MET-Gala,76° edição do jantar teve como tema e inspiração o conto “O Jardim do Tempo”, de J.G Ballard
por
Gabriela Jacometto
Helena Maluf
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07/05/2024 - 12h

O famoso MET Gala aconteceu nesta segunda-feira (06/05), na primeira segunda do mês de maio, fazendo jus a tradição do evento. A edição de 2024, em sinergia com a exposição realizada anualmente no Anna Wintour Costume Center - Ala no The Metropolitan Museum of Art especialmente voltada para exposição de moda, sempre no tema do MET Gala - tem como tema deste ano “Belas Adormecidas: O despertar da Moda”. 

O tema é uma analogia sobre roupas frágeis e delicadas demais para serem usadas novamente. A exposição, assim como o tapete vermelho do MET, conta com peças da Loewe, patrocinadora do evento, Alexander McQueen, Dior e muito mais. E teve como co-anfitriões, Bad Bunny, Chris Hemsworth, Zendaya, Jennifer Lopez ao lado da diretora  e organizadora do evento: Anna Wintour. 

Já o tema dos figurinos faz alusão ao conto ‘O Jardim do Tempo’, do escritor inglês J.G Ballard. O conto reflete sobre a passagem do tempo e as mudanças que o mesmo carrega. O jardim envelhece rapidamente, as plantas crescem e morrem em um ritmo acelerado, tudo isso acompanhado das reflexões do narrador. 

O tapete vermelho do jantar, foi marcado por roupas florais e elementos botânicos, que remetem à natureza, além das interpretações de peças antigas de famosos designers e seus arquivos.  

Roupas que fazem metáfora com a passagem de tempo marcaram presença, como o vestido que a cantora Tyla utilizou, da marca Balmain, feito inteiramente de areia esculpida, acompanhado de uma bolsa no formato de ampulheta. 

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Foto: Getty Images

 

Um dos destaques da noite foi a presença de celebridades como Ariana Grande, Taylor Russell, entre outros, que deslumbraram com looks da marca Loewe, como mencionado antes, patrocinadora do evento. 

Com um vestido todo branco, a cantora Ariana Grande tirou o fôlego dos presentes ao passar pelo tapete. A peça foi feita sobre medida, com um corpete feito inteiro com madrepérolas.

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Foto: Getty Images

 

Novamente investindo no corpete, a Loewe produziu para a atriz Taylor Russell uma peça esculpida em madeira e pintada à mão.

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Foto: Marleen Moise//Getty Images

 

Outro ponto alto da noite foi a presença da atriz Zendaya, que brilhou com não uma, mas duas interpretações únicas do tema. Em seu primeiro look, ela usou um vestido azul royal e verde esmeralda, com ornamentos que pareciam inspirados em árvores frutíferas, uma criação de John Galliano, diretor criativo da marca Maison Margiela. 

 

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Foto: Jamie Mccarthy//Getty Images                                                                                                                                                                                                                    


Em seu segundo look, a atriz reapareceu com um vestido preto,  uma peça de 1996 da era Givenchy de John Galliano,  combinando com um chapéu da marca Alexander Mcqueen, que remete a um buquê inteiro de flores. 


 

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Foto: Theo Wargo//Getty Images

 

A cantora Lana del Rey também se destacou no retorno deslumbrante ao evento, após 5 anos ausente. Ela usou um custom-made da marca Alexander Mcqueen, inspirado em uma peça de archive da grife. O vestido em tule com detalhes que imitavam galhos espinhentos por toda a peça, e o mesmo tecido do vestido transpassado pelo rosto e cabeça.


 

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Lana Del Rey homenageando o icônico look da coleção de Alexander McQueen. Foto: Getty Images 
 

 

Prestigiando o Brasil, a atriz Bruna Marquezine fez sua estreia no tapete do evento. Usando um vestido longo branco da marca Tory Burch, com silhueta marcada e flores na barra retratando o tema.
 

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Foto: Getty Images 

 

O evento também foi marcado por uma performance artística da cantora Ariana Grande, que vestia Maison Margiela feito pelo designer atual da marca: John Galliano. Instalações interativas e discursos inspiradores que destacaram a importância da criatividade, e do poder da moda como uma forma de expressão e de contar histórias.
 

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Foto: Getty Images

 

Novo filme de Luca Guadagnino traz um trisal no mundo do tênis e já é sucesso de bilheteria
por
Beatriz Camargo de Oliveira
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03/05/2024 - 12h

O diretor Luca Guadagnino leva ao público o longa-metragem Challengers (Rivais, na tradução brasileira), lançado no Brasil na última quinta-feira (25). Tendo dirigido outros sucessos como “Me Chame Pelo Seu Nome” e “Até os Ossos”, Guadagnino dessa vez aborda o triângulo amoroso dos três tenistas Tashi Duncan (Zendaya), Art Donaldson (Mike Faist) e Patrick Zweig (Josh O'Connor). 

Na trama, a ex-prodígio Tashi Duncan era um dos nomes mais promissores do mundo do tênis, até sofrer uma lesão ainda em seu período de ascensão, que a impediria de voltar para as quadras. Ainda quando nova, ela conhece os aspirantes a tenistas Patrick Zweig e Art Donaldson, que futuramente torna-se marido de Duncan. 

Em uma história em que o passado alcança o presente, Tashi torna-se treinadora de Art, tornando-o vencedor de um Grand Slam – maior premiação do tênis –, mas após uma sequência de derrotas, a única estratégia que o casal encontra é uma partida contra Zweig, ex-amigo de Art e ex-namorado de Tashi. Envolta em polêmicas e tensões de seu passado e presente, Tashi Duncan encontra-se em meio a antigas rivalidades e um trisal dentro desse romance esportivo.

O filme vem sendo um sucesso, tanto pela crítica quanto pelo público, já tendo arrecadado 2,6 milhões de dólares  mundialmente até o dia 26 de abril. Contando com um elenco de peso, Challengers é protagonizado por Mike Faist (“Amor Sublime Amor”), Josh O'Connor (“The Crown”, “Peaky Blinders”) e Zendaya (“Euphoria”, “Duna”), que também leva o título de produtora do filme.

Da esquerda para direita: Josh O'Connor, Luca Guadagnino, Zendaya e Mike Faist. Imagem: Getty Images
Da esquerda para direita: Josh O'Connor, Luca Guadagnino, Zendaya, Mike Faist. Imagem: Getty Images

Com performances envolventes e surpreendentes, Challengers nos faz simpatizar com personagens que possuem algumas das atitudes mais questionáveis e até mesmo torcer pelo seu sucesso. Mostrando o passado e presente de um relacionamento turbulento entre as personagens principais, a trama aborda os percalços do mundo esportivo e expande o conceito de competitividade e estratégia para fora das quadras. 

Em uma trilha sonora que conta com produções originais de Atticus Ross e Trent Reznor, além de músicas de outros artistas, como é o caso de “Pecado” de Caetano Veloso, o filme nos deixa ansiosos e na ponta da cadeira aguardando as mais inesperadas decisões dos personagens, deixando o público de queixo caído com cenas inesperadas e instigantes. Dentro de quadra, tudo passa a envolver todas as intimidades vividas fora do campo pelos tenistas.

Guadagnino faz o uso do tênis como ferramenta de expressão dos sentimentos e as dinâmicas dos relacionamentos dos personagens ilustram as obsessões e os desejos e, junto da instigante trilha sonora, leva o público a perceber os diferentes olhares, etapas e situações das vidas envolvidas na história. Tudo torna-se “um jogo” e toda raquetada na bola é reflexo das ações fora de quadra onde a partida se mescla com as conversas entre as personagens.

A partir de um final um tanto quanto inconclusivo, Challengers é uma obra que aborda originalmente toda essa competição – dentro e fora das quadras, as paixões – platônicas ou não – e traz toda uma nova euforia para aqueles que, até então, não se interessavam pelo mundo do tênis.

Imagem: Niko Tavernise/MGM
Imagem: Niko Tavernise/MGM

 

No penúltimo dia de desfiles, a marca paulistana apresentou sua nova coleção com a presença das veteranas Yasmin Brunet e Vitória Strada, e do estreante Pedro Novaes, no Shopping JK Iguatemi.
por
Giovanna Montanhan
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29/04/2024 - 12h

lA noite de sábado, 13 de abril, foi marcada por visuais que vislumbravam a ideia de futuro que a Forca Studio desejou transmitir, e já na abertura tivemos a atriz e modelo Vitória Strada com um drone ao seu lado. O desfile foi marcado por três blocos: Office - com foco em peças corporativas, de alfaiataria; Sport - uma colaboração com a marca esportiva italiana Kappa, com a presença de camisas de time, bonés e chuteiras, totalmente focada no streetwear; e Noite - com roupas festivas, de paetês e peças de couro. Cada uma dessas fases era acompanhada de um pequeno vídeo antes dos modelos entrarem na passarela. 

A marca nasceu em 2022, oriunda da amizade da estilista Vivi Rivaben e do DJ Silvio de Marchi, conhecido por agitar as noites paulistanas. O nome surgiu dos próprios criadores como uma forma de retratar as minorias da sociedade. Para a revista L’Officiel, eles disseram ‘’sempre fomos mandados para a forca por ser quem somos. Decidimos tomar e virar essa forca para o outro lado.” 

O ator Pedro Novaes, filho dos atores Letícia Spiller e Marcello Novaes, fez sua estreia na passarela da SPFW, e contou para o portal Elas no Tapete Vermelho, que sempre teve vontade de modelar, mas tinha a sensação que nunca era o momento ideal, e que naquele dia, conseguia se sentir preparado para o novo ofício, não só fisicamente como também mentalmente. A atriz, modelo e ex-BBB, Yasmin Brunet, retornou após 12 anos fora desse universo, e disse que apesar de sua vasta experiência, ficou nervosa. Sua mãe, também modelo, Luiza Brunet, já lhe deu diversos conselhos, como beber água e descansar bastante, e ela revela que não segue-os à risca da maneira como deveria! Já, Vitória Strada, estava há oito anos fora, mas ainda sim, mantinha uma boa relação com a marca, então, quando surgiu o convite, não pensou duas vezes. 

 

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Reprodução: @agfotosite

 

 

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Reprodução:AgNews

 

 

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Reprodução: Agnews

A principal proposta da grife foi evocar uma ideia de como eles imaginam que será o futuro. Além do drone, teve também a inclusão de um cão-robô que desfilou junto de um modelo. E pode parecer apenas uma excentricidade passageira, mas na verdade, foi uma simulação de um lembrete perturbador do que realmente está em jogo. Será que, no futuro, veremos os animais, de uma maneira geral, sendo substituídos por máquinas? Se sim, que tipo de mundo estamos construindo? Um onde a natureza é reduzida a uma mera conveniência tecnológica? E a realidade não está tão distante; temas que o evento não tratou neste ano.

 

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Reprodução: Divulgação SPFW. 

E quanto aos seres humanos? Será que estamos caminhando para um cenário digno de "Metropolis" (filme de 1927, dirigido pelo cineasta alemão Fritz Lang), onde os seres humanos são subjugados ao papel de servos de uma tecnologia dominante? A moda está intrinsecamente ligada aos valores e as aspirações de uma sociedade, podendo, por vezes, acidentalmente, apresentar uma visão de um futuro distópico. No entanto, a realidade é que essa visão pode se concretizar em um amanhã que mora logo ali. E por fim, pode-se dizer que nem mesmo a mais eficiente das ciganas seria capaz de desvendar o curso dos acontecimentos da contemporaneidade.

 

Faz falta falar do que não vira pauta
por
João Curi
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17/04/2024 - 12h

É confortável escrever sobre o que já conhece. Mas o jornalismo não precisa ser confortável. Na verdade, não deve. A imprensa não sobreviveu a ferro nos anos de chumbo sendo confortável - ainda que também exista esse papel. É preciso renovar os votos de Gutemberg, lá do século XV, e levar a notícia às mãos de quem ainda não a tem nos ouvidos. Não tomem como exemplo a mecanização, justamente para não cair na esteira das máquinas. Você não é uma.

 

Nem eu. Por isso este texto. É cansativo enxergar tantos sonhadores desistindo de si ainda no começo da caminhada. Existe todo um sistema envolvido nessa mentalidade, de fato, mas não precisamos fugir. Não daqui. O jornalismo não é válvula de escape, é o motor do carro. É a imprensa que aciona o povo às pautas que não chegaram a ele. Então por que se prender ao que já aparece?

