Coletivo Glamour comemora 10 anos

Movimento em apoio à comunidade LGBTQIAP+ coleciona conquistas pela diversidade na PUC-SP
por
Ana Julia Mira
Maria Eduarda Cepeda
|
20/06/2024 - 12h

O coletivo Glamour celebra 10 anos de história na PUC-SP com uma trajetória de lutas, marcada pela criação da Biblioteca LGBTQIAP+ e a retificação dos nomes de alunas e alunos nas plataformas digitais da universidade.

O Glamour  se consolidou como um espaço seguro e de acolhimento para os alunos na universidade, como uma rede de apoio aos estudantes, além do intuito fortalecer uma resistência contra as violências físicas, psicológicas nos ambientes de convivência fora e dentro do campus.  

Bandeira com as cores LGBTQIAPN+ com um triângulo invertido composto pelas cores da bandeira trans
Design utilizado pelo coletivo de 2014 a 2017 . Reprodução: Facebook / Coletivo Glamour PUC-SP

A abordagem desses temas são  necessárias no ambiente universitário, a acolhida de alunos LGBTQIA + nas universidades é crucial para criar um ambiente acadêmico inclusivo.

Conquistaram espaços e direitos para as pessoas da comunidade. Mesmo durante a pandemia, o coletivo reivindicava causas de suma importância, como a retificação do nome social nas plataformas de ensino digitais. 

Na época, mesmo os estudantes transexuais que já haviam retificado seus nomes na Secretaria da universidade, tiveram seus nomes civis expostos no novo modelo de ensino que estava sendo aplicado. 

Foi, então, realizado um ofício com a colaboração do Centro Acadêmico 22 de Agosto (do curso de Direito) solicitando tal mudança em prol do respeito para com as pessoas afetadas. 

Ofício realizado para retificação do nome de pessoas trans e travestis nas plataformas digitais da universidade
Ofício realizado pela retificação dos nomes de alunos transexuais e travestis nas plataformas virtuais. Reprodução: Facebook / Coletivo Glamour

 

Em 2017, o grupo passou por mudanças adotando o nome Glamour. O nome foi escolhido em homenagem a uma das primeiras alunas assumidamente transsexual a  estudar na PUC-SP no curso de Artes do Corpo em 2013,  a atriz Glamour Garcia. 

Pelas redes sociais, o coletivo promove integrações entre os estudantes por meio de eventos e reuniões, sempre tendo como foco a representatividade daqueles que estão inseridos na comunidade e dando voz às suas experiências.

Design de convite para palestra "Transvivências: a relação das identidades de gênero no meio social". Na parte de baixo do design estão os 4 palestrantes que participaram do evento.
Evento promovido pelo coletivo em 2023. Reprodução: Instagram / @glamourpuc

 

Alinhados com as causas sociais, se mostrou ativo em questões sobre diversidade de gênero e orientação sexual, trazendo visibilidade e empoderamento, criando um ambiente amplo e disposto à troca de ideias e vivências com incentivo de debates, levando essas conversas para além da PUC-SP.  

Quadrado rosa com círculo branco no meio e um trângulo invertido rosa centralizado.
Design do coletivo desde 2017. Reprodução: Facebook / Coletivo Glamour

 

Acompanhando o posicionamento firme da comunidade participante do Glamour junto ao “Núcleo Diversas T”, foi realizada a 1ª “Pesquisa Oficial sobre a situação des alunes LGBTQIAPN+ da PUC-SP” em outubro de 2023. O núcleo, por sua vez, é formado por pessoas transsexuais. 

A iniciativa tinha por objetivo de identificar os desafios enfrentados dentro do ambiente acadêmico, visto que são alvo de preconceitos e violências, havendo denúncias de situações assim expostas nas redes sociais do Coletivo Glamour.

Em 2019, uma delas foi feita em uma publicação de sua página no Facebook. Denunciava falas transfóbicas de um professor de Direito Penal em sala de aula, levando à público o caso e manifestando-se contra o docente, organizando protestos silenciosos.

Sala de aula com cartazes em oposição às falas do professor
Imagem do protesto silencioso contra falas transfóbicas de professor. Reprodução: Facebook / Coletivo Glamour

 

Por trazer à tona situações de transfobia e homofobia sofridas por pessoas na PUC-SP, atacadas por docentes e estudantes, o Coletivo possui papel ativo no combate ao preconceito na Universidade.

Sobre a razão de sua existência, em publicação no afirma: “Infelizmente, nos tempos atuais, ainda existe uma forte violência contra a comunidade LGBTQIA+, que é, muitas vezes, submetida a agressões, hostilização, crimes de ódio, além da exclusão e precarização do local de trabalho”.

Com uma longa história de luta pelos seus direitos, o Coletivo Glamour conquistou espaço na Instituição, inclusive nas bibliotecas, ao reivindicarem e serem atendidos com a inauguração do acervo bibliográfico de temáticas e autorias LGBTQIAP+, no início deste ano. O acervo conta com mais de 64 títulos, trazendo autoria de pessoas da comunidade, aprovados pelo CONSAD. 

Após o acontecimento em fevereiro, não houveram mais atualizações nas redes sociais e o Coletivo passa por uma aparente pausa em suas atividades. Nós procuramos entrar em contato com os participantes, mas não obtivemos resposta.