Quem foi Elifas Andreato.

Confira as contribuições do grande nome da ilustração brasileira
por
Ana Beatriz Assis
Sônia Xavier
|
29/03/2022 - 12h

Com um nome de peso no mundo artístico, o designer e ilustrador Elifas Andreato, deixa sua marca na memória dos brasileiros por meio de seus traços expressivos e suas contribuições para a literatura e a indústria musical.  

Nascido no dia 22 de janeiro de 1946 em Rolândia-PR, mudou-se para São Paulo com 14 anos junto de seus pais. Não passou por um curso superior, indo direto para o mercado de trabalho. Foi inclusive no ambiente organizacional que seu talento para o desenho foi notado, ainda em seus anos de aprendiz na FIAT LUX, seu dom foi incentivado pela diretoria da empresa, chegando a receber dinheiro de seus superiores. Tudo o que recebia era repassado aos pais, a fim de ajudá-los com as despesas familiares. Com 15 anos chegou a cursar o programa de alfabetização para adultos, demonstrando o interesse por sua formação. 

Elifas começou sua carreira no meio artístico e gráfico no ano de 1973, com o long-play “Nervos de Aço”, de Paulinho da Viola, dando início ao que seria uma carreira sólida de grandes parcerias com artistas da música popular brasileira. Somente com o vinil, produziu cerca de 362 capas de discos, ilustrando canções de Chico Buarque, Martinho da Vila entre outros nomes de grande relevância na indústria musical. Ele também deixou sua contribuição para literatura, idealizando o design de “Legião estrangeira” de Clarice Lispector. 

Além de seu grande talento para as artes, Andreato tinha forte opinião política e se posicionava, em meio à ditadura. Através da arte, ele manifestava a insatisfação com o regime. Ajudou a fundar o semanário “Opinião”, além de participar das publicações “Movimento e argumento”, enfrentando a censura. No ano de 2011, o artista recebeu, pelo conjunto de sua obra, o prêmio Vladimir Herzog, que celebra profissionais que defendem a luta democrática. A cerimônia foi realizada no TUCA, espaço representante da resistência contra a repressão. 

O artista ainda foi diretor editorial do Almanaque Brasil de Cultura Popular, revistas oferecidas para passageiros da companhia aérea TAM.   

Na noite desta segunda-feira (28), com 76 anos, por complicações decorrentes de um enfarte, Elifas deixa sua linda biografia e marcas históricas para os brasileiros.