Transatlântico Oceania: Filipinas

Debutantes em competição mundial, a equipe conta com o fator “jogar em casa” para surpreender no Grupo A
por
Bianca Novais
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02/06/2023 - 12h

Localizadas no sudeste asiático, as Filipinas são um arquipélago com mais de sete mil ilhas e se encontra no Anel de Fogo do Pacífico, uma zona tectônica instável. Sua capital Manila é uma das cidades mais populosas da Ásia, com estimativa de 14,7 milhões de pessoas vivendo na cidade em 2023, de acordo com o relatório Prospectos da População Mundial, das Nações Unidas.

As ilhas foram colonizadas pelos espanhóis em 1521, época em que o príncipe e futuro rei era Filipe II, por isso a região foi batizada em sua homenagem. Os nativos foram chamados de “negritos” pelos invasores ibéricos, devido às semelhanças fenotípicas com os povos africanos subsaarianos. Mas, no idioma malaio, eles se autodenominam de orang asli, que significa justamente povo originário.

A independência da América Espanhola durante o século XIX influenciou movimentos separatistas nas Filipinas, porém, com a Guerra Hispano-Americana, a Espanha cede as Filipinas e Porto Rico para os EUA. O país asiático ficou sob domínio estadunidense até 1945, quando se tornou um dos países fundadores das Nações Unidas e foi reconhecido independente pelos EUA no ano seguinte.

A colonização das Filipinas tanto pela Espanha quanto pelos EUA influencia de maneira direta em sua sociedade, que é majoritariamente católica e seu segundo idioma oficial, além do filipino, é o inglês.

Outro aspecto da influência da colonização é na culinária, que conta com paellas e cocidos, mas também com pratos filipinos a base de peixes e frutos do mar como o kare-kare e o adobo. Nos esportes, o baquete é o mais popular, mas a cultura de briga de galo persiste.

Arquipélago das Filipinas. Imagem: Divulgação/Departamento de Turismo das Filipinas.
Arquipélago das Filipinas, no Oceano Pacífico. Imagem: Divulgação/Departamento de Turismo das Filipinas.

 

Estreantes

Essa é a estreia do país em uma Copa do Mundo FIFA, tanto masculino quanto feminino. Isso não significa que a seleção não está acostumada com grandes campeonatos.

Seu primeiro grande troféu foi em julho de 2022, quando venceram o Campeonato do Sudeste Asiático (AFF Cup) em cima das tetracampeãs da Tailândia, por 3 a 0.

Na Copa da Ásia, chegaram até as semifinais, mas perderam para a Coreia do Sul por 2 a 0. Como não teve disputa pelo terceiro lugar, dividiram a posição com o Japão, mas foi o suficiente para se classificarem para a Copa de 2023, já que as cinco primeiras seleções teriam suas vagas garantidas.

 

Prancheta do Stajcic

O polêmico técnico das Filipinas, Alen Stajcic, é ex-treinador da seleção feminina australiana. O motivo oficial para a demissão de Stajcic, que classificou a equipe da Austrália para a Copa de 2019, foi “problemas no ambiente de trabalho e no bem-estar das jogadoras”, de acordo com uma pesquisa interna conduzida pela Federação Australiana de Futebol (FFA). O técnico fez acusações públicas de um suposto “complô” por parte das jogadoras contra sua pessoa. Na época, especulou-se que ele usou o termo “máfia lésbica” para se referir a elas, devido à menção dessas mesmas palavras no relatório da FFA sobre o caso.

Stajcic assumiu a seleção das Filipinas em outubro de 2021 e adotou o esquema 4-4-2. Sua preferência é por um time mais reativo, que aproveite contra-ataques, além de investir muito em bolas paradas, sem priorizar posse de bola.

Alen Stajcic em coletiva de imprensa após demissão do comando da seleção australiana. Imagem: Joel Carrett/AAP.
Alen Stajcic em coletiva de imprensa após demissão do comando da seleção australiana. Imagem: Joel Carrett/AAP.

 

Olho nelas!

Tahnai Annis, de 33 anos, é nascida nos EUA, mas naturalizada filipina. A meio-campista joga no Thor/KA da Islândia e é capitã da equipe e da seleção. Sua principal característica é a visão de jogo, sabendo criar oportunidades de ataque e eventualmente marcar gols também. Em 37 jogos pela seleção, marcou 14 gols.

Isabella Flanigan, 18 anos, é a jogadora mais jovem da seleção e já levantou o troféu da Copa do Sudeste Asiático. Também de origem estadunidense, a atacante é bastante ágil, com excelente domínio da bola, o que a torna uma perigosa carta na manga do Stajcic. Em 27 partidas pelas Filipinas, balançou a rede três vezes.

Tahnai Annis pela seleção filipina. Imagem: Divulgação/FIFA.
Tahnai Annis pela seleção filipina. Imagem: Divulgação/FIFA.