 

Claro que é justo cobrir o que já tem cobertura, até porque o ineditismo é privilégio de poucos. Mas não dá pra ignorar o que já é ignorado. Se não, a quem estaremos servindo a notícia? E o quê? Pense num restaurante que serve o mesmo menu todos os dias, e tudo que varia é o preço. É confortável, é conhecido, e se continua aberto é porque funciona, é verdade. Só não precisa ser o único restaurante aberto. 

 

Ouça as vozes que não têm ouvidos, nem que seja para uma aspa de duas linhas ou uma. Busque a informação na fonte. Deixa o sofá esfriar. Abra os ouvidos, desacostume os olhos. Você vai enxergar tudo diferente. Às vezes, a pauta nasce com um rosto e envelhece com outro

 

Permita-se surpreender, perguntar o que ainda não foi respondido porque ninguém perguntou. Tem muita história pra pouco contador. Não precisa colher todas de uma vez. E nem escrever tudo pra todos. 

 

Um texto às vezes é para uma pessoa só. Não parece, mas é permitido. A regra é não deixar falhar a caneta. A tinta precisa aparecer por completo, sem deixar dúvida. Fato por fato, olho no olho, queixo erguido e nariz deitado. Nada é grande demais que não caiba na ponta de uma caneta. 

 

Inclusive, nenhum sonho é grande demais. Pode ser que o resultado não alcance as proporções que se almejava, mas isso não cabe a um. A diferença se faz no coletivo, na pluralidade de um povo que não se homogeniza e faz acender a individualidade de cada célula que mantém o corpo vivo.

 

O mundo não precisa de mais profissionais quadrados, condicionados à fórmula do um mais um iguala em dois. A Terra vai continuar girando, com ou sem a gente. O que vale aqui é o que fizer o seu mundo girar. O que te acender os olhos. O que fizer a sua caneta dançar na mão. Escrever sem amarras, sem precisar seguir um padrão que não te cabe e não tem que fazer caber. Peça que não encaixa não completa quebra-cabeça. 

 

E a nossa cabeça está em formação, faminta por oportunidades de crescer, de alcançar, de realizar, de ser o que tanto projetava com a cabeça sobre o travesseiro. Nosso teto é mais alto do que parece. A gente é mais do que um peão de notícias.

 

A gente é um coletivo de vozes. Então façam-se ouvir. Doa a quem doer. Demore o que demorar. Escrevam sobre o que quiserem, e porque querem. Aproveitem. Não existem tantos lugares com esta oportunidade. A gente só é a gente porque você compõe este plural. 

 

Por isso, faz um favor? Não esquece do que está na sua frente. Se for a sua vontade cobrir o que já tem cobertura, faça isso, mas faça do seu jeito. Dê motivo para o seu nome estampar a matéria. Torne-a sua, reclame-a ao seu gosto. Mas faça. Produza. Não deixe pra outra pessoa escrever. 

 

Se não a gente, quem? 

O quarto dia de desfiles trouxe temáticas voltadas à literatura modernista, ao artesanato e à homenagem familiar.
por
Giovanna Montanhan
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15/04/2024 - 12h

Weider Silveiro, estilista piauiense, que fundou sua marca homônima em 2002, apresentou nesta edição da SPFW, uma coleção que exaltava a beleza africana sem deixar de lado as técnicas artesanais,que contavam com a presença de bordados e crochês.  O estilista que participou durante quinze anos da ‘Casa de Criadores’, e é um dos idealizadores da Célula Preta - um coletivo organizado por estilistas negros da Casa de Criadores, com o propósito de fornecer equidade de oportunidades a esse grupo em relação aos branco - embalou seu desfile ao som de batuques. 

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Foto: Divulgação Agência Fotosite

 

 As modelos desfilaram na passarela vestindo tons terrosos, com toques de  amarelo e verde-água. Apostando em cinturas bem marcadas, a coleção também carregava tecidos fluidos, sem deixar  o streetwear de lado (sua marca registrada!). Vestidos com franjas, conjuntos de alfaiataria com bolas penduradas, estampas da Vênus Grega em algumas peças, e até chegou a resgatar uma técnica chamada ‘panejamento’, que significa dar volume a partir de novas sobreposições e amarrações nas roupas.

 

Rafael Caetano 

 Homenageou o escritor modernista Mário de Andrade em uma coleção chamada ‘Intransitivo’, que a partir do instrumental da canção de Tom Jobim, ‘Carinhoso’, tocado para embalar o desfile, os modelos transitaram na passarela usando lurex, peças em cetim que continham estampa de pássaros, calças e camisas listradas. Essa é uma das primeiras vezes que o estilista paulista, especializado em moda masculina, se debruça sobre uma personalidade concreta para inspiração de suas criações. Sem deixar de lado sua marca registrada de pele à mostra, essa coleção de Caetano abaixou um pouco o tom de suas anteriores. As referências a obra de Mário de Andrade se dava através da transposição com símbolos marcantes da capital paulista. 

 

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Foto: Divulgação Agência Fotosite

 

 

Catarina Mina, marca cearense criada por Celina Hissa há catorze anos, tem como  foco desde o começo de sua história a produção handmade de crochês. E a coleção ‘ Guardiãs da Memória’, apresentada na noite desta sexta-feira não poderia ser diferente, reverenciando as artesãs do Ceará, que estavam presentes no evento e, ao final, receberam aplausos da plateia.

 

 

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Foto: Divulgação - Agência Fotosite

A protagonista do dia, foi a renda labirinto - uma técnica que se encontra quase que em extinção, e só é praticada pelas costureiras mais antigas, pois é algo considerado muito difícil de executar.  Além disso, usou palha de uma árvore chamada carnaúba e do croá - extraída de palmeiras. Usou e abusou do crochê, do bordado, da marchetaria, da alfaiataria feita de seda e de linho. 

 

Thear, marca inaugurada pelo goiano Theo Alexandre especializada em fibras naturais, como algodão e linho, impactou com a coleção denominada  Elementos". Nela foi exaltado a beleza natural do cerrado. A silhueta marcada em forma de corset ou simplesmente pela modelagem e os os diferentes tipos de corpos foram destaque, assim como as peças que visavam o conforto. As cores transitavam do neutro para simbolizar as paisagens da região do Centro-Oeste, e o vermelho que ilustrava as flamas do calor exacerbado que vêm dilacerando o segundo maior bioma do país. 

