Os problemas de ser um microempresário

No Brasil, as pessoas que têm seus negócios tiveram grandes problemas por conta do lockdown, do negacionismo e da pandemia
por
Gabriel Yudi Gati Isii e Gabriel Aragão Rodrigues Pereira
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08/04/2021 - 12h

A pandemia do Covid-19, forçou a usar medidas de distanciamento social para evitar que a doença, extremamente contagiosa, se alastrasse de maneira avassaladora. Um ano mais tarde, a situação no Brasil não melhorou muito. 

Os problemas consequentes do vírus não se resumem à área da saúde. Como já foi dito, medidas de distanciamento social afetaram os negócios e a economia do país. No caso do microempresário o cenário fica, evidentemente, pior, uma vez que, sendo dono de um estabelecimento comercial de pequeno ou médio porte, ele é extremamente dependente de uma clientela, naturalmente reduzida se comparada à de um grande empreendimento.

Segundo a Boa Vista, empresa de informação de crédito englobando dados de empresas e consumidores, em 2020 os pedidos de falência aumentaram em quase 13% e as decretadas fecharam o ano em alta. 

Não bastasse afetar os indivíduos envolvidos nesses casos de micro e pequenos negócios, pessoas que precisam de seus empreendimentos abertos para seu sustento, o baque é grande para o país em si, já que juntas, micro e pequenas empresas representam 99% das empresas do Brasil.

Mesmo assim, em 2020 quase 300 mil novos empregos foram gerados via micro e pequenos negócios. Mesmo no cenário caótico, a venda por varejo em redes sociais. Uma área que encontrou algum espaço no meio virtual, por exemplo, foram as vendas de doces caseiros.

Quanto aos espaços físicos, mercados de bairro, ao menos no começo da pandemia no país, receberam uma clientela diversificada, com o temor das pessoas em irem para um mercado de rede com vários clientes, causando aglomerações, além de evitar longas saídas de casa.

Mesmo assim, os problemas impostos pelo vírus forçaram soluções diferentes, inovações pessoais para o microempreendedor, ou seja, novos métodos de ação para manter o negócio vivo.  

Em entrevista com a massagista Simone Lopes, atuante em sua profissão na zona norte de São Paulo, mãe de três filhos e microempresária, mostra a dificuldade e os caminhos adversos encarados por conta da pandemia do novo coronavírus.

Foto: Gabriel Yudi

Dessa forma, Simone contou como lidou com a quarentena em março de 2020 e em 2021: “Em março de 2020, meus atendimentos em espaços (como clínicas) diminuíram drasticamente. Por outro lado, os atendimentos na casa dos clientes cresceram por ser mais favorável ao consumidor. Para conseguir uma renda extra, para suprir a falta de massagem, comecei a vender produtos relacionados a massoterapia. E hoje em dia, em relação ao atendimento, não mudou muito, continua sendo muito maior à domicílio. No entanto, consegui abrir o leque, dando cursos de técnica de massagem”.

Sobre os clientes e os produtos usados, a profissional em massoterapia acrescentou que há mais atendimentos na casa dos consumidores, mas que houve uma redução grande perante o pré-pandemia. Ela ressaltou que o preço dos produtos aumentaram muito, com isso, teve que procurar outros fornecedores e começou a comprar no atacado para economizar.

Em relação ao futuro, Simone se mostra otimista em relação ao retorno das consultas. A empresária disse: “Acredito que tudo volte ao normal em breve e que até melhore, porque os problemas psicológicos estão se agravando durante a pandemia, e com isso, a massoterapia é um relaxante muscular e psicológico, aliviando a tensão diária”.

Politicamente falando, a massoterapeuta comentou sobre a atuação do presidente Jair Bolsonaro e do governador João Dória. Simone disse: “Bolsonaro fez um péssimo trabalho como representante do Brasil, negando a doença e a ciência. O presidente mais atrapalhou do que ajudou. Já Dória fez o certo em relação ao lockdown, pois caso deixasse aberto haveria um colapso da saúde ainda maior, mas tem que programar uma ajuda financeira para que os microempresários consigam se manter e não quebrem nessa fase tão difícil”. 

Simone deu um jeito de formar uma renda extra, mas há pessoas que não têm essa oportunidade. Portanto, deve-se destacar o papel importante que o presidente e os governadores têm em dar o auxílio para os microempresários e os desempregados, para que o colapso não seja maior.

Dessa maneira, os problemas causados pela pandemia são diversos, principalmente o negacionismo e os políticos, porém há esperança de que a economia se mantenha, desde que as autoridades façam o necessário para isso. Pagando um auxílio condizente com as contas e necessidades, onde uma distribuição de 150 a 375 reais não pagam o básico como aluguel, luz, água e mercado, sendo que 13,4 milhões de brasileiros estão desempregados. Então, os microempresários precisam de estímulo para sobreviver e o número de pessoas sem emprego não aumentarem.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil