Publicado nessa quinta feira (11) pela Earthsight, organização não governamental voltada para investigações de crimes ambientais, o relatório Fashion Crimes: the European retail giants linked to dirty Brazilian Cotton, relacionou o algodão utilizado nas confecções das varejistas H&M e Zara com terras suspeitas de grilagem e desmatamento no cerrado brasileiro.
“Este relatório mostrará que a corrupção, a violência e a negligência do governo ajudaram a transformar o Cerrado baiano em um foco de agronegócio violento e insustentável nos últimos 25 anos” aponta a Earthsight.
Segundo a ONG, o algodão utilizado pelas empresas é oriundo de duas grandes produtoras na Bahia, a SLC Agrícola e o Grupo Horita, ligadas a desmatamento ilegal e crimes ambientais na região.
Apesar de o algodão da região baiana ser certificado pela Better Cotton (BC) grupo mundial que promove padrões éticos no cultivo do insumo, a Earthsight julga falhos os métodos de fiscalização do grupo. Essa falha é concretizada quando analisou-se que parte das terras das duas empresas foram obtidas por meio da grilagem, prática criminosa de invasão e obtenção ilícita da posse de terra sem autorização governamental. Ainda, as empresas SLC Agrícola e o Grupo Horita acumulam acusações de desmatamento ilegal na região, ameaçando a fauna e flora local, além de oprimir e assediar as comunidades tradicionais locais.
Na investigação, a ONG rastreou cerca de 816 mil toneladas de algodão advindas das duas produtoras entre 2014 e 2023, produzindo cerca de 250 milhões de artigos para as lojas da H&M, Zara, Pull&Bear, entre outras. Outras investigações lideradas pela Earthsight concluíram que, na verdade, foram exportadas mais de 1,5 milhões de toneladas das duas empresas para fábricas da China, Vietnã, Indonésia, Bangladesh e Paquistão.
O contraponto dessa alegação nasce na divergência entre a procedência do algodão usado pelas marcas e suas campanhas de marketing: em 2020, a H&M afirmou que até o fim daquele ano usaria 100% de algodão sustentável em suas peças; já a Zara, desde de 2019, anunciou uma campanha em que o objetivo seria uma marca totalmente sustentável a partir de 2025. Para isso, ambas contavam com o selo Better Cotton, uma certificação internacional da produção de vestuário.
O Brasil é o maior produtor licenciado na gama da certificadora, acumulando 42% da produção, mas, muito desse volume pode ser questionado. A Better Cotton é conhecida internacionalmente pelas acusações de promover greenwashing (lavagem verde) do algodão e, principalmente, pela falta de transparência no rastreamento total das cadeias de produção. Desse modo, segundo a Earthsight, a BC não pode ser apontada como uma certificação de responsabilidade social e ambiental.
Em nota, a H&M afirmou sua preocupação com as informações trazidas pela Earthsight e que a BC está realizando uma investigação independente sobre as acusações.
A Zara, por sua vez, considerou que a sua dona, Inditex, não adquire algodão de forma direta, mas também está pressionando a Better Cotton para adotar medidas de fiscalização mais sérias.
Para a ONG, “[...] além de reforçar estas normas, a Better Cotton deve também implementar um sistema de rastreabilidade significativo e garantir que ambos são devidamente aplicados. A H&M, a Zara e outros grandes varejistas devem pressioná-la nesse sentido. Até que o faça, as empresas devem ir além da utilização de sistemas de certificação para garantir que os seus produtos são de origem ética e devem instituir as suas próprias políticas e controlos mais rigorosos”.
A estilista carioca, Patricia Vieira, abre o terceiro dia de São Paulo Fashion Week no shopping Iguatemi, com sua coleção inspirada no Vale Sagrado dos Incas.
A coleção apresenta peças feitas com couro reaproveitado de seu ateliê, em estampas e paletas de cores que remetem aos trajes tradicionais peruanos. Muitas peças também trazem um pouco do estilo country, com o uso de franjas, botas altas e paleta de cores em tons terrosos.