 

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Foto: Divulgação Ze Takahashi/ @agfotosite

 

Walério Araújo, etiqueta vanguardista que habita o cenário da moda nacional há 30 anos.

Consagrou-se pelos acessórios de cabeça, e era o queridinho da cantora Rita Lee. Trabalha com frequência criando adereços para a compositora Gaby Amarantos, Marisa Monte, Cléo, Pabllo Vittar, entre outras. E, já desenhou roupas para a apresentadora Sabrina Sato, a cantora Ivete Sangalo, a jornalista Glória Maria, etc. 

É famoso pelo seu estilo excêntrico e pela sua mente brilhantemente criativa. Suas últimas coleções tiveram como inspiração a personalidade famosa, Ehlke Maravilha, e a Astrologia, onde cada modelo representava um signo do zodíaco.

Nesta edição, transformou a passarela do shopping em um tributo às suas raízes nordestinas e a matriarca da família, sua mãe. O compasso do desfile foi marcado pela canção ‘As Andorinhas’ da banda sertaneja Trio Parada Dura, ritmo musical que sua mãe aprecia. 

Coincidência ou não, a data do desfile calhou de ser no mesmo dia em que completou 54 anos de vida. As modelos vestiam trajes de gala no melhor estilo que Walério sabe oferecer, com balões estampados nos vestidos pretos de gala, estampas de porcos que remetiam a um período de sua infância, peças verdes que faziam alusão a samambaias e espadas-de-são-jorge, ambas plantas que sua mãe vendia e ele ajudava. 

O cuscuz e o ovo frito, comidas que com forte apelo nostálgico para o estilista, foram retratadas de uma maneira ousada, usando tule e vinil. Uma parcela das peças continham retratos de família com porta-retratos acoplados nas roupas. Os cabelos de algumas modelos eram estilizados igual ao que sua mãe costuma usar, com muito laquê adornado com lenço que seguia a mesma estampa do vestido. 

 

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Foto: Divulgação - Ze Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

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Foto: Divulgação Ze Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

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Foto: Divulgação Ze Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

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Foto: Divulgação Ze Takahashi/ @agfotosite

 

Para finalizar a noite, Walério apagou as velinhas em uma festa privada para amigos e clientes em um dos endereços mais badalados do centro histórico de São Paulo. 

 

Martins, criada por Tom Martins, com foco em peças oversized, trouxe uma  coleção dividida em dois momentos. A atriz Agatha Moreira abriu o desfile e fez seu retorno à passarela após dez anos fora. Em contrapartida, o ator Rodrigo Simas fazia sua estreia. 

O primeiro ato, se baseou no estilo marinheiro, com listras azul e branco, lenço amarrado na cabeça dos modelos como se fossem piratas, os colares eram conchas em formatos diversos, e os brincos continham pérolas. 

 

 

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Foto: Divulgação Ze Takahashi/ @agfotosite

 

 

No segundo, o punk rock dominou.  A maquiagem  das modelos era marcada  por  olhos pretos com aplicações de piercings fake. Os acessórios iam de meias arrastão com tênis all star preto e coturnos a cintos de oncinha e colares prateados de correntes. As roupas mesclavam camisetas de banda do estilo como Sex Pistols, Misfits, The Runaways com saias de tule com babados na ponta, cintos coloridos e grandes de ilhós e uma padronagem que visava totalmente o maximalismo. Uma das novidades da marca neste ano, foi que algumas estampas foram feitas por meio de uma IA (Inteligência Artificial). 

 

 

martins
Foto: Divulgação Ze Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

martins
Foto: Divulgação Ze Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

 

Confira os destaques da maior feira de arte da América Latina, incluindo a nova exposição de Gabriel Wickbold.
por
Helena Maluf
Gabriela Jacometto
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08/04/2024 - 12h

Durante a primeira semana de abril (3 a 7), o SP-Arte, uma das mais renomadas feiras de arte da América Latina, abriu suas portas para colecionadores, entusiastas e curiosos do mundo da arte.

Realizada anualmente na cidade de São Paulo, Brasil, a feira comemorou nesta edição 20 anos de trajetória no Pavilhão da Bienal e reuniu, mais de 190 expositores, como galeristas, colecionadores, entusiastas da arte e artistas consagrados e emergentes, proporcionando um panorama abrangente e diversificado do cenário artístico contemporâneo.

Com uma curadoria extensa e variada de obras que exploravam diferentes técnicas, estilos e temáticas, incluindo pinturas, esculturas, mobiliários, fotografias e instalações, a SP-Arte contribui significativamente para o fortalecimento do cenário artístico nacional e internacional.

A feira conta com exposições de doze países: Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Espanha, França, Inglaterra, Itália, México, Noruega e Uruguai.

O artista carioca Gabriel Wickbold — que participa da SP-Arte pela sétima vez este ano — revelou para a AGEMT o processo de criação de sua exposição: "Esse ano eu estou apresentando uma série inédita, chamada Maze, que é o labirinto. São fotografias antigas, distorcidas e impressas sob mangueiras de incêndio. Depois eu desmancho e tranço elas pra esconder certas partes e mostrar certas partes".

"Essa série fala sobre a nossa hereditariedade, o que a gente carrega de carga genética, e como a gente traz luz para esses espaços, para poder quebrar os ciclos de repetição da nossa vida", disse ele, sobre sua conexão com o tema.

Gabriel explicou que a série é inédita, e completou: "Está sendo muito legal, porque é bem diferente de tudo que eu já fiz. Um outro suporte, um outro tipo de imagem. E as pessoas estão, assim, impressionadas por eu ter me re-colocado de uma forma tão diferente"

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Obras do artista Gabriel Wickbold feitas com mangueiras de incêndio em exposição na SP-Arte. Foto: @gabrielwickbold via Instagram

Além das obras exibidas, o evento ofereceu uma programação diversa de palestras, debates e programas educacionais, promovendo o diálogo e a troca de ideias no campo da arte. Esse ambiente de troca de conhecimento enriquece ainda mais a experiência dos visitantes e contribui para a construção de um diálogo crítico e enriquecedor.

