A popularização de livros está relacionada à hashtag "booktok" do aplicativo de vídeo, aponta criadora de conteúdo digital

“O TikTok me fez voltar a um hábito de leitura que eu não tinha desde os 14 anos”, diz Marcela Fregonesi, jovem e leitora”
por
Anna Cecília Nunes
Beatriz Tiemy
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07/06/2022 - 12h

Com a chegada do cenário pandêmico no Brasil, muitos setores comerciais tiveram que encontrar uma maneira para sobreviver, com o setor editorial não seria diferente. Presenciou-se muitas livrarias encerrando as suas atividades, o que gerou o questionamento de quais seriam os novos caminhos que guiarão a área. Formas de divulgações através da internet sobre os conteúdos literários ganharam força. Um grande exemplo é o TikTok, em que a hashtag booktok, voltada para vídeos envolvendo livros, acumula mais de 56 bilhões de visualizações, que foi o classificado com o maior índice de influência em vendas de livros. 

De acordo com os dados do Painel do Varejo de Livros, divulgados pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), entre  2020 e 2021 houve um crescimento de 38,38% no volume de livros comercializados e um faturamento 28,46% superior. Isso significa que 3,91 milhões de livros foram vendidos contra 2,82 milhões de títulos nesse mesmo intervalo em 2020. Umas das booktokers mais conhecida é a criadora de conteúdo digital, Leticia (@biblioleticia), que acumula mais de 500 mil seguidores e 26 milhões de likes em sua rede social. As recomendações são para todas as idades, mas, segundo dados da plataforma TikTok, 66% dos usuários têm menos de 30 anos, com faixa etária entre 16 e 24 anos. 

Por ser uma plataforma voltada para o público jovem, o conteúdo do booktok teve uma contribuição significativa na evolução e popularização da leitura entre os adolescentes. Marcela Fregonesi, 19, diz como o booktok ajudou no seu retorno ao mundo literário: “O TikTok me fez voltar a um hábito de leitura que eu não tinha desde os 14 anos. Os vídeos de indicação me influenciaram muito a voltar com tudo, diria que os principais foram ‘Os sete maridos de Evelyn Hugo’ e ‘Metanoia’”. Além disso, Marcela diz que passou um ano lendo apenas indicações do booktok e como a plataforma influenciou outras pessoas que não tinham o hábito de leitura: “Em 2020, eu praticamente só li indicações do TikTok. Não me sinto tão influenciada hoje como eu já fui, mas mesmo assim ainda me impacta e vi que impactou muita gente que não lia, até porque você pode receber indicação de qualquer estilo de livro, o que faz com que seja mais fácil das pessoas encontrarem algo que interessa elas a entrarem no mundo da leitura e, talvez, até influenciar outras pessoas próximas.”

Livros na categoria "booktok" na livraria.
Categoria "booktok" é vista em livraria. Reprodução: Twitter/@desastredastar
 

 

Bárbara Pollo, influencer da plataforma TikTok que grava conteúdos sobre livros, explica o porquê do sucesso dos vídeos do booktok: “O booktok cresceu tanto por conta da maneira que os criadores de conteúdos fazem os vídeos, pois no TikTok só era permitido vídeos de até 1 minuto, e tínhamos que criar uma resenha que desse vontade de ler no público, e por conta do tempo de vídeo, não ficava cansativo para as pessoas nos ouvirem.” 

Perante à grande repercussão do booktok, determinados títulos muito comentados na plataforma como “Mentirosos” (2014), “Vermelho, Branco e Sangue Azul” (2019), “Corte de Espinhos e Rosas” (2018), chamou a atenção de inúmeros jovens e passaram a ser os mais vendidos no Brasil, “os queridinhos do booktok” em algumas livrarias como a Leitura passaram a ter uma sessão dedicada somente aos títulos mais comentados na rede. 

"Muitas pessoas que já liam começaram a repassar suas experiências para os outros através da internet, em especial na pandemia, pois ficamos em casa com mais tempo disponível para ler. Alguns criadores de conteúdo utilizam dessa ferramenta como forma de trabalho, outros fazem por diversão e outros fazem apenas para popularizar um livro que gostou”, explica a booktoker, Bárbara Pollo.