Ao caminhar pela cidade de São Paulo, é possível notar pedras, objetos cortantes e pontudos nos viadutos, bancos, fachadas de lojas e até mesmo nas calçadas. Esses elementos que, à primeira vista, podem parecer parte do design urbano, são chamados de arquitetura hostil. Estrategicamente, as estruturas dispostas em determinados locais são projetadas para evitar que as pessoas, principalmente aquelas em situação de rua, permaneçam no espaço, privando-as de locais de repouso, limitando um direito básico e tornando sua sobrevivência ainda mais difícil.
Notar essa realidade em uma das cidades mais ricas da América Latina levanta questionamentos éticos e sociais sobre o uso do espaço urbano, que deveria promover a interação social, a mobilidade eficiente e a acessibilidade para todos os cidadãos. No entanto, a arquitetura hostil acentua as desigualdades sociais pré-existentes e se apresenta como uma resposta simplista e, muitas vezes, desumana para uma conjuntura complexa. É preciso pensar e cobrar sobre a responsabilidade social na construção das cidades. À medida que a metrópole continua a se transformar e evoluir, a sociedade e os responsáveis pelo planejamento urbano são desafiados a repensar e reformular suas abordagens, garantindo que o espaço público seja verdadeiramente acessível e inclusivo para todos os seus habitantes, independentemente de sua condição social. Negar esse espaço é negar a vida e a existência dessas pessoas.