O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Roberto Barroso, apresentou uma aula magna intitulada “Quem é o Brasil? Democracia plena como o Norte do país” foi realizada no dia 4 de março, no Teatro Tuca. Tem como objetivo destacar a importância da democracia e dos direitos humanos na sociedade brasileira.
Luiz Roberto Barroso é uma figura importante no meio jurídico brasileiro, reconhecido por suas significativas contribuições à legislação e à proteção dos direitos humanos. O seu trabalho em questões como a igualdade de género, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a defesa da democracia fizeram dele uma pessoa única que inspira não só a profissão jurídica, mas a sociedade como um todo sobre a importância destas regras.
Em entrevista, Ana Carolina Macedo, estudante de Direito da ESPM, explicou a importância da escolha do local da aula. “O local tem significado especial: aqui está um ambiente histórico da PUC e do movimento estudantil, principalmente durante a ditadura militar. Sempre foi dos principais espaços de discussão sobre democracia, cidadania e direitos humanos na sociedade. "
"É um símbolo de resistência cultural e uma vitrine da diversidade da arte brasileira”, disse ela. O tema escolhido para a aula não poderia ser mais moderno e relevante para o ambiente sócio-político do país. No seu discurso, o Ministro Barroso enfatizou a importância da democracia inclusiva e da luta pela proteção dos direitos garantidos pela Constituição.
Macedo também destacou a importância de palestras como essa em faculdades. “É animador ver o presidente do STF destacando esses valores em nossos espaços acadêmicos, pois nossas aulas de debate garantem que não sejam apenas teóricas, mas tenham um impacto real na sociedade.”
Entre as palavras do Ministro ocorreu uma homenagem à Professora Flávia Piovesan, destacando o seu estilo de vida como primeira Reitora do Instituto de Educação, uma defensora dos direitos humanos e combatente da aviação que estava cansada da democracia e dos direitos humanos. "A dedicação da professora Flávia é realmente inspiradora. Ela é um exemplo para todos nós de que podemos fazer a diferença mesmo em momentos difíceis", disse Ana Carolina.
"Acredito que eventos como esse são essenciais para nossa formação como cidadãos conscientes e engajados" completou a estudante.
No ultimo dia 13, a Agência Pública reuniu no Tucarena convidados como Ailton Krenak, Ana Toni, Juliana Dal Piva e Letícia Cesarino, para o evento “Pública 13 anos: O jornalismo na linha de frente da democracia”, que comemorou os seus 13 anos de fundação. O evento foi realizado em parceria com o curso de Jornalismo e a Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC-SP. Fundada em 2011 com a missão de produzir reportagens de fôlego sobre violações de direitos humanos, o veículo se dedica exclusivamente ao jornalismo investigativo sem fins lucrativos e pautado pelo interesse publico, além de todo o seu conteúdo poder ser disponibilizado em qualquer site, de graça e com os devidos créditos. Em mais de uma década de atuação, já tiveram reportagens publicadas em portais como UOL, Folha de S. Paulo e programa Metrópoles.
O dia de palestras teve fala de abertura do professor Fábio Cypriano, diretor da FAFICLA e mediação de Natalia Viana, coundadora da Agência Pública. A primeira mesa teve como tema ‘Desinformação e Populismo Digital’ e contou com a presença da antropóloga Letícia Cesarino e Nina Santos, pesquisadora e professora da FGV. Os principais assuntos abordados durante a conversa incluíam: Democracia e as fake news, manifestações de 25 de fevereiro, a tentativa de golpe de 8 de janeiro e regulamentação e uso das IAs para manipulação de informações.
Para acompanhar a cobertura do evento e saber mais do que foi discutido, assista ao video:
No dia 13 de março, Ailton Krenak, líder indígena e ativista ambiental brasileiro, foi até o Teatro Tucarena, localizado na PUC-SP, para uma conversa com o climatologista Carlos Nobre e a jornalista de meio ambiente Daniela Chiaretti. A conversa foi mediada pela jornalista Giovana Girardi. Questões como as ações do ser humano no meio ambiente foram pauta do bate-papo.
