Gênero Fluido desafia padrões do patriarcado

“Consegui colocar um vestido e estar lá com a roupa que sempre quis”, explica Moon, estudante que foge do gênero convencional
por
Clara Dell'Armelina
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15/06/2024 - 12h

 

(Fonte:Louise Zin, Dicas de Mulher)

“Me identifico tanto com pronomes femininos quanto masculinos.”, diz Moon, uma pessoa de gênero fluido e bissexual. A fluidez de gênero vem se tornando cada vez mais visível ao passar dos anos, mas muitos ainda não sabem o que esse termo significa, acabam confundindo com sexualidade, “gênero fluido se trata sobre como você se identifica na questão física, seu corpo e sua aparência, já a orientação sexual é sobre o que você sente atração, não só ao se tratar de genitália, como todos tendem a associar, mas também pelo que a pessoa é, seja homem, mulher, neutro e por aí vai.”.

Moon, estudante de Arquitetura e Urbanismo da UNISAL(Universidade Saleniana) no interior de São Paulo, Americana, relata que percebeu sua fluidez de gênero durante o ensino médio, lá pelo ano de 2019. Mas a primeira vez em que se sentiu à vontade e vestiu-se com roupas entendidas como “femininas” foi na Faculdade, em 2023: “Consegui colocar um vestido e estar lá com a roupa que sempre quis. Foi muito bom para mim pois vi que minhas amizades estavam lá para me apoiar e que posso ser quem eu sou, sem medo, todos foram muito receptivos, até desconhecidos.” Ela defende que a questão da roupa é importante pois “assim podemos passar a imagem que queremos para que saibam como nos tratar.”

Diante da compostura daqueles que Moon já conhecia, conta que sua família apenas “finge que não vê, mas me tratam da mesma maneira que me trataram a vida toda, só que não me importo porque são pessoas antigas, não vão mudar de forma repentina”. As pessoas da igreja evangélica que até pouco atrás frequentava a trataram com respeito, a aceitavam e amavam muito, “lá as pessoas conheciam bem o que pregavam, diferente de muitos evangélicos por aí que se dizem cristãos, então sabem que Deus julga o bem e o mal, não quem somos fisicamente ou quem amamos.”.

Moom conta com entusiasmo que “Pose” é uma série que sempre estará em seu coração “pelo tanto de representatividade que tem.” “A série acaba de modo tão realista e verdadeiro que é algo que mexeu comigo.” Já como inspiração no meio das redes sociais, Moon tem Bella Rose Avila, uma blogueira e modelo que também se identifica como sendo alguém de gênero fluido. Mas Bella não é a única, há muitas figuras famosas como Miley Cyrus, Cara Delevingne, Ruby Rose e mais tantas outras.

O termo “gênero-fluido” começou a ser discutido mais amplamente na década de 90, ele vem contemplado na letra “Q”, de Queer, na sigla LGBTQIAP+, sendo um conceito que engloba todas as sexualidades e identidades de gênero fora do padrão imposto socialmente. Enquanto que cisgênero é aquela pessoa que se identifica com o sexo – feminino ou masculino – que lhe foi designado ao nascer.

Quando se convive com alguém de gênero fluido, é importante perguntar à pessoa quais são seus pronomes de preferência, Moon, por exemplo, mesmo se identificando com os femininos e masculinos, tem sua preferência pelos primeiros, “sempre me apresento com eles e como Moon, pois é como eu prefiro!”. Além disso, a "fluidez" refere-se à mudança em relação à sua própria identidade de gênero ao longo do tempo, assim sendo, com o passar do tempo, a própria identidade de alguém flúido pode alternar.

Muitos se enganam ao pensar que a fluidez de gênero é sempre binária – apenas se reduzindo aos gêneros masculino e feminino – ela pode acontecer também entre gêneros não-binários, quando a pessoa não se identifica com gênero nenhum.

(Bella Rose Avila- Fonte: Shutterstock)
(Bella Rose Avila- Fonte: Shutterstock)
(Fonte: Rubyrose/instagram)
(Fonte: Rubyrose/instagram)
(Fonte: Xavier Collin/Image Press Agency)
(Fonte: Xavier Collin/Image Press Agency)