O São Paulo Fashion Week (SPFW) é uma das ocasiões do universo fashion mais importantes do Brasil e da América Latina. Criada em 1993 por Paulo Borges, empresário e produtor de eventos, a primeira semana de moda paulista só aconteceu em 1996.
A ideia de montar o evento surgiu da necessidade de dar visibilidade à moda brasileira em nível internacional e de fortalecer a indústria no Brasil. O fundador viu uma oportunidade de criar um espaço que reunisse estilistas, marcas e profissionais do setor em um ambiente de destaque, atraindo a atenção de compradores, jornalistas e celebridades de todo o mundo, além de se tornar um dos principais palcos para lançar tendências. A São Paulo Fashion Week acontece duas vezes por ano e nessa segunda edição de 2023 apresenta:
Quarta-feira (08/11):
Patricia Vieira: criada em 2006 pelo designer de nome homônimo da marca.
O estilo festivo dominou a coleção com peças prateadas, douradas, grafite e preto brilhante. Um dos destaques foi o vestido de 25.000 quadrados de couro e ponto de luz desfilado pela atriz Mônica Martelli.
A grife é uma das que preza pelo sistema de desperdício zero, portanto em suas produções, nenhuma matéria prima é descartada.
João Pimenta: lançada em 2003 pelo estilista de nome homônimo da marca, com foco em alfaiataria masculina. O tema do desfile foi ‘’sincretismo religioso no Brasil’’, no qual as peças variavam desde bordado com dourado - como um casaco de tweed feito artesanalmente de tapeçaria - até peças em preto e criações que mesclavam as duas cores. A silhueta minimalista foi incrementada com camisas de cetim que se sobrepunham. Os looks em branco também eram diferenciados, contendo laços exagerados e rendas em abundância, além do uso abundante de cetim que trouxe o estilo elegante à passarela.
DEPEDRO: criada em 2017, por Marcus e sua irmã, Larissa Figueiredo. Os criadores acreditam em uma moda que seja diversificada e que promova impacto social no sertão. O desfile aconteceu em parceria com a marca sustentável do ator Sérgio Marone, a Tukano - responsável por desenvolver um tecido de algodão feito por uma aldeia indígena do Rio Grande do Norte.
As peças em destaque foram as de crochê, em tons neutros e em verde e azul, looks com franjas e modelos sem camisa vestindo sungas, além de calçados confortáveis.
Também foi possível observar que, conforme os modelos tomavam conta da passarela, as artesãs faziam crochê simultaneamente.
Helô Rocha: marca que está no mercado desde 2005, porém com o nome de Têca, e que só uma década depois veio a ter o nome homônimo da estilista. É famosa por estar sempre reverenciando a moda nordestina e regional.
O desfile aconteceu no Teatro Oficina, cujo fundador, o ator Zé Celso, faleceu este ano após seu apartamento na capital paulista ter pegado fogo.
O foco esteve nos bordados, crochês, nos acessórios em látex - como luvas e meias - peças texturizadas, tons claros e nas peças fluídas, assim como nos adereços metalizados e nos véus.
A coleção foi marcada por visuais feitos manualmente pelas bordadeiras da Amazônia e com os próprios recursos do Norte do país.
Helô é de Porto Alegre (RS), mas cresceu em Natal (RN), portanto, fez questão de homenagear o nordeste. Suas modelos vestiram rendas e desfilaram em um cenário composto por caranguejos, flores e um sol, homenageando também o criador do Teatro Oficina.
Korshi 01: idealizada em 2018, pelo diretor criativo Pedro Korschi. É uma marca focada no desenvolvimento de peças modulares - isso significa que elas entregam muita versatilidade e um estilo de roupa inteligente - com partes destacáveis, nas quais a partir de uma base, podem ser montadas inúmeras outras formas e modelos diferentes.
O desfile intitulado ‘’Praia de Koncreto’’ apresentou looks em tons que remeteram, de fato, a uma praia, fazendo o uso do azul e do bege em grande parte de seus visuais.
Os clássicos preto e branco também tiveram seu momento de brilhar. Conforme os modelos iam desfilando, as trocas de roupas aconteciam ali, na frente do público, onde a mágica acontecia.
Roupas estilo oversized e com multi funcionalidades foram destaques na passarela, assim como as bolsas/mochilas em formato de tubarão, bonés e chapéus bucket com furos na parte de trás e chinelos de dedo e alpargatas. O show nos trouxe uma ideia de verão desconstruído e autêntico.
SAU: criada em 2020 por Yasmim, mais conhecida por Zazá, e Marina, por Bitu. É uma marca feminina de moda praia. O desfile foi marcado por muito minimalismo, sob uma forte inspiração nordestina, que incluiu modelos fluídos, esvoaçantes e geométricos, compostos por tons terrosos, preto e branco. O tema era ‘’Pulsação’’ e foi baseada na obra do escultor Sérvulo Esmeraldo, que morreu em 2017.
Martins: fundada em 2016 por Tom Martins, com a proposta de ser unissex e oversized. Apresentou roupas em jeans em parceria com a Levi’s, xadrez, cores vibrantes, mix de estampas, texturas, acessórios como colares e brincos de pompons estilizados e coloridos, assim como óculos escuros que continham pingentes de letras nas hastes e peças que giravam em torno da estética maximalista.
Artemisi: criada em 2019, pela estilista Mayari Jubini. É uma marca que produz suas peças sob medida, com coleções de designs exclusivos. O desfile focou em apresentar uma visão tecnológica e futurista.
Algumas das referências utilizadas pelas designers para criar esta coleção foram os filmes: “Pearl (2022)”, “Psicose (1960)” e “Frankenstein (1931)”.
As peças em destaque foram as jaquetas de couro estilizadas, sob um modelo que remetia o visual dos motociclistas do início do século XX, tops metalizados e calças em tecido vinílico e em couro. Os visuais que integraram a passarela eram compostos por top e saia de pérolas e vestidos de manga longa inspirados nas pinturas renascentistas. As peças em jeans também estiveram presentes no show, compondo conjuntos, jaquetas, corsets, calças, casacos e até mesmo luvas.