A Fauve, marca da estilista Clara Pasqualini, fez sua estréia nas passarelas da SPFW N57 com a coleção “Prelúdio”, que apresenta o processo de amadurecimento da mulher trazendo elementos que remetem à uma inocência e experimentação “infantil” em um primeiro momento, e posteriormente evolui para peças de roupa mais sofisticadas e até corporativas, em uma certa medida, representando o poder da mulher adulta.
A coleção apresenta peças que fogem da estrutura convencional, experimentando com formato e materiais diferentes, como vestidos com formato circular fora de proporção e acessórios feitos de madeira. As peças contrapõem o branco, o tule e a ideia de pureza com a sensualidade do nu e da transparência.
Renata Buzzo traz uma temática poética em formato de fábula para a sua coleção. A estilista baseou a sua criação em um poema autoral sobre a dinâmica entre a mulher e a sociedade. A obra retrata uma raposa, que representa a figura feminina, que é perseguida por um porco, alegoria para sociedade, com o objetivo final de julgar a raposa.
As peças, para combinar com a ambientação da fábula, fazem alusão à uma floresta, com tons de marrom e verde, florais e composições que lembram animais.
Segundo a estilista, a coleção também é uma referência à caça às bruxas. As peças apresentam um estilo medieval, com corsets marcados, acessórios extravagantes para a cabeça, decotes com corte reto, meia calça branca e casacos de “faux fur”.
A marca da estilista Cíntia Felix, AZ Marias, desfilou no Teatro Oficina para apresentar a coleção “Florescer - Ato IV: Ar”, que traz sustentabilidade, representatividade e cultura afro-brasileira, especialmente religiões de matriz africana. A coleção se inspira no conto das borboletas de Oyá, a senhora dos ventos.
A composição das peças representa a fluidez do vento, as cores das borboletas e o formato de seus seus casulos. Os looks mesclam sobreposições de tecidos, com cores brilhantes e peças em jeans – que são o ponto forte da marca.
O casting do desfile contou a presença de personalidades como: Rebecca, Sarah Aline, Lumena, Pepita e Tati Quebra barraco
Apresentando as raízes cearenses de suas criadoras, a nova coleção da marca Marina Bitu foi inspirada na região do Cariri. Além de destacar a moda cearense, o projeto também traz visibilidade aos alunos de moda do Senac Crato que fizeram parte da confecção da coleção.
As peças trazem elementos regionais característicos como fibras de palhas de bananeira, tingimentos com cascas de romã que remetem à pedra de calcário e estampas pintadas à mão que reproduzem a paisagem cearense.
Os looks tem cortes ultrafemininos e seguem uma paleta de cores em tons terrosos, mesclam diferentes materiais e texturas, desde a transparência até a mistura de crochê com linho e algodão.
Rafael Silvério dá continuidade no enredo romântico.
O estilista muda o foco streetwear da sua marca e lança sua nova coleção no SPFW N57, fazendo sua estreia na moda noiva de uma forma menos tradicional e mais inclusiva.
Sua coleção foca no traje cerimonial voltado para o público LGBTQIAP+ e mistura elementos streetwear com os clássicos de casamento.
As peças contam com mangas bufantes, paletós com ombreiras, vestidos com recortes e babados. A paleta de cores vai desde tons de preto, branco e azul escuro, até peças com cores mais vibrantes como rosa choque e rosa pastel.
O último desfile do dia celebra as várias formas do amor.
A marca LED, do estilista Célio Dias, encerra o terceiro dia de SPFW apresentando a sua coleção “O lindo baile do amor”.
A coleção tem o jeanswear como protagonista, com diversas lavagens, formatos e estampas. As peças seguem uma linha monocromática, com algumas cores vibrantes como amarelo, rosa e vermelho em estampas que lembram o fogo.
Peças forradas com a palavra “tesão” se destacam, reforçando o conceito do desfile.
O casting contou com a participação da modelo Barbara Fialho abrindo o desfile e da presença da Banda Uó, composta por Davi Sabbag, Mateus Carrilho e Mel Gonçalves, que anunciou seu reencontro recentemente.
A quarta-feira (10) no Shopping Iguatemi começou com a celebração dos 18 anos da marca Lilly Sarti. Com uma seleção de peças que abusava de couro, alfaiataria, crochê, tules, bordados, kimonos transpassados e jeans, a coleção carregava o nome da mãe da estilista, "Sofia". Além de utilizar elementos que caracterizam o estilo boho, como por exemplo, as franjas e os tons terrosos, ela também trouxe contrastes com visuais que exibiam a glamourização dos metalizados.