Diversos exemplos de como o ser humano pode afetar o meio ambiente foram citados em tom de descontração na conversa, assim como Krenak disse: “Daqui 20, 30 anos, as pessoas vão derreter feito lesma na calçada. O calor vai estar tão chapante que um cara sai de casa e derrete na calçada”. O termo ‘’ecossuicídio!’’ é citado por Krenak se referindo a todo esse calor e mudanças climáticas causados por nós, e que dessa forma vamos acabar matando aos poucos o planeta que vivemos.
Giovana Girardi, Ailton Krenak, Carlos Nobre e Daniela Chiaretti na comemoração de 13 anos da Agência Pública. (Reprodução, José Cícero/Agência Pública).
Na conversa, os convidados debatem sobre a democracia inserida na questão das mudanças climáticas acerca de cada especialidade particular.. Além das provocações levantadas por Krenak sobre a cosmovisão nas mudanças climáticas e o negacionismo climático, o debate seguiu com muitos momentos de destaque, como a abordagem de Carlos Nobre sobre o Antropoceno e a reflexão de Daniela Chiaretti para a visibilidade da comunicação para atentar a população da gravidade climática vivida atualmente.
A situação atual mostra que a vida está sendo, gradualmente, destruída. Este fenômeno rapidamente aumentou imensamente no Brasil em plena e pós pandemia, completamente na contramão do mundo. Logo se conclui com as reflexões discutidas no evento que o capitalismo não está mais interessado em elaborar modelos para dar continuidade a vida na terra. Nobre diz que após relatórios científicos é possível observar que de acordo com o (IPCC): “Se chegarmos a 4 º graus no século que vem, nós vamos causar a sexta maior extinção. A quinta foi 62 milhões de anos atrás [quando] caiu aquele super asteroide no golfo do México. Mas quanto tempo levou para a extinção Mas quanto tempo levou para a extinção dos dinossauros? Dois a três milhões de anos. O processo de causar a quinta extinção foi de milhões de anos. Nós vamos causar a sexta maior extinção em 100 anos. No meio do século 22, nesse caso, a temperatura já terá passado muito de 4 graus”.
Krenak cita um outro ponto muito interessante sobre a crescente onda de populismo tanto de extrema direita quanto de extrema esquerda; e avisa sobre um “suicidio ambiental” em curso. Ele afirma também que superestruturas como a ONU, Unesco e a OMS, não têm mais nada a dizer sobre a democracia. Elas são super estruturas autoritárias que suportam a marcha capitalista do planeta. Krenak comentou o filme “Aonde foram as andorinhas’’ passado no Xingu. Diz ser uma denúncia e reclama que alguma coisa grave está acontecendo, pois espécies marcadoras de estação não estão realizando seu trabalho.
Esta foi a última mesa em comemoração aos 13 anos da Agência Pública, que trouxe esta conversa sobre a necessidade da humanidade de escolher os caminhos no qual seguir inseridos no Antropoceno e no negacionismo climático. Além disso, as provocações feitas pela a mesa em sobre como o capitalismo não é empático com as questões socioambientais são fundamentais para que uma evolução aconteça.
No dia 13 de março aconteceu no Tucarena o evento “Pública 13 anos: O jornalismo na linha de frente da democracia”, em comemoração aos treze anos da Agência Pública, essa que desde 2011 é a primeira agência de jornalismo sem fins lucrativos no Brasil. O encontro reuniu jornalistas, intelectuais e estudantes para debater assuntos como desinformação e populismo digital, cobertura de governos de uma forma equilibrada e por fim o colapso climático e o Antropoceno.
Ao longo do dia, a palestra contou com três mesas, com tópicos de grande relevância, e a última do dia tinha como tema “Colapso Climático e o Antropoceno”, com nomes importantes para o assunto, como o indígena Ailton Krenak, o climatologista, Carlos Nobre, e a repórter ambientalista do valor econômico, Daniela Chiaretti. O debate teve como mediadora Giovana Girardi, jornalista e chefe de na cobertura socioambiental da Agência.
O debate teve reflexões sobre a emergência e o esgotamento global. No decorrer da palestra, houve reflexões sobre a ascensão de governos extremistas e autoritários e como eles crescem por meio das eleições, de uma forma democrática, desafiando diariamente a luta pelas causas ambiental. Além da questão não ser uma pauta política e nem que elege candidatos.
