Counter-Strike se torna um expoente dos e-sports

A história do competitivo do game gigante dos fps.
por
Davi Garcia
|
29/03/2024 - 12h

Os e-sports são cada vez mais protagonistas no meio convencional dos esportes, atingindo grandes públicos e envolvendo cifras milionárias. Com isso, o cenário do Counter-Strike, o first-person shooter (fps) da desenvolvedora Valve, é o gigante do segmento, vindo em crescente popularidade desde o início do século até os dias de hoje. O jogo consiste na disputa entre terroristas (atacantes), que devem plantar a bomba e contra-terroristas (defensores), que precisam desarmar a C4. A equipe que conseguir eliminar todos os jogadores inimigos, também garante um ponto. Quem fizer 13 pontos primeiro, leva a vitória.

O lançamento do Counter-Strike, o CS, no final de 2000, já foi um enorme sucesso, principalmente com aqueles que frequentavam as lan-houses. Junto a isso, surgiram torneios amadores para entreter e criar o clima de competição nos jovens da época, que, com o passar do tempo, foram cada vez mais se profissionalizando. Com isso, em 2001, ocorreu em Dallas, o primeiro Mundial de Counter-Strike, vencido pela organização sueca Ninjas in Pyjamas, que viria a se consolidar como uma das gigantes da história dos e-sports.

No Brasil, a popularização do Counter-Strike foi massiva, e, mesmo não sendo espontâneo, o cenário competitivo do fps aflorou com imenso destaque. Dessa forma, em 2006, o país conquistou seu primeiro título mundial, a Electronic Sports World Cup (ESWC), com organização da MIBR (Made in Brazil), se tornando um marco histórico para o crescimento do jogo. Porém, os jogadores não eram remunerados da melhor forma, e tinham que ‘bancar’ suas despesas de viagem. Em 2012, a Valve, desenvolvedora do game, lançou uma atualização para o CS, o Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), trazendo, junto dos seguidores antigos, um público renovado, com novos gráficos e jogabilidade. No início, o Brasil ficou fora dos holofotes, e teria destaque em outros fps, tendo um real ‘boom’ apenas no ano de 2015, quando a Keyd Stars se tornou a primeira equipe brasileira a classificar para um Major.


 

Equipe da MIBR levantando o troféu da ESWC 2006. Foto: ESWC
Equipe da MIBR levantando o troféu da ESWC 2006. Foto: ESWC



Porém, a virada de chave se deu em 2016. Mesmo mal-remunerados e longe de suas famílias, os jovens da Luminosity Gaming trouxeram o Mundial de CS:GO para o país, sendo o ponto de largada para muitos começarem a acompanhar e entender o game, como foi em 2006. Nessa mesma época, as equipes profissionais começam a oferecer boas condições para seus atletas, com patrocínios, contratos com bonificações e toda uma estrutura de suporte.

 

Equipe da Luminosity levantando o troféu de campeão Mundial de 2016. Foto: Robert Paul/MLG
Equipe da Luminosity levantando o troféu de campeão Mundial de 2016. Foto: Robert Paul/MLG



Hoje, depois de mais um Mundial conquistado pelo Brasil em 2016, e um domínio completo, com 7 títulos conquistados no ano seguinte, o cenário de Counter-Strike se tornou um dos mais rentáveis dos e-sports. Investidores árabes e cifras nunca antes vistas movimentam o mercado de atletas, como é o caso da contratação do jogador Gabriel “Fallen” Toledo, que foi comprado pela equipe da FURIA, por quase 5 milhões de reais. Além do time da Falcons, que investiu em nomes de peso, financiados por sheiks da Árabia Saudita.

O Brasil é o maior mercado consumidor do jogo no planeta, tendo o maior influenciador da plataforma de lives, Alexandre “Gaules” Borba, quebrando recordes de visualizações a cada campeonato, como em 2022, quando mais de 700 mil pessoas acompanharam simultaneamente a partida da equipe brasileira Imperial. Gau, como é apelidado, reformulou a maneira de que é consumido o CS, sendo mais uma porta de entrada para novas pessoas no cenário de Counter-Strike. Por fim, o mundo competitivo do CS vem se tornando cada vez mais global. Dominado por europeus do ocidente e pelo continente americano inicialmente, agora, se vê uma presença gigantesca de jogadores do leste europeu, como russos, bósnios, lituanos e até cazaques. Além dos asiáticos, que vêm numa crescente a cada campeonato.


 

Alexandre "Gaules" Borba na transmissão do IEM Major Rio 2022. Foto: Reprodução/Gaules
Alexandre "Gaules" Borba na transmissão do IEM Major Rio 2022. Foto: Reprodução/Gaules