No meio da noite, Lino Villaventura, apresentou um casting estrelado, contando com presenças como Isabella Fiorentino, Ticiane Pinheiro - que desfilou no evento pela primeira vez e retornou às passarelas após 27 anos, Reynaldo Gianecchini, Thiago Oliveira, Bruno Fagundes, sem deixar de mencionar as suas modelos veteranas Vivi Orth, Eliana Weirich, Daniela Rotelli.
O tom principal de sua coleção foi concedido pela estruturação com arames nos vestidos e casacos. A parte masculina, tinha uma vertente mais esportiva, com bermudas e calças cargo e tênis de malha com solado macio.
Paetês, all black, óculos que simulavam uma máscara, jaquetas que remetiam capas, patchwork, peças assimétricas, sandálias de plataforma coloridas e texturizadas, botas, um mix de cores clássicas e ao mesmo tempo vibrantes e slip dress foram alguns dos destaques do desfile.
A maquiagem seguiu nessa linha dramática e teatral, característica dos desfiles do Lino, com os olhos bem marcados, a boca vermelha e a pele bem contornada.
Cria Costura, um projeto criado em 2021 por um time de costureiros das regiões Cidade Tiradentes ,Vila Carrão e Brasilândia (Zona Leste) foi a estrela da noite. Esta foi a quinta vez que eles mostraram suas criações no evento.As peças apresentadas carregavam rendas, paetês, babados, ombreiras, recortes assimétricos, metalizados, alguns modelos eram adornados com cintos que marcavam bem a cintura, tecidos esvoaçantes, muito volume em tons de pink. Os colares eram bem agarrados ao pescoço, como uma espécie de coleira estilizada.
O show na passarela é o clímax final deste trabalho dedicado à capacitação profissional criado pela Prefeitura com Inmode. Ao final da apresentação, foi formado uma linha na passarela de todos os alunos, homens e mulheres, dos 16 aos 75 anos, para receberem os aplausos de quem estava presente na plateia.
A marca Reptilia finalizou o segundo dia valorizando a beleza da mulher madura. Focou em criar peças minimalistas e casuais, com a presença de maxi brincos prateados, alfaiataria bem cortada em forma de camisas, camisas oversized, blazers e saias. As botas de couro tinham o bico prateado, além das calças jeans, hot pants e sapatilhas.
O casting da marca trouxe modelos com mais de 40 anos, contrariando o senso comum do mundo da moda de exaltar apenas mulheres mais novas. A marca brasileira seguiu a tendência europeia das últimas semanas de moda internacionais ao trazer aos olhos do público linhas finas e cabelos grisalhos como significado de beleza nas passarelas. Modelos experientes, como Naomi Campbell, de 51 anos, seguem sendo as favoritas de grifes consagradas como Michael Kors e Valentino, assim provocando um início da mudança neste universo extremamente excludente.
A São Paulo Fashion Week teve sua primeira edição em 1993. Na época chamada de Phytoervas Fashion, a semana contou com nove desfiles em um galpão na Vila Olímpia e foi formulado a partir de uma parceria entre Paulo Borges, diretor criativo da SPFW, e Cristiana Arcangeli, empresária da marca Phytoervas. Três anos mais tarde, a parceria entre Borges e Arcangeli foi encerrada e a Phytoervas Fashion se transformou em Morumbi Fashion Week. Foi só em 2001 que a semana adquiriu seu nome atual, ano marcante para o evento, contando com o desfile homenagem de Ronaldo Fraga para estilista Zuzu Angel e a presença das modelos Adriana Lima e Gisele Bündchen.
O tema da temporada atual de número 57 é “sintonia”. As apresentações estão divididas entre os shoppings JK Iguatemi e Iguatemi, a galeria Nara Roesler, o Teatro Oficina, Love Cabaret e o Edifício Martinelli – no qual ocorrerá o desfile de encerramento. A semana de moda contará com 27 desfiles em seus seis dias, dentre eles haverá a estreia de duas marcas: Celina Hissa de Catarina Mina e Reptilia de Heloisa Strobel.