Para Krenak, a UNESCO e ONU são órgãos incoerentes quando se trata de meio ambiente e que “são superestruturas autoritárias que suportam a marcha do capitalismo no planeta comendo o corpo da terra”, afirma o ativista. Ainda compartilhou, indignado, quando estava em um comitê com a UNESCO para delimitar reservas de biosfera, e no dia seguinte o mesmo órgão estava patrocinando uma reunião em Paris sobre como iriam explorar outras reservas para a mineração.
Quem é Ailton Krenak?
Ailton Alves Lacerda Krenak é um ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro. Original de Minas Gerais, Ailton nasceu em 29 de setembro de 1953 no município de Itabirinha, região do Médio Rio Doce, onde morou até o final de sua adolescência. Mudou-se para o Paraná com sua família, onde foi alfabetizado e posteriormente se tornou jornalista e produtor gráfico. Em 2023 tornou-se o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL), eleito com 23 votos.
Ailton, que nasceu e cresceu no povoado indígena Krenak, acompanhou desde sempre as grandes devastações ecológicas causadas pela extração de minérios. Acompanhar tão de perto essa situação o motivou a participar de projetos que pudessem proteger o meio ambiente e hoje ele se tornou um dos grandes líderes da sua comunidade.
Durante a década de 80, Krenak passou a direcionar seu estudo e participar cada vez mais ativamente de causas indígenas. Fundou a organização não governamental (ONG) Núcleo de Cultura Indígena e teve grande influência na reformulação da mais recente Constituição Federal. Protagonizou uma cena emblemática durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1987, em forma de protesto pintou seu rosto com tinta preta de jenipapo.
"O ovo indígena tem regado com sangue cada hectare dos 8 milhões de quilômetros quadrados do Brasil. Os senhores são testemunhas disso”. Criticou as violências sofridas pelos povos originários, principalmente as que beneficiam economicamente alguns grupos, ao passo que sua face era coberta por um pigmento que em sua tribo é usado para simbolizar o luto. Esse momento foi essencial para a redemocratização do país, sendo, no ano seguinte (1988), adicionado um capítulo na Constituição que engloba os direitos indígenas e garantem que os ferimentos dos mesmos possam ser julgados.
Sua obra A vida não é útil traz uma visão de como a sociedade brasileira se estruturou com todos os reflexos deixados pela colonização europeia tanto no âmbito social quanto no ambiental. Ressalta que a exploração dos recursos naturais da Terra está diretamente ligada à invisibilidade que os negros e povos originários estão acometidos. O livro é um compilado de entrevistas e palestras que o autor deu ao longo de 2019 e 2020, então aborda também questões do Covid-19 onde Ailton se opõe ao discurso capitalista de que a economia não deveria parar.
Krenak expressa uma opinião contrária a biólogos e alguns economistas. Para ele não existe uma era e sim um fragmento curto que eventualmente pode fazer a humanidade desaparecer da terra, assim como o ser humano já está fazendo com outros organismos que vieram antes. As pessoas usam erroneamente o pretexto de estar num mundo que já está desaparecendo e por isso não se movimentam para tentar fazer de fato uma mudança efetiva. "Nós somos bem-vindos aqui, o que não é bem-vindo é o nosso modo de estar aqui. Nós estamos do jeito errado aqui na Terra."
Uma nova era geológica?
O Antropoceno, termo de Paul Crutzen, é um conceito que tem ganhado destaque significativo no âmbito acadêmico e científico nas últimas décadas. Originado da junção das palavras gregas "anthropos" (ser humano) e "kainos" (novo), o termo foi proposto para descrever uma nova época geológica na qual as atividades humanas se tornaram a principal força modificadora dos processos naturais da Terra. Sua adoção como uma unidade formal de tempo geológico ainda é objeto de debate entre os geocientistas, mas sua relevância transcende as fronteiras disciplinares, influenciando campos tão diversos quanto ecologia, sociologia, economia e ética. Em 1995 Paul Crutzen, um químico atmosférico que recebeu o Prêmio Nobel de Química por seu trabalho sobre a química da atmosfera, especialmente a formação e decomposição do ozônio. Além disso, eventualmente ficou conhecido por popularizar o termo "Antropoceno".
