Investir em renda fixa evita grandes perdas

Aplicações em renda variável podem ter maiores ganhos, mas embutem também risco mais alto
por
Maiara Yokota
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22/06/2021 - 12h

Dentro do mundo financeiro há uma diversidade de produtos a serem escolhidos. O primeiro passo a ser dado é a escolha de um consultor financeiro, para administrar os investimentos do indivíduo.  Ele analisará o objetivo e o perfil do investidor, antes de realizar as sugestões que atendam às suas necessidades. Em algumas circunstâncias o investidor não tem possibilidade de bancar essa gestão financeira. Nesse caso a opção seria buscar conhecimento gratuito de profissionais dentro da área.

Em entrevista à Agemt, os consultores financeiros Ana Hutz e Alexandre Vilarinho compartilharam algumas dicas para pessoas interessadas em investir, mas sem correr grandes riscos. Começando pela escolha do produto ideal, os dois abordaram pontos semelhantes para a tomada dessa decisão, como, por exemplo, a liquidez do ativo (facilidade de resgatá-lo) e confiabilidade da instituição financeira.

Tratando-se de ativos financeiros, tem-se a renda fixa e a renda variável. A primeira está ligada a produtos com menos riscos, pois a partir do momento em que o indivíduo compra um título, ele já tem em mente as possíveis perdas, que estariam nas descrições do produto, no caso a rentabilidade e as variações de índices como o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e a taxa Selic (juros básicos). A renda variável, por sua vez, abrange produtos de médio e alto risco, devido à intensa presença de volatilidade (variações/instabilidade).

 A renda fixa possui vários produtos, que seriam títulos a serem vendidos por instituições. Comprar um título do banco, significa que você está emprestando dinheiro para essa instituição e ela irá lhe pagar de acordo com as descrições do produto. O Tesouro Direto são títulos públicos, considerados os investimentos mais seguros, mesmo não estando cobertos pelo chamado, Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Além dele, os títulos de bancos CDBs, as letras de crédito LCI (setor imobiliário) e LCA (setor do agronegócio) que são isentos do Imposto de Renda e por fim as debêntures, títulos de empresas privadas sem cobertura do FGC.

O investidor conservador tem duas possibilidades dentro da renda fixa: os títulos prefixados e os pós-fixados. No momento da compra os prefixados costumam ter o seu risco anexado no produto, como por exemplo um CDB com rentabilidade de 10,1% ao ano, e com vencimento de quatro anos. Esse crédito bancário terá um retorno de 10,1% do valor total, por ano, que no caso seria pelo período de quatro anos. O pós-fixado possuí uma variável que seria o IPCA ou a taxa Selic, o que impede prever a sua rentabilidade.

 A consultora Ana Hutz pontua que há uma vantagem de investir em produtos pós-fixados e que a diversificação é algo positivo. “Quando eu penso em longo prazo, gosto de uma combinação de coisas. Produtos que paguem inflação, ou seja, produtos indexados ao IPCA, são uma boa opção para o longo prazo. Às vezes para período mais curto é bom ter um pouquinho de prefixado, porque geralmente já se prefixa uma inflação mais alta, quando ela está subindo. Então vale a pena ter um pouquinho de prefixado para um período menor.

Dentro do segmento de perfis de investidores, tem-se o arrojado. Ele está disposto a grandes correr maiores riscos em busca de ganhos mais expressivos. Na renda variável há o mercado de ações, portando operações como o swing trade (compra e venda em períodos mais longos) e o day trader (compra e venda no mesmo dia). Há também o mercado futuro, o mercado de opções e as criptomoedas. Esse tipo de investidor costuma arriscar-se no mercado de ações e no mercado das criptomoedas.

Alexandre Vilarinho tem um ponto de vista crítico sobre o mercado de criptoativos. Ele não recomenda esse produto para os seus clientes e pontua que em sua avaliação os criptoativos vieram para ficar como uma moeda de troca, uma forma de vender e comprar objetos. Para ele o dinheiro é um meio de troca. O que seria diferente de comprar ações, pois elas têm uma maior valorização com o tempo

Sobre o mercado de ações, o consultor financeiro aborda que não é possível viver apenas de trading, e estende a sua fala: “O trader faz parte de uma estratégia de investimento de alguém mais arrojado, que se dedicou e estudou, mas sempre recomendo que a pessoa tenha outro tipo de fonte de renda. Tenha diversificação nos investimentos e separe uma parte para fazer trading, porque são operações de muito risco”. É primordial não depender do dinheiro investido no mercado de ações e esse pensamento também pode definir a relação que o investidor deve ter no mercado de opções e no mercado futuro. Pois eles são mais restritos até para o investidor arrojado, por serem de altíssimo risco. Então necessita-se de experiência, conhecimento e diversificação na carteira de ativos.

No decorrer da entrevista, Vilarinho ressaltou a importância de identificar a finalidade do investidor com o produto. Disse que é necessário avaliar o perfil do investidor, mas que não adianta ele ter um perfil mais arrojado (propenso a riscos) se a sua finalidade seria investir com prazos definidos – por exemplo, financiar uma moradia ou um automóvel. O consultor destacou a importância de definir o prazo em que o indivíduo precisa desse retorno e também o seu objetivo, que no caso hipotético seria comprar uma casa. Mesmo com o perfil que suporte riscos, ele já não poderia optar por arriscar.

O investidor conservador e com pouca renda pode criar a sua reserva financeira, pois os juros compostos irão agir caso ele tenha disciplina. Investir é uma forma de deixar de trabalhar por dinheiro e fazer com que o dinheiro execute esse papel. Vilarinho dialoga com essa afirmação proposta, concordando e afirmando que o investimento tem a finalidade de conduzir o indivíduo a sua liberdade financeira, para que ele possa fazer escolhas que têm a ver com aquilo que ele gosta de fazer. Por meio de suas palavras, conclui-se que o importante não é quanto o indivíduo pode investir e sim o ato de investir constantemente.

Imagem da capa: Freepik.