A abertura aconteceu ontem (09) no shopping JK Iguatemi pela marca Aluf de Ana Luisa Fernandes ao som da Orquestra Sinfônica de Heliópolis. A coleção leva o nome de “Prosopopeia” em homenagem ao poema de Bento Teixeira e foi inspirada no movimento barroco brasileiro. Feita somente com materiais nacionais, a coleção trouxe silhuetas fluidas, uma paleta de cores amena, a predominância do dourado e muitos acessórios como chapéus e laços. A intenção da estilista-chefe da grife era trazer um tom lúdico e de teatralidade às roupas feitas para serem usadas no cotidiano. O encerramento do desfile sobre os porquês da arte.
Além das novas localidades e marcas estreantes, outra novidade da 57ª edição da SPFW foi a restrição do acesso ao público geral, limitando-o apenas aos convidados. Essa mudança não foi bem recebida e tem sido alvo de discussões acaloradas sobre como esta decisão não apenas é um retrocesso na democratização do evento, como também aprofunda ainda mais a exclusão e as desigualdades já existentes na indústria da moda.
Pierpaolo Piccioli estava na marca desde 1999, e fez o pronunciamento por meio de um post no Instagram, onde escreveu uma longa mensagem: ‘’nem todas as histórias têm começo e fim, algumas vivem uma espécie de presente eterno que brilha com uma luz intensa, tão forte que não deixa sombras. Estou nesta empresa há 25 anos, e há 25 anos existo e convivo com as pessoas que comigo teceram os fios desta linda história que é minha e nossa. (...) Obrigado ao Sr. Valentino e Giancarlo Giammetti que me deram seus sonhos. (...) Com amor, PP.’’
A história da Valentino começa bem antes do jovem designer Piccioli, em 1959, quando o estilista italiano Valentino Garavani fundou a casa de moda em Roma, na Itália. Garavani, desde cedo, demonstrou seu talento para o ofício, atraindo a atenção da elite hollywoodiana e da alta sociedade mundo afora. Suas criações repletas de glamour e bossa conquistaram uma clientela fiel que fizeram da maison uma das principais marcas de moda do mundo.
Durante as décadas de 60 e 70, ele se consolidou como um dos principais nomes da alta-costura italiana, conhecido por suas criações elegantes e sua atenção minuciosa aos detalhes. Vestiu celebridades como as atrizes Audrey Hepburn, Elizabeth Taylor e a ex-primeira dama dos Estados Unidos, Jacqueline Kennedy Onassis, assim solidificando sua reputação como um dos estilistas favoritos das mulheres mais influentes da época.
Em 2008, Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli foram nomeados co-diretores criativos da Valentino, trabalhando lado a lado para revitalizar a marca. Juntos, proporcionaram uma estética moderna, combinando a herança da marca com toques contemporâneos. Suas coleções foram bem recebidas tanto pela crítica quanto pelo público, e rapidamente se tornaram uma das duplas mais celebradas da moda.
Em 2016, Maria Grazia Chiuri deixou o cargo para assumir a cadeira de diretora criativa da Dior (onde permanece atualmente ), deixando o companheiro como diretor solo. Desde então, Piccioli comandou a Valentino com esmero, concebendo coleções que despertavam desejo tanto nos consumidores quanto nos amantes da marca, além de ter contribuído para a manutenção da lucratividade da empresa, o que fez com que o legado da grife continuasse a prosperar sob sua liderança.
Como diretor criativo criou desfiles icônicos, destaque para o último , coleção inverno de 2024, intitulada 'Le Noir'. Como o próprio nome sugere, a cor preta era a protagonista, deixando de lado a sua marca registrada, que são as cores vibrantes. As peças tinham muitos recortes, fendas e transparências. Para o inverno de 2022, fez a passarela cair na tinta através de uma atmosfera rosa-choque, que incluía até a decoração no mesmo tom. Em parceria com a Pantone, criaram a cor ‘’Pink PP’’ - cuja sigla faz referência às suas iniciais.
Ainda não se sabe quem irá assumir o seu posto, mas a Valentino se pronunciou dizendo que em breve será anunciada a nova ‘’organização criativa’’.