“Estava em uma conferência e alguém mencionou o holoceno. De repente, pensei que esse termo era incorreto. O mundo tinha mudado muito. Eu disse não, estamos no antropoceno.”— Paul Crutzen
Uma das principais questões para definir esse evento é a noção de escala. Enquanto os processos geológicos “tradicionais” operam em escalas de tempo e espaço longos, e muitas vezes imperceptíveis em uma vida humana, as transformações associadas ao Antropoceno ocorrem em uma escala temporal e espacial significativamente mais curta. Fenômenos como a contaminação dos oceanos, o derretimento das calotas polares e a urbanização rápida são algumas das mudanças que ocorrem em escalas de tempo de décadas ou séculos, em contraste com os milhões de anos associados a eventos geológicos anteriores.
As atividades humanas não apenas moldam o ambiente natural, mas também são moldadas por ele, criando sistemas socioecológicos complexos e dinâmicos. Na ciência, sua aceitação como uma unidade de tempo geológico pode mudar nossa compreensão da história da Terra e ajudar na previsão e gestão de mudanças ambientais. No campo político e econômico, exige uma revisão dos modelos de desenvolvimento que dependem da exploração irrestrita dos recursos naturais. Eticamente, levanta questões sobre nossa responsabilidade para com o futuro do planeta e sua biodiversidade.
Clodovil Hernandes nasceu no interior de São Paulo, em Elisiário, no dia 19 de junho de 1937. Neste ano de 2024, completam 15 anos da sua morte. O garoto teve uma educação rígida e estudava em um colégio interno católico, mesmo não tendo tantos subsídios para isso. Sua formação inicial foi de professor, entretanto, acabou não seguindo a profissão, pois seus interesses eram outros. Não chegou a conhecer a sua família biológica, mas foi adotado por uma de espanhóis. Mudou-se de cidade algumas vezes, para Catanduva e Floreal, onde seu pai abriu uma loja de tecidos, e lá sua mãe fazia e vendia vestidos de noiva. A partir desse acontecimento, lhe foi despertada a curiosidade pela moda.
Iniciou sua carreira nos anos 50, em uma época, onde meninos gostarem de ‘’coisas femininas’’, como assuntos que envolviam o universo da moda e habilidades de corte e costura, eram considerados ‘’errado e impensável’’, apesar de seu talento nato, desde jovem para técnicas de desenho. Aos 20 anos, em 1937, se mudou para São Paulo. Nos anos 60, engatou de vez como estilista e nos anos 70, ganhou notoriedade.
Ele foi um dos pioneiros a trazer o prêt-à-porter - roupas de boa qualidade, feitas por um designer, que não são sob medida, mas sim, produzidas em grande escala para serem vendidas ao público; para o Brasil, apesar de, também, ter alcançado sucesso na alta-costura. Em 1991, durante uma entrevista dada a jornalista Lilian Pacce, ,para o veículo da Folha de S.Paulo, foi questionado sobre a sua maior invenção de moda, e respondeu, sem titubear, ‘’inventei o Saint-tropez – o biquíni pedia um cós baixo. Lancei o uso da saia curta por um erro da contramestra. Mandei descer 8 cm num vestido que a Elis Regina usaria no “Fino da Bossa” e ela subiu 8 cm. Só vi na TV. Disse para a Elis: você é louca. Ela respondeu: você mandou! Como boa cliente, não questionava minha criação.’’
Sua casa de moda estava localizada na rua Oscar Freire - um dos redutos mais nobres da cidade paulistana, e seu público-alvo era a alta sociedade que desejava vestir modelos elegantes para festas de debutantes e de casamentos (os mais requisitados), sendo a maioria deles exclusivos. Em suas coleções, era detalhista e apostava sempre nas listras, no xadrez inglês, e adorava trabalhar com linho - era o seu tecido favorito. Suas peças eram focadas no glamour e na elegância da mulher aristocrata. Entre suas clientes mais famosas, estavam a cantora Elis Regina, a atriz Cacilda Becker e as famílias Diniz e Matarazzo.
A parte de sua função como estilista, também chegou a exercer os ofícios de figurinista e ator, trabalhando em algumas produções do audiovisual, do teatro e da dramaturgia: no filme ‘’Corpo Ardente’’ (1966) dirigido por Walter Hugo Khouri; na telenovela ‘’Beto Rockfeller’’, exibida na TV Tupi (1968/1969), e em ‘’Marron Glacé’’ (1979/1980) na mesma emissora. Atuou em algumas obras, interpretando ele mesmo, inclusive em uma peça de sua autoria, intitulada ‘’Ela & Eu’’. Além disso, fez os croquis e os projetos de figurinos da mesma.