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Intervenção artística ao vivo.
Foto: Helena Maluf.                                                                                                                                                                                                                                              
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Obra de Rikrit Travanija, feita com jornais em exposição na SP-Arte.  Foto: Gabriela Jacometto                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               
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Obra do artista Alê Jordão exposta na SP-Arte. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

Este ano, o foco recaiu sob a expressão artística como forma de reflexão e diálogo com questões sociais, políticas e ambientais, refletindo a diversidade e a complexidade do mundo atual.

Na vigésima edição da SP- Arte, fica evidente que a arte contemporânea continua a desafiar fronteiras e inspirar novas formas de expressão, consolidando São Paulo como um centro vital para o diálogo artístico global.

 

A vitória de Oppenheimer como Melhor Filme e a confirmação de que o cinema "mainstream" ainda é próspero
por
Maria Eduarda Camargo
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20/03/2024 - 12h

No primeiro domingo de março (10), ocorreu a 96ª edição do Oscar. A premiação é o reduto dos maiores filmes do ano de 2023, e encerra a disputa anual na corrida do cinema. Oppenheimer, filme de Nolan, emplacou como Melhor Filme, levando o diretor junto em Melhor direção. Mas nem tudo que brilha é ouro.

O filme Oppenheimer, de Christopher Nolan, levou sete estatuetas do Oscar
O filme Oppenheimer, de Christopher Nolan, levou sete estatuetas do Oscar. Foto: Getty Images

Tendo em vista que a premiação é muito mais do que apenas um “reconhecimento” da indústria para as melhores obras, é importante lembrar como a ela é, na verdade, um aviso para o mercado publicitário. E se a estatueta de Melhor Filme é um aviso coletivo, a de Melhor Direção é um aviso individual.

A verdade é que a vitória de Oppenheimer pouco fala sobre a obra em si. Ela é um aviso para a indústria: guerra, Estados Unidos e masculinidade dão certo. E Nolan, por mais que se destaque em obras anteriores, como Interestelar e A Origem, não deveria ser um exemplo de “prêmio DiCaprio”: ainda há tempo de ganhar com outros longas.

Ao analisar obras um pouco mais antigas, como Túmulo dos Vagalumes e Gen Pés Descalços, exibidos há 30 anos, e que tratam da perspectiva civil japonesa sobre a Segunda Guerra, é possível notar a tendência mercadológica da premiação com o filme. Oppenheimer é uma tentativa de retomada do brilho americano que Rambo entregou ao mainstream de presente, e que vende muito bem.

Um bom exemplo da situação é o fatídico Oscar de 2010, que concedeu a estatueta de Melhor Filme a Guerra ao Terror, deixando para trás dois filmes que valem uma análise mais detalhada: Avatar e Bastardos Inglórios.

O primeiro, sucesso de bilheteria, não emplacou por motivos óbvios: não adianta funcionar com o público, o prêmio vai ao filme que deveria ser um “modelo” para os próximos. É possível comparar a derrota de Avatar, na época, com a não-indicação de Barbie: a Academia não se importa muito com o que o público quer, mas com o que ele deveria querer.

A derrota do segundo, Bastardos Inglórios, dirigido por Quentin Tarantino, é de um estudo um pouco mais detalhado, no entanto. Vale lembrar que em 2008, os Estados Unidos passavam por uma crise econômica. O país do “orgulho capitalista” afundava. O público precisava de um filme “cereja do bolo”: algo que levantasse a moral estadunidense.

E é nesse tipo de momento que as dores do público americano devem ser acalentadas: o 11 de setembro ainda era ferida aberta no imaginário popular. Logo, nada melhor do que um filme sobre a invasão ao Iraque. Guerra ao Terror levantou a bandeira americana de “superação” que o público deveria querer. O resultado? 2011 foi o ano de lançamento do pupilo americano da Marvel: Capitão América. A guerra voltou ao mainstream.

É certo, no entanto, que a temática do americano “dono do mundo” vem sumindo aos poucos, e é aí que mora a cartada final da premiação: quer ganhar? Copie o que dá certo e venda.

Retomando uma última vez o tópico mercadológico do Oscar, é interessante a análise sobre O Menino e a Garça, de Miyazaki. É a segunda vez que o diretor ganha a premiação e se recusa receber o prêmio. A primeira ocorreu em 2003, ano da invasão ao Iraque. Miyazaki condenou a invasão, se recusou a ir ao evento, e deixou Cameron Diaz de braços vazios.

Vale analisar então por que a premiação escolheu este, ao invés de Homem Aranha: Através do Aranhaverso. O primeiro tópico é que a Academia normalmente decide não premiar filmes sem final: se Homem Aranha tivesse sido o último da trilogia das animações, o debate seria outro. Mas existe outro ponto nisso, que é o aviso da Academia com relação ao amor pela animação tradicional. O aviso, dessa vez, vai ao mainstream, que anda escondendo a Inteligência Artificial na porta dos fundos. Quantidade não é qualidade, e a produção fordista dos desenhos atuais não agrada.

Colocando uma lupa sob as outras categorias também, é um pouco contraditório ver o Oscar de Melhor Atriz indo à Emma Stone e o de Melhor Atriz Coadjuvante à Da’Vine. A verdade é que Yorgos, que emplacou Pobres Criaturas em outras categorias mais irrisórias, como maquiagem, logo sofrerá a sina de Scorsese, DiCaprio, e tantos outros: não ganhou quando deveria, e corre contra o tempo.

O espírito jovem de Pobres Criaturas e de Os Rejeitados não passa de uma brisa na tempestade que é o Oscar, isso é fato. Mas, muito além da vitória de Oppenheimer, a derrota de Pobres Criaturas tem a dizer também.

Pobres Criaturas não ter ganhado é, na verdade, um pouco óbvio: a obra não tem aquele formato quadrado que se espera de uma comédia, e decai nos olhos de Hollywood com a duração das cenas de sexo. É fato que entre as prováveis 20 ou 30 cenas sexuais que rolam no longa, a monotonia da sexualização que vemos em filmes como Blonde e o recente Ferrari não acontece: o que incomoda a crítica não é o sexo, mas a falta de sensualidade em Emma Stone.

A derrota de Lily Gladstone, portanto, é o aviso da vez na categoria de Melhor Atriz. A Academia não está preparada para “coroar” uma mulher indígena. Emma, apesar da brilhante atuação, foi o tapa-buraco perfeito. 

A conclusão a que se chega é que, independente do gosto do público, a escolha do Oscar é uma montagem muito bem pensada sobre como a indústria cinematográfica deve andar: o que vende, quem vende, como vender e de qual forma. Oppenheimer é, portanto, apenas mais um dos acasos da Academia. 

