Semana de Moda de Paris exalta glamour à moda antiga

Confira os principais destaques dos quatro dias de evento na capital francesa
por
Gabriela Jacometto
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03/07/2024 - 12h

       Tendo início no século 19, a alta-costura chegou ao público através do designer de moda inglês Charles Frederick Worth. Enquanto o mesmo residia na França, o designer começou a apresentar suas peças quase inteiramente prontas e suas coleções já finalizadas, diferentemente do que era comum na época.  

     Tal método revolucionou a moda e deu origem a um novo modo de produção, no qual costureiras, alfaiates e modelistas passaram a ganhar mais reconhecimento, elevando ao o status de artistas e deixando de apenas prestarem serviços, com a abertura de seus próprios ateliês.

      Em 1868, é fundada a associação de alta-costura francesa, que passou a se chamar apenas “Chambre Syndicale de la Haute Couture”. Atualmente, a organização  faz  parte da “Fédération de la Haute Couture et de la Mode”, a responsável pela indústria de moda na França, e que organiza suas semanas de desfiles. 

      Na semana do dia 24/06 a 28/06 aconteceu em Paris os desfiles das coleções de “haute couture” (Alta-Costura) inverno de 2024. Com a presença das principais marcas de luxo da indústria internacional, o evento celebrou a exaltação do belo.

 

      SCHIAPARELLI 

   No primeiro dia do evento , tivemos a estreia dos desfiles com Schiaparelli de Daniel Roseberry, atual diretor criativo da marca.  O desfile foi marcado por ares de mudança no que se diz respeito à própria marca, diferente dos desfiles anteriores, uma aura sombria e misteriosa tomou conta do Hôtel Salomon de Rothschild, local em que foi apresentada a coleção. 

   Com combinações preto e branco, texturas remetem a penugens e bordados prateados, Roseberry inovou e trouxe novos volumes esculturais, de formas criativas e intrínsecas, com looks mais envolventes, sinuosos e provocantes. E claro, trazendo sempre homenagens e referências a Elsa Schiaparelli, criadora da marca.  

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Foto: Cortesia Schiaparelli

 

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Foto: Reprodução instagram (@schiaparelli.archives)

 

   

     CHANEL 

     Após a saída surpresa de Virginie Viard, do comando criativo da marca, a Chanel seguiu seu ritmo e apresentou sua coleção de alta costura desenvolvida pelo próprio time de ateliê e design da ex- diretora. Situado na Ópera de Paris e composto por 46 looks, o desfile foi marcado pelos bordados preciosos e os detalhes românticos como laços e flores, em casamento com as mangas com babados. O look de abertura desfilado por Victoria Ceretti chamou atenção e marcou a atmosfera de como seria a coleção: Uma capa bufante combinada com uma hot pants. 

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Foto: Isidore Montag / Gorunway.com

 

    Os tailleurs de comprimento mídi também foram destaque, principalmente pelas plumas e cristais bordados.

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Foto: Isidore Montag / Gorunway.com

   

    E como é de costume na Chanel, o desfile foi encerrado pelo look de alta-costura de noiva, um vestido longo remetendo aos anos 80 com bastante volume, mangas e bordados glaceados e com uma saia quase balonê.  

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Foto: Isidore Montag / Gorunway.com

 

    

      ELIE SAAB

     A marca do estilista libanês Elie Saab, retornou mais uma vez às passarelas com uma coleção de alta-costura que referencia o próprio trabalho do estilista e designer. O primeiro look foi um vestido sereia justo em veludo preto, que diferentemente do que é esperado de Elie sugeria um tom mais dramático ao desfile, sem nenhum acessório. A inspiração, segundo Saab, foi  uma referência a seu trabalho nos anos 90 e como o mesmo se manteve consistente durante esses anos. 

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Foto: Filippo Fior / Gorunway.com

 

 

    O desfile foi marcado pela progressão de peças pretas para tons profundos de rubi e verde-esmeralda, com variações de formas sinuosas e elegantes. Os bordados foram os principais elementos em várias criações , com ornamentos de floreios, penas e apliques de flores. 

   Em contraponto à paleta noturna, Saab apresentou peças  em dourado que são consideradas por muitos sua marca registrada, trazendo um lado mais extravagante da feminilidade. 

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Foto: Filippo Fior / Gorunway.com

 

   O brilho das lantejoulas prateadas enfeitavam os vestidos mais suntuosos e generosos em volume. O final foi um pico de luxo, com o vestido la mariée que misturava tule blush, com bordados em arabesco de ouro claro, e uma cauda majestosa. Digno de um encerramento de um desfile de alta-costura.

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Foto: Filippo Fior / Gorunway.com

 

   

     BALENCIAGA

    Sendo a quarta coleção de alta-costura sob o comando do estilista  Demna, essa com certeza foi a mais subversiva em sua rejeição à formalidade e às elegâncias típicas do métier, se não das silhuetas de Cristóbal Balenciaga. O diretor criativo  adotou as mangas 3/4, os formatos de casulo e os chapéus elaborados de costureiro, mas adicionou o seu diferencial nos tecidos  utilizados: jeans, couro, agasalhos, moletons, bien sûr, unindo-os a um material de mergulho acetinado, que o ajudou a atingir suas formas esculpidas. 

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Foto: Cortesia Balenciaga

 

   Conforme o desfile progredia, o diretor se movia para as silhuetas noturnas extravagantes associadas à alta-costura, só que elas eram feitas de retalhos de jeans e parkas coloridas que pareciam ter sido reaproveitadas das coleções anteriores de Demna para a marca.  

   Diferenciando apenas com novos tecidos e técnicas; um vestido coluna foi feito de sacolas plásticas derretidas moldadas no corpo, e um modelo sem alças foi construído com papel alumínio dourado.  

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Foto: Cortesia Balenciaga

 

    As peças pediam que você reconsiderasse as maneiras pelas quais atribuímos valor às roupas e a razão que consideramos uma coisa preciosa e a outra não. O look final foi uma nuvem rodopiante de nylon preto, construído um pouco antes do desfile, uma peça de “costura efêmera” que virá acompanhado de 3 staffs da própria marca para a sua montagem para a cliente que comprar. 

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Foto: Cortesia Balenciaga

 

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