Nos anos 80, apresentou o programa ‘’TV Mulher’’ na Globo junto de Marília Gabriela, Marta Suplicy, Ala Szeman e Xênia Bier, que foi um marco na televisão aberta por falar livremente sobre sexo e comportamento feminino. Em 1983, foi para a Band fazer um programa chamado ‘’Clodovil’’. Em 1987, estreou seu primeiro programa solo na Manchete, ‘’Clô para os íntimos’’.
Nos anos 90, a sua marca homônima ficou enfraquecida, e a moda deixou de ser sua fonte de renda principal, perante a isso, ele decidiu mudar o rumo de sua vida, e seguir carreira como apresentador. Em 1992, estreou em um programa de maior visibilidade, ‘’Clodovil abre o jogo’’. Foi nesse talk show em que ele disse, pela primeira vez, um de seus bordões mais famosos: ‘’olha para a lente da verdade e me diz...”. Ainda na televisão, teve uma passagem pela Gazeta no ‘’Mulheres’’ em 2001, e pela RedeTV, no ‘’A casa é sua’’ em 2003. A última atração foi ‘’Por excelência’’ na TV JB, em 2007, após ser eleito deputado federal.
Após alguns desentendimentos que culminaram em sua demissão, decidiu entrar para a política, e se candidatou como deputado federal, por meio do PTC (Partido Trabalhista Cristão). Foi eleito com 493 mil votos, se tornando o terceiro candidato mais votado do país e de São Paulo, sendo o primeiro homossexual eleito neste cargo. A sua orientação sexual, contudo, não o deteve de se posicionar contra a Parada do Orgulho LGBT, contra o casamento homoafetivo e contra o movimento LGBT (na época, só era utilizado a sigla com estas quatro letras). Em uma entrevista para o jornalista Ruy Castro, em 1980, à revista Playboy, Clodovil chegou a proferir o seguinte comentário ‘’nunca fiz apologia de homossexualismo e nunca farei, porque acho um horror levantar bandeira de qualquer coisa. É uma besteira esse negócio de homossexual querer direitos e não sei o quê (...) Este excerto foi publicado posteriormente no jornal Folha de S.Paulo, em 2009.
Em 2007, filiou-se ao PR (Partido da República). Em 2008, apresentou uma proposta de emenda constitucional, que tinha como objetivo reduzir a quantidade de deputados, de 594 para 250, pela economia e eficiência do trabalho. Em 2009, deixou o partido alegando que havia sofrido perseguição interna. Neste mesmo ano, dez dias após a sua morte, três de seus projetos foram aprovados na Comissão de Constituição e Justiça: a obrigatoriedade das escolas divulgarem a lista de material escolar 45 dias antes da data final para a matrícula, a criação do ‘’Dia da Mãe Adotiva’’, como uma homenagem à sua mãe adotiva e a obrigatoriedade da menção dos nomes dos dubladores nos créditos das obras audiovisuais dos quais eles tenham participado.
Cometeu incontáveis gafes ao longo de sua trajetória. Foi racista quando proferiu a frase ‘’Macaca de tailleur’’ para a vereadora Claudete Alves; antissemita quando afirmou que o holocausto havia sido causado pelos judeus, além dos comentários maldosos, por exemplo, quando falou para a deputada Cida Diogo, a seguinte frase: ‘’digamos que uma moça bonita se ofendesse porque ela pode se prostituir. Não é o seu caso. A senhora é uma mulher feia’’. Para celebridades, não tinha papas na língua, dizia que enxergava a ativista Luisa Mell como uma ‘’atriz pornô’’, falava que a apresentadora Luciana Gimenez devia ser alvo do Programa Pânico mais do que ele, e que a prefeita de São Paulo, da época, Marta Suplicy, era ‘’uma idiota que pensa que é poderosa’’. Estilista, figurinista, político, apresentador de TV e ator foram algumas das facetas que Clodovil Hernandes chegou a desempenhar antes de falecer em março de 2009, em detrimento de um AVC hemorrágico.