirma que a mudança foi devidamente acordada com o corpo docente. A Associação dos Professores da PUC (APROPUC) contesta.
por
Maria Ferreira dos Santos
Artur dos Santos
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14/09/2022 - 12h

Em 2006, a FUNDASP assumiu o controle fiscal da  PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Desde então, funcionários de diferentes cargos queixam-se de problemas contratuais e de questões trabalhistas. O depósito dos salários reduzidos na terça (06) foi, nas palavras dos docentes, “a gota d’água”.

O salário depositado no início deste mês apresentou uma redução de 10% no valor total, sendo feita sem avisos e justificações prévias. Até o corte, o cálculo da remuneração dos professores da Universidade era feito sobre 5 semanas de trabalho remunerado por mês - prática constante de pagamento desde 1987, e, portanto, considerada como Direito Adquirido dos professores.

 

Trecho da “Carta Aberta ao Consun” (Conselho Universitário da PUC-SP) elaborada pela APROPUC.
Trecho da “Carta Aberta ao Consun” (Conselho Universitário da PUC-SP) elaborada pela APROPUC. Parte da carta pode ser lida pelo link.

 

Diante disso, os professores da Pontifícia organizaram-se com rapidez, convocando reuniões nos dias seguintes. Com essa movimentação dos professores e demais entidades institucionais, a Fundação se manifestou em nota oficial e afirmou que o salário neste segundo semestre de 2022 está “considerando em sua fórmula de cálculo 4,5 semanas mensais”, além de alegar que a “remuneração por 5 semanas mensais não só fere o bom senso como remunera a maior os docentes, sem nenhuma justificativa para tanto”.

A nota acrescenta que a alteração salarial foi acertada por ambos os lados através da assinatura do Acordo Interno de Trabalho, o que é falso, pois contrasta com os depoimentos dos docentes, além de que não há nenhum documento de comunicação antes do corte por parte da mantenedora.

Nota emitida pela FUNDASP sobre o confisco de 10% no salário do corpo docente.
Nota emitida pela FUNDASP sobre o confisco de 10% no salário do corpo docente. O texto pode ser lido através do link.

 

A manifestação teve forte participação dos Centros Acadêmicos, os alunos caminharam com cartazes até o prédio da instituição, localizado na Rua João Ramalho. A perspectiva é de que os universitários continuem apoiando os professores.

Cartaz com os dizeres “nenhum direito a menos” foi colocado em frente ao edifício da FUNDASP por estudantes. Reprodução: Instagram/ APROPUC. O post pode ser visualizado através do link.
Cartaz com os dizeres “nenhum direito a menos” foi colocado em frente ao edifício da FUNDASP por estudantes. Reprodução: Instagram/ APROPUC. O post pode ser visualizado através do link.