João Pimenta: Brasilidade e o futurismo andrógino na passarela

A marca João Pimenta dá a largada na edição N55 da SPFW em um desfile comemorativo aos 20 anos da grife
por
Manuela Mourão
Helena Saigh
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24/05/2023 - 12h

A grife brasileira João Pimenta, que carrega o nome do estilista,  abre a quinquagésima quinta edição da São Paulo Fashion Week (SPFW), em clima de comemoração. A marca comemora seus 20 anos com um desfile no Theatro Municipal, local especial para João, repleta de figurinos inovadores que trouxeram o trabalho notório para os palcos.

João Pimenta é uma marca de alfaiataria masculina reconhecida internacionalmente, criada por um dos estilistas mais renomados da SPFW, de acordo com o site oficial da loja. Seus produtos variados, incluem calças de alfaiataria, camisas, blazers de alfaiataria, saias e vestidos, além de incentivar a inserção de uma moda livre de rótulos, na qual homens podem usar saias e vestidos, tanto quanto mulheres.

O desfile foi aberto ao público, com ingressos gratuitos, exigindo apenas a realização de uma reserva prévia, para garantir o controle da lotação do espaço. 

Com styling de Paulo Martinez, direção de Richard Luiz e Paulo Borges e beleza de Ricardo dos Anjos, o desfile foi dividido em 4 atos, divididos pela paleta de cores da coleção. Os tons variaram entre brancos, azuis, cinzas, metalizados e preto. 

A coleção “ópera fashion” de João se mostrou comemorativa, atual e ao mesmo tempo fiel a identidade da grife. O cowboy, o punk e o dândi, foram os personagens identificados na passarela. Jaquetas com franjas, rendas, chapéus e botas, trouxeram o cowboy, estilo que se popularizou nos últimos tempos no mundo da moda. O punk apareceu em peças de vinil, bastante pesadas e escuras, couro, brilho, patchwork, correntes e detalhes já conhecidos pelos fãs da marca: os crucifixos invertidos. E por fim, mantendo-se devoto ao estilo dândi, uma alfaiataria sofisticada e andrógina, com bastante sobreposição e volume.     

 

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Foto/divulgacão

A apresentação trazia como centro a dualidade entre uma obra teatral e um desfile, entre o figurino e a moda, o estilista e o artista. Essa característica honra perfeitamente a trajetória e a personalidade de João pelas passarelas e pelo teatro, além de reforçar o tema da Fashion Week Origens. 

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Foto/divulgação

O olhar da marca traz a proposta de que o figurino é livre para ser moda, e que não há regras para o vestuário.

Durante o desfile, foram apresentados cerca de 60 looks ousados, inspirados principalmente em uma mistura de festas religiosas do interior brasileiro, da subversão dos homens que moram em cidades grandes, referências históricas, com a presença de silhuetas vitorianas e a libertação de uma moda de gêneros e o ênfase ao andrógeno . "Depois de 20 anos, eu entendi que meu trabalho é assim. Se eu tenho um cliente que consome esse produto, por que eu não posso ser autêntico e fazer as coisas do jeito que eu acredito?", disse João, no final do desfile de ontem (22).
 

A passarela contou também com um texto escrito pelo diretor de teatro Gerald Thomas e ganhou vida na voz da atriz Vera Holtz, enquanto Fernanda Maia entregava uma trilha sonora ao vivo em um piano no palco. Para criar ainda mais um cenário teatral, as músicas se intensificavam durante certos momentos do desfile, as luzes piscavam e João Pimenta provava mais uma vez a qualidade de seu trabalho. 

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Foto/divulgação

 

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