PerifaCon retorna e busca democratizar o conteúdo geek e pop na periferia

O evento aconteceu no último domingo (31) e reuniu milhares de fãs na zona norte de São Paulo.
por
Bianca Novais
Gustavo Pereira
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06/08/2022 - 12h
Letreiro da PerifaCon onde os visitantes podiam escrever suas mensagens. Foto: Gustavo Pereira.
Letreiro da PerifaCon onde os visitantes podiam escrever suas mensagens. Foto: Gustavo Pereira.

A PerifaCon retornou ao modelo presencial neste domingo (31) após dois anos de paralisação por conta da pandemia de Covid-19. O evento, considerado a primeira convenção de cultura nerd da favela, tem objetivo aproximar o universo geek dos fãs que moram na periferia. A PerifaCon foi gratuita e cerca de 10 mil pessoas compareceram à Fábrica de Cultura da Brasilândia.

Andreza Delgado, uma das organizadoras da convenção, afirmou: “Para nós, é muito importante voltar com nosso evento físico da PerifaCon porque, além de tudo, a periferia e o setor da cultura foram uns dos que mais sofreram com a ausência de políticas públicas e de um olhar mais humanizado para o morador da favela, essa retomada também é um movimento para reafirmar nosso compromisso com a democratização da cultura nerd, geek e de favela”.

Painel de recepção dos visitantes da PerifaCon. Foto: Gustavo Pereira.
Vista da Fábrica de Cultura da Brasilândia. Foto: Bianca Novais.
Painel de recepção dos visitantes da PerifaCon. Foto: Gustavo Pereira.
Painel de recepção dos visitantes da PerifaCon. Foto: Gustavo Pereira.

 

O evento contou com diversos espaços, desde painéis de convidados até praça de alimentação. Confira as principais atrações:

Auditório: Local reservado para a apresentação dos painéis. Nomes como Globoplay (Encantado’s), Warner Bros, Nubank, Maurício de Sousa Produções (MSP), Copa Studio (Irmão do Jorel) e Chartrone (Menino Maluquinho) realizaram palestras e apresentaram seus novos trabalhos.

Lojas e editoras: Espaço teve marcas como Lab Fantasma, Companhia das Letras, LiteraRua, entre outros, vendendo seus produtos.

Palco externo: No palco ocorreram bate-papos com personalidades, concurso de cosplay e shows de: Febem, Rincon Sapiência e Bivolt.

Galeria PerifaCon: Local reservado à exposição de artes visuais. Estavam expostos as coleções: "Rap em Quadrinhos", "Novos Modernista" e "Quebradinha".

Beco dos artistas: Coração das convenções de cultura pop, o espaço é onde artistas podem, além de vender suas obras, encontrar, conversar e converter fãs.

 

 

 

 

A artista Caluz (@caluzcaluz no Instagram) faz uma obra ao vivo ao longo do evento. Foto: Gustavo Pereira.
A artista Caluz (@caluzcaluz no Instagram) faz uma obra ao vivo ao longo do evento. Foto: Gustavo Pereira.
Beco dos Artistas na PerifaCon. Foto: Bianca Novais.
Beco dos Artistas na PerifaCon. Foto: Bianca Novais.​​​​​​

 

Beco dos Artista na Perifacon. Foto: Gustavo Pereira.
Beco dos Artista na Perifacon. Foto: Gustavo Pereira.
Espaço das lojas e editoras na PerifaCon. Foto: Bianca Novais.
Espaço das lojas e editoras na PerifaCon. Foto: Bianca Novais.
Espaço das lojas e editoras na PerifaCon. Foto: Bianca Novais.
Espaço das lojas e editoras na PerifaCon. Foto: Bianca Novais.
Espaço das lojas e editoras na PerifaCon. Foto: Bianca Novais.
Espaço das lojas e editoras na PerifaCon. Foto: Bianca Novais.

 

Espaço das lojas e editoras na PerifaCon. Foto: Bianca Novais.
Espaço das lojas e editoras na PerifaCon. Foto: Bianca Novais.

 

O ilustrador e quadrinista Sidnei Junior, popularmente conhecido como Saudade, 26 anos, foi um dos artistas do Beco em entrevista a AGEMT declarou: "É meu primeiro evento, e 'colar' justamente na PerifaCon está sendo um ambiente de troca. Aqui, todo mundo é de quebrada e a gente troca bastante sobre como é 'trampar' com a arte. Para mim, é um imenso privilégio".

Saudade comentou sobre como ser periférico é uma identidade que muitas vezes também precisa ser descoberta e entendida. "Eu comecei a me conectar com a quebrada um pouco tarde. Minha família me criou muito do portão para dentro, então foi na faculdade e no trabalho que me despertei nesse sentido, até culminar nas 'Crônicas dos Mandrakes'".

"Crônicas dos Mandrakes", seu novo projeto, ainda está em desenvolvimento e é possível acompanhar a produção pelo perfil no Instagram @o_homem_saudade.

 

Esse formato de evento é importante para a representatividade de fãs apaixonados pelo mundo geek que se veem impossibilitados de acessar muitos lugares desse universo, por conta dos altos preços dos ingressos. É o que comenta o fã e cosplayer Ricardo Kamikasi: "Como fã, estar em um evento como esse, que agrega pessoas que muitas vezes não têm acesso a esse tipo de cultura e de comercialização, é sensacional. Não é todo mundo que tem acesso e só Deus sabe como eu consigo me 'virar nos trinta' para consumir esse tipo de informação e cultura, que estão sendo compartilhadas nesse evento maravilhoso."

Espaço das lojas e editoras na PerifaCon. Foto: Bianca Novais.
Ricardo Kamikasi em cosplay de Kanan Jarrus, personagem de Star Wars. Foto: Gustavo Pereira.
Marcia Alves, 54 anos, em cosplay de Dora Milaje, personagens do filme Pantera Negra (Marvel Studios). Fotos: Bianca Novais.
Marcia Alves, 54 anos, em cosplay de Dora Milaje, personagens do filme Pantera Negra (Marvel Studios). Fotos: Bianca Novais.

Marcia Alves, 54 anos, em cosplay de Dora Milaje, personagens do filme Pantera Negra (Marvel Studios). Fotos: Bianca Novais.

 

Um dos grandes nomes do meio, Løad Comics, um multi-artista da Cidade Tiradentes, extremo leste de São Paulo, em entrevista para AGEMT celebra como a PerifaCon coloca a periferia como produtora e protagonista, para além de consumidora. "Esse é o mais louco para mim, porque tudo o que a gente vê é a galera de quebrada que fabrica, que distribui e que vende. E nas artes daqui você vê essas pessoas representadas, então acho muito massa que a gente sai daquela coisa enlatada americana, de só se falar de Marvel e DC".

Marcia Alves, 54 anos, em cosplay de Dora Milaje, personagens do filme Pantera Negra (Marvel Studios). Fotos: Bianca Novais.
Bianca Novais entrevista Løad Comics na PerifaCon. Foto: Gustavo Porcino.

Løad compartilha com a AGEMT suas expectativas para as próximas edições: "Espero que seja todo ano e que seja sábado e domingo. Só um dia dá uma saudade no coração e dois dias daria tempo da galera de outras cidades e outros Estados chegarem. E quero que cresça cada vez mais, que chegue no nível de ter não só em São Paulo, mas também no Rio de Janeiro, na Bahia, e em mais Estados. Periferia é periferia em qualquer lugar".

 

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