 

Em cartaz no Tucarena, Kiko Mascarenhas fala sobre temas sensíveis em peça aclamada de McMillan e Donahue, com tradução de Diego Teza
por
Giovanna Montanhan
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13/03/2024 - 12h

Na última sexta-feira (08), o intérprete carioca desembarcou em São Paulo, mais especificamente, no Tucarena, após uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro, no Teatro Poeira, para apresentar o espetáculo “Todas as Coisas Maravilhosas”, sob direção de Fernando Philbert. 

A trama se concentra em um garoto de sete anos que, ao notar que sua mãe está lutando contra a depressão, cria uma lista e enumera tudo o que, aos seus olhos, é maravilhoso. Seu objetivo é ajudá-la a reencontrar a alegria de viver. Conforme ele cresce, acaba sendo confrontado com os impactos que o estado mental de sua mãe teve sobre ele, refletindo sobre como isso o afetou. 

A interação entre ator e espectador se mostra bastante evidente, e é justamente através dessa conexão que a performance evolui. Embora possa parecer um monólogo, a presença de Kiko somada à disposição da plateia em engajar-se na experiência, compõem e complementam as cenas, fazendo com que o ator improvise em diversos momentos. 

O espetáculo aborda temáticas desafiadoras e complexas, com muita delicadeza e de forma sutil, ao mesmo tempo que incorpora nuances de humor, às vezes em um sentido até autodepreciativo, e que enriquecem a narrativa ao longo de seus setenta minutos.

É necessário enaltecer o trabalho magistral de Kiko, que, apesar de sua estatura não muito alta, expande sua presença quando pisa no teatro de arena. Sua habilidade extraordinária em retratar todos os gestos e maneirismos de uma criança é impressionante, mesmo estando encapsulado num corpo de homem adulto. 

Por um lado, entrega uma performance que emociona, e por outro, arranca gargalhadas do público, e isso acontece quase que simultaneamente. 

“Todas as Coisas Maravilhosas” merece ser vista e revista. Dificilmente você entra na sessão e sai do mesmo jeito. A sensação é quase como estar em uma sessão de terapia - daquelas que te balançam e te arrebatam.  

Como a divulgação ‘’boca a boca’’ é sempre a mais eficaz, prestigiem este espetáculo e o divulguem. Mais pessoas merecem vivenciar essa experiência transformadora. 

Para se programar: de quinta a sábado, às 21h, aos domingos, às 18h. Os ingressos estão disponíveis para vendas online e presenciais, tanto no aplicativo do Sympla como na bilheteria do teatro. Alunos da PUC-SP, inclusive, têm direito a um preço exclusivo, basta se identificar com os dados solicitados.

 

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas premiou os destaques do ano nas vinte e três categorias
por
Giovanna Montanhan
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12/03/2024 - 12h

A 96ª edição do Oscar aconteceu no domingo (10), em Los Angeles, no Dolby Theatre. O evento contou com a apresentação de Jimmy Kimmel, Jessica Lange, Sally Field, Danny DeVito, Arnold Schwarzenegger e Nicolas Cage. No Brasil, a transmissão aconteceu pelo canal de TV fechada, TNT, e pelo streaming MAX (antiga HBO), com tradução simultânea feita por Robert Greathouse e comentários de Ana Furtado, Aline Diniz e Andréia Horta.

Os filmes com mais indicações durante a noite foram: Oppenheimer, liderando com 13 nomeações, Pobres Criaturas e  Assassinos da Lua das Flores com 11 e Barbie com 8. 

A começar pela categoria de Melhor Filme, os indicados foram: Ficção Americana, Anatomia de Uma Queda, Barbie, Os Rejeitados, Assassinos da Lua das Flores, Maestro, Oppenheimer, Vidas Passadas, Pobres Criaturas e Zona de Interesse. 

O vencedor da categoria foi Oppenheimer, que já vinha carimbando como vencedora em quase todas as premiações anteriores, SAG (sigla para Screen Actors Guild), BAFTA (British Academy Film Awards), Critics Choice e Globo de Ouro. 

O ator Al Pacino chamou atenção nas redes sociais, pois enquanto apresentava os indicados da categoria de Melhor Filme, o ator foi direto ao ponto, dando a vitória para o longa de  Nolan, sem firulas. A quebra da tradição deixou os espectadores surpresos.

Os concorrentes à estatueta de Melhor Ator eram: Bradley Cooper por ‘’Maestro’’, Colman Domingo por ‘’Rustin’’, Paul Giamatti por ‘’Os Rejeitados’’, Cillian Murphy por ‘’Oppenheimer’’ e Jeffrey Wright por ‘’Ficção Americana’’. 

O vencedor foi Cillian Murphy, que interpretou Robert Oppenheimer, coroando mais uma vitória para o ator na temporada de premiações.

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Foto: Reprodução X

Em Melhor Atriz, as indicadas foram: Annette Bening por ‘’NYAD’’, Lily Gladstone por ‘’Assassinos da Lua das Flores’’, Sandra Hüller por ‘’Anatomia de Uma Queda’’, Carey Mulligan por ‘’Maestro’’ e Emma Stone por ‘’Pobres Criaturas’’.

A vencedora foi Emma Stone. A atriz recebeu o seu segundo Oscar pelo papel de ‘’Bella Baxter’’ em Pobres Criaturas.

 

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Foto: Reprodução X

 

Lily Gladstone era uma forte candidata à estatueta por ter levado previamente o SAG (Screen Actors Guild) e o Globo de Ouro por sua atuação como ‘’Mollie Burkhart’’.

Em entrevista para a revista The New Yorker, ela disse: "é circunstancial que eu seja a primeira, mas certamente não serei a última. Se eu ‘chutei a porta’, eu vou apenas tentar continuar aqui e deixá-la aberta para todos os outros". 

