Do 7 de Setembro ao 8 de Janeiro

Em 5 meses, manifestações políticas a favor de Jair Bolsonaro se tornaram golpistas
por
Artur Maciel Rodrigues
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07/09/2023 - 12h

(Apoiadores de Bolsonaro na esplanada dos ministérios no sete de setembro de 2022. Foto:Gabriela Biló/Folhapress)

O dia da independência do Brasil em 2022 teve bandeiras que não representavam a nação, mas sim uma pessoa:  Jair Bolsonaro. O político utilizou a data para alavancar as suas chances de ganhar  as eleições presidenciáveis e atacar “inimigos” como o STF. A comemoração teve uma elevação dos gastos. Comparado a 2019, o orçamento para o desfile aumentou em R$4,4 para 8,4 milhões de reais. A Defesa repassou as informações por causa da Lei de Acesso à Informação.  

Em Brasília, o  presidente segurou uma bandeira escrito “Brasil sem Aborto, Brasil sem drogas”. Junto a ele estavam seus aliados e familiares, como Luciano Hang. O público de mais de 100 mil pessoas viu a demonstração das forças armadas e  desfiles de tratores. Os apoiadores  que vestiam verde, amarelo e azul,  seguravam placas com “22 pelo bem do Brasil” e pedidos de acionamento das forças armadas para  destituir o Supremo Tribunal Federal.

Em seu discurso, Bolsonaro pediu votos, falou da “luta do bem contra o mal”nas próximas eleições e comparou as primeiras damas Michelle  e Janja (Rosângela Lula da Silva).   Após chamar sua esposa de "mulher de deus", incitou um coro de “imbrochavel”. Por fim, deu uma indireta ao STF, esperando vaia do público contra seus “adversários políticos” 

A insatisfação bolsonarista foi ativamente contra a sociedade civil desde o resultado das eleições . No dia 30 de outubro, rodovias em 25 estados e Distrito Federal foram bloqueadas como protesto pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. No dia 2 e 15 de novembro, foram  realizadas  manifestações golpistas em prol da intervenção militar em diferentes estados da nação, inclusive na frente do prédio das Forças Armadas. Em 12 de dezembro de 2022, a sede da Polícia federal foi vandalizada e 8 carros foram queimados, além de botijões de gás terem sido espalhados por Brasília.

(Golpistas no oito de janeiro de 2023 na praça dos três poderes, foto:Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(Golpistas no oito de janeiro de 2023 na praça dos três poderes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Depois de semanas acampando na frente dos prédios militares em todo país, foi a vez da Praça dos Três Poderes de ser ocupada. Quatro mil golpistas, novamente vestindo verde e amarelo, criticaram o STF,  afirmando que as eleições não foram justas e exigindo ação militar. Para provar seu ponto, saquearam obras de arte públicas, picharam as estátuas do planalto e vandalizaram a justiça. Não só feriram o prédio público, como também agrediram a própria democracia brasileira.

O Sete de setembro representa a liberação do Brasil de mãos portuguesas.Contudo, o medo do totalitário nunca saiu da história da nação. Com Jair Bolsonaro, representante da ideologia extremista, inelegível, a data se torna um símbolo de resistência da democracia. Ao mesmo tempo, é uma mensagem de cautela sobre os grupos nocivos que cercam a sociedade civil do país.