Mulheres expressam sua resistência no Jornalismo

Reconhecer e homenagear mulheres faz parte do processo de luta e resistência desse grupo.
por
Maria Ferreira dos Santos
Giuliana Barrios Zanin
Carolina Rouchou
|
09/03/2023 - 12h

O dia 08 de março para as mulheres é, como todos os outros dias, um dia de luta. Não é uma data comercial tampouco uma data romântica, por isso, presentear uma mulher com flores talvez não seja a melhor opção. O problema não está nas flores, muito pelo contrário. A questão é que infelizmente as flores não resolvem temas como a opressão e o apagamento histórico das mulheres.

Por isso, no dia 08 de março é importante lembrar de mulheres que lutaram contra a opressão e o apagamento. Por isso, como forma de homenagear mulheres inspiradoras e não deixa-lás num lugar de esquecimento, esse texto homenageia sete mulheres jornalistas e suas histórias.

 

Marie Colvin (EUA)

Foto: Dave M. Benett/Getty Images
Foto: Dave M. Benett/Getty Images

Correspondente de relações exteriores do Sunday Times de Londres, conhecida por cobrir locais de conflito principalmente no Oriente Médio, foi assassinada na Síria em 2012 enquanto cobria a guerra na cidade de Homs.

Em 2016 sua família abriu um processo contra o governo Sírio ao saber que esse estava envolvido em seu assassinato. Em 2019 eles ganham o processo e recebem 302 milhões de dólares do governo sírio.

 

Constance Cummings-John (Serra Leoa)

Foto: arquivo
Foto: Arquivo

Em 1936, Constance recebe uma bolsa de estudos nos EUA e vai trabalhar na Cornell University. Lá vivencia a violência racial e os impactos do colonialismo, assim torna a educação sua principal bandeira de luta e depois da Segunda Guerra participa de movimentos pan-africanos e movimentos pela educação feminina.

 

Mona Eltahawy (Egito)

Foto: Salam Plan
Foto: Salam Plan

Jornalista e comentarista egípcio-americana que escreveu sobre os direitos das mulheres no Oriente Médio e Norte da África. Já publicou no The Guardian, the International Herald-Tribune, The Washington Post, U.S. News & World Report and The New York Times. Ela tem sido uma crítica da violência de gênero na região e tem defendido a igualdade de gênero e a libertação das mulheres. Seu livro "Headscarves and Hymens: Why the Middle East Needs a Sexual Revolution" é uma poderosa crítica ao tratamento dado às mulheres na região. 

 

Elisabeth Adekogbe (Nigéria)

Foto: Arquivo
Foto: Arquivo

Inspetora de preços durante o período da II Guerra Mundial,  como professora, diretora de escola e jornalista, se tornou uma das mais importantes ativistas dos direitos das mulheres, fundando em 1952 o movimento conhecido como Women Movement of Nigeria – WMO (Movimento das Mulheres da Nigéria). Dois anos mais tarde, em 1954, Elizabeth Adekogbe  participou da direção do Council of Women’s Societies of Nigerian and the Cameroons (Conselho das Sociedades de Mulheres da Nigéria e dos Camarões), que em 1959 foi  uma das importantes coalizões que atuou durante o período da independência do país.

 

Maria Ressa (Filipinas)

Rappler News / AFP
Foto: Rappler News / AFP

Em 2012, Maria Ressa ajudou a fundar o Rappler, um website jornalístico que começou como uma página no Facebook e que tinha por objetivo lutar pela democracia e liberdade de informação nas Filipinas.E cada a repercussão de seu trabalho, ganhou o Prêmio Nobel da Paz juntamente do seu parceiro russo Dmitry Muratov. Foi incluída na lista Personalidade do Ano 2018 da revista Time como membro de um grupo de jornalistas de todo o mundo que combatem notícias falsas.Ela foi presa por "difamação cibernética" em meio a acusações de vários casos de notícias falsas e sonegação de impostos corporativos em 13 de fevereiro de 2019. Em 15 de junho de 2020, um tribunal de Manila a considerou culpada de ciberlibel. Em 2023, seu processo ainda está em aberto, mas já dissolveu 4 dos 7 processos movidos pelo Governo do País.

Jineth Bedoya Lima (Colômbia)

Foto: Alamy
Foto: Alamy

Jineth Bedoya Lima cobriu o conflito armado da Colômbia assim como o processo de paz e casos de violência sexual a mulheres.

Em 2000, enquanto trabalhava para o Jornal El Espectador, ela foi sequestrada e estuprada. Três anos depois, militantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Farc, sequestraram a repórter que atuava para o jornal El Tiempo.

Glória Maria (Brasil)

Foto: Divulgação / Paulo Belote
Foto: Divulgação / Paulo Belote

Foi a primeira jornalista negra na televisão brasileira, além de ter sido a primeira comunicadora a transmitir uma matéria na televisão com cor. Sua primeira aparição foi nos anos 70, durante o governo Médici e, desde então, viajou ao mundo e vivenciou as diversas culturas de cada país, com a esperança de mostrar aos brasileiros a sua coragem e força. Foi uma figura importante para o jornalismo, para o feminismo, para a representatividade negra.