Se por um lado a categoria de Melhor Ator Coadjuvante ficou com Robert Downey Jr, por sua atuação em Oppenheimer, contra os indicados Sterling K. Brown (Ficção Americana), Robert de Niro (Assassinos da Lua das Flores), Robert Downey Jr. (Oppenheimer), Ryan Gosling (Barbie) e Mark Ruffalo (Pobres Criaturas), por outro, a de Melhor Atriz Coadjuvante foi para Da'Vine Joy Randolph, por Os Rejeitados. A estatueta não fugiu muito do roteiro já previsto em premiações anteriores na temporada. Da’Vine concorreu contra Emily Blunt (Oppenheimer), Danielle Brooks (A Cor Púrpura), America Ferrera (Barbie), Jodie Foster (NYAD), Da'Vine Joy Randolph (Os Rejeitados).

 

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Foto: Reprodução X

 

 

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Foto: Getty Images

 

Em Melhor Direção, a competição parecia já ter sido decidida em premiações anteriores: Christopher Nolan (Oppenheimer) foi o vencedor da noite nesta categoria, contra Justine Triet (Anatomia de Uma Queda), Martin Scorsese (Assassinos da Lua das Flores), Yorgos Lanthimos (Pobres Criaturas) e Jonathan Glazer (Zona de Interesse). 

 

 

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Foto: Getty Images

 

Apesar da filmografia do diretor não ser pequena, este é seu primeiro Oscar. Nolan conseguiu construir uma narrativa em Oppenheimer que crie pequenos momentos de tensão, fazendo com que o espectador tenha toda a atenção voltada para a linha do tempo, e não só mergulhe no enredo principal da criação da bomba atômica, mas também na trajetória política de Robert Oppenheimer. 

Na categoria de Melhor Filme Internacional, tivemos os longas: Io Capitano (Itália), Dias Perfeitos (Japão), A Sociedade da Neve (Espanha), The Teacher’s Lounge (Alemanha) e Zona de Interesse (Reino Unido), sendo Zona de Interesse o vencedor. 

Em seu discurso, o diretor, Jonathan Glazer, defendeu o povo palestino e pediu pelo cessar-fogo em Gaza. 

Em Melhor Roteiro Original, o filme Anatomia de Uma Queda ganhou de Os Rejeitados, Maestro, Segredos de um Escândalo e Vidas Passadas. E em Melhor Roteiro Adaptado, foi a vez de Ficção Americana levar o prêmio para casa.

Para Melhor Fotografia, os votantes da Academia escolheram Oppenheimer, mais uma vez. Os outros filmes indicados eram: El Conde, Assassinos da Lua das Flores, Maestro e Pobres Criaturas. 

Na categoria de Melhor Montagem, entre Anatomia de Uma Queda, Os Rejeitados, Assassinos da Lua das Flores, Oppenheimer e Pobres Criaturas, o vencedor foi Oppenheimer.

Zona de Interesse levou a estatueta de Melhor Som, após muitas críticas positivas. O que Jonathan Glazer fez com nossos ouvidos durante o longa-metragem foi impressionante, a qualidade do instrumental que escutamos o tempo todo era capaz de nos teletransportar para a atmosfera do horror da Segunda Guerra Mundial. 

Os indicados eram: Resistência, Maestro, Missão Impossível - Acerto de Contas Parte 1 e Oppenheimer. 

Em Melhores Efeitos Visuais, Resistência, Godzilla Minus One, Guardiões da Galáxia Vol.3, Missão Impossível - Acerto de Contas Parte 1 e Napoleão disputavam pelo prêmio, mas o Godzilla Minus One foi o ganhador, provando que é possível fazer um bom filme com apenas 15 milhões de dólares de orçamento, valor bem inferior se comparado à outras produções indicadas. Essa foi a primeira vez, em 70 anos de franquia, que o filme japonês foi premiado.

Na categoria de Melhor Design de Produção estavam: Barbie, Assassinos da Lua das Flores, Napoleão e Oppenheimer, mas quem subiu no palco foi Pobres Criaturas.

Pobres Criaturas também ganhou em Melhor Cabelo e Maquiagem. O ator Willem Dafoe comentou em entrevistas que o processo da maquiagem para entrar no personagem demorava cerca de seis horas. Emma, por sua vez, revelou que usava um mix de extensões no cabelo, e sua maquiagem ou era “nada” ou tinha cores arroxeadas (para simular hematomas), verdes (para as veias que saltavam, de forma sutil) e rosas (para uma cor de saúde na pele). Pobres Criaturas levou também Melhor Figurino

A figurinista Holly Waddington se inspirou na era vitoriana para criar os visuais de Bella Baxter, mas deixou de lado os espartilhos. Segundo ela, “se a intenção era fazer um filme feminista, colocá-la vestindo a peça só reforçaria ainda mais o estereótipo que todos conhecem do corpo da mulher visto de um jeito totalmente idealizado”. Com silhuetas bem ajustadas, roupas disruptivas, coloridas e exageradas, Holly fez com que o prêmio não pudesse pertencer a mais ninguém, se não a Pobres Criaturas. 

Nas categorias de Melhor Trilha Sonora Original, a música instrumental de Ludwig Göransson fez Oppenheimer ganhar de Ficção Americana, Indiana Jones e a Relíquia do Destino, Assassinos da Lua das Flores e Pobres Criaturas; e em Melhor Canção Original, foi a vez de ‘’What Was I Made For’’ de Billie Eilish (que se tornou a pessoa mais jovem a ter duas estatuetas) para Barbie, que disputava com ‘’I’m Just  Ken’’ do mesmo filme, ‘’The Fire Inside’’ de Flamin’ Hot: O Sabor que Mudou a História, ‘’It Never Went Away’’ de American Symphony e ‘’Wahzhazhe’’ (A Song For My People) de Assassinos da Lua das Flores. 

O Menino e a Garça, Elementos, Nimona, Meu Amigo Robô, Homem Aranha: Além do Aranhaverso, estavam em Melhor Animação em Longa-Metragem. O Menino e a Garça, de Hayao Miyasaki, foi o vencedor nesta categoria.

O último Oscar do diretor foi há 21 anos, com ‘’A Viagem de Chihiro’’ (2001). No ano de 2003, ele também se recusou a ir presencialmente receber o prêmio, pois no passado, chegou a ir na contramão com atitudes dos Estados Unidos relacionadas à invasão do país no território do Iraque.

E War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko ganhou em Melhor Animação em Curta-Metragem, em que  concorria com: Letter to a Pig, Ninety-Five Senses, Our Uniform, Pachyderme. 

Em Melhor Curta-Metragem em Live Action, A Incrível História de Henry Sugar  levou a estatueta. Os outros indicados foram The After, Invincible, Knight of Fortune, Red, White and Blue.

