Brasileirão chega a oito técnicos demitidos

Número de demissões ultrapassa o da Premier League durante a temporada inteira
por
Bruno Caliman
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12/06/2025 - 12h

A dança das cadeiras dos técnicos é um assunto recorrente no futebol brasileiro e um forte exemplo é encontrado nos times da Série A do Brasileirão 2025. Em apenas onze rodadas, oito treinadores já foram demitidos, ou seja, quase uma demissão por rodada. Em comparação ao Brasileirão 2024, esse número representa um pequeno aumento na média de demissões, visto que na temporada passada nove haviam sido mandados embora em treze rodadas.

O repórter Lincoln Oliveira, da Ronaldo TV e da Rádio Exclusiva FM, acredita que a falta de profissionalismo dos clubes joga toda a responsabilidade sobre o treinador. Em momentos de crise, como uma sequência ruim de resultados, a demissão serve como uma cortina de fumaça para os problemas nos bastidores do clube. “Tornou-se uma questão cultural”, completa.

Diferente de países da Europa, por exemplo, o ritmo da dança das cadeiras no Brasil é muito maior. Segundo Lincoln, isso ocorre porque nos outros países as diretorias são mais profissionais, apresentam bons projetos, e dão tempo para o trabalho mesmo quando os resultados não acontecem. Inclusive, para ele, Abel Ferreira, Juan Pablo Vojvoda e Rogério Ceni - técnicos mais longevos da Série A atualmente - se sustentam no cargo de seus respectivos clubes: Palmeiras, Fortaleza e Bahia, não só por mérito próprio, mas também pela qualidade das diretorias e seus projetos.

Sérgio Guedes no anúncio de seu retorno ao Água Santa - Foto: Divulgação/Água Santa
Sérgio Guedes no anúncio de seu retorno ao Água Santa - Foto: Divulgação/Água Santa

Sérgio Guedes, atualmente treinador do Água Santa, que disputa a Série D do Brasileirão, também opina sobre o assunto. Para o técnico, como hoje é mais comum um clube ter um gerente de futebol e um CEO, - encarregados também pela escolha de jogadores e planejamento da temporada - teoricamente do mesmo modo ambos têm responsabilidades caso algo não aconteça dentro do esperado. “Na grande parte das vezes ainda sobra para o treinador”, conclui.

Sérgio, que acumula passagens por Ponte Preta, Portuguesa, Sport, Santa Cruz, entre outros, ainda comenta sobre casos de diretorias que contratam um treinador que deu certo no clube no passado, com a esperança de que tudo se repita. Na visão dele, falta uma análise dos fatores que levaram ao sucesso anterior por parte dos dirigentes. O técnico pode ser a liderança necessária, mas não o único responsável pela campanha vitoriosa. Se o trabalho funcionou, é porque todos os setores entraram em harmonia.