Editorial AGEMT: Paralisação estudantil na PUC-SP

 

O movimento estudantil da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) paralisou as atividades no campus Monte Alegre na última quarta-feira (21) para exigir o básico: dignidade no ambiente acadêmico para todas as pessoas que fazem parte dele.

A história de luta pela democracia da PUC como instituição é motivo de orgulho para quem já passou e passa pela universidade. O ano é 2025 e exigir combate ativo e contundente contra o racismo, a lgbtfobia e o assédio racial em nosso campus, iniciativas de inclusão de pessoas trans na comunidade universitária, ampliação dos direitos de alunos em programas de financiamento, atualização de currículos acadêmicos, aumento na disponibilidade de bolsas de estudos, revisão e congelamento de mensalidades, manutenção de cursos de pós-graduação abertos e transparência nos gastos da mantenedora são, no mínimo, razoáveis. Prezamos por políticas de inclusão e que assegurem verdadeiramente o acesso à educação.

Essas pautas não são novas e conforme cada uma foi negligenciada, elas se acumularam. Dois casos mais recentes de falhas estruturais e de saneamento, foram o estopim para o movimento de ocupação do campus: o desabamento de uma parte do teto no chamado prédio velho e o flagrante de um rato no refeitório terceirizado. 

Para ser coerente com a tradição da PUC-SP, a reitoria se posicionou contrária à decisão judicial solicitada pela mantenedora, a Fundação São Paulo, que determina a reintegração de posse do campus, inclusive com o uso de  força policial, se necessária. Ainda, afirma estar aberta ao diálogo, mas até o momento só ofereceu estratégias para lidar com as questões a respeito da discriminação racial, da estrutura do restaurante universitário, do programa de pós-graduação San Tiago Dantas, de Relações Internacionais, e subsídio integral à alimentação de alunos do FIES Social.

Em respeito ao educador e sociólogo Mauricio Tragtenberg, que dá nome à agência, a AGEMT apoia a luta bolsista, racial e LGBTQIAPN+ na universidade. Prestamos nosso apoio aos coletivos Saravá, Da Ponte para Cá, aos Centros Acadêmicos, e especialmente aos estudantes e minorias atingidos. Como dizia Tragtenberg, “a luta é a grande escola do trabalhador, é através dela que ele forma sua consciência social.”