Morre o ator e diretor teatral Aderbal Freire Filho, aos 82 anos

O artista estava internado no Rio por complicações no estado de saúde
por
Giovanna Montanhan
Maria Camargo
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10/08/2023 - 12h

O ator, diretor e apresentador de TV Aderbal Freire Filho morreu nesta quarta-feira (9), aos 82 anos, vítima de complicações de um AVC hemorrágico que sofreu ainda em 2020. Ele estava internado no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro. A notícia foi confirmada pela família. Por quase duas décadas, Aderbal manteve uma união estável com Marieta Severo, com quem também partilhou muito de seu trabalho.

Apesar de grande parte de sua vida ter sido dedicada à arte, sua formação inicial é em Direito — que cursou quando ainda residia em Fortaleza, local onde nasceu. Aderbal começou no teatro amador e semiprofissional em 1954 — até que, nos anos 70, mudou-se para o Rio, estreando como ator em “Diário de Um Louco” (Nikolai Gogol). Como diretor, seu primeiro trabalho foi em ‘’O Cordão Umbilical’’ (1972) de Mário Prata. Seu primeiro sucesso emplacado, porém, veio com o monólogo ‘’Apareceu a Margarida’’(1973), de Roberto Athayde. 

Produziu diversas peças no cenário brasileiro, como: “A Senhora dos Afogados” (1994) de Nelson Rodrigues, “Hamlet” (2008) de William Shakespeare, “As Centenárias” (2009) de Newton Moreno, “Incêndios” (2014) de Wajdi Mouawad, entre outras. Na TV, atuou no famoso seriado ‘’Tapas & Beijos’’ (2011) — que estrelava Fernanda Torres e Andréa Beltrão — e em ‘’Dupla Identidade’’ (2014), ambas produções da Rede Globo. 

Aderbal atuava como curador do Teatro Poeira (espaço cultural em Botafogo, RJ). O artista foi responsável pela recriação de diversos clássicos para o teatro brasileiro, além de ser um grande defensor da integração do teatro na América do Sul. Em 1973, fundou o Grêmio Dramático Brasileiro, e em 1989, o Centro de Demolição e Construção do Espetáculo (CDCE).

Em entrevista para o Culturadoria, em 2018, o dramaturgo comentou que “o teatro é uma arte do presente e de todos os pontos de vista. O espetáculo em cena é sempre um acontecimento presente, mesmo quando se trata de algo de outra época. É uma arte que fala, ou devia, do que está acontecendo.”

Sua última aparição na televisão foi em 2012, com o programa ‘’Arte do Artista’’ no canal TV Brasil. O programa foi considerado, na época, subversivo, pois mesclava uma linguagem teatral/cinematográfica com a linguagem televisiva.

"O diretor é um animal que nasceu do autor", cita Aderbal para a Folha, "assim como um lagarto que soltou uma... Eu ia dizer uma borboleta, mas é muita frescura pra definir um diretor! É assim como um rato que virou um morcego! De um ser que se dividiu em dois. A minha sensação, cada vez que a gente faz um espetáculo de alguém é de virar esse mesmo bicho.”

 

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