Recentemente, fui assistir a um espetáculo. O tema? Uma mulher rica e popular que prometia demais, não cumpria nada e recebia tudo. Ela contava sobre seus atos para autoridades de justiça que apenas riam, a abraçavam e tiravam fotos, alegando que era “aquela das redes sociais”, enquanto poucos (que eu achei os personagens mais coerentes) tentavam apontar os erros dela e fazê-la pagar por seus atos.
Parecia desafiar todo meu conceito de certo e errado, era tragicômico! As vestes da personagem não combinavam com o ambiente sério. A inocência e infantilidade eram bem atuadas, pois dava a impressão que a própria personagem tinha outra personagem para interpretar. Fiquei a peça inteira torcendo por uma reviravolta, que talvez a protagonista fosse punida não só pelos seus atos, mas por em contar sobre tanta destruição com um sorriso no rosto. Mas no fim, ela apenas saiu livre e com novos amigos dentre as autoridades.
Voltei ao teatro na semana seguinte, o produtor da peça decidiu criar uma nova história, se passando no mesmo universo sisudo, com personagens diferentes do mesmo grupo de autoridades. Dessa vez, uma idosa também influente, conhecida por defender causas ambientais, estava conversando sobre a criação de uma nova área de conservação marinha, mas a preocupação das autoridades com a exploração de petróleo era mais importante que o meio ambiente, e a mulher era tratada com humilhações e ataques extremamente misóginos.
Foi mais uma peça que me deixou na ponta da cadeira, angustiado, quase mastigando todas as minhas unhas enquanto eu rezava para a mulher (a única ali que tinha senso comum) sair por cima das ofensas. Mas no fim... Ela saiu dali, mas não sem bater de frente com as ofensas que recebia.
Nunca cheguei a entender o ponto das peças, a mulher que deveria ser criticada e punida por seus atos era tratada com carinho, amor e veneração apenas por ser a “famosa das redes sociais” enquanto a mulher que deveria ser apreciada e admirada por seu ativismo era criticada, sendo retratada como “aquela ministra chata de meio ambiente”. Até hoje fico ponderando sobre isso, sobre como os valores de respeito estão distorcidos, e sobre como é tão fácil, mesmo sendo uma pessoa ruim, fugir de suas responsabilidades uma vez que você tem dinheiro e influência. Bom... Ainda bem que eram apenas espetáculos.