Cultura japonesa ganha espaço com animações e quadrinhos

Do pioneiro Dragon Ball Z a fenômenos mais recentes, como Demon Slayer, brasileiros se interessam cada vez mais por animes e mangás
por
Gabriel Cordeiro
Pedro Lima Gebrath
Pedro Paes Barreto
|
25/04/2023 - 12h

A cultura japonesa é muito famosa ao redor de todo mundo e está presente no ocidente de diversas maneiras, com os populares restaurantes, as artes marciais e também com outra forte indústria que vem crescendo bastante nos últimos anos, incluindo em nosso país: os animes/mangás.  

Os mangás são histórias em quadrinhos japonesas com seu estilo próprio de desenho, e que também têm sua tradicional maneira de ser lida “de trás para frente” (da direita para a esquerda). Já os animes são a versão animada dos mangás, exibida em forma de filme ou seriado. 

Análise: TOC Weekly Shonen Jump #06-07 (Ano 2019). - Analyse It 

Capa da revista japonesa Shonen Jump, que contém capítulos de obras famosas, como One Piece, Naruto, Bleach e muitas outras publicações semanais ou mensais.  

Os animes se popularizaram de fato no final dos anos 90, início dos anos 2000, com muitas obras sendo transmitidas na TV aberta em canais como a Rede Globo e SBT, com foco no público infantil, sendo exibidas obras famosas e de muito sucesso como Pokemon, Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco e várias outras. Mas recentemente o crescimento vem aumentando de maneira significativa: a indústria de animação japonesa cresceu mais de 13% entre 2021 e 2022, gerando um lucro de 20,6 bilhões de dólares, cerca de 105,5 bilhões de reais, com o anime One Piece sendo a série de maior audiência do serviço de streaming Netflix, superando produções como Wandinha e Stranger Things. A obra de Eiichiro Oda (autor da série japonesa) também bateu um recorde nos quadrinhos, ultrapassando o famoso Batman, atingindo a marca de 490 milhões de exemplares vendidos e se tornando a segunda série de quadrinhos mais vendida da história, atrás apenas de Superman. 

As causas desse crescimento recente são muitas. Para entendê-las, a Agemt  entrevistou o criador de conteúdo Narrativando (do canal Narrativando no YouTube), que faz vídeos assiduamente sobre o assunto e acompanha o cenário desde 1999. De acordo com ele, o crescimento se deu por três motivos principais: maturação da mídia, acessibilidade (com a difusão da internet, por exemplo ) e a qualidade visual dos animes. Outro ponto também é o fato que as pessoas que tiveram o primeiro contato com as animações atualmente são adultas, ajudando assim a consumir e repassar a cultura para as próximas gerações com maior facilidade. 

Outro fator citado por Narrativando são os streamings: “Os streamings ajudaram sim a popularizar, pois é mais fácil de achar conteúdo ficando consolidado em um só lugar, assim não precisando mais usar sites piratas para baixar, como era na minha época”. Essa afirmação também se comprova com dados, pois em 2022 os serviços de streaming relacionados à indústria de animações japonesas registraram um lucro de um bilhão de dólares, um aumento de 65,9% em relação ao ano de 2020.  

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Imagem do anime One Piece. Foto: Shueisha / Toei Animation / Divulgação 

O criador de conteúdo também diz que a cultura nerd no geral também está em alta, se tornando parte da cultura considerada popular e não mais algo de nicho, citando como exemplo a franquia Marvel nos cinemas, com os super-heróis também deixando de ser algo reservado a uma comunidade. Outro exemplo é o dos videogames, como Counter Strike, que assim como os animes tinha uma certa fama nos anos 2000, mas foi recentemente que chegaram a outro patamar de popularidade. 

A tendência é o crescimento continuar, após sucessos de audiência e vendas alcançando diferentes públicos e faixa etárias. Com uma comunidade nas redes sociais ativa e acolhedora, é possível dizer que a indústria dos anime/mangás conquistou de vez seu lugar na cultura brasileira.  

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