Chef de cozinha revela vida de "ovelha negra"

Simone Oricolli, 50, do interior do Paraná, conta que sempre "quis mais" e chegou com essa motivação até o Japão
por
Mohara Ogando Cherubin
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25/05/2023 - 12h

Infância

"Eu sempre fui a ovelha negra!", disse ao ser entrevistada em sua casa. Filha de Conrado Oricolli e Alzira Oricolli, cresceu no interior do Paraná cercada de três irmãs, e sempre se sentiu diferente das demais. Ela sempre "quis mais" que elas.

Lembra de ser uma ótima aluna na escola, em consequência das cobranças da mãe em relação aos estudos e suas notas. Em seu tempo livre gostava de se entregar à dança, que era algo que gostava muito. Seu interesse só aumentou quando, aos 16 anos, entrou para a companhia Balé Guaíra, grupo de dança de Cleide Piaseck.

Nunca esteve claro para Simone qual carreira seguir, ela apenas "deixava a vida levar", mas ao concluir o ensino médio, decidiu juntar o útil ao agradável e ingressou no curso de Dança, na PUC Curitiba, Ao completar o 3° período do curso, Simone recebeu um convite do Balé Guaíra para ser bailarina no parque temático Porto Europa Wakayama, localizado no Japão. Por estar em busca de novas experiências, ela logo aceitou a proposta. "Foi uma fase maravilhosa na minha vida!", disse animada. 

Após quatro anos no Japão, Simone voltou ao Brasil sabendo falar inglês e japonês, e em busca de algo novo. Não possuía interesse de continuar sendo bailarina e como já estava fluente em diferentes línguas, resolveu iniciar o curso de comissária de bordo, que durava apenas 4 meses, algo que foi essencial durante a época.

Simone estava morando em São Paulo quando se formou e começou a exercer a profissão em 1998, no momento em que disputou uma vaga na empresa aérea Japan Airlines com mais de 600 concorrentes e conseguiu passar na seleção em sua primeira tentativa. "Era o trabalho perfeito, foi perfeito". 

A decisão de deixar o cargo de aeromoça surgiu depois de 12 anos na área. Em 2010 a Japan Airlines resolveu fechar as rotas, e por conta de questões pessoais, Simone decidiu "parar de voar para cuidar das crianças".

Nos primeiros anos após a decisão, Simone resolveu ficar um tempo em casa para curtir a família e cuidar dos filhos, mas aos poucos ela começou a sentir a necessidade de voltar a trabalhar. Decidiu se aventurar profissionalmente e passou a trabalhar em diferentes áreas, chegando a ser recepcionista bilíngue e vendedora de piscinas. "Não consegui vender uma piscina, sou péssima vendedora!", disse ela em tom de brincadeira.

As crianças já estavam crescidas e a família havia acabado de se mudar de Atibaia para Indaiatuba quando Simone considerou uma proposta de uma amiga próxima e começou a vender refeições saudáveis na forma de marmitas congeladas.

Sempre gostou muito de cozinhar e devido ao seu amplo conhecimento de diferentes comidas e culturas enquanto morava fora do Brasil, ela se sentia confiante para se aventurar na cozinha e em seu mais novo negócio. Começou a trabalhar em um ambiente relativamente pequeno, e por conta de seus novos contatos conseguiu se estabilizar, chegando até em alugar uma cozinha industrial na região.

Durante o tempo em que Simone trabalhava em Indaiatuba, seu marido passou a trabalhar em São Paulo, o que começou a dificultar a dinâmica da família. "Não fazia muito sentido continuar em Indaiatuba”, disse. Em 2021 a família optou por sair do ambiente rural e se mudar para São Paulo durante o período tenso de pandemia. Por possuir um passado voltado para diferentes adaptações, a mudança não representou um problema para Simone e nem para os negócios.


 

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