"Por incrível que pareça as maiores ofensivas vieram da própria comunidade que faço parte", define Andréia Mattos, ou Rainha Matos, como é seu nome nas redes sociais. Ela é uma influenciadora digital do ramo da fofoca que soma mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, sua principal plataforma de conteúdo. Rainha abertamente se declara como uma integrante do movimento LGBTQIAPN+ por ser uma mulher transexual e sempre busca estar alinhada com as pautas da comunidade em seu trabalho.
Rainha também sofre com manifestações de ódio na internet: “As pessoas te atacam sempre que você fala de alguém que elas gostem”. Ela enfatiza que essas mágoas foram causadas por ofensas vindas inclusive de mulheres transexuais, e que tinha dificuldade em compreender o motivo de sofrer ofensivas de sua própria comunidade. Hoje ela define que apenas faz sua parte e, como ela mesma diz, “caga pra eles”.
Ela considera que ser uma integrante da comunidade em sua profissão é algo normal, sem colocar tal fato como algo de grande destaque, mas sim como uma característica pessoal de sua vida que é inerente ao seu trabalho. Porém, quando entende que alguém possui certo preconceito por ela ser como é, seu modo de agir é se posicionando e mostrar que está apenas tentando fazer seu trabalho.
A pauta LGBTQIAPN+ no jornalismo, para Rainha, é tratada com seriedade por aqueles que são “jornalistas sérios”, porém também evidencia algumas coisas que não a agradam na comunidade, como algumas discussões por causas que na vida real não são de suma importância, por exemplo o uso de um pronome ou um termo da maneira correta, coisas que “na vida real, as pessoas não se preocupam de fato”. Após isso, ela também pontua pautas importantes que devem ser levadas em consideração de fato na internet, como pessoas trans que estão sendo expulsas de suas casas ou tendo que se prostituir para viver e sendo expostas a condições lamentáveis.
Para ela, a cena LGBTQIAPN+ está inserida em uma bolha econômica. Segundo a influencer, existe um mercado extremamente lucrativo que perpetua essa situação, já que a comunidade é um grupo com alto poder aquisitivo e muito consumista, especialmente nos mercados de música e moda. Ela também mencionou que, dentro dessa cena, é comum ouvir a expressão “viado gasta”, o que destaca o interesse financeiro e de controle sobre esse grupo. Dessa forma, muitas empresas realizam campanhas específicas em momentos estratégicos para melhorar sua imagem, mesmo que, durante o resto do ano, essas marcas não se importem com a causa.