Esse foi o primeiro Oscar do diretor Wes Anderson em sua carreira.

A categoria Documentário contemplava duas categorias:

- Longa-Metragem, com 20 Dias em Mariupol sendo o vencedor, contra Bobi Wine: The People's President, The Eternal Memory, Four Daughters, To Kill a Tiger

- Curta-Metragem, com A Última Loja de Reparações recebendo o prêmio contra: O ABC da Proibição de Livros, The Barber of Little Rock, Island in Between,Ni Nai & Wài Pó (Grandma & Grandma).

 

Houveram performances de canções de filmes indicados, com a de Ryan Gosling em destaque. Ele cantou a música-tema de seu personagem,  ‘’I’m Just Ken’’, com a participação de Slash na guitarra. 

 

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Reprodução: Getty Images

 

Messi, o cachorro ator de Anatomia de Uma Queda, também marcou presença na cerimônia, mesmo após boatos nas redes sociais de que não compareceria. Tudo começou depois que o portal The Hollywood Reporter relatou que alguns estúdios de filmes indicados alegavam que a presença de Messi poderia ter aberto algum tipo de vantagem sobre o longa, ofuscando os outros atores humanos, durante o almoço dos indicados. Porém sua participação foi permitida, além de ter “roubado a cena”, ao aparecer “aplaudindo” Robert Downey Jr., por meio de uma edição gravada antecipadamente.

 

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Reprodução: X (antigo Twitter)

 

 

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Foto: Reprodução: Instagram

 

Resenha do livro Infocracia, de Byung-Chul Han expõe falsa liberdade e vigilância nas redes sociais
por
Catarina Pace
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13/11/2023 - 12h

Lançado em 2022, o livro Infocracia analisa as relações sociais e democráticas da era da tecnologia. Byung-Chul Han une em sua obra aspectos da política digital, da sociedade e da maneira em que a própria informação é manipulada nesse momento. Em cinco partes, o autor consegue analisar e descrever as questões em torno de cada situação em que as redes sociais e a tecnologia incidem na liberdade e na capacidade de gerir informações. “O sujeito submisso do regime de informação não é nem dócil, nem obediente. Ao contrário, supõe-se livre, autêntico e criativo. Produz-se e se performa”, enfatiza o autor. No primeiro capítulo, Han faz uma análise profunda da maneira como a sociedade começou a lidar com a liberdade. O mundo sempre viveu momentos de lutas constantes por liberdade, e finalmente na era da internet, ele “alcançou”. Pelo menos, é o que se parece. 

Mas, a liberdade que as redes sociais costumam propagar faz parte de um modelo diferente. O autor compara o regime de informação com o regime disciplinar de Foucault, em que a sociedade não teria liberdade de se livrar da vigia. Mas, na sociedade da informação essa vigilância se desfaz em redes abertas, ou seja, nas redes sociais. A visibilidade é produzida então, pela conexão e não mais pelo isolamento. 

A tecnologia funciona através de bases de dados, assim como as redes sociais, o que se torna uma grande ironia. A sensação de liberdade que se tem ao usar a internet, gera dados e só aumenta mais a vigilância. “Nos regimes de informação, as pessoas não se sentem, além disso, vigiadas, mas livres. Paradoxalmente, é o sentimento de liberdade que assegura a dominação. [...] A dominação se faz no momento em que liberdade e vigilância coincidem.”

Os influenciadores são hoje, o maior exemplo dessa dominação digital que Han frisa. Eles são adorados, tem fãs como se fossem donos de verdades e de identidades que todos gostariam de ter. A autenticidade no capitalismo moderno não existe mais. Todos querem ter a roupa de fulano, o mesmo cabelo de ciclano e a vida de beltrano, mas ainda sim, acreditam que isso é liberdade. Outra questão que pode ser relacionada com essa análise é a das recompensas digitais. Os usuários das redes anseiam por recompensas e por isso continuam alimentando sua necessidade. Por exemplo, quando uma foto é publicada no Instagram o usuário costuma receber likes por ela e assim, continua publicando para receber cada vez mais likes e seguidores. Mas por que esse tipo de recompensa só funciona na vida digital?

É simples. Ninguém é 100% verdadeiro no ambiente digital, os usuários mostram o que querem que seus seguidores vejam e achem que são na vida real. E talvez por decepção ou por não querer se decepcionar, criam a vida “perfeita” em um ambiente que não é nada verdadeiro. E assim, criam uma era do egoísmo, do ego inflado e da individualidade. No capítulo “O fim da ação comunicativa”, Han ainda problematiza essa questão da autopropaganda. “Levam igualmente a perda de empatia. Hoje, cada um presta homenagem ao culto de si mesmo. Cada um performa e se produz”. Ele usa o termo “tribos digitais”, para caracterizar esses grupos que criam uma falsa noção de identidade e liberdade e os espalham nas redes. 

Mas tudo isso está atrelado a facilidade de criar e de espalhar as informações. Há uma crise da verdade quando toda e qualquer informação pode ser divulgada e assim, hoje, ela já chega nas pessoas com o pré conceito de desconfiança fundamental, termo que Han usa para explicar. 

E não dá para esquecer que a crise da verdade é uma crise da sociedade. Ela gera diversos conflitos em uma democracia e acaba impedindo que seja feita da maneira correta e como tudo no cenário atual, se torna uma mercadoria. Como o autor explica, estamos presos em uma caverna digital, com muitas informações, mas sem verdade ou interpretação do que acontece. Tudo vira fútil no mundo digital e o que foi criado para facilitar e conectar pessoas, está individualizando e separando-as. Parece que na internet não há mais tempo para conversas sinceras ou exposições de verdades nuas e cruas. Quem se mostra realmente, é martirizado, leva uma enxurrada de comentários negativos que são frutos da toxicidade cultivada nos ambientes virtuais. 

Isso deixa cada vez mais claro que a sociedade virtual quer continuar mantendo a mentira, a falsa vida e a falsa felicidade, porque se não existe na vida real, pode ser forjada em um ambiente que aceita esse tipo de “falsa liberdade”. Mas talvez, ainda falte pouco tempo para que as pessoas percebam que a liberdade das redes não é real, ela se esconde atrás de dados e informações roubadas de cada usuário e cada personalidade, que acaba sendo perdida no mundo real.